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Seleção vence jogo em que Cebolinha sai no intervalo sem ter sido acionado

Torço pela seleção circunstancialmente. Por exemplo, quando nela está algum jogador do Grêmio. No caso desta Copa América, só passei a torcer pelo time do Tite – no começo do Tite como técnico da seleção até torci um pouco por causa dele, mas hoje ele é um fator a mais para que eu seque – quando Éverton Cebolinha entrou no time.

Torci por mim, que defendi Cebolinha na Copa do Mundo, no ano passado, e fui considerado demente desvairado. Mas torci basicamente porque se trata de uma revelação gremista, além de ser um atacante raro no futebol mundial.

Bastou Cebolinha ganhar as manchetes que a ciumeira pegou, deu ‘cimeitite aguda’ em alguns boleiros, com destaque para Felipe Coutinho, que não larga a bola para o Éverton, e quando o faz é aquele passe burocrático, nunca uma bola enfiada como as do Maicon e do Luan.

Nesta noite, no Mineirão, o primeiro tempo foi escandaloso. Éverton só recebeu uma bola em condições de evoluir – perdeu a jogada por adiantar demais a bola. Aliás, muito bom esse Foyt, que jogou na lateral-direita dos argentinos.

Quase no final do primeiro tempo, um lance emblemático de ciumeira incontida. Coutinho avançando pelo centro, mais pela esquerda, tinha Éverton livre ao seu lado, esperando o passe. Coutinho optou pelo lado oposto, e a jogada acabou morrendo.

E aí, como se não bastasse, Tite substitui Éverton, quase uma queimação. Tirou um atacante que poderia definir a partida em um lance. Adotou o esquema chama derrota.

A Argentina ficou estimulada a atacar mais e só não empatou porque os deuses do futebol no momento parece que detestam tango, preferem pagode e sertanejo universitário.

O Brasil, depois de alguns sustos, conseguiu empatar no contra-ataque, através de Firmino, após grande jogada de Gabriel Jesus.

O título deve ficar mesmo é com o time de Tite, o melhor que vi até agora. Provavelmente irá pegar o Chile na final, domingo.

A Copa América, pelo nível baixo que está apresentando, é tipo o Gauchão, uma competição engana-bobo.

‘Crise’: sai o gramado da Arena, entra a goleada no jogo-treino

Sai o gramado da Arena, entra a goleada de 4 a 1 do São José sobre o time praticamente titular do Grêmio. Termina uma ‘crise’, logo vem outra.

Prato cheio para gremistas assustados, colorados e secadores de vários matizes, além dos mensageiros do apocalipse, que enxergam nesse resultado os sinais de uma hecatombe.

Para colocar ainda mais gasolina no fogo, é importante destacar que foi o time reserva do Zequinha e que o jogo aconteceu no Centro de Treinamento Luiz Carvalho.

Não dá pra desprezar também o fato de que o titular do Grêmio perdeu por 1 a 0. No intervalo, entrou o time B, que levou os 3 gols restantes, e marcou um de consolação. Preocupante, quem fez o gol foi André.

Esse jogo-treino não passa disso, um jogo-treino. É o momento em que o técnico busca dar ritmo ao time e acertar alguns detalhes de movimentação. O resultado pouco importa, e só tem relevância para aqueles que sempre buscam algum motivo para questionar o trabalho vitorioso realizado nos últimos anos, com taças no armário, dinheiro nos cofres e finanças equilibradas.

Pra mim, o mais importante desse trabalho foi a confirmação de que Renato pensa mesmo em definir Luan como titular na função de falso 9, preferência da maior parte da torcida, aquela que aprecia o bom futebol aliado a um estilo competitivo, que tem se mostrado vitorioso.

Já li nas redes sociais comentários prevendo o pior, como se vivêssemos nos anos de vacas magras e não neste período glorioso.

Mas o que mais se lê são críticas à escalação de David Brás de titular, no lugar de Rodrigues. Já tem gente dizendo que ele é bruxinho de Renato, por isso tem que jogar.

Não, David foi contratado para ser reserva da dupla titular. É um jogador que não custou barato. Não tem sentido ele ficar na reserva de Rodrigues, por melhor que o jovem zagueiro tenha se saído. Rodrigues já mostrou qualidades, e não há dúvida que mais cedo ou mais tarde será titular.

David terá sua oportunidade. Se não corresponder, vai para o fim de fila.

Bem, enquanto não surge outro fato negativo no Grêmio, o assunto nesta terça deverá ser mesmo a goleada dos reservas do Zequinha.

O gramado da Arena e o Gre-Nal dos 5 a 0

O mau estado do gramado da Arena gerou uma série de críticas ao Grêmio, explorada ao máximo por vários segmentos.

A maior parte da torcida percebeu a maldade por trás do bombardeio, que teve como alvo a gestão Romildo Bolzan, pura sacanagem porque a gestão da Arena ainda não é do clube.

Alguns reagiram ‘plantando’ imagens nas redes sociais do histórico e inesquecível Gre-Nal dos 5 a 0, dia 9 de agosto de 2015 (aliás, a data deve ser comemorada efusivamente, porque não é sempre que se aplica goleada desse porte em clássicos).

A pretexto de mostrar que a Arena já teve um gramado impecável, como o desse jogo, são reproduzidos os gols Luan 2, Giuliano, Fernandinho e Rever contra. Quem viveu essa emoção deve ser grato todo dia por ser gremista.

No vídeo aparece, então, o gramado perfeito e uma atuação perfeita.

Penso que essa goleada é um marco para a ascensão gremista de lá para cá. Sinalizou que era possível a retomada das vitórias e dos títulos. Técnico, Roger Machado. Depois, Renato Portaluppi, que lapidou (gosto deste verbo, lapidar) a obra iniciada por Roger (devemos reconhecer também a contribuição do Felipão nesse processo).

Bem, essa história do gramado da Arena me levou a recorrer ao google, e lá deparei com a ficha técnica do time gremista no jogo dos 5 a 0.

Do time que começou o jogo, há quatro que a torcida não aceitava e até abominava. Eis os nomes: Gallardo, que está de volta, Erazo, Marcelo Oliveira e Edinho. Sem contar que Maicon era muito questionado, assim como Douglas e Pedro Rocha (um ‘perdedor de gols’, que Renato lapidou) até ajudar na conquista da CB e virar milhões de euros.

Aí vamos para o banco de reservas gremista: ali estava Éverton, que começava a ser lapidado (de novo?) por Roger.

Também no banco, Fernandinho, que nove entre dez gremistas querem longe da Arena. Ingratidão, teu nome é torcedor de futebol. Fernandinho entrou, marcou um golaço e foi importante no título da Libertadores.

Para uns, ele barrou o crescimento de Éverton. Para mim, ele ajudou no crescimento de Éverton, que ganhou mais tempo para amadurecer dentro e fora de campo, aí sob a orientação do mestre Renato, que ensinou-lhe os macetes da posição.

Mas voltando ao gramado da Arena, ‘pisoteado’ por aqueles que não perdem uma chance de atacar o Grêmio.

Realmente, o campo está feio, mas já vi piores, como o Olímpico dos anos 70/80.

Com investimento e uso da tecnologia mais avançada, tudo irá se resolver. O gramado voltará a ser perfeito ou quase. Mais difícil é vencer clássico por 5 a 0 e conquistar grandes títulos, elevando o nome do clube ao topo do futebol.

O gramado da Arena e o performático treinador da Seleção

Durante aquela inhaca que durou 15 anos eu mais de uma vez manifestei que se dependesse de mim Tite seria treinador vitalício do Grêmio. Tudo em função do título de 2001 com um futebol envolvente, objetivo, bonito, batendo o festejado Corinthians em SP.

Hoje, verifico que o desespero faz a gente fazer e dizer bobagem. É o meu caso. Nem com o Renato, com esse trabalho fantástico, daria para fazer contrato vitalício. Acho que a estátua está de bom tamanho, até demais, eu diria. Mas tudo bem…

Tem aquela frase sobre dar poder a alguém para realmente conhecer a pessoa. É o caso do Tite. Deram a seleção pra ele e ele está se revelando. Sem maiores comentários a respeito.

Quero me fixar nesse lado agrônomo do Tite. O lado pastor a gente já conhece de sobra.

De repente, ele virou fiscal de gramado. Até o momento em que escrevo nervosamente essas linhas, ele havia feito duas vistorias do gramado da Arena, que sabidamente tem problemas desde a inauguração.

É um mimimi insuportável. Ele tem razão na crítica, mas precisava mesmo fazer duas visitas?

Parece mais uma ação performática do performático treinador da seleção canarinho..

Tite, que não é bobo, está preparando o discurso em caso de derrota, sempre uma possibilidade no futebol, independente da qualidade do adversário. O culpado já está eleito:

0 gramado da Arena, que virou a ‘Geni’ nesta Copa América.

O ufanismo de Galvão e a falta de um teste mais forte para a Seleção

O ufanismo que permanece desde os catastróficos 7 a 1 diante da Alemanha é uma das coisas que mais me irritam na Seleção. Um exemplo: Brasil com dificuldade para vencer o bloqueio do Peru, dominando, controlando o jogo, encurralando os peruanos, que tiveram sua torcida reforçada por colorados de todos os segmentos, inclusive da crônica esportiva em função de Guerrero, que, aliás, não foi visto em campo e acabou substituído.

Sobre isso, respeitoso silêncio no dia seguinte. O contrário renderia páginas e páginas de louvação ao atacante.

Mas voltando ao jogo unilateral contra o Peru. Lá pelas tantas, uma cobrança de escanteio, bola pererecando na área, gol do Brasil, Casemiro. Logo depois, o goleiro faz uma lambança e Firmino amplia.

E aí vem o Galvão Bueno, cuja voz está perdendo potência, para soltar essa pérola do ufanismo reprimido: este é o Brasil, é o verdadeiro futebol brasileiro. Não foram exatamente essas palavras. O fato é que ele, que andava crítico e desolado, voltou a ser o velho Galvão de guerra.

O Brasil, na verdade, jogava um futebol um tanto sonolento e irritante, apesar da superioridade técnica e tática. Nada justificava o arroubo do narrador verde-amarelo.

Éverton foi um raio de luz, abrindo a defesa a drible para marcar o terceiro gol, exatamente como eu previ, em abril de 2018, que ele faria vestindo a amarelinha, ou a azulzinha. Éverton foi ignorado por Tite no ano passado, assim como Arthur. Hoje, seu emprego depende desses dois.

Bem, independente do otimismo incontido do Galvão, que tem se mostrado sempre muito simpático ao Grêmio, tenho uma ideia sobre a Seleção.

Destaco primeiro que não torço pela Seleção. Ao contrário, por vezes até seco. Com Éverton no time, torci a favor, ainda mais que tinha o Arthur.

Estou convencido de que o time terá dificuldade diante do Paraguai, que não tenho a menor ideia como está jogando. Fez dois pontos e sofreu uma derrota no grupo, mesmo assim se classificou.

Agora, conheço a garra paraguaia e a gana que os paraguaios têm de vencer o Brasil.

Então, se a turma da Mônica, digo, do Cebolinha não jogar com muita determinação, de forma mais solidária, esperando vencer ao natural como tem ocorrido, pode quebrar a cara.

O que eu não gosto na seleção: os dois laterais dificilmente fazem jogada pelas extremas, contribuindo para afunilar mais o jogo ofensivo, facilitando a marcação. Nesse formato, o time acaba dependendo muito de jogadas pessoais, do drible.

O articulador da Seleção Philippe Coutinho tem sido insuficiente. Ele é outro driblador. Raramente consegue dar uma enfiada que deixe o atacante na cara do goleiro. Na real, não lembro de uma bola metida ao estilo Maicon ou Luan. Ah, Luan, que pena…

No futebol, como na vida, cada um colhe o que planta…

Não gosto também do Firmino e do Gabriel Jesus, embora sejam jogadores de nível superior. O fato é que não estão rendendo no esquema do Tite.

Ah, o esquema do Tite. Acho vulnerável. Nesta Copa América o time não chegou a ser exigido. O goleiro Alisson quase não trabalhou. Se pegar uma seleção que marque, mas que tenha também uma jogada forte de contra-ataque, a defesa vai fazer água.

O que se viu até agora foram adversários assustados e precários tecnicamente. Vamos ver se o Paraguai será diferente.

Mensagem ao Tite (publicada neste blog em 26/04/2018)

Éverton está fazendo agora, um ano depois, o que eu preví que ele faria pela Seleção Brasileira na Copa do Mundo, caso Tite não fosse tão obtuso e conservador, e tivesse coragem de romper paradigmas para buscar de fora dos ditos selecionáveis alguém com potencial para fazer a diferença.

Perdoem-me por estar sendo ‘exibido’, como se dizia antigamente.

Confira o link: https://www.blogdoilgo.com.br/2018/04/26/ha-um-lugar-para-everton-na-selecao-de-tite/

Este é o texto publicado no ano passado, antes da Copa:

O Tite é pago, e muito bem pago, para armar uma seleção capaz de ser campeã na Rússia e apagar a péssima imagem da Seleção Brasileira, outrora tão temida e respeitada, inclusive pelos árbitros, deixada na última Copa do Mundo com aqueles ecoantes 7 a 1.

Mesmo assim, como eu gosto dele como treinador, apesar de seu linguajar por vezes irritante com as palavras colocadas sempre com sonolenta precisão -, vou dar uma mãozinha pra ele, e sugerir três medidas.

A primeira, Geromel de titular na zaga. Com ele, os bebedores de chopp da seleção alemã não teriam passeado na área brasileira em 2014. Confesso que, na verdade, prefiro Geromel aqui no Grêmio, mas para ficar com as consciência tranquila como cidadão brasileiro passo esse conselho de amigo ao Tite. E alerto, sem Geromel as chances de título caem bastante. Depois não digam que não avisei.

A segunda, Alisson está entrando em parafuso. Levar cinco gols abala qualquer goleiro, ainda um tão jovem. Acho que Alisson pode ser mantido no grupo, mas não como titular. Se Tite quiser mesmo o título mundial terá de trocar de goleiro. Minha indicação é Cássio. Já faz muito tempo que eu o considero o melhor goleiro do país. Em segundo lugar, Marcelo Grohe. Agora, não quero Grohe na seleção, até porque seria para ser o terceiro na ótica de Tite, fã do Alisson. Então, caro Tite, o Alisson pode ser para ti o que foi Júlio César para Dunga. Pense nisso (pretensão minha, escrevo aqui achando que ele vai ler o que penso).

Por fim, a sugestão que pode fazer a diferença entre o título e a frustração. Tite, abra os olhos, solte a imaginação, não se deixe dominar pelo lado conservador que prevalece na maioria dos técnicos de futebol. Tite, convoque alguém que possa fazer a diferença, que possa surpreender.

Tite, convoque o Éverton. Ele pode ser seu grande trunfo, sua arma secreta, seu abridor de latas e de defesas fechadas, naqueles jogos encardidos. Éverton entra nos minutos finais, faz uma das tantas jogadas de seu repertório quase infinito, e decide o jogo. Eu acredito nisso.

Neste jogo contra o Goiás, vitória serena por 2 a 0, mais uma vez o time precisou do brilho individual, da criatividade, do lampejo de craque do ‘Cebolinha’, o patinho feio que virou cisne. Éverton abriu o placar depois de receber de Jael e, de chaleira, puxou a bola que escapulia, passou por dois e chutou de forma indefensável.

Mais um golaço do jovem atacante, o melhor em atividade no país.

Sei que a Seleção tem jogadores capazes de repetir esse tipo de lance, mas todos já são muito manjados.

Portanto, Éverton na Copa do Mundo.

Como diria o Jô Soares: “Bota ponta, Tite, bota o Éverton”.

A bolha amarelinha, Éverton e a falta que Luan faz até à seleção

Tem gente que ainda consegue ver a seleção brasileira com os olhos do passado, anterior ao vexame dos 7 a 1. Existe sempre a expectativa da vitória fácil e até de goleada contra equipes mais frágeis, como a Venezuela, por exemplo.

O empate de ontem, em Salvador, começou fora de campo. O pessoal não consegue deixar o salto alto e calçar a sandália da humildade. A goleada imposta pela Alemanha deu um choque de realidade, mas ao que parece não foi suficiente.

A soberba verde-amarela não envolve apenas os jogadores e a comissão técnica. Passa também pela torcida, esta sempre faceira à espera de gols e de show, e chega à imprensa.

Descrevo uma conversa que ouvi durante a jornada, acho que no intervalo, entre integrantes da equipe da TV Globo. Um repórter, todo felizinho, em tom jocoso, dizendo que havia perguntado ao treinador da Venezuela, antes do jogo, se ele acreditava que seria possível vencer o Brasil (só faltou o adjetivo ‘poderoso’ antes do ‘Brasil’ pelo jeito que foi formulada a pergunta).

O repórter, entre risos seus e dos companheiros, relatou que o técnico teria tido então que ‘se não fosse possível vencer ele nem teria vindo para o Brasil’. A resposta, mais do que natural, diria até que obrigatória, provocou risadinhas da equipe, que mantém o ufanismo até quando um jogo está em 0 a 0, que acabou sendo o placar final.

Se fosse um adversário um pouco mais qualificado do meio para a frente, e com um mínimo de ambição, o Brasil com certeza correria o risco de perder, o que seria trágico.

Então, o pessoal vive numa bolha, fora da realidade. A seleção mereceu vencer, sem dúvida, e até fez dois gols, ambos anulados corretamente pelo VAR (aliás, os árbitros estão enxergando menos ou estão transferindo a responsabilidade para o olhar eletrônico?

Destaque para Éverton, que mais uma vez entrou na parte final do jogo, e construiu com sua técnica, seus dribles e seu ímpeto de ir para cima da marcação, o lance que resultou no gol de Coutinho. O gol foi anulado porque tinha um infeliz impedido, mas restou para o mundo a bela jogada do cebolinha, saudado efusivamente pela torcida.

Éverton foi um dos poucos que escapou da vaia no final. Tite não tem mais como deixar o craque gremista no banco de reservas.

LUAN

Para concluir, a seleção está precisando de alguém que pense o jogo no meio de campo. Arthur pode ser esse cara, na função de um terceiro volante, misto de meia. Coutinho naufragou. Excelente jogador, mas não para ser o principal articulador ofensivo.

Ouso dizer que o Grêmio tem dois jogadores perfeitos para acertar o time: Maicon e Luan. O primeiro até já foi citado por Tite, mas o fator idade pesa demais. Maicon só na outra encarnação.

Restaria Luan, mas do jeito como ele está, fora inclusive do time tricolor, não tem chance. Não sei qual a influência do empresário de Luan nessa situação, mas o fato é que se Luan estivesse com todo o seu potencial, arrasando no Brasileirão, sua convocação seria quase inevitável, até para um treinador, igual a quase todos, que costuma morrer abraçado às suas convicções, às suas ovelhinhas.

De qualquer modo, eu, o mesmo que antes da Copa do Mundo já pedia Éverton na seleção, teria uma conversa com Luan para trazê-lo de volta ao seu parque de diversões, os campos de futebol.

Mas é um delírio meu. Para fazer isso, Tite teria de calçar a sandália da humildade e ter a mente aberta para buscar soluções improváveis. O problema é que os treinadores dificilmente saem do roteiro.

A política vitoriosa de aproveitamento de jovens da base Tricolor

Aproveitamento de jogadores da base. Está aí um tema, entre tantos outros, que divide torcedores ao ponto de provocar ataques verbais, ironias, deboches e até ofensas de cunho sexual, baixaria pura. É o que acontece também em parte da torcida do Grêmio.

Quem acompanha as redes sociais, incluindo este blog, sabe do que estou falando, o nível baixa mesmo e de tal forma que amizades (se é que dá pra se dizer assim) são desfeitas ou ficam estremecidas. Tudo, no final da contas, fruto da paixão pelo futebol.

São, a rigor, duas correntes. Há quem defenda que o clube não deve vacilar quando surge um jovem promissor, de talento diferenciado, mesmo que ele tenha apenas 16 ou 17 anos. É preciso colocá-los para jogar no grupo principal, pulando etapas de amadurecimento, tanto pessoal quanto como atleta. De fato, há casos que sustentam essa tese, mas são minoria. Coisa rara.

Os exemplos são muitos, variados e recorrentes. Eu, por exemplo, assumo que pedia Lincoln no time do Grêmio no lugar de Douglas, três ou quatro anos atrás. Lincoln não desabrochou, até em razão de problemas pessoais (quem sabe influência de sua ascensão meteórica, sem a base necessária) e Douglas, que eu considerava superado, acabou se tornando um dos protagonistas do time que conquistou a Copa do Brasil de 2016, enchendo de orgulho a nação gremista pela eficiência e beleza de seu futebol. Ah, de passagem: sem um camisa 9 aipim para atrapalhar.

É certo que existem exemplos apontando para o lado oposto, que guri talentoso tem que jogar o mais rápido possível. Mas, repito, são casos isolados, o que não impede que a tese tenha defensores ferrenhos, às vezes apenas para não dar o braço a torcer.

De minha parte, penso que a sabedoria está no meio, como dizia Aristóteles. Entre lançar açodadamente um jovem promissor, prefiro um trabalho de lapidação, de amadurecimento pessoal sem pressa e sem pressão.

Enfim, pra resumir, aplaudo a política de aproveitamento desses craques em potencial que o Grêmio vem adotando nos últimos anos sob o comando do presidente Romildo Bolzan, com participação efetiva do técnico Renato Portaluppi e dos profissionais da base.

Há casos que podem ser questionados, mas além da parte técnica para subir um guri da base existe outro fator que influi na decisão de não aproveitar mais cedo determinado jogador: ter um contrato de médio ou longo prazo. Então, antes de colocar o talento na vitrine, é fundamental garantir o investimento já feito com a ampliação do prazo contratual.

Assim, não raro um guri clamado pela torcida não joga porque tem esse aspecto a ser revolvido. Ele fica meio que escondido, fica na geladeira. Foi isso que fizeram, por exemplo, com Alexandre Pato, que só passou a jogar no time principal quando concordou em renovar o contrato com seu clube.

Para concluir, está provado pelos milhões de euros que já pipocaram no cofre do Grêmio, que a atual política de aproveitamento da base não apenas é a mais correta, como é exemplar, invejada por torcedores e dirigentes da maioria dos clubes brasileiros.

Mas isso não impede que a batalha continue nas redes sociais.

LUAN

‘O Grêmio não conta o que se passa com Luan para evitar sua desvalorização’. Este é o título da coluna digital assinada pelo narrador Pedro Ernesto. A frase por si só provoca calafrios na torcida e realmente assusta eventuais interessados. Enfim, é o “jornalismo especulação”, tipo zero informação, detonando Luan e prejudicando o Grêmio.

ÁGUA FRIA

O vice Duda kroeff despejou um balde de água fria na torcida gremista com sua frase que originou manchete: “Não vejo uma grande necessidade de contratarmos”.

Havia necessidade, por exemplo, de esperar dois meses pelo Paulo Autuori com a Libertadores em andamento?

Duda até pode pensar que reforços não são necessários, mas então que se cale e não forneça mais munição ao inimigo.

Minha premonição e o golaço de 50 milhões de euros

Quando Éverton pegou a bola pela esquerda e começou a enveredar para o meio, traçando uma diagonal manjada para nós e desconhecida dos bolivianos, eu preparei o grito de gol. Não deu outra, e foi um golaço.

Quando sugeri ao técnico Tite, aqui neste espaço e de forma inédita no país, a convocação de Éverton para disputar o Mundial, era exatamente nesse tipo de jogada que eu pensava.

Alguém para quebrar a rotina de um time Neymar-dependente é o que eu pregava. Alguém para entrar como arma secreta, elemento surpresa na monotonia em que se transformou a seleção nos últimos anos.

Agora, uma revelação: no início do segundo tempo de um jogo que assisti entre um bocejo e uma olhada no celular, pensei que Tite deveria colocar logo o Éverton no lugar de Neres, e mentalizei que Éverton entraria, faria essa mesma jogada tão conhecida de todos nós, e mandaria um torpedo para a bola alojar-se no canto esquerdo.

Acertei em cheio na minha premonição.

Amanhã, vou arriscar na megasena (por mais que eu suspeite que há falcatrua nesses sorteios de prêmio acumulado). Bem, uma coisa é certa: o passe de Éverton subiu alguns milhões de euros. Talvez já chegue aos 50 milhões de euros.

Fora esse golaço do nosso cebolinha, gostei muito desse centroavante, o Richarlison. Foi dele o passe para o segundo gol. É um atacante completo, com inúmeras qualidades.

No mais, foi um jogo chato porque a Bolívia só se defendia, não tinha uma jogada de contra-ataque e dependia do Moreno isolado na frente. Moreno que quando jogou no Grêmio já me parecia lento e arrastado.

O Brasil jogou muito melhor e venceu por 3 a 0 ao natural. Sequer foi um bom teste para avaliar o time armado pelo Tite, num esquema temerário contra adversários mais fortes: praticamente um 4-2-4, variando para um 4-3-3, aí puxando para um losango invertido (brincadeira).

Dois centímetros do VAR e as duas polegadas a mais da baiana Marta Rocha

O chefe da arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, afirmou nesta manhã, na rádio Gaúcha, que a ‘moderna tecnologia do VAR’ comprovou que o gol de Lindoso, o gol que abriu caminho para a vitória sobre o Bahia, foi válido.

Segundo o gaúcho Gaciba, o jogador colorado estava DOIS CENTÍMETROS atrás do penúltimo defensor do time baiano.

— A tecnologia utilizada dentro da cabine do VAR consegue trazer o exato posicionamento do lance e mostra que o jogador estava em posição legal. Provavelmente, se tivéssemos uma câmera exatamente na linha do impedimento, essa dúvida não existiria -, declarou.

A impressão que passa é que o impedimento foi tão ostensivo, tão clamoroso, tão claro e inegável, que mobilizou a CBF, a ONU, a Fifa, no sentido de defender o VAR, que a cada jogo do Brasileirão apresenta erros de todos os tipos.

O VAR seria realmente bom se conseguisse terminar o jogo praticamente imperceptível como devem ser as boas arbitragens. No Beira-Rio, o VAR foi o grande protagonista. Foram 4 minutos de espera para analisar o lance.

Não lembro de um lance de impedimento no campeonato ter paralisado um jogo por tanto tempo. O que me parece é que o pessoal envolvido nesse processo queria porque queria encontrar um meio de reverter a decisão do juiz Paulo Roberto Alves Jr. e de seu bandeirinha, o Bruno Boschilia.

Como deve ter se sentido o auxiliar depois de assinalar o impedimento com tanta convicção e firmeza? Ele não teve nenhuma dúvida.

Sr. Gaciba, a câmara que o sr lamenta não ter na linha do impedimento no momento da jogada são os olhos do Bruno Boschilia.

Os mesmos olhos que eu percebi arregalados quando os jogadores colorados, após a anulação do impedimento e a confirmação do gol, comemoraram junto dele, à beira do campo.

O que eu estou fazendo aqui?, parecia perguntar o auxiliar, questionando-se sobre o por quê da anulação. Agora ele já sabe, foram por causa do dois centímetros achados pelo VAR.

Marta Rocha

Os dois centímetros que beneficiaram o Inter, que tem sido favorecido por erros humanos dos deuses do apito e ameaça ocupar o lugar do Corinthians e do Flamengo, lembram as duas polegadas que tiraram o título de miss mundo da baiana (ora vejam só…) no concurso de 1954, nos Estados Unidos.

Marta Rocha virou uma torta deliciosa (recomendo a do Ponto Doce, na Cristóvão Colombo), e o jogo de ontem no Beira-Rio entra para a história como o jogo que começou a ser decidido por dois centímetros, nem mais nem menos.

E assim vai o VAR. Dias atrás escrevi que o VAR seria desmoralizado no futebol brasileiro. Está chegando lá mais depressa que eu imaginava.