É preciso acreditar!

2011 termina pior que 2010, um ano que só não foi um desastre absoluto porque, mergulhado numa crise, o então presidente Duda jogou todas suas fichas em Renato Portaluppi, o mesmo que rejeitou quando demitiu Celso Roth em meio à Libertadores de 2009 para contratar o insosso Paulo Autuori.

Sei que o momento é de pensar o futuro, não de revolver o passado.

Mas eu considero imprescindível olhar pelo retrovisor para evitar erros cometidos lá atrás.

No Grêmio, as lições do passado, mesmo ainda frescas, recentes, são desprezadas, ou por estupidez ou por questões políticas. Ou ainda por outros interesses.

O único legado da gestão 2010 foi uma Libertadores, uma herança que a gestão atual não soube aproveitar, um pouco em função de ter vindo acompanhada de um presente indigesto ao sr Paulo Odone, o técnico Renato Portaluppi, mas muito mais por incompetência mesmo.

O ano termina sem aquela loucura de tentar trazer Ronaldinho na esperança de que ao retornar ao clube que o formou o jogador voltaria a ser aquele atleta aplicado e interessado que um dia deslumbrou o mundo.

Dessa vez não houve perda de tempo com delírios e pirotecnias midiáticas.

Na ânsia de se redimir e consciente que os próximos 365 dias serão decisivos para determinadas carreiras no clube e fora dele, a atual gestão passou a agir com mais objetividade e determinação.

As contratações de Kleber e Moreno dão um alento, mas ao mesmo tempo preocupam pelo alto investimento.

Mas o principal é que o homem que comanda esse processo mostra conhecimento sobre as necessidades da equipe. O diretor Paulo Pelaipe está montando a equipe para este ano da Arena com atenção e cuidado, e isso sim me deixa um pouco mais esperançoso.

Não confiante, mas mais esperançoso, o que me faz concluir que pouca coisa mudou.

A esperança continua sendo o que move o torcedor do Grêmio. Tem sido assim há dez anos.

Esperemos que este 2012 altere essa rotina desagradável, enfadonha, irritante, gosmenta, nauseante.

É preciso acreditar!

Um grande 2012 pra todos nós.

Gago, a base e a Arena

A contratação de Léo Gago é intrigante. Trata-se um bom jogador, mas é daquele tipo que ao se chutar uma pedra saem dezenas iguais. Entre eles, alguns da categoria base do Grêmio.

Não posso acreditar que não existam uns dois ou três volantes e condições de aproveitamento no time principal. Aliás, o que mais aparece na base gremista é volante.

Está certo que Léo Gago é um jogador experiente. Mas se Fernando foi aproveitado e rapidamente se firmou, por que não pode acontecer o mesmo com outro guri do junior?

O Grêmio investiu pesado em dois atacantes, dois grandes atacantes. O time começará o ano com o que não teve durante todo este 2011 que já vai tarde: um ataque de qualidade.

Aí, na hora de contratar um segundo volante para jogar ao lado de Fernando, vem Léo Gago. Eu até gosto desse jogador, mas o momento não é de buscar jogadores medianos, e sim de contratar jogadores que cheguem para assumir a titularidade independente do treinador.

Jogador para compor o grupo deve ser buscado na base. Eu sei que a base do Grêmio neste ano obteve resultados medonhos, o que faz a gente ficar ainda mais intrigado. O que está acontecendo na base gremista? É incompetência demais? Outros interesses interferem na escolha e escalação de jogadores? Há carteiraço de empresários?

Se a base gremista não for reorganizada o Grêmio dificilmente poderá repetir a década de 90. Não tem como formar time vencedor somente com gente de fora. Quer dizer, até é possível, mas custa caro e o retorno não é garantido.

As categorias de base do Grêmio merecem tanta atenção quanto a Arena.

Não adianta ter uma casa maravilhosa se os inquilinos não estiverem à altura.

Retomando: o ataque titular está aí.

Mas e a defesa? E o meio campo?

É preciso pelo menos um grande zagueiro. Sorondo é uma aposta. Torço por ele, mas não sei se ele terá condições de jogar e de mostrar o futebol de sua fase pré-Inter. Então, que busquem um zagueiraço!

Eu sei que um investidor está disposto a bancar a contratação de Lugano. Mas o uruguaio está sendo sondado por outros clubes brasileiros, entre eles o São Paulo, que seria a sua preferência. Lugano seria perfeito.

E o meio? Douglas vai embora. Soube que ele rejeitou ir para o Palmeiras. Claro, com Felipão o furo seria mais embaixo. Jogador como Douglas Felipão leva na rédea curta.

O Grêmio deveria investir em Ibson, é o nome que me ocorre. Carlos Eduardo seria outro grande reforço

Paulo Pelaipe está trabalhando, mas o time que ele formou até agora não ganha é pra ganhar o Gauchão. E só.

INTER

No Inter, a impressão que se tem é que a direção está satisfeita com o time que tem para disputar a Libertadores. Dagoberto é uma excelente contratação, mas é preciso mais.

Os laterais são medianos, a zaga inconfiável. O ataque está ótimo e o meio é muito bom.

Sei que muitos colorados gostam de Kleber, mas a meu ver ele já deu o que tinha que dar. O ‘dono’ do seu passe, o empresário Sonda, quer colocá-lo em outro clube. Mas é difícil achar quem pague o que Kleber recebe no Inter. No final da história, ele acaba ficando, como aconteceu anteriormente.

Douglas e o Papai Noel

É só o que faltava. Os empresários de Douglas lançaram uma nota para criticar a direção do Grêmio em relação a uma eventual prorrogação de contrato do jogador, que vence no final de 2012.

Reclamam que declarações recentes de Pelaipe foram “ríspidas e agressivas, além de opiniões pessoais e pouco profissionais”. Pelaipe, que não nasceu ontem, sabe que o grupo que representa Douglas está se esquivando.

O que os empresários querem é fazer a vontade de Douglas. E a vontade de Douglas é, mais do que jogar no Corinthians, sair do Grêmio. Douglas não quer mais saber do Grêmio.

Os empresários estão fazendo mais ou menos o que o sr. Assis Moreira fez no caso Ronaldinho, década atrás. Ficam enrolando, enrolando, à espera de que o Grêmio se canse e por fim libere seu representado por preço vil, abaixo do mercado.

A jogada é parecida com a que fazem os representantes de Montillo, no Cruzeiro. O meia argentino, estimulado por seu procurador, também quer jogar no Corinthians. Montillo é a prioridade do Corinthians. Douglas é segunda opção. Para Douglas, que quer porque quer sair do Olímpico, não interessa que ele seja o segundo da lista, e que ele só irá para o time abençoado por Lula, pela CBF, pelas empreiteiras e BNDES se a negociação com Montillo fracassar.

Então, trata-se de um jogo muito simples, que tem como síntese fazer a vontade do jogador em detrimento dos interesses dos clubes aos quais estão vinculados, com contrato em andamento, salários e tudo o mais em dia.

Os empresários estão na deles. Não entro no mérito da questão. Agora, o que eles não podem é baixar o pau na direção que insiste em continuar com o jogador, mesmo sabendo que ele só ficará contrariado, com mais dinheiro no bolso e ainda assim contrariado. E jogador contrariado é capaz de chutar pênalti decisivo lá na marquise da arquibancada ou ser expulso ‘de graça’ em algum mais importante, deixando o clube na mão.

O que os empresários não podem é criticar Paulo Pelaipe, querendo passar a impressão de que o dirigente é que será culpado se Douglar não ficar. Eles insinuam claramente que se não houver acordo será por culpa de Pelaipe. Se Pelaipe pegou pesado é porque ele sabe que está sendo vítima de embromação. O que ele fez? Denunciou essa enrolação.

Então, Douglas terá de se apresentar dia 4 de janeiro e se fizer corpo mole será afastado para treinar em separado. É o que promete Pelaipe, no que faz muito bem. Os jogadores conquistaram uma série de vantagens com a Lei Pelé, que de quebra está deixando cada mais ricos os intermediários do futebol. O mínimo, agora, é que o jogador cumpra seu contrato com ética e dignidade.

Não quer renovar para tirar vantagem logo adiante, tudo bem. Faça isso, mas seja profissional até o último minuto do seu contrato.

O problema é que não tem como esperar esse comportamento de Douglas e da maioria dos jogadores, ainda mais se tem empresário por trás louco para fazer transferências e receber polpudas comissões.

O que precisa terminar é essa máxima de que jogador quando quer sair ninguém segura. Acho que tem que segurar sim, fazer com que cumpra o contrato até o fim, a não ser, é claro, que o clube tenha algum ganho expressivo em cima do rebelde.

Concluindo: acho que Pelaipe está conduzindo bem essa história envolvendo Douglas. Ele quer ampliar o contrato do jogador, que se esquiva, porque espera pelo Corinthians outro grande clube de São Paulo ou Rio.

Se não houver entendimento, Douglas, que já é um tanto roliço, fica sem jogar e em seis meses estará gordo igual a um Papai Noel sem a barba branca.

VICENTE

Faleceu o zagueiro Vicente. Ele estava no Santos quando Pelé se despediu na Vila Belmiro. Depois, veio para o Grêmio, onde se tornou três vezes campeão gaúcho. Ele jogou ao lado de Oberdan em 1977, quando o Grêmio interrompeu a hegemonia colorada no Gauchão. Pouco tempo atrás e o vi num programa de TV. Estava envelhecido, parecia mesmo muito doente. Cheguei a duvidar que era o mesmo Vicente. Era um profissional sério, bom zagueiro. Convivi com ele de 1979 a 1981, como setorista do Grêmio. Só por ter ajudado a quebrar aquele ciclo de vitórias coloradas merece todas as homenagens do Grêmio.

PRESENTE

Ainda envolvido com a busca de meus documentos, mas já com o carro recuperado (voltou com uma leve batida na dianteira), comemoro um presentinho de Natal: Escudero não fica. Parece que ele vai jogar seu futebol dispersivo e improdutivo no Atlético Mineiro.

Jogador desse tipo não pode ficar no grupo, porque ele acaba jogando. Melhor assim, que seja feliz.

Bem, feliz Natal a todos.

Um dia de cão

Meu dia de cão sarnento começou cedo. Oito da manhã comecei a ligar para o depósito de veículos de Alvorada. Meu carro, recuperado dos bandidos, estava lá. Ninguém sabia dizer em que estado. Afinal, ‘são dezenas de carros e motos recolhidos diariamente’, alguém disse.

Liguei para a delegacia, a 1ª DP. Um plantonista informou que o ‘carro estava bem, apenas com alguns arranhões, escoriações leves, nada grave. Vai se recuperar’. Ele falou, brincando, como se o carro fosse um enfermo.

– Bem, temos que dar alta nesse paciente – devolvi.

A orientação foi de que eu aparecesse na delegacia a partir das 14 horas, quando a perícia já teria sido feita. Antes de ligar, ele me disse o que seria preciso, cópia disso, cópia daquilo. Cópia da carteira de identidade. “Foi roubada”, eu disses, “serve o passaporte?”. Servia.

Bem, o mesmo passaporte serviu de entrada para o inferno que é conseguir uma segunda via da carteira de habilitação (também roubada) sem ter a carteira de identidade.

Eram umas dez horas quando ‘dei entrada’ no Centro da Protásio Alves, bairro Santa Cecília.

Antes um aparte: na véspera, no Centro da Ramiro, onde fiz a minha primeira tentativa,  haviam me informado de que eu precisaria de um documento meu com foto. O ideal seria a Carteira de Identidade. Mostrei o BO da polícia, com todos os meus dados, mas não adiantou. Eu deveria, mesmo, voltar com um documento com minha foto, e poderia ser o passaporte. Sem isso, nada de segunda via.

Está bem, os burrocratas precisam justificar seus salários e sua obstinação em ferrar com o contribuinte, esse sujeito infeliz que paga impostos para sustentar essa máquina pachorrenta, cruel e insaciável.

Isso foi na quarta-feira, à tarde, no dia seguinte ao roubo do meu carro.

Então, quando ingressei em outro CFC, o da Protásio, que era mais no meu caminho, estaca tranqüilo que não haveria problema.

O passaporte, atual, feito este ano, reúne todas as condições de substituir uma carteira de identidade. Afinal, é um documento aceito em qualquer país, não teria por que o Detran rejeitá-lo.

É o que eu pensava.

Não, passaporte sem os nomes dos pais não serve – disse a simpática atendente. Vocês já notaram que todas as atendentes são simpáticas e sorridentes na hora em que dizem que um não, que falta um documento, uma assinatura, uma cópia autenticada. Elas parecem felizes em nos deixar irritados, frustrados, revoltados. Para isso, contam com o apoio fundamental dos burrocratas, que fazem de tudo para facilitar a vida deles, não dos contribuintes.

– Ah, mas não se preocupe, o sr pede a carteira de identidade e depois vem aqui encaminhar a carteira de habilitação -, ela diz toda meiga, querendo transmitir solidariedade.

Assim, por cima, vou ficar uns 12 dias sem poder dirigir. Tudo porque a minha carteira de identidade foi roubada e o passaporte, aceito até na China, não serve para o Detran.

Imaginem um trabalhador autônomo, um vendedor, sem poder dirigir por tanto tempo por causa de uma frescura dessa. Quem vai pagar suas contas? Os burrocratas?

Um documento federal não é aceito por um órgão estadual, aquele mesmo que há alguns anos ocupa manchetes das páginas policiais e políticas.

A carteira de trabalho também não serve. Ah, o modelo novo serve. Eu que sou antigo não conheço o modelo novo. Duvido que trabalhadores na faixa dos 40 anos tenham a nova carteira.

Portanto, o contingente de trabalhadores que não podem usar a carteira com o intuito de pedir uma segunda via (eu disse, segunda via, não a primeira) da carteira de motorista, é enorme.

Eu e toda essa gente somos discriminados. Entre nós há muita gente mais velha. E o estatuto do Idoso?

A carteira do Trabalho, documento federal, também não é aceito pelo Detran, com exceções para os documentos mais novos.

Quero ver essa gente rejeitar o passaporte e a carteira de trabalho por escrito…

Ah, soube que o passaporte serve como documento para participar até de concurso público. Mas não é aceito pelo Detran.

Isso tem que acabar.

Depois, à tarde, meu inferno continuou. Fiquei mais de quatro horas em Alvorada (precisaria mais umas 50 linhas para contar o que houve). Mas consegui recuperar o carro. Realmente, ele tinha leves escoriações.

Mas sobreviveu.

Espero que eu também sobreviva enredado nesse cipoal burrocrático em que a carteira de identidade é a base de tudo.

Sem ela, eu sinto que não existo nesse mundo dos burrocratas sarnentos.

Eu penso que nós levarmos adiante esse tipo de protesto poderemos mudar esse estado de coisas. Ou então teremos de conviver com isso até o final dos tempos.

Eles são muitos e determinados em infernizar a nossa vida.

Meu segundo assalto

Uma hora atrás eu estava na 10ª DP, no Bom Fim, registrando um assalto. Dois bandidos armados levaram meu carro. Foi a segunda vez. A primeira foi há uns três anos. Também levaram o carro, que nunca apareceu. Felizmente, eu tinha seguro, como agora.

O curioso que os dois assaltos foram no mesmo lugar: em frente a casa da minha ex-mulher, no bairro Rio Branco. Dá o que pensar…

Dei bandeira. Fiquei conversando com meus filhos em vez de ir embora rapidamente, como costumo fazer.

Quando vi, dois caras magrinhos, com jeito de assaltantes (um deles vestia uma camisa do Barcelona, bem folgada), um negro e outro mulato, cruzaram a rua em diagonal em nossa direção.

Meus filhos sinalizaram e pediram que eu entrasse no carro. Era tarde demais, pensei. Mesmo que entrasse eles me pegariam e talvez fosse pior por ter tentado fugir.

Éramos três, eles dois. Imaginei que talvez eles seguissem em frente para pegar uma vítima menos complicada. Ledo engano.

O neguinho magrinho, que parecia ter saído do filme Cidade de Deus, veio em minha direção, segurando um revólver prateado.

– Perdeu, perdeu – disse ele.

No primeiro perdeu eu o encarei. No segundo, olhei para o revólver.

Realmente, eu tinha perdido.

Me pediram a chave do carro, perguntaram se tinha bloqueador, eu disse que não. Pegaram minha carteira com os documentos, meu celular e minha máquina fotográfica com a fotos que eu havia tirado à tarde da Arena do Grêmio e pensava em publicar aqui no blog.

Ah, quando o mulato se preparava para entrar no carro eu vi o meu cachorro agitado no banco do passageiro. Perguntei se podia levar o cão, o Elvis. O mulato respondeu que sim, mas que fosse rápido.

O Elvis resistiu, não queria sair. Eu o puxei com força, ele escapuliu para o banco de trás.

O bandido reclamou: “Pega logo se não ele vai junto”.

– Posso abrir a porta de trás?

Foi aí que me dei conta que a situação começava a ficar cômica.

O assaltante respondeu que sim, mas que fosse ligeiro.

Eu me atirei pra dentro do carro e agarrei o bicho, que parecia assustado, certamente sentindo o clima de tensão no ar.

O mulato entrou no carro e perguntou de novo se tinha corta corrente. Repeti que não.

– Se tiver, eu volto aqui e acabo com vocês -, ameaçou.

E saiu dirigindo com dificuldade na arrancada porque é um carro com câmbio automático.

Ainda bem que tenho seguro.

Fica a lição mais uma vez: não dê bandeira na rua, ao lado do carro.

Putaria no futebol

– Tem muita putaria no futebol.

A frase é de um treinador com quem conversei recentemente.

O assunto começou com Djalma Beltrami, coronel da polícia militar do Rio, preso por corrupção, envolvimento com o tráfico de drogas.

Durante anos esse sujeito comandou partidas de futebol. Entre elas, jogos decisivos, como foi Náutico x Grêmio, conhecido como a batalha dos Aflitos, aquela que os colorados desdenham e os gremistas enaltecem porque realmente foi algo grandioso, heróico, épico, e que mereceu destaque em todo o mundo.

Mais destaque que essa façanha gremista só mesmo o fiasco colorado diante do Mazembe e agora o chocolate do Barça no Santos.

Voltando ao referido árbitro de futebol. A pergunta que se impõe: teria ele se corrompido também para ajeitar resultados?

E mais: seria ele o único? O caso Edilson indica que pode haver mais árbitros venais. Beltrami está aposentado, mas outros como ele podem estar na ativa.

Mas o futebol não é uma putaria ‘apenas’ porque alguns árbitros podem ser corruptos, mesmo ocupando postos elevados numa entidade que deve zelar pela segurança, pela ética, pela honestidade.

A frase do treinador refere-se também a outros aspectos, como as coisas que acontecem em categorias de base, na formação de jogadores.

Há influência de tudo que é tipo. Dirigentes interagem com empresários e procuradores de jovens promissores. Nessa relação, por vezes promíscua, nem sempre prevalece a qualidade do jogador, mas quem está por trás dele, o que pode determinar sua escalação ou não.

Já contei aqui a história de um jovem zagueiro, que ao passar da mão de um pequeno empresário para a de um grande empresário, foi imediatamente convocado para a seleção sub alguma coisa. Bastou uma telefonadinha…

Essas coisas talvez expliquem por que determinadas categorias de base de grandes clubes nada conquistem e poucos jogadores revelem na relação com o investimento aplicado.

Na verdade, deveria haver uma faxina geral na base desses clubes.

O problema é quem vai assumir o comando. No caso de Beltrami, ele entrou no lugar do comandante anterior, acusado de ser o chefe do grupo que matou uma juíza no Rio e também de corrupção.

Quer dizer, mudou o comando, mas foi mantida a prática.

Então, se mudar, vai acabar a ‘putaria’?

Não sei, mas é preciso fazer alguma coisa, porque o futebol parece contaminado de cima a baixo.

Barça e Santiago de Compostela

O Barcelona é o sonho de consumo de todo o torcedor. Quem não gostaria de ver seu time jogando assim: bonito, elegante, impositivo, competitivo, objetivo e, como consequência, vencedor?

Já virou clichê dizer que o Barcelona quando joga dá aula de futebol.

Contra o Santos, que tem um time muito bom, o time catalão voltou a dar a tal aula de futebol.

Eu me lembro daqueles professores de cursinho pré-vestibular. Eles tinham no meu tempo, e acredito que isso ainda persista, facilidade para tornar os temas mais complexos é ásperos em algo agradável, de fácil compreensão. Era a aula-show.

É isso que o Barcelona faz: aula-show.

E é fácil aprender. É muito simples. Não há mistério, nem segredo.

A base de tudo é treinamento, muito treinamento. Muito trabalho. E é aí que a coisa complica, porque se um clube brasileiro quiser seguir os ensinamentos da equipe de Messi, Xavi e cia terá de exigir muito empenho de seus jogadores, muita dedicação, muito trabalho.

Não é fácil reunir um grupo que pegue parelho para trabalhar, trabalhar de verdade.

Depois, outro probleminha: inteligência. É preciso um grupo de jogadores, além de aplicados e determinados, inteligentes.

Há muito tempo venho dizendo que o jogador de futebol brasileiro não é muito inteligente, nem pra jogar bola. De modo geral, são habilidosos e criativos, e isso pode passar a impressão de que são inteligentes.

São raros os jogadores inteligentes, que, aliás, conseguem se destacar muitas vezes mesmo sem algum talento excepcional. Cito como exemplo Fernandão. Muito do sucesso do Inter campeão do mundo se deve a Fernandão, que tinha dois companheiros também muito inteligentes: Nilmar e Iarley. Um trio que aliava qualidade técnica com inteligência.

Douglas é um jogador muito inteligente. Muito. Também tem técnica elevada. Mas precisa sacudir a preguiça do corpo. Ele não entraria nesse time do Barcelona. Nilmar e Iarley, talvez.

Mas antes de começar a contratar jogadores com esse perfil: inteligentes, trabalhadores (profissionais) e com qualidade técnica, é preciso firmar um conceito de futebol.

O Barcelona fez isso há décadas e procura manter um determinado padrão. Nem sempre atinge a (quase) perfeição, como agora.

Na década de 90, com Felipão, o Grêmio manteve por três ou quatro anos um padrão de futebol competitivo, velocidade, força, imposição física e boa técnica. Tivesse planejamento e organização, poderia ter dado continuidade. Para isso, teria sempre de contratar jogadores com determinado perfil. (jogadores inteligentes do Grêmio naquela época vitoriosa e saudosa: Paulo Nunes, Dinho, Adilson, Mauro Galvão, Arce e Roger)

Tivesse usado esse time como modelo e passado isso para as categorias de base da década de 90, hoje o Grêmio teria um time semelhante, em termos de proposta de jogo, aquele organizado por Felipão.

Quer dizer, o Barcelona apontou o caminho, que não é o de Santiago de Compostela, mas que também é longo e com muitos trechos íngremes.

Para chegar ao fim da jornada, é preciso planejamento, organização, conhecimento e esforço.

Ah, claro, esqueci de um detalhe: craques como Messi e Xavi.

Não é simples?

NEYMAR

Neymar saiu frustrado de campo. Derrotado. O guri vitorioso caiu do cavalo pela primeira vez. Mas mostrou-se altivo, sereno. Triste, abatido, mas tranquilo. Nas entrevistas foi humilde e reconheceu a superioridade absurda do adversário.

Neymar é um craque, entraria fácil nesse time do Barça. É inteligente, habilidoso e trabalhador. Craque.

Gostei que ele referiu uma frase do Guardiola: para o Barcelona vencer como agora teve de perder muito antes.

Neymar aparentemente aprendeu uma lição: nem sempre se vence.

E que é também com as derrotas, com as quedas e as desilusões que a gente cresce e molda um caráter.

Melhor que secar é festejar títulos

O melhor do futebol é festejar títulos, de preferência títulos daqueles que causam comoção pública, tanto em vencedores como em vencidos e/ou secadores.

O Grêmio conquistou seu último título de expressão há dez anos. É uma década de expectativas, de esperanças e de sonhos frustrados.

O que restou foi esse outro aspecto do futebol apimentado pelo rivalidade: a desgraça do rival.

Uma derrota para um modesto e desconhecido clube africano, considerado galinha morta, jogo jogado, no caminho para o topo do universo é algo para não se esquecer.

No caso, os vencidos, os colorados, em especial aqueles que gastaram uma grana para ver o seu time conquistar o bi mundial em cima da Inter de Milão, querem esquecer a qualquer custo.

Assim como os gremistas, que não gostam de lembrar das passagens pela segundona.

Mas ‘tragédias’ desse tipo ficam marcadas para sempre, como uma tatuagem feita no capricho.

Prato cheio para os rivais. Confesso que me empanturrei de Mazembe. Tomei um porre de Mazembier nas últimas semanas. Estou de ressaca.

O que eu quero agora é título. E não é qualquer título,não. Brincadeiras ficam para mais tarde, ficam em segundo plano a partir de agora.

Afinal, temos um ano inteiro pela frente. Bem, ao menos espero que 2012 tenha doze meses, que não termine como aconteceu neste ano em julho ou agosto, quando o Grêmio afundou tanto que passou a ter como objetivo máximo uma vaga para a Libertadores, prêmio consolação do Brasileiro.

É triste e doloroso chegar ao meio do ano sem perspectivas maiores.

Em 2012, mais do que secar e festejar derrotas do rival, quero comemorar títulos que estejam de acordo com a grandeza do Grêmio.

Espero chegar no próximo 14 de dezembro sem lembrar que é mais um Mazembe Day.

É o que eu quero. Mas se não for possível…

DAGOBERTO

O Inter está certo em tentar trazer Dagoberto antes.

O São Paulo está certo em pedir uma compensação financeira para liberar seu jogador.

O Inter só não poderia pensar que encontraria facilidades. Afinal, Oscar, uma das principais revelações do SP vei parar no Beira-Rio de graça.

O Inter é para o SP o que o Paris Saint Germain foi, e sempre será, para o Grêmio no caso do sujeito aquele que desfila no Rio com barangas e pesados colares falsos como…

Deixa pra lá…

Então, o SP o que faz? Pede um jogador titular do Inter (nome é mantido em sigilo) ou muito dinheiro para antecipar o final de contrato de Dagoberto.

Cada um defendendo seus interesses.

Vingança é um prato que se come frio.

ARENA

Aeronáutica quer que prefeitura cumpra limites de altura para prédios novos em Porto Alegre. A norma, que é de cinco atrás, pode atingir os 18 prédios previstos para a área da Arena. Os prédios teriam 72 metros e ficam muito próximos do aeroporto. Eu lembro que isso foi discutido há uns dois anos.

A OAS teria chegado a um acordo com as autoridades do setor. Teria.

Um dia iluminado: o Mazembe Day

Que belo dia!

E pensar que exatamente há um ano eu acordei angustiado, preocupado, nervoso, tenso. Resumindo: borrado mesmo, com todo o respeito porque este é um boteco família.

Pressentia que o Inter seria campeão do mundo de novo. Tanto esse sentimento me atormentava que criei, em agosto, logo depois que eles venceram a Libertadores pela segunda vez porque até espirro do Giuliano resultava em gol, a cerveja 1983.

E por que a 1983? Para lembrar aos desmemoriados de todas as colorações que o primeiro clube gaúcho campeão do mundo é e sempre será o Grêmio, queira a Fifa ou não. Os colorados esperaram (sofreram) durante 23 anos para chegar lá. O primeiro é sempre o primeiro. Depois, vêm os outros.

Um segundo título mundial do Inter seria insuportável. Já antevia o riso escancarado de meus ex-colegas colorados da redação do CP, Rádio Guaíba,, Zero Hora, etc.

Mas passou. Os deuses africanos, com seus tambores e suas mandingas seculares, auxiliados pela soberba que acometeu os colorados de chuteiras e de bandeiras, salvaram aquele 14 de dezembro de 2011.

É inesquecível aquela festa de despedida no Beira-Rio na exibição de um filme que encalhou. Inesquecível lembrar o capitão Bolívar, então festejado pelos colorados, prometendo uma festa ainda maior na retorno de Dubai e tendo como resposta gritos e aplausos. Êxtase total dos colorados. Quase um orgasmo coletivo.

Covarde, confesso que não vi nem ouvi o jogo. Se pudesse, teria me escondido debaixo da cama como criança assustada. Mas fui trabalhar. Só estranhei o silêncio na cidade, nas ruas quase desertas.

Lá pelas tantas, me esforçando para não ligar o rádio na minha sala só pra dar uma conferidinha, um gremista abre a porta e pergunta com um sorriso safado:

– Sabe quanto tá o jogo?

Nem respondi.

– Eles estão perdendo. Tá 1 a 0…

Arregalei os olhos.

– Tu tá de sacanagem. Como é que o Inter pode estar perdendo do Mazembe, isso não existe.

De repente, me enchi de coragem. Liguei o rádio. Ouvi uma narração chorosa, quase escorriam lágrimas do aparelho tamanha a choradeira. Quase uma transmissão de velório. O defunto era o Inter.

Fiquei animado, mas logo me lembrei que sou pé frio nessas secações de jogos importantes. Quando fui desligar o rádio o narrador gritou gol. “Viu?, quem manda se meter a besta?, eles empataram. Empataram e agora vão virar”, pensei, reclamando de mim mesmo.

Mas de repente pareci ouvir violinos lânguidos, um coro de anjos, música celestial. Era o narrador, com a voz quase desabando:

– … é gol do Mazeeeembeee, 2 a 0. O Inter está sendo eliminado pelo Mazembe, inacreditável…

Bem, aí eu não me contive. Abracei um colega gremista, o Fred, aquele que veio me diz que estava 1 a 0 para o Mazembe. E caí de joelhos, mãos para o céu.

– Deus é Pai, Deus é Pai!

Patético!

Mas o que se há de fazer? Sentia-me leve, feliz.

A última vez que tive uma reação assim foi em 1983. Não preciso dizer a razão.

Atravessei a noite e a madrugada daquele distante 11 de dezembro trabalhando em estado de graça para fazer uma edição especial da revista Goool comemorativa ao título de campeão mundial do Grêmio.

O primeiro título de campeão mundial conquistado por um clube gaúcho.

Quando saí da redação, ao lado do saudoso amigo Paulo Acosta, que beijou a tela da TV na repetição do segundo gol do Renato, já era dia.

Um dia iluminado como este 14 de dezembro de 2011. O Mazembe Day.

Escutem e se deleitem:

http://tvider.com/view/72808

SITE DO MAZEMBE DE NOVO

Nous avons publié quelques témoignages de ces supporters du Gremio de Porto Alegre, grand rival de l’Internacional, qui ont vécu l’exploit congolais comme un cadeau du ciel. Ce mercredi, au Bar Box 21 de la cité du Rio Grande do Sul, ils vont se retrouver pour fêter le premier anniversaire du succès de Mazembe. Plus de 250 internautes ont soutenu l’opération. Et ils vont dîner en buvant de la Mazembier blonde ou de la Kidiaba brune, les deux bières artisanales créées par Ilgo WINK, l’homme des médias.

Pour montrer votre sympathie à nos amis brésiliens, vous pouvez aussi aller sur la page spécialement créée sur facebook pour l’occasion et intitulée « Mazembe Day ». Glissez-leur un petit commentaire en français, en swahili, en anglais, peu importe. Voire même en portugais comme « Dahle Gremio ! » (« Allez Gremio ! ») ou « Abraço a todos os Gremistas ! » (« Accolade à tous les Grémistes ») par exemple…

Grêmio, Beira-Rio e o Banrisul

Toda a qualidade que faltou ao ataque do Grêmio neste ano tudo indica que irá sobrar em 2012. Hoje, o incansável Paulo Pelaipe confirmou o acerto com Marcelo Moreno, um atacante rápido, que joga pelos lados, como o Kleber, mas que igualmente aparece bem como centroavante.

Ataque o Grêmio já tem. Com esses dois, o técnico Caio Jr poderá trabalhar melhor jogadores como Miralles, Leandro e Biteco. Talvez até o Viçosa. Brandão ou André Lima. Um deles deve sobrar. É bom ter um pau fincado como alternativa.

No meio de campo, cresce a chance de Douglas ficar. Não comemoro, mas também não me frustro. Qualidade ele tem, falta-lhe é vontade. Ocorre que o Corinthians, que é o maior interessado em Douglas, está para fechar a contratação de Montillo. Já acertou tudo com o argentino, mas o Cruzeiro está complicando. Fechando com Montillo, o time paulista abre mão de Douglas, a quem só restará prorrogar seu contrato com o Grêmio, o que está sendo providenciado.

O Grêmio estaria tentando o Jobson, aquele mesmo de tantas complicações mas de imenso futebol. Quem tentou o V. Love pode arriscar no Jobson, que ao menos é mais baratinho. O problema é que o Osvaldo Oliveira quer o jogador no Botafogo. Outro meia que esta sendo comentado no Olímpico: Ederson, do Lyon. O Flamengo está na disputa. O jogador passou pelo Inter e pelo RS. Hoje, brilha na França. Excelente nome.

Pelaipe está pensando grande. E isso é importante. Rever é outro nome que surge com força. Iria formar dupla de área do Saimon, que cresceu no meu conceito depois do pontapé no Ronaldinho. É um jogador de qualidade que se identifica com o Grêmio.

Mário Fernandes. Se aparecer uma boa proposta, algo como uns 10 milhões de euros para o clube, melhor vender. MF é um jogador meio complicado, talentoso, mas complicado. Além disso, tem o Gabriel na lateral, o que não impede de investir em algum lateral mais novo que esteja despontando.

O Grêmio está tomando jeito.

BEIRA-RIO

Há rumores fortes de que o Banrisul pode apoiar a reforma do estádio colorado. Se isso acontecer, como metade dos correntistas é gremista, pode-se dizer que o torcedor do Grêmio estará ajudando o Inter.

Ainda bem que não sou correntista do Banrisul.