O Jânio Quadros do vestiário gremista

O ano do Grêmio, em termos de futebol, só se salva pelos 4 a 1 no Gre-Nal.

No mais, foi um acúmulo de erros que começam na presidência e terminam no vestiário. O resultado é esse final melancólico no Campeonato Brasileiro.

O único alento é que poderia ter sido pior. Os responsáveis pela contratação de um técnico demitido do Inter B para comandar o time na Libertadores – há anos que o Grêmio não sabe exatamente o que fazer para aproveitar de maneira digna a vaga na Libertadores – só tiveram um acerto neste ano:

a demissão de Enderson Moreira.

O problema é que demorou muito, não demais, porque se tivesse demorado demais o Grêmio estaria hoje ameaçado de rebaixamento, ou até já rebaixado.

A troca de treinador demorou o suficiente para reduzir drasticamente as chances de briga por vaga na Libertadores.

O técnico Felipão, vejam só, tivesse optado pelo Grêmio quando chamado pela primeira vez por seu amigo Fábio Koff, teria escapado do vexame na Copa do Mundo e hoje o Grêmio talvez estivesse brigando pau a pau com o Cruzeiro pelo título nacional.

São as decisões que a gente toma na vida.

A pior decisão que Koff tomou foi ter mantido um treinador que ele não apreciava, o Luxemburgo. É preciso registrar que ele tentou Felipão, insistiu com Felipão, mas Felipão estava seduzido pela Seleção, onde ganhou muitos dinheiros, mas perdeu muito mais em prestígio.

Então, pressionado pelo ‘fica, Luxemburgo’ e determinado a impedir que Odone seguisse no poder para concluir sua obra – imagino que hoje os mais ferrenhos críticos de Koff sabem do que estou falando -, Koff cedeu. Manteve Koff. E aí começou tudo.

Lembro de um velho dito popular que aprendi na infância: é de pequenino que se torce o pepino. Ou pau que nasce torto nunca se indireita.

Tudo o mais é consequência de uma decisão equivocada tomada lá no começo da gestão.

A conta chegou e só não é mais salgada porque Felipão ainda chegou a tempo de impedir o pior, e todos os gremistas sabem do que estou falando porque também perceberam que a nau endersiana estava naufragando.

O que se viu contra o Bahia neste domingo em Salvador foi a cereja estragada de um bolo embatumado.

A derrota, no final das contas e friamente falando, pode ser considerada uma dádiva. Mesmo se vencesse, o Grêmio dificilmente ficaria com uma vaga na Libertadores, vaga indireta, e continuaria com vários jogadores prestigiados.

Esse risco já não existe.

A hora é de varredura. E fique claro que Rui Costa, que já teve todas as chances, não pode ser o homem da vassoura, o Jânio Quadros do vestiário.

GROHE

De vez emquando deparo com críticas a Marcelo Grohe. Que não é goleiro para o Grêmio. Li e ouvi muito disso em relação a Victor.

Pois bastou Victor ir embora para conquistar títulos, os títulos que não conquistava aqui. Mas não por culpa dele, diferente do que pensavam os ‘especialistas’ em goleiro.

Deram um time para Victor e ele foi campeão, e hoje é herói e ídolo em MG.

O mesmo deverá acontecer com Grohe se ele sair e encontrar um time tão qualificado quanto ele.

INTER

Fiquei comovido com a emoção colorada no sábado. Nunca tinha visto volta olímpica, ou algo parecido, para comemorar vaga em Libertadores.

Quando a torcida gremista ficou feliz com vagas alcançadas nos últimos anos, vi muito colorado debochando. Hoje, eles vibram. Só faltou festa na Goethe.

Mas a festa colorada no Beira-Rio teve até deboche de D’Alessandro, que voltou a fazer das mãos binóculos para ironizar o Grêmio.

Quer dizer, ele brinca com os outros, mas não aceita que brinquem com ele.

Fora isso, o Inter mereceu a vaga, apesar de uma campanha que fica marcada pelos 5 a 0 diante da Chapecoense.

Caso Petros: quando o correto precisa explicar o seu voto

Eu não ia comentar essa decisão do Tribunal de Justiça Carioca e Paulista que absolveu o Corinthians pela inscrição irregular do jogador Petros.

Afinal, todos sabiam qual seria o resultado, assim como há meses se sabe que o Cruzeiro seria campeão desse longo e chato Brasileirão.

Com um tribunal assim fica difícil lutar.

Tudo indica que cada vez ficará mais difícil para a dupla Gre-Nal ser campeã nacional. Há um abismo separando a dupla de Corinthians e Flamengo, por exemplo. Os dois lá de cima vão ganhar 170 milhões da TV, enquanto os nossos aqui vão ficar com 60 milhões de reais.

Está passando da hora de amarrar nossos cavalos no obelisco em são Paulo, como em 1930.

Alguém acredita nessa notícia de que a dupla se uniu e pensa em levar o caso à Fifa? Se fizerem isso, nossos clubes vão perder lá também. É tudo farinha do mesmo saco. Fora isso, irão sofrer retaliações do tribunal que parece ser propriedade da família Zveiter.

Bem, decidi comentar mais esse episódio nojento do tapetão – tem aquele, do tapetinho, o nosso aqui, em que um auditor trouxe o voto de casa para absolver um jogador colorado de doping num Gre-Nal – porque leio que o auditor gaúcho Décio Neuhaus, advogado e jornalista, está tendo que explicar seu voto pela condenação do curintia.

Quando o correto precisa explicar sua decisão é sinal de que realmente não há mais salvação.

Leiam, por favor:

http://globoesporte.globo.com/rs/noticia/2014/11/unico-auditor-que-nao-absolveu-timao-nega-lobby-no-stjd-e-explica-o-voto.html

Conheço o Décio, advogado e jornalista, de forte atuação no sindicato dos jogadores de futebol do RS. Trata-se um profissional sério e correto. Só exagerou um pouco anos atrás com aquela história de proibir jogos no calor. Tanto exagerou que nunca mais repetiu.

Então, quando Décio precisa explicar seu voto pela legalidade, ignorando o poder do reú e as ameaças recebidas, fica complicado deixar de comentar mais essa decisão que abala ainda mais a já abalada imagem do tal tribunal desportivo.

Para esse pessoal, só chamando o Chapolin Colorado. É, mas agora é tarde.

Morreu o inesquecível Roberto ‘Chaves’ Bolaños, levando consigo seus personagens.

Prêmio Press

Quero agradecer a todos que contribuíram pra colocar esse boteco entre os ‘top five’ do jornalismo na web.

A divulgação do resultado foi ontem, com uma bela festa no Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa.

Ali foi anunciado o campeão, digo, o vencedor, uma espécie de Cruzeiro da premiação lançada há 15 anos pelo bravo Júlio Ribeiro, um empreendedor, um herói.

Deu o favorito: www.previdi.com.br, leitura obrigatória para quem quer saber coisas da mídia gaúcha e algo mais. O Previdi já venceu outras vezes e é quase imbatível.

Sei que muita gente se empenhou para me colocar entre os cinco finalistas. E isso é muito gratificante, emocionante até. Não cito os nomes para não cometer injustiça de esquecer algum ‘militante’ do boteco. Somos poucos, mas unidos e combativos.

O importante é que fiquei no G-5. Espero que o Grêmio também chegue lá.

FIGUEIRENSE

Sei que o Figueira tem que jogar fora de sua casa. Mas precisa ser nos domínios do Inter? Chapecó é dividida entre gremistas e colorados, fora os torcedores da Chapecoense, claro.

Não deve ter um torcedor sequer do Figueira por lá. Então, o Inter vai jogar praticamente em casa.

O Figueira poderia, por uma questão de equilíbrio da competição, jogar talvez mais ao Norte de SC.

Mas o que importa é alguns trocados, ao que parece, fora o benefício explícito ao Inter que talvez chegue na última rodada precisando de vitória.

Mais um motivo para eu ser contra o campeonato por pontos corridos.

CORNETA

O blog do meu amigão RW, que atuou intensamente em favor do boteco no Prêmio Press, divulga uma notícia que a gente dificilmente encontra na imprensa abaixo do Mampituba. Confiram:

http://www.cornetadorw.blogspot.com.br/2014/11/noticia-acima-do-mampituba.html

A conveniência de culpar arbitragens

Atribuir a erros de arbitragem as dificuldades do Grêmio no Brasileirão, em especial nos dois últimos jogos, é muito conveniente.

É conveniente ao torcedor – pelo menos para boa parte deles -, que assim pode conviver melhor com a sua dor, uma dor que vem desde 2001 – quer dizer, faz tempo que existe esse complô.

É conveniente à direção – e aí entram as anteriores -, porque tira o foco da verdade: a falta de planejamento, o excesso de gastos, a incompetência na tomada de decisões, de avaliação de determinadas situações e na formação do grupo.

Poderia citar vários exemplos que os gremistas estão cansados de colocar nas redes sociais, como a ausência de um meia de articulação – incrível, mas até o redondinho Douglas seria útil – e um camisa 9 de verdade para no mínimo fazer sombra ao instável Barcos.

Ah, ia esquecendo os equívocos na contratação de treinadores. Felizmente, Felipão chegou a tempo para evitar o píor. Aí, então um grande acerto.

É conveniente à comissão técnica, principalmente ao treinador. Quando goleou o Inter por 4 a 1 – só isso já justificaria sua contratação – e bateu o Criciúma, Felipão não denunciou nenhum esquema para prejudicar o Grêmio. Bastou perder duas seguidas, que velhos fantasmas vieram à mente do experiente técnico.

Sinceramente, eu acredito que Felipão realmente acredita que existam interessados em alijar o Grêmio do grupo que irá disputar a Libertadores em 2015. Não sei exatamente quem seriam esses conspiradores. Eu, que também tenho minhas ‘nóias’, imagino que possam ser indivíduos/empresas que se sentiram prejudicados pelo presidente multicampeão Fábio Koff na gestão do Clube dos 13.

A meu ver, os tais erros de arbitragem nos jogos contra Cruzeiro e Corinthians não pesaram tanto no resultado quanto a falta de qualidade nas conclusões e a demora do próprio Felipão na tomada de decisões para neutralizar a pressão dos adversários.

O Grande Erro de Arbitragem – o toque de mão de Fábio Santos dentro da área o que configuraria pênalti a favor do Grêmio – está provado agora que não aconteceu. Neste caso especificamente, muita gente que não estava dentro do campo na hora, eu inclusive, errou ao criticar o juíz, que, por linhas tortas acabou acertando.

Sobre esse juiz, senti que ele foi tendencioso a favor do Corinthians nos detalhes do jogo. Fiquei impressionado com a reação dele quando Barcos, no exercício do cargo de capitão do time, foi reclamar de uma decisão. O tal juiz ficou enlouquecido, cuspindo fogo na cara de Barcos, uma reação que ele não teve contra nenhum atleta corintiano.

Agora, não se pode atribuir a derrota à arbitragem. Ainda mais que o Grêmio teve um primeiro tempo ridículo e depois, quando melhorou, pouco criou em termos de situações claras de gol. Cássio, a rigor, fez apenas uma defesa difícil.

Então, antes de culpar arbitragens e operações secretas contra o Grêmio, é hora de Felipão e dirigentes olharem para dentro de si e tentar corrigir os erros que estão levando o clube a ficar fora da Libertadores 2015.

Afinal, como se diz na fronteira: não tá morto quem peleia. E enquanto há vida, há esperança.

INTER

Enquanto o Grêmio é prejudicado, o Inter é beneficiado. Nessa grenalização envolvendo arbitragens, o Inter está dando de relho.

Os próprios colorados admitem que foram beneficiado, principalmente contra o time reserva do Atlético Mineiro.

Bom pra eles, mas que dá uma baita inveja, dá.

COMPLÔ

Só pra deixar bem claro, não acredito em esquema para prejudicar o Grêmio. Mas também não duvido.

Afinal, para a rede de TV o que seria melhor, comercialmente falando, ter Grêmio ou Corinthians na Libertadores?

Acho que os fantasmas do Felipão está incorporando em mim…

RACISMO

Aqui sim vejo complô. Racismo no Grêmio tem peso muito maior do que racismo no Inter.

Sobre o caso de racismo envolvendo a torcida colorada, no Beira-Rio, e a mãe do zagueiro Paulão, recomendo essa leitura. Vale a pena, ajuda a diminuir a irritação:

http://www.cornetadorw.blogspot.com.br/2014/11/do-facebook-guberman.html

Os culpados são sempre os outros

Que o técnico Felipão queira jogar sobre o lombo das arbitragens a responsabilidade de duas derrotas seguidas, nada a opor. Faz parte do show do futebol. Os culpados são sempre os outros.

Agora, eu não vou entrar nessa. E está aqui alguém que viu nos sonoros 4 a 1 do Gre-Nal um divisor de águas. Um novo Grêmio surgia para retomar o caminho das vitórias e dos grandes títulos. Eu acreditei muito nisso. Eu que sempre fui pessimista, deixei-me iludir com uma facilidade que neste momento me repugna.

Eu acreditei!

É inegável que o Grêmio foi prejudicado pela arbitragem. Mas também é inegável que já foi beneficiado outras vezes, menos vezes, claro. Só pra ficar no campeão brasileiro por antecipação nesse campeonato em que o campeão se conhece com antecedência quando dispara na frente, desde que não seja treinado por Celso Roth, lembro o jogo do primeiro turno, quando o Grêmio também foi vítima de arbitragem, digamos, incompetente.

Voltemos ao presente, ao jogo em que o Grêmio foi batido pelo Corinthians por 1 a 0: Fábio Santos ergueu o braço no cruzamento de Ramiro. A bola bateu no braço. O bandeirinha viu e assinalou. Foi instintivo. Ele ergueu ‘seu instrumento’, como diziam alguns narradores, e marcou a infração. O juiz correu em sua direção. Conversaram rapidamente. No meio do caminho, Fábio Santos garantiu aos dois que não havia tocado com a mão na bola. Ah, bom, diante de um depoimento tão ‘neutro’ e de tanta ‘credibilidade’ não tem como marcar infração, não é mesmo?

Entre dar um pênalti contra o Corinthians num lance desse tipo, sempre muito polêmico, e marcar lateral, o juiz fez o melhor para a sua carreira. Livrou sua pele, ferrou o Grêmio.

Mas aí é que está. O Grêmio já estava ferrado. Jogava um futebol pobre. Seu trio ofensivo foi inofensivo. O goleiro Cássio, que é o melhor em atividade no Brasil, seguido de Grohe, quase não foi importunado. Dudu e Luan não conseguiram armar jogadas. Barcos, coitado, sequer teve chance de desperdiçar alguma oportunidade incrível como a que teve contra o Cruzeiro dias antes na Arena.

Aliás, quando não vale, Barcos marca gols decisivos. Ontem, ele fez um ao pegar rebote do Cássio num chute de Giuliano – foi a única defesa de Cássio no jogo. O problema é que ele saía de posição de impedimento. Mas o que importa é que ele fez o gol, numa situação muito, mas muito mais difícil daquela contra o Cruzeiro e que todos os gremistas não conseguem esquecer. Tenho um amigo que sofreu pesadelo com esse lance na Arena.

Se perder para o Cruzeiro foi um crime, porque o Grêmio merecia no mínimo um empate, a derrota para o Corinthians foi até justa, descontando o pênalti não marcado. O Grêmio, a rigor, não jogou nada. E quem não joga nada merece perder, embora algumas vezes acabe até vencendo. Ainda mais se contar com uma mãozinha dos homens de preto.

Foi o caso do Inter, sábado. O adversário era o time reserva do Atlético Mineiro. Imaginem Grêmio ou Inter jogando com reservas contra um time forte como esse mineiro. Aconteceu no inverso no Beira-Rio. Pois o Inter penou para vencer os reservas do Atlético. Fez um gol mágico nos últimos segundos da prorrogação, e justo por um jogador duramente criticado por 99% dos colorados, o Fabrício. Gol mata-secador.

Antes disso, o lateral Gilberto havia confundido futebol com vôlei. Ergueu os dois braços como quem faz um bloqueio na rede para defender um chute do adversário. Dentro da área. O juiz Péricles Cortez chegou a levar o apito à boca, mas em vez de apitar optou por engolir o instrumento, ou algo parecido. O fato é que ele, tão perto do lance, deixou a jogada seguir como se nada tivesse ocorrido.

Bom para o Inter, que, a bem da verdade, mesmo com altos e baixos, faz tempo se mantém no grupo de cima da competição e agora se encaminha para disputar a Libertadores de 2015, prêmio consolação que tem servido para a dupla Gre-Nal mascarar sua incompetência para conseguir isso que o Cruzeiro faz com espantosa naturalidade: ser campeão do brasileirão por pontos corridos.

Era doce e se acabou

Era doce e se acabou. É com esse sentimento que começo a escrever depois da vitória do Cruzeiro sobre o Grêmio por 2 a 1, resultado que garante o título de campeão brasileiro aos mineiros, e nada mais justo.

O Cruzeiro mostrou em plena Arena, com toda uma atmosfera de otimismo e confiança da torcida gremista, por que é o campeão.

O Grêmio foi superior no primeiro tempo. Mas, assim como foi melhor no jogo do primeiro turno na casa do adversário, o Grêmio voltou a perder.

E perdeu porque não soube aproveitar as chances de gol que criou enquanto foi melhor. Já o Cruzeiro, com seus jogadores com auto-estima passeando entre as nuvens, quando foi melhor, e isso aconteceu no segundo tempo, foi lá e aproveitou.

Mas até quando o Cruzeiro era melhor, o Grêmio teve uma oportunidade daquelas feitas para encaminhar a vitória, porque seria um balde de água fria no entusiasmo do campeão brasileiro.

Dudu foi ao fundo, aos 25min, e cruzou. Um zagueiro rebateu nos pés de Barcos. E aí faltou ao Barcos a frieza do matador, a frieza, por exemplo, desse infernal Everton Ribeiro no lance do segundo gol dos mineiros. O zagueiro se jogou à sua frente, enquanto Fábio, goleiro que parece ter nascido para impedir vitórias do Grêmio, se jogava no mesmo sentido, ou seja, o lado óbvio de chute do atacante, no caso, o canto direito. Com isso, o canto esquerdo, uns 3 ou 4 metros, ficaram à disposição de Barcos. O argentino fez o que Fábio esperava. Por isso, Fábio defendeu.

Não tenho nenhuma dúvida que Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart – que parece ter um imã que atrai bolas bêbadas na área – teria feito o gol. Jogariam a bola, sem necessidade de força, no canto esquerdo, como já ensinava o baixinho Romário.

Tudo isso não para culpar Barcos, que fez uma partida relativamente boa, mas para salientar que o Cruzeiro virou o jogo porque tem jogadores que definem, que decidem. Esse Ricardo Goulart, que tem 14 gols ao lado de Barcos, não jogou nada, mas quando a bola sobrou pra ele fez o que manda a cartilha dos matadores, matou.

O Grêmio, no Gre-Nal e contra o Criciúma, seguiu à risca a cartilha, e teve bom aproveitamento das oportunidades criadas, muito diferente do que aconteceu nesta noite de quinta-feira na Arena.

O gol no início, marcado por Riveros – outro volante goleador – e o domínio amplo do jogo, levou à torcida ao paraíso, aos sonhos mais doces.

Por isso, quando o Cruzeiro fez o segundo gol como quem rouba pirulito de criança fiquei mesmo com essa sensação de que era doce e se acabou. E quando digo isso me refiro ao fato de que o time vinha num crescendo revigorante, luminoso.

Até o empate, o Grêmio se encaminhava para conquistar a vaga da Libertadores e até podia sonhar com o segundo lugar.

Agora, tudo ficou mais difícil. Mas não impossível.

FELIPÃO

O técnico gremista tem muitos méritos. Ele é o artesão desse novo time gremista, um time que por vezes empolga a faz sonhar.

Agora, quando ele viu que o Cruzeiro voltara melhor do intervalo, mais ameaçador, e se mantendo no campo ofensivo, penso que seria o caso de colocar Alan Ruiz para fazer a função de Luan, que não conseguia desenvolver nenhuma jogada, abusando de toques para o lado e pra trás.

Sei que Felipão apostou na estrutura do seu time, uma formação que está dando certo.

Mas era preciso naquele momento, ali pelos 15 minutos, colocar alguém com novo ânimo para sacudir o time e voltar a equilibrar o jogo antes que fosse tarde demais.

Quando Felipão se deu conta, era tarde demais.

Não se brinca com um time como o Cruzeiro.

Gre-Nal pela vaga: vantagem é gremista

A dupla Gre-Nal está de mãos dadas em busca de mais um prêmio consolação, a tal vaga na Libertadores, que, no caso gremista, nos últimos anos só tem servido para mobilizar a secação vermelha nos dois lados do balcão: imprensa e torcida.

O Grêmio não tem conseguido aproveitar dignamente a vaga alcançada com muito suor. A torcida fica empolgada, cria expectativas, e logo se frustra.

O bom mesmo é ser campeão. Sem dúvida. Mas é melhor entrar na Libertadores do que ficar chupando o dedo, secando o rival que conquistou a vaga.

Os dois clubes gaúchos estão com 60 pontos. Vejo um pessoal aí com máquina de calcular, fazendo projeções.

Não curto isso. Normalmente, essas projeções não dão certo. Nos últimos tempos, então, o que tem de estimativas equivocadas em relação ao Inter no Brasileirão não é pouco. Quem toca muito nesse assunto é o RW e sua incansável corneta. Como diz o colega, ‘eles são previsíveis’.

Pra mim, a rigor, só um dado me interessa. Os dois clubes estão igualados. Mas apenas um deles pode chegar a 72 pontos, é o Grêmio.

O Inter pode alcançar no máximo 69 pontos. Não vejo muito destaque para esse aspecto tão relevante, quase definitivo.

Se uma tabela de jogos pode sorrir para alguém, eu diria que desde o início a tabela do brasileirão sorri para o Inter. Recorro devo à cornetadorw.blogspot.com, que lá no começo da competição alertou para a ‘papinha’ que era a tabela para o Inter nas rodadas iniciais, própria para o time embalar, ganhar confiança e brigar pelo título.

O problema é que o Inter não aproveitou essa vantagem. Tropeçou diante de adversários teoricamente mais fáceis. Desperdiçou a vantagem.

Agora, na reta final, três jogos seguidos em casa. Um deles, vencido neste domingo, 1 a 0 sobre o Goiás, com direito a golaço do tão execrado Paulão, que a maioria dos cronistas da praça considera sem condições de vestir a camisa vermelha.

O Inter tem agora o Atlético Mineiro, mais preocupado com a Copa do Brasil, e o Palmeiras, que virou saco de pancadas. Por fim, o Figueirense fora. Em princípio, jogos menos espinhentos que os do Grêmio. O problema é que o time de Abel segue instável, inconfiável.

O time de Felipão, agora embalado, pega o líder e virtual campeão, o Cruzeiro, na quinta-feira. Depois, Corinthians fora, rival na luta pela vaga; Bahia em Salvador e Flamengo em casa. Uma sequência muito difícil.

Mas são quatro jogos, contra três do Inter.

Se o Grêmio conseguir manter nessa reta final o alto nível atingido no Gre-Nal e mantido contra o Criciúma, no Heriberto Hulse, vai conquistar a vaga.

Contra o Criciúma, o tricolor manteve a segurança defensiva mostrada no clássico e continuou efetivo na frente, com melhor aproveitamento das jogadas, algo que antes não ocorria. O time criava, mas não aproveitava as chances.

Além do mais, o Grêmio está mais confiante, mais seguro de si. O gol de Dudu na falha do zagueiro mostra isso. De novo, Dudu teve frieza para fazer a coisa certa, repetindo o Gre-Nal. Antes de Felipão, ele era um estabanado; hoje é um atacante mais compenetrado e seguro. Já não se assusta quando chega diante do goleiro.

Depois, Barcos fez um golaço de cabeça, em cobrança de escanteio. Será que está voltando a bola aérea que antes tanto assustava os adversários? Foram dois gols assim nos dois últimos jogos, mais do que em todo o restante do campeonato.

O tão criticado Ramiro, suja utilidade tática é inquestionável para mim, fez o terceiro em passe de Dudu, que é outro jogador após Felipão.

Mais uma vez, três volantes, vejam só. O detalhe é que Ramiro, um volante nato, consegue se desprender e chegar ao ataque com rapidez, se transformando em atacante. Então, o problema não é jogar com três volantes. É o tipo de posicionamento a eles atribuído. E, claro, a capacidade técnica e tática de cada um. Ramiro, além de tudo, é inteligente, sabe o momento certo de se infiltrar e pegar a marcação de surpresa.

Coisas de Felipão, o Mestre.

Enfraquecimento político do futebol gaúcho

A punição imposta ao Brasil de Pelotas é mais um indicativo de que o futebol gaúcho realmente não tem mais força política perante a CBF e ao tribunal esportivo carioca, coisas diferentes mas iguais, como se sabe.

O Brasil perdeu sete jogadores para a final da série D contra a Tombense, clube do qual só tomei conhecimento agora. O clube é de Muriaé, MG. Pelo jeito tem mais força que a gloriosa Federação Gaúcha de Futebol, que na gestão Francisco Noveletto ficou mais pobre e mais frágil, perdendo terreno para os vizinhos catarinenses.

Em compensação, seguem as obras da suntuosa sede da FGF às margens do Guaíba. É isso, federações e CBF ricas e clubes falidos, inclusive os grandes.

Durante a semana soube que Noveletto estaria trabalhando para ajudar o Brasil. Poderia ter feito isso antes para evitar que o julgamento dos incidentes em Lonrina ocorresse às vésperas da decisão da série D.

Se tentou, não sei, o fato é que o julgamento aconteceu e o Brasil está ferrado. A delegação ficou com apenas um reserva em condições de jogo. O clube pelotense mandou mais quatro jogadores para compor o banco, entre eles jogadores vindos de lesão.

O jogo deste domingo, 17h, em Muriaé, já leva jeito de uma ‘batalha dos aflitos’ para o valente Brasil de Pelotas.

—-

Pergunta desnecessária I: alguém tem alguma dúvida de que a resultado seria muito diferente se fosse algum grande clube de Rio ou SP no lugar do Brasil de Pelotas?

Pergunta desnecessária II: será que pesou nessa decisão calhorda do Tribunal Carioca de Futebol o fato de Noveletto ter se assanhado para presidir a CBF, opondo-se aos paulistas que tomaram conta da entidade?

ASSIM SERÁ A NOVA SEDE DA FGF, PROMETIDA PARA A COPA DE 2014

O vídeo dos bastidores do Gre-Nal

O emocionante vídeo do Gre-Nal revela a união do grupo gremista

Se alguém tem alguma dúvida de que a goleada de 4 a 1 no Gre-Nal, além de um bálsamo revigorante para o espírito gremista, foi um marco, um divisor de águas, que dedique 10 minutos e 53 segundos de seu tempo para assistir ao vídeo dos bastidores do clássico. Está no site oficial do clube: WWW.gremio.net.

A peça, elaborada com zelo e paixão, ajuda a explicar por que o Grêmio venceu e humilhou seu maior rival. Mais do que isso: mostra que se descortina um novo tempo de vitórias a partir do sentimento de união e de solidariedade entre jogadores, comissão técnica e dirigentes.

É estimulante ver um atleta de carreira exitosa como o Zé Roberto, aos 40 anos, pulando como um guri no vestiário, entre risos e abraços. Ou perceber a alegria também dos reservas, como Werley, que aparece sempre sorridente. É claro, vestiário de quem ganha não é vestiário de quem perde, mas é perceptível acima de tudo que Felipão conseguiu em pouco tempo unir o grupo. E um grupo unido é o ponto de partida para atingir metas, entre as quais os grandes títulos.

Nos minutos finais do vídeo, o choro de Felipão. É comovente ver um profissional tão vitorioso, com longo tempo de vivência no futebol, expor sua emoção e embargar a voz ao pronunciar a palavra ‘oportunidade’ – quem viveu o que Felipão viveu recentemente sabe o que representa esse termo – quando começava a dedicar a vitória a Fábio Koff.

O veterano treinador interrompeu sua fala e logo foi envolvido por abraços solidários, até se recompor e concluir seu breve discurso de agradecimento ao presidente tricolor.

Para um vestiário assim, tão unido e empolgado, não há limites.

INTER

O empate colorado em São Paulo foi uma surpresa. Com o time bastante desfalcado, arrancou o 1 a 1 diante do São Paulo. O resultado, a meu ver, foi bom para os outros postulantes ao G isso ou aquilo, entre eles o Grêmio.

Agora, cabe ao Grêmio fazer a sua parte, bater o Criciúma. Se ocorrer empate, será de antemão um mau resultado, péssimo resultado.

Então, há empates e empates.

Cabe destacar que o gol colorado foi em impedimento, fato praticamente omitido ou atenuado aqui em Porto Alegre.

Curioso é que o incontrolável Fabrício foi expulso e saiu esbravejando ‘Juiz ladrão’ ou algo parecido.

Desatando o nó tático de Felipão

Todos comentam o nó tático de Felipão em Abel. Antes de tentar desatar esse nó, é preciso registrar que Abel havia feito o mesmo no Gre-Nal de 4 a 1 na Serra, enrolando Enderson Moreira. Então, é do jogo. Um dia se ganha, outro se perde. E eles, os técnicos, seguem enchendo os bolsos de dinheiro, alguns com mais mérito que os outros.

Domingo, foi a vez de Abel se enrolar todo.

Para vencer o clássico e romper a série humilhante de derrotas, Felipão partiu de uma premissa: não deixar o meio-campo habilidoso e experiente do Inter tocar a bola, ditando o ritmo do jogo.

O Inter chegou a ensaiar esse controle do meio campo no começo. Foram apenas alguns minutos. Cheguei a pensar que se continuasse assim o Grêmio voltaria a perder.

Mas o que se viu foi o Grêmio aos poucos neutralizando o quarteto formado por D’Alessandro – que, ao perceber que não conseguiria jogar futebol porque Felipe Bastos estava em cima dele, tratou de apatifar o jogo e a tentar a expulsão de algum adversário -, Alex, Aranguiz e o sonolento Alan Patrick.

Mas como Felipão conseguiu neutralizar esse toque de bola? Simples, impondo um ritmo forte, marcação severa e futebol verticalizado, com poucos toques para os lados. O Inter sentiu essa marcação e dela não conseguiu sair.

O Grêmio forçou o Inter a buscar a ligação direta. E aí apareceu o competente sistema defensivo armado pelo mestre Felipão. Vitórias pelo alto e pelo chão. Com Wallace ganhando a maioria das disputas, inclusive aproveitando seu porte avantajado para roubar bola e acionar em especial o Felipe Bastos, saindo de trás uma bola qualificada.

Fundamental nessa estrutura foi a movimentação de Ramiro. Confesso que, em princípio, preferia o Felipe chegando mais ao ataque e estranhei que essa liberdade foi dada a Ramiro, que reconhecidamente tem dificuldades na zona ofensiva. Até fazer o gol – resultado do posicionamento que lhe foi destinado por Felipão – Ramiro havia errado umas três ou quatro jogadas de contra-ataque. Por outro lado, fazia um combate incansável aos meias colorados.

O mesmo baixinho que chegava à frente com velocidade e disposição, combatia energicamente no meio e em sua própria área. Lembro o lance em que ele evitou o gol colorado aos 46 do primeiro tempo, entrando de carrinho na pequena área junto à trave esquerda, com Grohe já batido.

Em termos táticos, me atrevo a dizer que a movimentação e a aplicação de Ramiro fizeram o grande diferencial a favor do Grêmio. Comparado a Ramiro os meias colorados pareciam preguiçosos.

Não tem como deixar de destacar também a movimentação de Zé Roberto, um jogador sábio. Na hora certa, ele fechava pelo meio para compor a barreira de blindagem diante da zaga, que, aliás, foi soberba. Pará, sem a mesma sabedoria, mas com comovente dedicação, também foi importante.

Na frente, Luan e Dudu também tiveram participação decisiva. Luan cometeu alguns erros no começo, mas depois engrenou e ficou no nível de Dudu, que surpreendeu no lance do primeiro gol pela frieza para driblar o chileno e rolar para Luan marcar. Dudu desconcertou a marcação várias vezes.

Barcos cumpriu muito bem a função de um centroavante que recua para receber a bola, abrindo espaço para os meias que chegam de trás, pegando a marcação de surpresa.

Até nas substituições Felipão foi perfeito. Giuliano e Alán Ruiz entraram na hora certa para aproveitar que o Inter se lançava meio que desesperado em busca do empate. Ruiz, então, foi demais. Além de dois gols, conseguiu enlouquecer o argentina que gosta muito de debochar quando vence, mas que não admite o mesmo quando perde.

Diante de tudo isso, é inegável o mérito de Luiz Felipe Scolari – o grande comandante, mais que um motivador, um estrategista – nessa vitória redentora que sinaliza a volta aos bons tempos.

Quem viver, verá.