As explicações de Roth

O que será pior, ver os gols perdidos do Grêmio ou as explicações de Celso Roth para não usar Douglas Costa?

Depois da vitória sobre o São Luiz por 2 a 0 num jogo em que Makelele foi o melhor em campo, o que mostra a pobreza técnica da equipe, Roth disse que está seguindo o planejamento e que tudo está dando certo.

O Grêmio está vencendo seus jogos, afirmou, enchendo a boca na entrevista coletiva. Nenhum repórter lembrou que está vencendo, claro, mas vencendo os times mais fracos. Contra o Inter foi aquilo que se viu. E a Libertadores não será decidida por equipes como o Boyacá ou o Aurora.

Por que não colocar Douglas Costa. Ah, temos de dar ritmo de jogo ao Jonas e ao Reinaldo. Bem, o primeiro está jogando e com bom ritmo. O segundo, sim, precisa jogar mais. Merece até ser titular, como venho dizendo há tempos.

E o Douglas Costa, que Roth elogia tanto, mas aquele elogio que a gente percebe não ser sincero, não precisa de ritmo?

Atacantes o Grêmio têm de sobra, nenhum matador como o Mendes, só pra citar um aqui bem próximo e que custa barato. Agora, quem o Grêmio tem para o lugar do Souza, por exemplo? Ou do Tcheco?

Douglas Costa é o único tecnicamente apto a substituir esses dois meias de criação. Se não ele, o Maylson, que também não tem chance de jogar e pegar ritmo.

Quer dizer, a justificativa, que debocha da nossa inteligência, sabe só para os atacantes.

Então, como disse uma torcedora com muita lucidez ao final do jogo, pela rádio Guaíba, “o Celso Roth é um bom técnico, mas é muito teimoso. Com ele, nós não iremos ganhar a Libertadores. Fora Roth”.

Copa do Mundo, a Seleção e suas frescuras


Quem me lê há mais tempo sabe que a Seleção Brasileira é uma coisa que não me interessa. Assisto aos seus jogos com o envolvimento emocional de um serial killer diante de sua décima vítima.

É claro que há exceções. E nelas normalmente torço contra. Até no clássico contra a Argentina me pego torcendo pelos hermanos. Talvez por causa do tango. É algo doentio, mas conheço muita gente que sofre do mesmo mal. Ou bem.

Por favor, não me falem em falta de patriotismo.

O empate contra o poderoso Equador, uma seleção repleta de estrelas de primeira grandeza do futebol mundial, me deixou frustrado. Torcia por uma derrota. Olhai, tive algum envolvimento com o jogo.

Feita a introdução, vamos ao que interessa: Copa do Mundo no Brasil. Sou contra.
Por conseqüência, sou contra Copa do Mundo em Porto Alegre.

Na sexta-feira, no programa Terceiro Tempo (vou lá nesse dia, todas as semanas) da Guaíba, o Haroldo de Souza, o melhor narrador que conheço, disse que queria a Copa aqui porque ela traria consigo um metrô.

Haroldo acredita nisso, assim como acredita que Ronaldo voltará a jogar seu grande futebol. É um otimista. Invejo tanto otimismo.

Mas não creio que se construa um metrô, mesmo que seja até o Beira-Rio, até 2.014. Ainda mais se for subterrâneo, como se projeta. Não sou geólogo, mas como construir um metrô subterrâneo numa área arenosa, roubada do rio? Sim, é rio, até por uma questão poética.

Bem, outra coisa: a delegação brasileira não conseguiu pousar hoje, as cinco da matina, por causa da neblina. O avião pousou em Floripa. Depois, com o céu aberto, às 9 e 30, chegou, para delírio de torcedores e coleguinhas deslumbrados e cansados. Sei que teve gente que madrugou no aeroporto.

Agora, como pode pretender sediar uma competição de tão grande porte uma cidade cujo aeroporto não tem equipamento que permitam pousos mesmo sob neblina? Acho que a primeira providência, aproveitando o gancho da Copa, é conseguir esse equipamento.

Hoje, tem treino no complexo da Puc. Soube ontem que será blindado. Só alguns eleitos poderão ter acesso a esse treino. Será que não vão mesmo abrir para a torcida, para os jovens que ainda se encantam diante da amarelinha?

Esse é um dos motivos que levam a ser absolutamente indiferente à Seleção.

É frescura demais. Fora outras coisas que acontecem na CBF e seu entorno.

E depois, tem aquela narração ufanista do Galvão.

Festa no 'Boteco do Natalício' do Senac


Neste sábado, dia 28, eu e o Fabrício Falkowski, setorista do Inter no CP, participamos de uma aula de culinária. Humm. Dito assim, algum mal-intencionado (é com hífen?) pode fazer comentários maldosos, tipo ‘aí tem’.
Eu explico: o Senac promoveu um workshop, uma aula, de comidinha de boteco, só para jornalistas. E com apoio do Boteco Natalício, que fica ali na Cel. Genuíno (perto do Senac) e que recomendo a todos. 

De quebra, além de aprender a fazer uns petiscos como ‘escondidinho de charque’, comemos tudo o que o chef Sander (do Senac) e o Eduardo (dono do Natalício) e suas equipes prepararam sob nossos olhos atentos, enquanto o estômago roncava e a saliva insistia em escorrer pelos cantos da minha boca.
Tudo isso regado com chopp da Brahma à vontade, mas à vontade mesmo, música do grupo ‘2 por 4’, muito sambinha e chorinho, num ambiente de boteco mesmo, decorado ao estilo do Natalício, com aquelas frases sacanas nas paredes.

‘Só a viúva sempre sabe onde está o marido.’

Entre um tamborilar e outro, garfadas nas comidinhas e goles de chopp gelado. Gelaaaado. Ah, tudo de grátis.
Vou parar por aqui. É dura essa vida de jornalista e dono de boteco virtual.

Questão de ordem

No ‘boteco do Senac’ conhecemos as gurias que fazem a revista Bares, de ótima qualidade, com dicas interessantes. Quem quiser conferir acesse o site www.revistabares.com.br.
Quem disser que fui que indiquei ganha um ‘vale chopp’ aqui no Boteco do Ilgo.

Ah, a brilhante iniciativa da promoção foi da colega Fernanda Romagnoli, assessora de imprensa do Senac.

O golaço de Nilmar, Iser e Mendes, cujo maior defeito é não falar espanhol

O gol de Nilmar, dando um balãozinho no zagueiro e batendo no canto esquerdo sem deixar a bola cair no chão (lembrando Pelé na Copa de 1958), foi a cereja do grande jogo disputado no Alfredo Jaconi.

Cada vez que vejo Nilmar em ação, mais estranho aqueles que o criticam ou que pedem por um atacante bom, mas comum, como Alecsandro.

O Juventude começou o jogo passando um atestado de inferioridade em relação ao Inter. Sou da opinião que todo o time que começa batendo para se impor está admitindo a superioridade do rival e, na intimidação, busca equilibrar uma disputa.

A entrada de Zezinho no zagueiro Álvaro no começo do jogo foi o cartão de visitas de um Juventude mordido pelos 8 a 1. Na arquibancada, a torcida do Ju, pouca gente diante da grandeza do jogo, parecia que estava numa arena da Roma antiga. Queria sangue. Do outro lado, os colorados pedindo outra goleada.

Era um clima de clássico, quase de Gre-Nal. Está bem, como dizem alguns coleguinhas, de certa forma foi um Gre-Nal, porque o Ju, segundo os colorados, é filial do Grêmio.

O gol de Mendes – aliás, se Mendes falasse espanhol talvez tivesse sido contratado pelo Grêmio para disputar a Libertadores – fez justiça ao esforço do time comandado por Gilmar Iser, que fazia de tudo para neutralizar a melhor técnica do Inter.

Aí, mérito para Iser. Seu time é inferior, mas por estar bem estruturado e com algumas jogadas rápidas e, principalmente, uma bola aérea perigosa, soube conter a melhor equipe do Gauchão, terminando com os 100% de aproveitamento returno.

Na sexta-feira, na rádio Guaíba, programa Terceiro Tempo, e na redação do CP, comentei que o Inter teria seu maior teste, porque pegaria um Ju em crescimento sob o comando de Gilmar.
Andrezinho empatou com um belo gol, em jogada tramada do Inter. Outra prova da melhor técnica colorada.

Colorados gritaram: “Agora, faltam sete gols”, provocando os caxienses e a colega Mariana Oselame, que viajou a Caxias para ver o jogo e torcer pelo ídolo, o Mendes.
Aos 28, o golaço de Nilmar, virando o jogo.

O Juventude empatou seis minutos depois, após Ivo (outro bom jogador) sofrer pênalti, cometido por Sandro, que foi expulso no lance. Mendes, claro, fez o gol.

No segundo tempo, o Inter foi para cima e por pouco não marcou de novo. Aos 19, Juan Perez, aquele que levou o balãozinho de Nilmar, aparou cruzamento da direita, após escanteio, e cabeceou para rede: 3 a 2. Nesse lance, o melhor cabeceador do Inter, Índio, estava atracado em Mendes. O que facilitou para o zagueiro do Ju.

Pouco depois, Nilmar, o melhor do jogo, foi seguro na área por Walker (este jogador estava sendo atendido fora de campo no segundo gol do Inter, o de Nilmar), que nem reclamou quando o Fabrício Correa (de boa atuação a meu ver, com alguns erros, mas grande parte de acertos, em especial nos lances decisivos) marcou o pênalti. Nilmar cobrou: 3 a 3.

Também na sexta-feira, projetei que se o Ju confirmasse o que eu imaginava, enfrentasse o Inter com dignidade e não perdesse, logo, logo, Gilmar Iser, revelação de treinador neste campeonato, estaria no Grêmio.

Questão só de tempo.

Ah, se o Grêmio for para o mata-mata com o Ju, será eliminado.

Douglas Costa vai. Roth fica.

Os clubes brasileiros precisam vender seus melhores jogadores para não falirem. É o que se diz. É o que repetem os dirigentes, numa cantilena cansativa, mas verdadeira.

Mas por que se chega a essa situação de ser obrigado a vender um jovem talento como, por exemplo, Taison e Douglas Costa, que está com um pé no Villarreal?

A resposta é complexa. Começa porque os clubes de ponta precisam lutar por títulos, pressionados pela imprensa e por suas torcidas. O dirigente é um torcedor, e também quer títulos.

E é aí que entra outro aspecto importante da resposta: a maioria dos dirigentes é despreparada, para não dizer outra coisa.

Vamos ao caso do Grêmio, que gastou uma boa grana em atacantes. Empilhou atacantes, mas nenhum é O atacante. E por aí vai o dinheiro do clube, que depois precisa recompor as coisas vendendo jovens talentos.

Resumindo e simplificando: para ter Maxi Lopes, o Grêmio precisa vender Douglas Costa.
Grande negócio.

Mas Douglas Costa pode ser vendido porque não fará falta alguma. Não faz falta nem ao time reserva em jogo de Gauchão.

Então, pode ser vendido por, digamos, uns 500 mil dólares, talvez um milhão. Não é este o valor de um reserva de reserva?

Assim, considero Douglas Costa vendido para o Villarreal. Ou alguém acredita que o dirigente do clube, José Manuel Llaneza, vem a Porto Alegre só para passear, andar ônibus turístico da Capital? Quem sabe ele vem para olhar o por de sol do Guaíba antes que ele seja encoberto pelos espigões que serão erguidos na orla?

Pode ser tudo isso, mas o Llaneza vem para fechar negócio.

Estamos assim: fica o Sr. Celso Roth e vai-se esse talento promissor que é o Douglas Costa.
Amanhã ou depois, vai o Taison. Mas este a gente ainda conseguiu ver em ação.

Graças ao Tite, que o descobriu abandonado no clube e o promoveu a titular, depois de trabalhar bem o garoto e seu potencial.

Há técnicos e técnicos.

Observação: dou um crédito ao Sr. Roth, que talvez estivesse agindo assim em relação a Douglas Costa a pedido da diretoria, com medo de que o guri estourasse e aí ficaria mais complicado negociá-lo, ainda mais num ano em que se sonha com o título da Libertadores. Mas, pelo histórico do técnico, acho que é coisa dele mesmo.

Roth e o exemplo delirante de Lula


Se eu fosse o Celso Roth, imitaria o presidente Lula. Prometeria o título da Libertadores, e, de passagem, o Gauchão. E, assim como o Lula não tem limites em seus delírios e suas divagações para fugir da realidade, Roth poderia também prometer o título mundial.

Imaginem só, seria o bi mundial no ano do centenário colorado.

Seguindo no delírio do título imaginário – no atual estado de coisas não tem como se transformar em realidade, assim como o um milhão de moradias prometido pelo Lula, o mesmo que prometeu 10 milhões de empregos -, dá pra projetar a seguinte situação, considerando-se que a decisão do título mundial, em Dubai, será dias antes da anunciada festa popular do Inter, prevista para 17 de dezembro.

O Grêmio, campeão do mundo, voltando de Dubai exatamente no dia 17 de dezembro? As ruas pintadas de azul, branco e preto.

É claro que é mais fácil o Lula construir esse um milhão de casas e, em pleno desemprego crescente, inverter tudo e atingir aquele número prometido na campanha eleitoral.

Agora, o Roth deveria tomar alguns cuidados, principalmente se resguardar no caso de fracasso. Ou seja, fazer como o Lula, que disse que ninguém deve cobrá-lo se não atingir o objetivo.

Para ele, o que vale, o que importa, é a promessa, não importa o quanto possa ser absurda. O que interessa é criar factóides enquanto o governo afunda etica, moral e financeiramente.

Roth poderia imitar o Lula, ou então trabalhar para reverter a tendência atual do seu time, que é a de cair diante do primeiro adversário categorizado na etapa eliminatória.

Porque time que perde tantos gols e se mostra tão vulnerável (o Aurora fez dois gols, anulados, mas dois gols, que na Bombonera seriam validados), mesmo com os decantados três zagueiros, não tem condições de resistir a um adversário mais forte que os Boiyacás e Auroras da vida.

QUESTÃO DE ORDEM

Pergunta para reflexão: por que os mesmos atacantes que fazem gol com naturalidade no Gauchão, têm tantas dificuldades para marcar na Libertadores? Será que é a maior responsabilidade, a pressão, ou é só resultado da energia negativa (secação) emanada dos torcedores colorados? Ou todas as hipóteses são verdadeiras.?

O time dos gols perdidos

Na Libertadores, o Grêmio é assim: ataca, ataca e perde gols. Foram três jogos, os três podem ser resumidos dessa forma. Muito gol perdido. Se os mesmos jogadores marcam quando os jogos são pelo Gauchão, é sinal de que a Libertadores mexe demais com os nervos, até dos mais experientes.

Alex Mineiro, por exemplo, perdeu um gol entrando livre na área e chutando em cima do goleiro. O argentino Paredes, na única chance de gol que teve, em condições muito parecidas com a do experiente Mineiro, desviou do Victor com categoria.

É isso, a palavra é categoria. Falta categoria.

Quando Mineiro perdeu o gol aos 7 minutos do segundo tempo, pouco depois de Jonas desperdiçar outra oportunidade, a TV mostrou Victor esbravejando, soqueando o ar, como num prenúncio de que acabaria sobrando pra ele.

O Grêmio vencia por 1 a 0, gol de Jonas, e o momento era para liquidar um jogo que se mostrava fácil, como os outros dois. Quem não faz leva. Poucas frases sobre futebol são tão sábias, tão verdadeiras.

O empate, o desespero. Jonas foi expulso. Ai, o goleiro falhou. Até ali era o melhor do jogo. Mas o grande goleiro se revela nas bolas defensáveis. Ele não deixa passar uma sequer. Depois, trata de buscas as difíceis e até as impossíveis. Só não pode deixar entrar as fáceis. Ele deixou, na cobrança despretenciosa de Tcheco.

Aliás, Tcheco não estava numa noite boa. Mas no momento difícil, ao contrário de outras vezes, ele cresceu. Diria que ele tranqüilizou o time e comandou a vitória, justo no momento em que eu pensava por que não o Douglas Costa no lugar dele?

Gostei do Souza, do Rever, do Adilson. Foram os melhores do time. Jonas também, mas ser expulso num jogo como esse é uma demasia.

Com os 2 a 1 sobre o Aurora, o Grêmio encaminho sua classificação e talvez o primeiro lugar no grupo.

Agora, é treinar a pontaria e contratar um psicólogo.

A poltrona 36


O presidente Vitorio Piffero, que notoriamente é apenas tolerado pela grande maioria dos colorados, conseguiu ofuscar o lançamento dos festejos do centenário. Festejos, aliás, que estão longe do se previa, em função da crise, confirmando matérias publicadas pelo repórter Fabrício Falkowski no Correio do Povo há algum tempo.

Neste primeiro momento, a festa será só para quem dispõe de 200 pilas, preço do jantar do centenário (dizem que todos os convites foram vendidos).

Por enquanto, a grande massa do clube do povo fica só apreciando a paisagem, torcendo para que a grande festa popular anunciada para 17 de dezembro, no Beira-Rio, realmente se concretize e não fique, como outros eventos, apenas na promessa.

Ontem, ao ser questionado sobre o ônibus colorado, provocado por um repórter sobre a poltrona 36 – referência ao episódio de homossexualismo que teria ocorrido no ônibus Trovão Azul, do Grêmio -, Piffero respondeu em tom jocoso, sorrindo maliciosamente, que esse número sequer existia no veículo, cuja numeração vai até 40, com 38 lugares.

Hoje, o dirigente deu entrevistas para esclarecer que a remoção da poltrona 36, e também da 35, foi para colocar duas mesas no ônibus. É claro que a numeração poderia ir até o número 38, eliminando-se os números 39 e 40.

A poltrona 36 no mundo do futebol, em especial o gaúcho, não é apenas a numeração de um acento, é um símbolo. Poderia até ser usado numa parada gay. Então, tudo indica que é uma tentativa de provocar os gremistas, coisa que fica bem num boteco – até aqui neste espaço -, mas nunca como uma decisão de diretoria, avalizada pelo presidente de um clube do porte do Inter.

Tanto é verdade que o ex-presidente Fernando Carvalho, ao ser informado do fato, mostrou-se contrariado, criticando a decisão, conforme relatou o Fabrício, que acompanhou o evento no Beira-Rio.

Piffero, um excelente vice-presidente de futebol, de vez em quando dá umas escorregadas, mostrando que ainda não assimilou devidamente a grandeza do cargo que ocupa.

Três atacantes e o fim da 'bolinha no pé'


Roth gostaria de jogar com um atacante. Talvez em seus devaneios retranquistas até já tenha sonhado com um esquema sem atacantes. Se é que até já não testou um esquema só com zagueiros, laterais, volantes e meias.

O máximo que Roth aceita é jogar com dois atacantes, mas só depois de muita pressão da imprensa, torcida e diretoria.

Do outro lado do campo, Tite acena com três atacantes: Nilmar, Taison e Alecsandro. Não vejo problema, principalmente contra times mais modestos.
Ouso dizer que até contra equipes grandes o esquema seria viável. Com os três volantes que o Inter tem, todos marcam e sabem jogar, considero possível jogar com três atacantes, ainda mais com as características dos três citados.

Basta que eles tenham aplicação tática para recuar e marcar, ou ao menos cercar, até a intermediária do campo de defesa.

O Taison pode fazer isso sem problema, e até faz eventualmente. Os três podem se revezar nesse trabalho, cada uma numa faixa de campo. Depois, intercalando para confundir a marcação.
Se desse certo, seria uma novidade agradável, quase uma revolução nesses tempos de medos, cuidados exagerados.

O Manchester United tem um esquema que está meio que na contramão, é quase um 4-2-4. São quatro na defesa, que só saem na muito boa; dois volantes que marcam e sobem com qualidade; e quatro atacantes que se movimentam muito e recuam para pegar junto com os volantes, mas sempre se revezando. É comum ver astros como Cristiano Ronaldo e Rooney marcando, esfolando os joelhos, especialmente o inglês.

A ideia é simples: em vez de meias que chegam, atacantes que voltam. É uma questão cultural, essencialmente, porque atacante brasileiro gosta mais de ficar lá na frente. Mas isso está mudando, pelo que tenho visto.

Bolinha no pé, nunca mais.

QUESTÃO DE ORDEM

Como seria o Grêmio no esquema com três atacantes, impensável com Roth?
Júlio César, Adilson e William Magrão (Tcheco)
Herrera, Jonas e Reinaldo

Os reservas do Grêmio e a provocação de Krieger

É impressionante como o técnico Celso Roth não consegue fazer esse time reserva jogar bem. São jogadores que estão juntos há algum tempo, muitas vezes treinando na mesma equipe. Cada um já mais ou menos conhece como o outro joga, como gosta de receber a bola, se no pé ou mais na frente, pelo alto ou por baixo, etc.

É lógico que o entrosamento não é o ideal. Aí seria até exigir demais, porque nem o time titular mostra bom entrosamento.

Sexta-feira, depois da jornada aqui no CP, num boteco, tomando umas geladas (boa a propaganda da Sol, a aquela da gelaaaada, embora a cerveja não seja boa, é quase tão ruim quanto tem sido esse time reserva do Grêmio), com uns amigos colorados, ouvi restrições ao time do Inter. Críticas fortes até ao Nilmar. E, claro, ao Tite.

No dia seguinte, ou seja, no sábado, o Inter goleou o NH e seguiu seu passeio pelo Gauchão, esperando por outro Gre-Nal, que, a julgar pelo que tem ocorrido, será a cereja no bolo. Alecsandro, substituindo Nilmar, fez dois gols. Ponto para quem critica Nilmar? Bem, eu sou muuuito mais Nilmar. A respeito do Tite nem escrevo mais, porque todos sabem o que penso dele, resumindo: um baita técnico.

Voltando ao Grêmio no empate por 1 a 1 contra a Ulbra: sem organização tática os melhores jogadores caem de rendimento e os ruins afundam. Então, fica difícil julgar quem pode ser útil na Libertadores. Do time que jogou ontem, mesmo com a avaliação prejudicada pela desorganização ‘organizada’ pelo Roth, vejo com chances de titularidade o Saimon, tanto na lateral quanto na área; o Maylson, como segundo volante de preferência, ou até como articulador no lugar de Tcheco; o Júlio César, como primeiro volante; o Herrera e o Reinaldo, que continua sendo, na minha opinião, o atacante mais completo do Grêmio. Vá lá: talvez superado pelo Jonas, que está arrebentando.

Douglas Costa entrou no segundo tempo e já fez mais do que qualquer outro. A posição ideal dele, pelo que tenho visto, é na função do Souza, mais solto, com liberdade para exercer seu talento. Pode ser também um segundo atacante. Eventualmente, na função do Tcheco. Ontem, o guri foi esperto: ajudou a marcar. Quando vi estava ao lado do Heverton. Já cresceu no conceito do Roth. Facilita, vira um volante.

Ah, Maxi Lopez já mostrou algumas qualidades.

Questão de ordem

O repórter Carlos Corrêa chega esbaforido de Canoas, onde acompanhou o empate do Grêmio com o Canoas, digo, Ulbra. Ele perguntou ao André Krieger se o Grêmio poderia mais adiante jogar com reservas num eventual clássico contra o Inter, já que há problemas de datas em função da Libertadores, o dirigente foi irônico:
– Não sei se é interesse do Noveletto (presidente da FGF) que a gente jogue com os titulares.
Depois de uma brevíssima pausa, Krieger concluiu:
– Afinal, ele é conselheiro do Inter.