Os ídolos fabricados e os espontâneos

Pouco importa se os 10 anos de Inter sejam, na verdade, um pouco mais que nove (houve uma pausa para o River Plate nesse período). O que interessa é forjar um ídolo colorado a qualquer custo, o que, no meio de tanta carência, não é tão difícil e até dispensa uso de PDF.

O eleito, como todos estão fartos de saber pela abundância de material em rádio, TV e jornal, além das redes sociais, é o sr . D’Alessandro.

Uma idolatria perigosa, porque ninguém sabe o que o ídolo vermelho pode aprontar. A ameaça de repetir o ‘pular da barca’ de anos atrás está descartada, porque se ele o fizer ninguém vai se importar.

Um ídolo natural, erigido pelo clamor popular poderia ser o autor do único título mundial do clube, o Gabiru. Que falta de sorte!, lamentam ainda hoje os colorados loucos para idolatrar alguém, digamos, mais representativo, alguém que fosse motivo de orgulho como é Renato para os gremistas.

Foram os gols sobre o Hamburgo, em 1983,  que projetaram Renato Portaluppi como maior ídolo da torcida gremista, ou da imensa maioria dos tricolores. Foi justamente o principal jogador do time, não alguém que entrou de penetra na festa e acabou sendo protagonista.

O fato é que não foi necessária nenhuma campanha para Renato ser aclamado e sacramentado como ídolo tricolor.

Uma posição consolidada agora com os quatro títulos conquistados pelo Grêmio em menos de dois anos com Renato como treinador. Tanto que em breve Renato vai virar bronze na Arena.

Numa comparação – como se pudesse haver comparação -, terá o argentino, mesmo com todos os seus pendores de marqueteiro, capacidade de repetir fora de campo o sucesso (relativo, é verdade) alcançado nos gramados?

D’Alessandro nesses nove anos teve sucesso mesmo foi no Gauchão, onde ele é Rei por razões muito conhecidas. Teve a Libertadores de 2010 e uma Sul-Americana. E só.

Até o Tarciso, com seu jeito discreto, fez mais que o D’Alessandro, conforme andei lendo nas redes sociais. Jogou mais vezes, fez mais gols e conquistou mais títulos importantes.

Em contrapartida, o argentino foi um dos participantes do maior vexame do século, a derrota para o Mazembe, no Mundial de 2010. Devo ao D’Alessandro essa alegria, uma das maiores que tive no futebol.

Uma alegria tão grande que acabei criando as cervejas MAZEMBIER e KIDIABA, intragáveis para os colorados mais fanáticos.

Bem, não tenho dúvida de que D’Alessandro é um ‘ídolo’ fabricado como contraponto (tudo vira Gre-Nal) a um ídolo natural, espontâneo, nascido no coração de cada gremista.

Por isso, eterno.

Os deuses do futebol e o time reserva do Grêmio

A impressão que dá é que os deuses do futebol decidiram punir o Grêmio por abdicar da disputa do título brasileiro.

Então, acontecem coisas estranhas. Por exemplo, o goleiro do Grêmio dando assistência para o jogador da Chapecoense fazer o gol de empate, o 1 a 1.

A bola saindo para a linha de fundo, ele abandona a goleira para dar o bote no atacante da Chape, o excelente Bruno Silva. Aí, ele coloca em jogo uma bola que estava saindo. São os deuses do futebol manipulando, só pode.

Sem contar que o jogador da Chape estava impedido na jogada, e o bandeirinha nada marcou.

Paulo Vitor, talvez por não ter sequência de jogos, tem se mostrado inconfiável. Antes de levar o gol ele já havia errado em duas ou três bolas lançadas para a área. No final, ajudou a garantir o empate, se redimindo parcialmente da bobagem varzeana.

A meu ver, o time reserva estava se encaminhando para conseguir sua primeira vitória, gol do Pepê em boa jogada com Hernane Brocador.

O time claramente se desestabilizou com o gol na falha de Paulo Vítor.

Sobre as individualidades: não me entusiasmei com ninguém, pensando em termos de aproveitamento no time principal.

Mas também ninguém me decepcionou, até porque de um ou outro já não espero muita coisa mesmo.

Vi um time médio, desentrosado (não poderia mesmo ser diferente), alternando bons e maus momentos. Depois do empate, mais maus momentos.

Afora a vontade dos jogadores, todos muito empenhados e taticamente disciplinados, fiquei contente com a atuação de Douglas. Ele mostrou que com mais dois ou três jogos – se não se lesionar de novo -, poderá ser muito útil no time de cima.

Gostei também do Brocador, sem entusiasmo, mas gostei.

Sobre Marinho, confesso que esperava mais. Ainda acho que ele deve ter mais liberdade na frente, não só jogar pelo lado direito.

No momento, resumindo, o que tenho a dizer é que felizmente Renato não precisa de nenhum dos que jogaram em Chapecó para o clássico contra o Flamengo pela Copa do Brasil, quarta-feira, na Arena.

 

 

Uma tentativa de explicar por que gremistas secam Roger

Toca o telefone. “Precisamos de um antropólogo, um psiquiatra, sei lá, alguém que consiga explicar por que tem tanta gente da torcida gremista que odeia o Roger”.

O Ricardo Worthmann normalmente entra assim, sem essa frescura de bom dia ou boa tarde. É um Kannemann atropelando pra matar a jogada. Ele vai direto ao ponto – roubando o slogan do Correio do Povo.

Compartilho do espanto do cara que conseguiu provar que a imprensa gaúcha sempre foi generosa com o Inter, e isso desde o Rolo Compressor, conforme farta documentação apresentada pelo criador da IVI a partir de pesquisas em arquivos de jornais.

Aliás, nesta semana o cornetadorw publicou uma contracapa de jornal colocando a manchete do Grêmio campeão, em 1968, título atenuado por uma matéria com Pelé no alto da página (que poderia ficar muito nas páginas internas).

Rivalizando com a manchete principal, outro título em letras garrafais, como se dizia naqueles anos, definindo como ‘ESPETACULAR’ uma vitória do Inter num jogo por laranjas, ou bergamotas, tanto faz. Cômico, ridículo.

Coloradismo explícito. Quem seria o editor dessa página de jornal que é um atestado da existência da IVI desde sempre?

Confiram:

http://cornetadorw.blogspot.com/2018/07/a-incrivel-manchete-do-pos-hepta.html

NEM FREUD EXPLICA

Voltando ao Roger Machado e ao diálogo (normalmente uma conversa com RW ao telefone é um monólogo, de tanto que ele fala) com esse sobrevivente dos anos 70, assim como eu e meu velho amigo Ricardo, de Cruzeiro do Sul, velho companheiro de arquibancada do Olímpico, e tantos outros.

O RW se dizia impressionado com o número de gremistas que escrevem aqui no blog manifestando alegria com a queda do Roger Machado no Palmeiras.

Tento encontrar uma explicação por essa felicidade com o infortúnio do Roger, que, a meu ver, deveria ser reverenciado tanto por sua passagem como grande lateral dos anos 90, como pelos poucos meses em que comandou o time tricolor.

As pessoas esquecem – questão de memória seletiva – que o Roger assumiu o time do Grêmio numa situação caótica, com um início preocupante de Brasileirão sob o comando do supercampeão Felipão.

Em semanas, ele conseguiu dar ao time um outro padrão de jogo, implantou um conceito de futebol que levou o time a ser elogiado no centro do país – aqui nem tanto, pelas razões que todos conhecem – e a ter grandes atuações, como a dos 5 a 0 sobre o Inter, um resultado inesquecível que vale por um título de campeonato.

Só essa goleada sobre o grande rival já quase justificaria  uma estátua do Roger. Mas o principal, seu maior legado (olha o Pedro Ernesto aí), foi esse conceito de jogar futebol da escola guardiolona, uma herança que Renato recebeu e aprimorou, e muito, provando que é um treinador diferenciado, superior.

Bem, arrisco dizer que ao mudar a maneira de jogar do Grêmio, que teve seu ápice com Felipão nos vitoriosos anos 90, aquele time raçudo, de marcação forte e impositiva, que se impunha pela objetividade e pragmatismo, Roger comprou uma briga.

A geração de gremistas que viveram intensamente a década vitoriosa de 90 não aceita outro modelo de jogo. Quer o volante que suja o calção e muitos gols de cabeça, sem essa de ficar tocando a bola em busca de um espaço para enfiar a bola, de muita aproximação e movimentação na frente.

Roger ainda provocou esse pessoal, que tem suas razões e eu as respeito, ao afirmar que jamais armaria um esquema para ficar cruzando bola para um jogador. Os saudosos de Felipão devem ter pensado, na hora, em Arce cruzando e Jardel cabeceando. Como alguém se atreve a desafiar esse conceito?, devem ser pensado.

Hoje, o Grêmio tem um futebol mais acadêmico, mais bonito e não menos bem-sucedido. Muito graças ao Roger. Mas tem gremistas que querem a volta dos anos 90, por isso secam Roger.

De minha parte, sou grato ao Roger por ter contribuído para a quebra de jejum de 15 anos, por seus acertos e até pelos seus erros, muitos deles corrigidos por Renato.

Quem prestar atenção, sem preconceitos e com humildade, verá que o Grêmio hoje tem uma parte de Roger e também de Felipão – prova mais recente foi a virada sobre o SP -, mas tem principalmente muito do TREINADOR RENATO PORTALUPPI, que, acreditem!, também enfrenta resistência entre torcedores gremistas, e quando sair do Grêmio haverá gremistas comemorando algum eventual insucesso em outro clube.

Mas aí nem Freud explica.

 

Grêmio vence com futebol de Libertadores

O Brasil, digo, o Grêmio que eu quero é o que joga sempre a morrer, como se cada partida fosse uma eliminatória da Libertadores.

Eu sei que isso é impossível, porque cada jogo tem sua história e circunstâncias, a começar pelo peso do adversário.

Um São Paulo que ainda por cima sai na frente logo nos primeiros minutos é um adversário que precisa levar uma lição, ainda mais quando o gol foi marcado por um ex-gremista, o Diego Souza, que parece ter um prazer especial em jogar contra o Grêmio.

O gol feriu o amor-próprio do time, que vinha de uma atuação quase medíocre contra o Vasco, e que alegrou uns e outros diante da possibilidade de uma crise no clube que representa o Rio Grande do Sul na Copa do Brasil e na Libertadores.

O que se viu foi um Grêmio indignado como a gente só percebe nos mata-mata de fase derradeiras das competições. Um Grêmio jogando com alma.

Como descrever a atuação de Kannemann, que evitou um gol do São Paulo e, mais do que isso, se impôs com bravura e, diria até, com raiva, sangue nos olhos e, sim, o coração na ponta da chuteira?

E o Marcelo Oliveira, tripudiado – com um pouco de razão – pela maioria dos gremistas, esquecidos que no futebol não se pode ser definitivo, porque tudo pode mudar em questão de minutos, ou de um jogo para outro.

A ‘avenida Marcelo Oliveira’ ficou interditada ao trânsito de intrusos. MO foi outro bravo, como de resto todo time, e eu o destaco apenas porque poucos jogadores do grupo atual são tão criticados quanto ele.

Foi o Grêmio da superação. Aqueles que se apressaram em dizer que havia um racha no vestiário a partir de declarações do técnico Renato Portaluppi vão ter de esperar pela próxima má atuação para destilar seu veneno.

Por fim, o grande destaque individual do jogo: Éverton. Em dois lances de técnica e ousadia, além de força e velocidade, ele fez os gols da vitória. No primeiro, lançamento preciso do Maicon; no segundo, uma enfiada de bola de Luan, que até nem fez grande partida.

Uma pena que não veremos o Grêmio jogando sempre assim no modorrento Brasileirão dos pontos corridos. Se isso fosse possível em meio a outras duas grandes competições, o tri seria até tranquilo.

O Flamengo, próximo adversário pelas quartas-de-final da Copa do Brasil (dia 1/8, na Arena), já viu o que o espera.

 

 

Racismo, imprensa gaúcha e redes sociais

Informações dão conta que está em gestação um artigo (ou reportagem) sobre racismo no Grêmio. Torcedores teriam sido flagrados no jogo contra o Atlético Mineiro, na Arena, entoando canções de cunho racista.

Comportamento inaceitável sob todos os aspectos.

O Grêmio não precisa desse tipo de torcedor, que a qualquer momento pode provocar danos irreparáveis como o causado por aquela torcedora no jogo do ‘Aranha’. Até hoje o Grêmio paga a conta desse estrago em sua imagem.

Agora, é impressionante como setores da mídia gaúcha não perdem uma oportunidade para reforçar o rótulo de racista ao clube que tem seu hino composto por um negro, o genial Lupicínio Rodrigues.

A mesma imprensa que sonega informações negativas sobre o Inter ‘por respeito’ à entidade, é ligeira para criar ambientes de tensão e discórdia no Grêmio, ainda mais neste período de grandes conquistas do tricolor.

Questão de ordem: alguém sabia que Adriano Gabiru, o herói desprezado, estava em litígio judicial com o Inter, um caso que teria encerrado com um acordo ontem na Justiça do Trabalho? Pois é.

Voltando:

Foi só o Grêmio perder, jogando mal, que o pessoal saiu disparando que o vestiário tricolor teria problemas, ainda mais depois das declarações do técnico Renato ao final do jogo contra o Vasco.

Esse tipo de ‘informação’ foi ampliada por outros cronistas ‘isentos’ da aldeia, entre os quais um conhecido apresentador.

Teve jornalista que admitiu publicamente, ao microfone, que sabia de três meses de atraso salarial no Inter, e que agora poderia falar porque as contas foram colocadas em dia. (será mesmo que foram?)

E assim vai a crônica esportiva gaúcha nessa época de redes sociais atuantes para o bem e para o mal.

O torcedor hoje tem força, precisa ser ouvido. Quem subestimar o poder dos tuiteiros, por exemplo, pode se dar muito mal, principalmente se não atuar de forma isenta e séria, sem esse desespero que se percebe na busca pelos cliques fáceis e fugazes.

Já há exemplos de repórteres que perderam seus espaços na mídia tradicional por terem relegado o maior patrimônio de um jornalista, a credibilidade, e que hoje navegam sem rumo no mar agitado das redes sociais.

Nas última horas, as ondas cresceram. Revoltados, torcedores prometem retaliação se for mesmo publicada outra matéria no sentido de fixar em cada gremista o injusto rótulo de racista.

Ainda mais quando se sabe que injúrias raciais acontecem em todas as torcidas, inclusive a do Inter, conforme fartamente comprovado, mas nunca com a repercussão dada aos episódios envolvendo o Grêmio.

LIVRO

A propósito, o assunto é abordado com talento pelo jornalista Léo Gerchmann em seu livro Somos azuis, pretos e brancos.

 

 

Foco deve mesmo ser Copa do Brasil e Libertadores

Se o Grêmio que bateu o Atlético Mineiro – que hoje deu um calor no Palmeiras com direito a uma entregada antológica de seu zagueiro Juninho – foi um alento, a derrota diante do Vasco foi desanimadora, frustante, irritante e, não tem outra palavra melhor, brochante.

E não há nada que justifique a derrota. Ah, levou um gol aos 5 minutos de jogo – um gol de chiripa, mas ainda assim gol – e isso dificultou tudo, conforme ouvi alguém dizer. Ah, três ou quatro jogadores começaram o jogo dormindo, segundo o técnico Renato. Ora, eles tiveram quase uma hora e meia para acordar.

Perder por 1 a 0 desse time fraco do Vasco, e isso depois de bela atuação contra o Atlético poucos dias atrás, não tem explicação, ainda mais quando o adversário tem um jogador expulso ainda no primeiro tempo (31 minutos), é realmente de aceitar que o Campeonato Brasileiro ficou mesmo fora do alcance, mais uma vez.

Resultados ruins acontecem aos borbotões num campeonato insosso como esse Brasileirão de pontos corridos. O problema é quando esse resultado negativo vem acompanhado de uma atuação pífia, desalentadora.

O gol logo de saída complicou, claro, mas um time tarimbado, de técnica superior e entrosamento invejável como é o do Grêmio, precisa tirar esse descuido de letra, acertar a marcação, pressionar na saída de bola, ter mais criatividade.

O Grêmio sentiu a falta de Maicon, mas um time que busca títulos precisa encontrar soluções quando perde um ou outro jogador de referência. Bem, mais uma vez ficou provado que o Grêmio com apenas um dos seus ‘tenores’ (no caso deste domingo o Luan) perde muito de sua força.

É preocupante conviver com o fato de que os Três Tenores não estarão mais juntos. A perda de Arthur é irreparável a meu ver. Resta o consolo de ainda termos dois, até que se descubra um terceiro, o que não é fácil.

Sobre alguns jogadores: Marcelo Oliveira foi uma calamidade no começo, melhorou muito quando saiu. Agora, a derrota não passa por ele, apesar de ter permitido alguns riscos.

Na frente, André parece querer que a torcida do Grêmio comece a chamar por Jael, ou Brocador, ou sei lá mais quem. É incrível a capacidade que ele tem de estar sempre onde a bola não chega.

Marinho entrou bem, mas a jogada puxando a bola para o pé esquerdo e chutar é bastante manjada. No Vitória ele se destacou jogando com mais liberdade na frente, não apenas pelo flanco direito.

Em resumo, mudei de lado: também já não acredito em título do Brasileirão. Pensei que o time poderia chegar vivo à reta final da competição para então brigar para assumir a ponta.

O sonho acabou. Foco total na Copa do Brasil e na Libertadores.

 

Bela atuação e vitória tricolor no retorno ao Brasileirão

O Grêmio teve uma atuação para afastar temores e uma vitória necessária para essa retomada que inclui uma maratona de jogos.

A presença surpresa de Maicon deu estabilidade ao time. O maestro tricolor comandou o toque de bola e ditou o ritmo. Impressionante o número de vezes em que apareceu na área para concluir ou participar das jogadas.

Fez isso porque tinha atrás, na cobertura ágil e precisa, o Cícero, que muitos diziam que ele só joga porque é ‘bruxinho’ do Renato.

O Grêmio, na verdade, não deixou o Atlético respirar. Foi um sufoco durante quase todo o jogo. Mas como o adversário usou, como diria o técnico Odair, a ‘marcação de Copa do Mundo’, eufemismo para retrancão com grife, ficou difícil criar situações claras de gol.

Aí chegou a vez do técnico. No intervalo, Renato ajeitou o time e as chances começaram a surgir, não em abundância, mas o suficiente para golear o Galo.

Vieram os gols. E vieram de dois jogadores em débito com a torcida: Bressan e André. Gosto e me emociono quando vejo alguém dando a volta por cima. Bressan já faz algum tempo é outro zagueiro, não aquele chama-raio de dois ou três anos atrás.

O gol de Bressan foi uma jogada ensaiada nos treinos, fiquei com essa impressão, quase certeza.

Já o André claramente começa a se adaptar ao tipo de jogo do Grêmio. Ele se movimenta muito, muito mesmo, mas a bola raramente chega até ele em situação de conclusão. No primeiro cruzamento na medida, gol de André. Muitos ainda virão.

Teve ainda um pênalti escandaloso sofrido por Éverton. Luan bateu e acertou a trave direita. O gol perdido não fez falta.

A destacar ainda a volta de Douglas. Ele passou a impressão de que em poucos jogos estará disputando posição no time.

Olha, foi um recomeço auspicioso. A lamentar apenas que o time titular não poderá estar em campo em todos os jogos que teremos pela frente.

 

Um recomeço sem Arthur. E Maicon

É fácil perceber que boa parte da torcida está ‘cabreira’ com o Grêmio e o que pode acontecer nesse retorno à realidade nossa de cada dia, jogos em abundância e expectativas robustas.

Admito que também estou assim meio desconfiado, temendo que a saída de Arthur e as sucessivas ausências de Maicon prejudiquem demais o time.

No jogo desta quarta contra o Atlético Mineiro, me preocupa que Renato não terá Maicon nem Arthur. Tempos atrás escrevi que o Grêmio jogava ao ritmo de seus três tenores, suas maiores referências técnicas, os jogadores que  definiam o estilo de jogo iniciado com Maicon, Douglas e Luan.

Bem, esse trio já não existe mais. Mas com Maicon e Luan parte das características do time é mantida. Já apenas com Luan fica complicado.

Renato terá de alterar a forma de jogar que tanto encantou o país, e, que, apesar disso, desagradou gremistas mal-humorados que sempre buscam uma razão para destilar rancor e pessimismo.

A entrada de Cícero é um indicativo de que o Grêmio vai rodar menos e a bola. Seu jogo tenderá a ser mais vertical. Cícero, diferente de Maicon, busca mais o lançamento longo, a virada de jogo direta, sem muita troca de passes.

O jogo contra o Atlético não será fácil – aliás, tudo é muito difícil no Brasileirão devido a paridade de forças -, mas é possível vencer. Na defesa, apenas Kannemann é desfalque, e um expressivo desfalque.

Do meio para a frente, vemos um time com mais pegada no meio graças a presença de Jailson e um ataque veloz, com Éverton e André, que a qualquer momento pode justificar sua contratação. Esperemos que comece agora.

 

O show já terminou, vamos voltar à realidade…

A França foi a seleção mais homogênea, do goleiro ao ‘ponta-esquerda’. É inevitável a comparação com o Brasil, digo, com a seleção brasileira.

Os franceses, assim como os belgas, os ingleses, os croatas e mais outras seleções que ficaram pelo caminho, jogaram seguindo uma frase do Nélson Rodrigues: fizeram de suas seleções pátrias de chuteira.

A frase ‘o escrete é a pátria em chuteiras’ já foi adequada para a seleção brasileira numa época em que a seleção era apelidada de canarinho. Faz tempo. Hoje, a seleção parece um fardo, um incômodo, para boa parte dos jogadores brasileiros, principalmente esses que enriqueceram e que se preocupam muito mais com o corte e a cor dos cabelos.

Não sei exatamente quando a seleção foi se perdendo.

Até não acho que faltou empenho ao time, mas se a seleção do Tite – que se acomodou com os resultados positivos anteriores e levou alguns jogadores muito comuns para passear na Rússia – jogou a 100%, sendo bem generoso, ficou nítido que muitos dos outros concorrentes jogavam a 110%, ou seja, com a pátria na ponta das chuteiras. Neste aspecto, nenhuma seleção superou a ucraniana.

Não torci pela Croácia, nem pela França. O título ficaria bem em qualquer um dos dois. Mas, tecnicamente, a França é levemente superior.

Há quem diga que o árbitro deu uma mãozinha. Não concordo. No primeiro gol, foi falta no Griezmann. O croata meteu a perna direita nas pernas do francês. Um lance discutível, mas para mim houve infração.

No lance do pênalti, ficou claro que o croata fez um movimento para interceptar a bola. Houve intenção. E mesmo sem intenção deveria ser pênalti, como todos nós já vimos muitas vezes. Há abundância de exemplos, alguns contra o Grêmio. Nunca esqueço aqueles dois pênaltis contra o Cruzeirinho a favor do Inter…

O VAR mostrou sua utilidade mais uma vez. O juiz argentino foi alertado que deveria conferir o lance. Uma pena que em outros lances o juiz não pediu ou não foi alertado. Insisto, para o VAR ficar melhor, as equipes deveriam ter direito a dois ou três pedidos por jogo.

Bem, na Copa do VAR, o título foi carimbado com um lance marcado por esse novo mecanismo, que chegou para ficar, mas precisa ser aperfeiçoado.

MODRIC

O craque da Copa é um dos que suaram para vencer o Grêmio desfalcado na decisão do Mundial. Estava em campo defendendo o ‘pior Real Madrid dos últimos anos’, como referiu um cronista gaúcho claramente com a intenção de diminuir o tamanho do time espanhol no caso de uma vitória do Grêmio.

ILHA DA FANTASIA

O show já terminou. Vamos voltar à realidade…

Agora é Brasileirão. Curioso para ver como volta o Grêmio depois dessa parada, de lesões que assustam e sem Arthur.

Preocupado.

COPÔMETRO

Não sei como se mede se uma Copa foi melhor que a outra. Pra mim, todas são muito parecidas. Todas têm seus problemas, seus jogos ruins, ou grandes espetáculos.

O que mais me chama a atenção nesta edição é que os jogadores diferenciados já não fazem tanta diferença. As equipes dos três melhores do mundo foram embora mais cedo, o que com certeza tirou um pouco do brilho da competição.

Restaram aquelas seleções que contam com dois ou três jogadores de alto nível, mas não craques, e que se adaptam ao esquema do time, não tentam brilhar mais que os companheiros, são solidários e aguerridos.

Esta é a grande lição da Copa: com o avanço da preparação física o futebol está se tornando cada vez mais um esporte coletivo, no qual as individualidades aparecem pouco, mas ainda sendo, muitas vezes, decisivas.

TREINADOR

Depois de matutar durante longos 40 segundos, cheguei à conclusão que o Brasil precisa de um técnico estrangeiro. Alguém que imponha esse futebol total praticado, por exemplo, pelos finalistas.

Qualquer brasileiro que assumir, se Tite sair, vai ser dominado pelas estrelinhas brasileiras, e otras cositas mas.

ILHA DA FANTASIA

Como canta Roberto Carlos, o show já terminou. Vamos voltar à realidade…

Agora é Brasileirão. Curioso para ver como volta o Grêmio depois dessa parada, de lesões que assustam e sem Arthur.

Preocupado.

BASE

Assustado. Foi assim que fiquei quando vi o time sub-20 ser batido pelo Inter e perder o título em casa.

Agora entendi por que não sai zagueiro da base gremista. Triste.

O melhor da Bélgica continua sendo a cerveja e o chocolate

Como eu ia dizendo, a Bélgica é apenas um time médio, bem organizado e com dois ou três jogadores diferenciados. Entre eles, o espetacular goleiro de 1m99, o Courtois, principal responsável pela eliminação da seleção ovelheira do Tite.

Em 1986 os belgas apresentaram um futebol mais vistoso, até empolgante, mas caíram nas semifinais, como agora. Só que desta vez não chegou a encantar, pelo menos a mim.

A Bélgica chegou ao seu limite. Poderia vencer a França, claro, ainda mais se contasse com um gol de bola parada no começo, como aconteceu no confronto com o Brasil.

Os belgas usaram a mesma estratégia. Marcação sob pressão, na saída de bola, para achar um gol. Achando o gol, recuaria e trataria de jogar no erro do adversário, no contra-ataque. Contra o Brasil deu certo.

Desta vez, quem achou o gol foi a França, também num lance de bola parada, aos 5 minutos do segundo tempo.

Talvez um dia a Bélgica chegue a disputar uma final, mas acho difícil. O melhor da Bélgica continua sendo a cerveja e o chocolate. Não o futebol.

Final de Copa do Mundo é para tubarões, é briga de cachorro grande.

Por isso, desde já aposto na Inglaterra batendo a Croácia. Se acontecer o contrário ficarei muito surpreso.

Vai dar França x Inglaterra. Favorito: França. Jogaço.