Douglas e o Papai Noel

É só o que faltava. Os empresários de Douglas lançaram uma nota para criticar a direção do Grêmio em relação a uma eventual prorrogação de contrato do jogador, que vence no final de 2012.

Reclamam que declarações recentes de Pelaipe foram “ríspidas e agressivas, além de opiniões pessoais e pouco profissionais”. Pelaipe, que não nasceu ontem, sabe que o grupo que representa Douglas está se esquivando.

O que os empresários querem é fazer a vontade de Douglas. E a vontade de Douglas é, mais do que jogar no Corinthians, sair do Grêmio. Douglas não quer mais saber do Grêmio.

Os empresários estão fazendo mais ou menos o que o sr. Assis Moreira fez no caso Ronaldinho, década atrás. Ficam enrolando, enrolando, à espera de que o Grêmio se canse e por fim libere seu representado por preço vil, abaixo do mercado.

A jogada é parecida com a que fazem os representantes de Montillo, no Cruzeiro. O meia argentino, estimulado por seu procurador, também quer jogar no Corinthians. Montillo é a prioridade do Corinthians. Douglas é segunda opção. Para Douglas, que quer porque quer sair do Olímpico, não interessa que ele seja o segundo da lista, e que ele só irá para o time abençoado por Lula, pela CBF, pelas empreiteiras e BNDES se a negociação com Montillo fracassar.

Então, trata-se de um jogo muito simples, que tem como síntese fazer a vontade do jogador em detrimento dos interesses dos clubes aos quais estão vinculados, com contrato em andamento, salários e tudo o mais em dia.

Os empresários estão na deles. Não entro no mérito da questão. Agora, o que eles não podem é baixar o pau na direção que insiste em continuar com o jogador, mesmo sabendo que ele só ficará contrariado, com mais dinheiro no bolso e ainda assim contrariado. E jogador contrariado é capaz de chutar pênalti decisivo lá na marquise da arquibancada ou ser expulso ‘de graça’ em algum mais importante, deixando o clube na mão.

O que os empresários não podem é criticar Paulo Pelaipe, querendo passar a impressão de que o dirigente é que será culpado se Douglar não ficar. Eles insinuam claramente que se não houver acordo será por culpa de Pelaipe. Se Pelaipe pegou pesado é porque ele sabe que está sendo vítima de embromação. O que ele fez? Denunciou essa enrolação.

Então, Douglas terá de se apresentar dia 4 de janeiro e se fizer corpo mole será afastado para treinar em separado. É o que promete Pelaipe, no que faz muito bem. Os jogadores conquistaram uma série de vantagens com a Lei Pelé, que de quebra está deixando cada mais ricos os intermediários do futebol. O mínimo, agora, é que o jogador cumpra seu contrato com ética e dignidade.

Não quer renovar para tirar vantagem logo adiante, tudo bem. Faça isso, mas seja profissional até o último minuto do seu contrato.

O problema é que não tem como esperar esse comportamento de Douglas e da maioria dos jogadores, ainda mais se tem empresário por trás louco para fazer transferências e receber polpudas comissões.

O que precisa terminar é essa máxima de que jogador quando quer sair ninguém segura. Acho que tem que segurar sim, fazer com que cumpra o contrato até o fim, a não ser, é claro, que o clube tenha algum ganho expressivo em cima do rebelde.

Concluindo: acho que Pelaipe está conduzindo bem essa história envolvendo Douglas. Ele quer ampliar o contrato do jogador, que se esquiva, porque espera pelo Corinthians outro grande clube de São Paulo ou Rio.

Se não houver entendimento, Douglas, que já é um tanto roliço, fica sem jogar e em seis meses estará gordo igual a um Papai Noel sem a barba branca.

VICENTE

Faleceu o zagueiro Vicente. Ele estava no Santos quando Pelé se despediu na Vila Belmiro. Depois, veio para o Grêmio, onde se tornou três vezes campeão gaúcho. Ele jogou ao lado de Oberdan em 1977, quando o Grêmio interrompeu a hegemonia colorada no Gauchão. Pouco tempo atrás e o vi num programa de TV. Estava envelhecido, parecia mesmo muito doente. Cheguei a duvidar que era o mesmo Vicente. Era um profissional sério, bom zagueiro. Convivi com ele de 1979 a 1981, como setorista do Grêmio. Só por ter ajudado a quebrar aquele ciclo de vitórias coloradas merece todas as homenagens do Grêmio.

PRESENTE

Ainda envolvido com a busca de meus documentos, mas já com o carro recuperado (voltou com uma leve batida na dianteira), comemoro um presentinho de Natal: Escudero não fica. Parece que ele vai jogar seu futebol dispersivo e improdutivo no Atlético Mineiro.

Jogador desse tipo não pode ficar no grupo, porque ele acaba jogando. Melhor assim, que seja feliz.

Bem, feliz Natal a todos.