O choro de Grohe

De onde menos se espera, daí mesmo é que não sai nada, já ensinava o Barão de Itararé.

É que provavelmente ele não conhecia o futebol.

Ninguém esperava nada dessa zaga jovem e desentrosada do Grêmio. Mas Saimon e Bressan deram uma resposta superior, altiva, insuperável. Jogaram como gente grande.

Pará e Alex Telles, outro guri estreando, também foram impecáveis defensivamente. Pará, no apoio, mais uma vez foi sofrível. Alex mostrou que tem potencial para ser titular.

Garantido atrás, porque era proibido tomar gol, era preciso resolver na frente.

O meio-campo fez a sua parte, defendendo e articulando, às vezes com uma lentidão irritante, mas fez o possível.

Já os atacantes, com exceção do valente e atrevido Vargas, pouco de útil fizeram.

Assim, restava a um dos dois talentos do time decidir. E foi Elano quem marcou, e foi um golaço, garantindo a vitória que levaria aos pênaltis. O primeiro gol em jogo oficial na Arena.

Na verdade, o Grêmio achou esse gol. Porque poucas vezes invadiu a área da LDU com toque de bola ou dribles. O Dida do time equatoriano pouco foi exigido, o que prova a incompetência ofensiva da equipe tricolor.

É bem verdade que o juiz contribuiu ao deixar de marcar muitas faltas da LDU e também por ser tão econômico nos cartões. Esse é o tipo de juiz que mereceria uma ‘sumanta de laço’.

Mas o importante é que o Grêmio se classificou. Jogou em seu gramado arenoso, superou carências técnicas e ainda assim conseguiu eliminar a LDU e seguir na competição.

A classificação veio nos pênaltis, o que se queria evitar a todo custo.

Quem temia as penalidades ficou apavorado quando Saimon inventou na cobrança. Pensando que é craque, deu uma paradinha idiota e telegrafou nas mãos do goleiro.

Felizmente, um equatoriano salvou a pela de Saimon e chutou na trave.

Por fim, a consagração de Marcelo Grohe. No sexto pênalti, quando eu, confesso, já lamentava não ter Dida, um pegador de pênaltis, Grohe fez a defesa que a Arena merecia, que ele, Grohe, merecia. A defesa que a torcida fiel, devota e sempre esperançosa, merecia.

A defesa que faltava para Grohe colocar os pés na galeria dos ‘goleiros pegadores de pênaltis’.

Então, a Arena rugiu. Grohe correu, ajoelhou-se e chorou.

Depois, ergueu-se, com lágrimas nos olhos.

Lágrimas de um profissional, lágrimas de um torcedor do Grêmio.

As lágrimas do goleiro agora mais do que nunca titular do Grêmio.

ELANO

Bonita a homenagem de Elano ao final do jogo, dedicando a vitória às mães que perderam filhos na tragédia em Santa Maria.

PÊNALTIS

Cumprimentos aos que acertaram suas cobranças: André Lima, Willian José, Vargas, Pará e Alex Telles. Ao Saimon, que provou ser um zagueiro de nível superior, só tenho a dizer o seguinte: simplifica.

DUNGA

Estreia discreta. O Inter ficou só no empate com o Novo Hamburgo. O Inter até foi melhor e criou mais chances de gol, mas pouco diante da expectativa criada em torno do trabalho do novo técnico.

SECADORES

Final frustrante para os secadores de plantão.

AVALANCHE

Para certos setores da mídia, problema com a avalanche vai merecer mais atenção que a classificação do representante gaúcho na Libertadores.

Agora, está cada vez mais difícil defender a avalanche. Mas eu ainda estou com ela.

O rugido da Arena e o efeito D'Ale

O técnico Dunga deve ter dormido tranquilo ontem. O sono dos justos.

Afinal, o inquieto e instável D’Alessandro, guindado a líder do vestiário colorado, declarou em alto em bom som que o ‘grupo havia aprovado’ o novo treinador.

Com o carimbo de ‘aprovado’ por D’Ale e seus companheiros, Dunga terá mais condições de mostrar que pode ser num clube o que não foi na seleção: um técnico vitorioso.

Se no Inter o ambiente aparenta ser de absoluta serenidade, no Grêmio o clima é de expectativa e preocupação.

Afinal, a LDU, que antes era apontada como um gatinho pela crônica esportiva porque “era um time em formação e sem entrosamento”, passou a ser um leão. Um gigante.

Assim como nunca acreditei que a LDU fosse um adversário fraco – ainda mais na altitude – e o Grêmio uma potência, sempre mantive uma postura cautelosa.

Lembro que no programa Cadeira Cativa, dois dias antes do jogo, eu afirmei que assinaria um acordo de derrota do Grêmio por 2 a 1. Hoje, se vê que seria um resultado melhor, porque vitória por 1 a 0 classificaria o time.

A continuidade na Libertadores ficou mais difícil. É preciso vencer por dois gols de diferença.

A LDU não é um leão, muito menos um gatinho. É um adversário que merece respeito e preocupação.

Se os jogadores do Grêmio estivessem ambientados na Arena e adaptados ao tipo de gramado, ainda arenoso, eu estaria muito tranquilo, talvez até mais que o Dunga depois de receber o apoio do grupo.

A preocupação em relação ao campo, porém, aumentou depois que ouvi um repórter afirmar que o gramado da Arena está pior do que estava no jogo da pobreza. É claro que não posso acreditar nessa ‘informação’ descabida.

O Grêmio é quase um visitante em sua própria casa. É como o sujeito que se mudou para um mansão e ainda se perde em algum corredor ou entra na peça errada.

O fator local que tanto pesou a favor da LDU, tem sua importância reduzida nessa decisão.

A grande diferença, o que realmente pode fazer a diferença e levar o time a superar a LDU para continuar na Libertadores, é a torcida.

A torcida do Grêmio, sim, pode ditar o rumo do jogo, para o bem ou para o mal.

Se a torcida entender que seu time ainda precisa encorpar e que a LDU não é o timeco que foi vendido por alguns, terá o comportamento adequado para esse momento de tantas incertezas e inquietações.

Terá de ser compreensiva quando o titular número de Luxemburgo, o Pará, cruzar errado ou quando o manhoso técnico mandar a campo seu pupilo, o inacreditável Marco Antônio.

Terá de agir como a mãe diante de uma travessura do filho quando Marcelo Moreno desperdiçar sua terceira chance de gol.

Vaiar nunca. Sequer murmúrios de desaprovação – que na Arena são amplificados – serão permitidos.

Se a torcida lotar a Arena com o mesmo espírito de paz, aceitação e sentimentos elevados que o grupo colorado sugere dedicar ao Dunga, a vitória virá ao natural.

Até porque o Grêmio mostrou no primeiro jogo que tem um time superior. Não muito, mas superior.

Essa superioridade vai aumentar se a torcida entrar em campo – Psiu, o da Geral, não é para levar ao pé da letra porque dá interdição, viu? – e jogar com o time, não contra o time.

Se a Arena rugir, o ‘leão’ equatoriano vai ronronar.

As tragédias e o futebol

Se o Grêmio for eliminado pela LDU, quarta-feira, não faltará quem rotule o resultado negativo como  ‘tragédia’, expressão que até já vi e ouvi de gente avaliando como será danoso ao clube ser alijado da Libertadores, sua maior meta na temporada.

Realmente, será péssimo perder. Mas não será trágico. Decididamente, não será trágico.

Tragédia mesmo é que aconteceu na madrugada deste domingo. Dezenas de jovens perderam a vida num local destinado ao lazer, à diversão. Jovens que saíram para se divertir e acabaram perdendo o bem mais precioso, a vida.

Tragédia é isso. Perder um jogo de futebol, por mais importante que seja, está longe de ser algo trágico. Tampouco uma vitória, por mais grandiosa e eloquente, nunca será épica.

Igualmente não haverá nada de heroísmo, de fato, em vitória obtida com sangue, suor e lágrimas. Nem desonra diante de uma queda frente a adversário menor.

Mas o futebol pela dimensão que tomou nas últimas décadas, com os torcedores transformando em guerreiros e heróis os jogadores que só entram em campo se forem remunerados, e em alguns casos muito bem remuneados, se presta a esses exageros, arroubos verbais.

Assim, Dunga está iniciando uma nova ‘era’ no Inter, quando não passa de mais um ciclo em sua trajetória profissional.

Esses excessos são aceitáveis, contribuem para tornar o mundo do futebol mais fascinante e ajudam esse circo que movimenta bilhões de dólares a cada ano a ainda manter uma imagem de pureza e nobreza.

O que não se pode é levar tudo isso ao pé da letra e transformar qualquer derrota ou vitória, por menor ou maior que sejam, como algo pessoal.

Eu, há muito tempo, sei que sob essa imensa lona, não passo de um palhaço, e um palhaço sem graça.

É claro que, apesar dessa consciência, vibro com as vitórias, me emociono e sofro com as derrotas. Nada que mude minha vida, mas são situações que ajudam a torná-la mais animada.

Assim, fico aqui na expectativa desse jogo contra a LDU. É muito importante que o Grêmio e se classifique.

Mas não haverá tragédia alguma se for eliminado.

Tragédia mesmo é esse incêndio absurdo que ceifou a vida de 233 jovens e enlutou dezenas de famílias.

O resto é só futebol.

Tolerância zero com os falsos torcedores

Nas duas vezes em que fui assaltado e tive carros roubados, os bandidos vestiam camisas de clube de futebol.

Na primeira vez, foi um torcedor do Barcelona, com a camisa do Ronaldinho. Até que combinou.

Na segunda, eram dois assaltantes, dois moleques. Um vestia a camisa do Real Madrid e outro a do Boca Juniors.

Ontem, no pátio do Olímpico, outro tipo de marginal, também vestindo camisas de clube de futebol, colocou as cores do Grêmio nas páginas policiais.

A diferença entre os dois tipos de marginais ‘torcedores’ era o revólver apontado pra mim.

Confesso que não gosto de ver a camisa tricolor em episódios como o ocorrido no Olímpico. Me dá uma sensação ruim. Futebol é tão bonito, é tão solar, que não merece ser confundido com as trevas, imagem que me ocorreu quando vi as fotos de baderneiros vestindo a camisa do Grêmio, todos de costas, numa lúgubre delegacia policial.

Essas fotos estão na internet, correm o mundo.

A direção do Grêmio, o policiamento e os legisladores precisam dar um basta nisso. A impunidade é talvez o maior mal do Brasil já há muito tempo.

Aquele bando detido ontem em pronta ação dos soldados da BM já estão todos soltos.

“Não vai dar nada”, devem pensar esses falsos torcedores que ficam aí manchando a imagem de Grêmio e Inter.

E não dá nada mesmo. Por isso, eles se mostram tão atrevidos e desafiadores, promovendo brigas mesmo em meio a torcedores pacatos, famílias inteiras que vão aos estádios de futebol.

O Grêmio nada pode fazer para impedir esse tipo de confusão fora do Olímpico ou da Arena. Mas dentro de sua casa, é obrigação sua manter a ordem, custe o que custar.

Fico imaginando essa gente na Arena, jogo decisivo – como esse contra a LDU. Um erro de arbitragem contra o Grêmio. Dificilmente não haverá invasão de campo e aí o dano será irreparável.

Antes que isso aconteça, tolerância zero com esses falsos torcedores, um pessoal que mais prejudica o Grêmio do que o ajuda.

O Grêmio não precisa deles.

DERROTA

A gurizada do Grêmio perdeu. Mas continuo entusiasmado com alguns jogadores. O Lucas Coelho foi muito bem de novo. E voltou a marcar. É goleador. Ponto.

Gostei do Paulinho, que fez uma jogada sensacional, driblando três e chutando colocado rente à trave. O Deretti é outro com grande potencial. Idem o Misael.

O Grêmio foi melhor no primeiro tempo e começou bem no segundo. Mas depois o Canoas reagiu, Galatto fez grandes defesas até sofrer dois gols, sem qualquer culpa dele.

Mérito para o técnico do Canoas, meu amigo Rodrigo Bandeira.

Achei que o Mabília veio com o time muito ‘faceiro’ para o segundo tempo. A marcação foi prejudicada.

Derrota injusta e as ironias do futebol

Injustiça é a palavra que melhor define o resultado do jogo no Equador.

Depois de um primeiro tempo razoável, o Grêmio foi superior a LDU nos 45 minutos finais, criando mais situações de gol e arremessando duas bolas na trave.

Já a LDU, em seu único lance de real perigo no segundo tempo, teve toda a sorte que faltou ao Grêmio, marcou seu gol e agora joga pelo empate em Porto Alegre.

Digo Porto Alegre porque não sei se o jogo será mesmo na Arena. Tenho minhas dúvidas. O time está mais acostumado ao gramado do Olímpico e como está correndo atrás agora talvez o melhor seja jogar no velho estádio.

Faltou sorte ao Grêmio, mas faltou principalmente competência para voltar com uma vitória.

E o mais incompetente dos homens de frente foi Marcelo Moreno. Ele teve umas três ou quatro boas situações de gol, mas errou na definição da jogada.

Não tenho a menor dúvida de que André Lima, com toda sua limitação técnica, teria aproveitado melhor as oportunidades que Moreno desperdiçou.

Dos titulares em princípio incontestáveis do time, Moreno foi o pior.

Depois, vem aqueles de quem nada espero. Marco Antônio, por exemplo.

Luxemburgo insiste com esse jogador. Além de tudo é pé-frio. Elano cansado é melhor que Marco Antônio no auge da forma física.

Os laterais até que foram relativamente bem. Ao menos não comprometeram em termos defensivos. Pará deu um belo chute e obrigou o goleiro a fazer uma grande defesa.

Os dois zagueiros foram bem, com destaque para Cris. Pela amostra, sua contratação foi um acerto.

Fernando e Souza foram impecáveis.

Elano e Zé Roberto tiveram dificuldades, mas tiveram bons momentos no jogo. Luxemburgo errou ao sacar Elano, e errou ainda mais ao colocar M. Antônio.

O estreante W. José foi modesto, quase inexistiu no jogo.

Agora, Vargas mostrou que é de outra família. Outro nível. Um nível tão elevado que deixou Moreno encabulado.

Agora, os goleiros.

O futebol às vezes sabe ser dramático, trágico, irônico.

Dida foi tão secado por boa parte da torcida, inconformada com a saída de Marcelo Grohe, que acabou se lesionando num lance banal. Era muita energia negativa sobre ele.

Aí, entra Marcelo Grohe. Luxemburgo foi obrigado a recorrer ao goleiro que desprezou.

No primeiro lance, Grohe ainda frio, bola na área, chute daqui, chute dali… gol.

Grohe ainda fez duas defesas – uma com certeza foi espetacular -, mas não conseguiu impedir o gol equatoriano.

Depois do jogo, Luxemburgo comentou que não foi culpa de Grohe, mas “claro que Dida é experiente e dá segurança”.

Então, ficamos assim.

No jogo da volta, será preciso vencer por dois gols de diferença.

Não é fácil, mas pelo que vi está longe de ser uma missão impossível.

ARENA

Transcrevo o que está circulando no twitter:

PROMOTOR ALEXANDRE SALTZ. CIDADAO QUE QUER INTERDITAR A ARENA QUASE NAO É IDENTIFICADO…quasepic.twitter.com/BKncmI1T

As listas de Felipão e Luxemburgo

No mesmo dia, com poucas horas de diferença, Felipão e Luxemburgo anunciaram suas listas.

Felipão, o técnico que o Grêmio queria para 2013; Luxemburgo, o técnico que gostaria de estar no lugar de Felipão.

Os dois caminham juntos. Ambos são vitoriosos. Ambos se deram mal na Europa. Já trocaram farpas, se estranharam e acho até que trocaram uns tabefes. Ambos queriam o lugar de Mano Menezes.

Particularmente, eu preferia ver o Felipão divulgando a lista do Grêmio para a Libertadores; e Luxemburgo anunciando os convocados no Rio, seu território, sua Pasárgada, onde ele é amigo do Rei, da imprensa. Enfim, lá onde espera estar para disputar a presidência do Flamengo.

Nada é perfeito. Se Luxemburgo fosse o indicado pela CBF, Felipão estaria hoje no Grêmio. As chances de título da Libertadores aumentariam significativamente, embora haja quem pense o contrário.

Nas listas dos dois, alguns problemas, a começar pela insistência com Ronaldinho, que vira e mexe tem nova chance de mostrar que a Seleção Brasileira há muito tempo não é o seu lugar.

Entre as duas listas, apenas uma me interessa: a do Grêmio.

Uma rápida olhada e a gente constata quais os pontos vulneráveis: todos na defesa.

Os laterais relacionados são de assustar. A não ser que Alex Telles surpreenda. E isso parece difícil. O guri pelo jeito não está agradando muito porque Luxemburgo cogita deslocar Pará para a esquerda – pânico! – e Tony na direita – cruz-credo.

Depois, a zaga. Saimon é bom jogador, mas inconfiável. Não pelo temperamento, que não é pior que o de Damião, embora a imprensa despreze essa superioridade do atacante colorado. Saimon, na verdade, ainda não convenceu plenamente, para uns, nem minimamente.

Seu companheiro de zaga é Cris. Um ponto de interrogação. Quem é Cris hoje. No passado, foi um zagueiro firme, de imposição. Mas e hoje?

Ah, nem é bom olhar para trás, porque ali não estará Marcelo Grohe. E sim Dida.

Portanto, se a LDU forçar um pouco, fará ao menos um gol, mesmo que esteja com um time todo reformulado e desentrosado.

Se a defesa preocupa como um todo, o meio-campo e o ataque tranquilizam.

Por isso, acredito que o Grêmio tem condições de garantir ao menos um empate, o que será um resultado formidável.

Até porque na volta o time terá Vargas.

CARLOS EDUARDO

O Inter faz o diabo para ter uma pauta positiva. Agora, deixou transitar a informação de que Carlos Eduardo pode ser contratado. Setores da imprensa estimularam a ideia. Assim, dá mais ânimo aos colorados, angustiados com os reforços que estão sendo anunciados.

Carlos Eduardo, sim, seria uma contratação digna da grandeza do Inter. Não um Gabriel, desprezado pelo Grêmio depois de dois anos de come e dorme.

Mas Cadu é um sonho, um delírio. Entre Flamengo e Inter, quem ele ou a maioria dos jogadores escolheria? Claro que o Flamengo, o Rio, as praias, a noite fervilhante.

Ficarei surpreso se Cadu optar pelo Inter. Muito surpreso.

Ainda mais que o vídeo em que ele toca flauta no Inter depois da derrota para o Mazembe – vai uma bem gelada, aí? – segue circulando.

Teve um dirigente graduado do Inter que chegou a afirmar, depois de ver as imagens, que Cadu estava descartado.

Mas se ele vier,  será interessante: Cadu e Gabriel, dois que gozaram muito com o vexame, juntos no Inter.

Gabriel, um kidiaba no Inter.

O mundo do futebol é mesmo fascinante.

Depois de meio século, um centroavante da base

Lucas Coelho vai quebrar o longo jejum de centroavantes formados no Grêmio.

O último grande camisa 9 oriundo da base gremista foi Alcindo, no começo dos anos 60. Lá se vão 50 anos.

Meio século de secura. É claro que nesse período foram revelados alguns bons camisa 9, mas indiscutível mesmo só o Alcindo, o melhor centroavante que eu vi – na verdade mais ‘ouvi’  -jogar no Grêmio.

A estrela de Lucas Coelho passou a brilhar neste domingo, no vale do Vinhedos.

Há uns três ou quatro anos me entusiasmei com um camisa 9 do time B do Inter, também em jogo pelo Gauchão: Leandro Damião. Desculpem, olho clínico…

Na semana retrasada, na copinha em SP, ele havia chamado minha atenção, mas não a ponto de me entusiasmar.

De volta a Porto Alegre para disputar o Gauchão, Lucas Coelho marcou cinco gols num treino. Não é normal alguém marcar cinco gols em treino, ainda mais um guri de 18 anos. Curioso é que a imprensa, até onde acompanhei, nem deu bola para o jovem goleador. Melhor assim.

Sem pressão maior, além daquela natural de um guri que vai jogar sua primeira partida no time profissional, Lucas Coelho teve paz para desabrochar.

E foi um desabrochar lento, mas constante, como um peça de música erudita que começa com a suavidade dos violinos e irrompe grandiloquente, magnífica, arrebatadora.

Lucas Coelho começou mostrando tranquilidade diante da experiente e boa zaga do Esportivo. Não se intimidou e também não partiu para o choque, o corpo-a-corpo. Levou algumas entradas duras, mas não se abalou.

Nas poucas vezes em que recebeu a bola, a tratou com carinho, mostrando intimidade com ela, mostrando que é um centroavante com bons recursos técnicos. Tem domínio de bola, visão de jogo, posicionamento, frieza e altruísmo, ou seja, não é fominha. Pelo contrário, é solidário.

Mas como todo centroavante que se preze, há o momento em que é preciso sem egoísta. E o bom centroavante sabe qual é esse momento.

Aos 36min do segundo tempo, quando recebeu a bola de Léo Gago – que foi bem, mostrando que o time B é a turma dele -, Lucas Coelho dominou, deu um toque para dentro, livrando-se da marcação e clareando para o chute, que saiu forte, preciso, fulminante.

Um gol com carimbo de matador. Um matador precoce, de apenas 18 anos.

Um gol de alguém equilibrado, tranquilo, que ao deixar o campo foi o centro das atenções e se ainda assim se manteve sereno, como durante os 90 minutos do jogo.

Diante de câmeras e microfones, sua primeira lembrança foi a família, em especial o pai treinador de futsal em Lajes. Quer dizer, um bom filho, um sujeito que não se deixará afetar pela fama repentina.

Depois de 50 anos, o Grêmio está revelando, finalmente, um grande centroavante.

Escrevo isso sem qualquer temor de errar.

OS COADJUVANTES

Além do Lucas Coelho, gostei de Gustavo Xuxa, um atacante brigador, de boa técnica, chute forte com os dois pés. Um jogador com a cara do Grêmio.

No meio, o volante Ramiro é daqueles de não dar trégua ao adversário. É baixinho, mas peleador.

Misael entrou depois e deu mais equilíbrio ao meio de campo. É boa opção para o time titular.

Na zaga, senti firmeza no Gérson, que jogou ao lado de Werley. Foram bem os dois.

Como lateral tem problema, observei atentamente o Tinga e o Carlos Alexandre. Vejo potencial nos dois.

Jean Deretti entrou bem no segundo tempo. Agora, estrela mesmo tem o Paulinho, que em seu primeiro toque na bola marcou o segundo gol, também com participação de Lucas Coelho.

INTER

No sábado, o time B do Inter não teve a mesma sorte. Ficou no 1 a 1 com o Passo Fundo, sendo dominado amplamente no segundo tempo. Cassiano, autor do gol, foi o único que mostrou futebol de bom nível.

Difícil entender por que o Inter não faz um time mais forte, colocando alguns jogadores mais experientes. Afinal, o Gauchão é a competição que tem para o momento.

VARGAS

Com a contratação de Vargas, o Grêmio já começa a ter cara de time que pode brigar pelo título.

Se Insua for contratado, só vai restar uma posição realmente problemática: a lateral-direita.

INOPORTUNO

Só não entendi por que, num momento de comemoração, Mabília foi questionado após a bela vitória sobre o Esportivo, fora de casa, a respeito do caso de doping no time sub-20.

Sim, um problema que está a cargo do jurídico do clube foi levantado durante a entrevista coletiva após uma vitória alentadora.

Quer dizer, esse tipo de assunto poderia ter sido pauta nos dias que antecederam ao jogo.

Depois, não querem que se fale em ‘agenda positiva’ contra o Grêmio.

Torpedos para a imprensa e as falsas crises

Que tipo de gremista é esse que manda torpedo e telefona para colunistas e/ou repórteres para informar sobre situações – nem sempre verídicas – que contribuem apenas para tumultuar, criar crises ou falsas crises, enfim, fomentar a discórdia, o ciúme, a inveja, e dar munição ao inimigo no momento em que o clube se prepara para iniciar a disputa pelo tri da Libertadores?

São gremistas que se escondem atrás do biombo do ‘off’, que não se expõem, não colocam a cara pra bater, agem nos bastidores, nos porões, vindo quem sabe dos esgotos, de ondem extraem o material para suas investidas que em nada ajudam o clube que dizem amar entre um copo e outro de chopp, combustível para seus sonhos delirantes de um dia assumirem ou voltarem ao poder.

Não que torcedores desse calibre não existam no Inter. Mas os críticos da gestão colorada são mais transparentes e podem ser facilmente identificados por todos, inclusive pelos gremistas. Assim, sem pensar muito, cito três que seguidamente tecem críticas públicas aos gestores do clube: Fernando Miranda, Siegman e Piffero.

Colorados que atuam na superfície, não no subterrâneo. Que encaram câmeras e microfones, sem apelar para mensagens sorrateiras.

Aqueles que municiam a mídia deveriam fazer suas intrigas abertamente. É complicado combater ou rebater informações cuja origem é desconhecida – em alguns casos nem tão desconhecidas assim.

Por exemplo, a saída de Omar Selaimen está sendo usada para passar a impressão de que existe uma crise importante no Grêmio. Haveria uma disputa entre ele e Remi Acordi, cuja existência eu desconhecia, não por culpa dele, mas minha mesmo, um desinformado dessas coisas administrativas do Grêmio.

E mais: que os nomes indicados por Remi estão sólidos como rochas, enquanto os indicados pelo PRESIDENTE do clube, Fábio Koff, têm a solidez de uma planta de banhado e estão sendo alijados. Quer dizer, o sr Remi teria mais poder que o PRESIDENTE do clube.

Tão de sacanagem. Não resisto e transcrevo a coluna do sempre polêmico e bem informado Hiltor Mombach, talvez o jornalista que mais recebe informações e fofocas sobre os bastidores do Grêmio. A coluna está no site do Correio do Povo de hoje:

Omar Selaimen era o homem de confiança de Fábio Koff no Grêmio.
Era.
Desde ontem não é mais.
Não ficou para não fazer o papel de mandalete.
A sua saída deve provocar a retirada de outro homem de confiança do presidente, no caso o filho Fabinho, que vinha assessorando Omar.
Há um governo paralelo no Grêmio.
Omar é mais uma vítima disto.
Teria perdido a batalha para o outro chefe do executivo, Remi Acordi.
Há os indicados de Koff e os de Acordi.
Estão ficando os de Acordi e saindo os de Koff.
Omar também não aceitou ser comandado por Luxemburgo.
Afinal, ele está acima na hierarquia do clube.
A crise está longe de terminar.
Pelo contrário, está apenas começando.

Tem vezes que eu sou muito chato. Há quem diga que normalmente eu sou muito chato. É quando eu fico indignado e vou atrás, furungo, cavoco, e até encontro algumas preciosidades. Vejam esta, do mesmo colunista, 23 de agosto de 2012:

“Tiro Livre

Remi Acordi, que em 2010, junto com grupo de gremistas, ofereceu ao Grêmio um plano de marketing, é uma das pessoas mais ouvidas por Koff. Terá papel importante caso Koff vença a eleição.”

Dito isso, realmente o colunista é bem informado. O sr Remi tem mesmo papel importante. Vejam, lá atrás ele já era ouvido pelo PRESIDENTE do clube. Então, Koff confiava nele. Já não confia?

Tudo é possível.

Só não é possível o PRESIDENTE do clube – ainda mais sendo ele Fábio Koff – perder disputa para alguém que ele pode afastar a qualquer momento.

Para quem não sabe: Koff tem pleno comando do Grêmio e todas as decisões passam por ele, inclusive aquelas que querem atribuir exclusivamente ao treinador Luxemburgo.

O resto é guerra de vaidades e intriga de quem gostaria de estar no centro do poder.

Afinal, que gremistas são esses?

São gremistas que pensam mais em si do que no clube. Simples.

A esses peço uma trégua com validade para todo o período que durar a Libertadores.

Depois, podem disparar seus torpedos de novo.

APAGAR DAS LUZES

Ah, esse apelo serve também para quem corneteia o Dida. Eu não queria a contratação dele. Mas é ele quem está escalado pelo treinador, que eu também não queria.

Agora, é torcedor pelo Dida e pelo Luxemburgo.

Quem não fizer isso é gremista do mesmo tipo que ajuda a criar crise no clube.

POR FALAR EM CRISE…

O técnico Luxemburgo afastou Wilson da delegação. O zagueiro teria reclamado por ser substituído por Saimon durante jogo-treino de ontem. Ele foi sacado ainda no primeiro tempo.

Douglas Grolli está viajando para Quito.

Será que não dava mesmo para contemporizar, hein Luxemburgo?

Assim fica difícil. Mais difícil.

Ainda bem que o Vargas está chegando. Mas a continuar nesse ritmo talvez esteja chegando tarde demais.

Entre o Saimon e o Wilson eu fico com o Wilson.

O time mediano do Inter e a agenda positiva

É ensurdecedor o silêncio dos analistas esportivos a respeito dos reforços do Inter.

É claro que não consigo acompanhar tudo o que se diz e se escreve, mas ainda não constatei nenhuma análise crítica a sobre jogadores como Vitor Junior, Caio, Helder, Willians e Gilberto, que foi embora não ter aprovado e agora retorna não se sabe exatamente por que. Ou por ter santo forte ou por ter empresário forte. Ou porque joga muita bola e todo nós não percebemos.

São todos jogadores medianos, jogadores que poderiam chegar de ônibus, como se dizia tempos atrás quando se queria diminuir o peso do contratado.

Reconheço algumas qualidades no Caio, um atacante rápido; no Willians, um volante de marcação forte e no Vitor Júnior, um meia rápido.

Contratar um ou outro desse nível, tudo bem, mas todos eles se equivalem. Todos são aposta, talvez com exceção de Willians, mas este tem um currículo que não fica muito distante de uma folha corrida, algo que tem sido omitido pela mídia em geral, salvo engano meu.

O fato é que o Inter está montando um time mediano, em princípio. É possível que todos eles mostrem aqui um futebol que até agora não foi suficiente para mantê-los como titulares em grandes clubes.

Pelo que tenho lido e ouvido, Dunga é capaz de transformar todos eles em craques, jogadores compenetrados, disciplinados e talentosos. Facilita, ele transforma ferro em ouro.

O que observo hoje é a imprensa paparicando o Dunga e evitando comentar as contratações, apenas fazendo o registro.

Sei que boa parte dos analistas está mais preocupada com a Arena e o Olímpico e não tem tempo para se dedicar a temas ‘menores’ como os jogadores que o Inter contratou até agora.

É numa hora dessa que sinto falta da voz valente de Wianey Carlet. Tenho certeza de que ele, por ser um comentarista combativo como o foi quando o MP quis interditar o Beira-Rio, estaria agora cuspindo fogo e cobrando mais qualidade nas contratações.

Aguardo também que alguém pergunte ao presidente Luigi por que sendo o Inter um dos clubes que mais faturou nos últimos anos não consegue trazer jogadores de maior qualidade, limitando-se a investir basicamente em apostas.

Talvez a situação financeira do Inter não seja tão boa quanto se apregoa.

Ah, mas é melhor não falar nisso, não faz parte da agenda positiva.

JUNIORES

Vi o time do Grêmio aplicar uma goleada hoje pelo torneio sub-20 em São Paulo. Gostei muito do meia Matheus, irmão do Biteco. Ele marca, arma, articula, dribla e lança.  Jogou muito o guri.

Gostei também do volante Barbosa, que é nome de funcionário de escritório. “O Barbosa, me alcança o grampeador por favor”. Mas gostei que ele marca forte e tem uma virtude, faz lançamentos precisos de longa distância, tipo o Dinho. Mas foi só uma primeira impressão. Gostei do meia Fabian, muito habilidoso, mas precisa aprender a chutar. Mandou todos os chutes muito alto.

As traves de volta: sábia decisão

Muita gente estranhou a recolocação das traves no Olímpico. Ouvi cronistas esportivos tendo chilique no ar. “Onde já se viu, fez a despedida do Olímpico, com muita emoção, e agora quer jogar lá de novo”?

O curioso é que os mesmos jornalistas não discursaram com tanto entusiasmo em relação à interrupção da reforma do ‘estádio da Copa’, um problema social, com operários trabalhando sem receber horas extras. Sem contar que a continuar nesse ritmo a reforma do Beira-Rio atrasa e a Copa vai para a Arena.

Qual é o problema em jogar no Olímpico? O estádio é do Grêmio. Além disso, há um fato novo: por ter sido absolutamente incompetente para assegurar uma vaga no grupo da Libertadores o Grêmio teve que mudar muito seu planejamento.

A Libertadores começa mais cedo para os incompetentes. Já os muito incompetentes ficam só de fora secando.

O Grêmio achou melhor antecipar a viagem para o Equador. Com isso, restou pouco tempo para o time se ambientar com a Arena, o tipo de grama, o piso, detalhes que podem fazer a diferença numa decisão.

O Grêmio treinou hoje na Arena. É inegável que o time está mais adaptado ao gramado do Olímpico, ao ambiente da velha morada.

Além do mais, o gramado só vai ficar bom mesmo, se o clima ajudar, daqui a algumas semanas.

Por isso, dependendo do resultado no primeiro jogo, eu aplaudiria a decisão de disputar o segundo jogo no Olímpico.

Em princípio, a recolocação das traves seria para jogos do Gauchão. Duvido que seja só isso.

Se o resultado do primeiro jogo for positivo, que se jogue na Arena o segundo confronto.

Caso contrário, melhor é voltar ao Olímpico. Haverá muito tempo para jogar na Arena.

O que não pode é cair da Libertadores assim de cara, comprometendo todo o ano em termos técnicos e financeiros.

Ah, será um mico, já ouvi dizer. Mas prefiro pagar esse mico do que ser eliminado ouvindo a desculpa que a grama atrapalhou, etc.

O mico de uma eliminação para a LDU terá dimensão digna de um Mazembe.

Quem sabe não é isso que alguns que estão criticando estão querendo?

O TIME

Dida; Tinga, Saimon, Cris e Alex Telles; Fernando, Marco Antonio, Elano e Zé Roberto; Marcelo Moreno e Willian José.

Este é o time que começou o treino na Arena. Pará vai jogar no lugar do jovem Tinga. Alex Telles pelo jeito entra na lateral-esquerda. No meio, a vaga deve ficar com MA, o Eterno. Resta orar para que Souza acerte e possa jogar.

Dida titular. Quero ver como o Marcelo Grohe vai reagir diante dessa injustiça.