Renato corrige erro e acerta o time na vitória sobre o Vasco

Renato escalou mal e substituiu bem, corrigindo a tempo a sua opção de começar contra o Vasco com dois volantes que não se completam, porque ambos têm dificuldade para armar e chegar à frente com qualidade.

Quando soube que o Grêmio começaria com Rômulo e Michel imaginei que seria uma noite de horror, tendo ao fundo uma sinfonia de raios e trovões que desabaram sobre Porto Alegre na hora do jogo, inclusive obrigando o fechamento do aeroporto Salgado Filho.

Felizmente, não houve corte de energia elétrica na minha zona, o que permitiu que eu pudesse assistir ao jogo até o fim, feliz com a vitória por 3 a 1 sobre o Vasco, em pleno São Januário. Uma vitória que passou pela substituição de Michel (havia recém levado cartão amarelo e fazia uma partida atroz), logo aos 30 minutos.

A entrada de Pepê e a passagem de Thaciano para jogar ao lado de Rômulo melhorou o time, que ficou mais agressivo e melhor ajustado em campo. O próprio Rômulo cresceu tendo ao lado um jogador com mais saída de bola.

Antes disso, o gol do Vasco. Guarín cobrou falta, um chute rasteiro, relativamente forte, quase no meio da goleira. Paulo Victor, indicando que ficou abalado pela avalanche de críticas que recebeu após os 5 a 0, aceitou. Já há quem o queira fora do time domingo, no Gre-Nal. Não é hora de arriscar. É hora de dar força e apoio do goleiro, ou ao menos diminuir o tom da crítica para que ele recupere a serenidade. Por enquanto, até prova em contrário PV é o melhor goleiro do Grêmio.

Pepê marcou o gol de empate, após grande jogada individual. Depois, Éverton virou, depois de receber uma bola roubada por Darlan (o guri entrou muito bem mais uma vez). O terceiro gol foi de pênalti, cometido por Castan, que abriu demais o braço numa disputa pelo alto com Luciano. No primeiro tempo, ele foi advertido pelo juiz justamente por esse tipo de movimento que ele repetiu dentro da área.

O Grêmio subiu para o quinto lugar, dois a menos que o quarto, o SP, goleado pelo Palmeiras.

Destaco o desempenho da dupla de área e de Cortêz, que inclusive evitou um gol do Vasco a 10 minutos do final. Na frente, Tardelli voltou a jogar bem. Éverton foi o craque do jogo. Rodriguez entrou bem na lateral-direita. Mostrou que pode ser aproveitado por ali.

Grêmio joga bem, vence e mostra que goleada foi fora da curva

Para aqueles que previam um Grêmio abalado e desestruturado, arrasado pela goleada diante do Flamengo, resultado considerado ‘normal’ pelo vice-presidente Duda Kroef, a vitória por 3 a 0 sobre o Botafogo foi um alento.

Aqueles que já elaboravam lista de dispensas e até sugeriam contratações pelas redes sociais, talvez deixem de ser tão radicais, usando a eliminação humilhante da Libertadores como suporte para uma política de terra arrasada, em que nada presta, talvez amenizem um pouco suas críticas, porque o time mandou bem depois da queda.

O Grêmio fez uma partida que lembrou o ciclo de vitórias e boas atuações. É claro que depois dos 5 a 0 resta muita desconfiança sobre a capacidade de alguns jogadores e até do técnico Renato Portaluppi. Mas a amostra foi boa, estimulante, e quem foi à Arena saiu de lá satisfeito, embora ainda ferido e magoado com o time.

O gol logo cedo contribuiu para dar tranquilidade ao time e conquistar a torcida, como quem diz: “Podem confiar em nós, a goleada foi um acidente”.

Maicon, o capitão de atuação apagada no meio da semana, comandou a vitória. Abriu o placar ao receber um passe precioso de Luciano, que substituiu André, suspenso.

Com 11 em campo fica menos difícil, e Renato já deveria saber disso. As melhores atuações no Brasileirão foram sem André. As piores, com André.

O segundo gol também saiu de uma bola trabalhada, com Éverton achando Tardelli (em sua melhor atuação, comprometido e eficiente), que invadiu a área pela esquerda e chutou para Gatito salvar, mas nos pés de Thaciano, que só encostou para as redes.

Nesse lance, Gatito, citado por muitos gremistas como um goleiro que substituiria Paulo Victor com vantagem, por ironia, repetiu o que fez PV no primeiro gol do Flamengo: defendeu do jeito que dava, porque era um chute forte, quase à queima-roupa.

Mas faço questão de deixar isso registrado até como forma de fazer justiça a esse goleiro de tantas grandes atuações com a camisa tricolor.

No terceiro gol, mais uma vez bola trabalhada. Depois de um bombardeio, Éverton pegou o rebote e chutou forte.

Gostei da resposta que o time deu. O Grêmio mais uma vez avança na tabela, agora com melhores possibilidades na competição porque já não há mais a Libertadores pra ‘atrapalhar’. Pena que o título agora é impossível. No máximo, um terceiro ou quarto lugar.

Alguém precisa responder pela goleada, e não é o torcedor

O futebol mudou muito nos últimos anos. Algumas coisas para melhor, outras para pior. No meu tempo de repórter esportivo, era possível conversar com os jogadores e o treinador à beira do campo após os treinos. Longas conversas, entrevistas exclusivas. Hoje, tudo termina na entrevista coletiva, não mais do que duas ou três por semana.

Ficou dura a vida de repórter. Ainda bem que não precisei passar por isso.

Se a vida do repórter complicou, a do dirigente de futebol ficou mais tranquila. Tempos atrás, a segunda cabeça a rolar era a dele em caso de algum fiasco ou simplesmente insucesso no campeonato regional, então muito mais valorizado e importante. Claro, o primeiro a cair era o treinador.

E isso continua assim como se constata seguidamente, mesmo que o técnico tenha feito um trabalho correto. Para manter sua cabeça sobre os ombros, o dirigente de futebol cede facilmente ao apelo popular e dos invictos, como definiu o argentino César Menotti, referindo-se aos cronistas esportivos. Hoje, ele diria o mesmo sobre o pessoal das redes sociais, ruidoso, inconsequente e incoerente, de modo geral.

Então, nos velhos tempos, nem tão velhos assim, dificilmente um dirigente seria mantido no cargo se o seu time sucumbisse de maneira estrondosa, com repercussão mundial, abalando a imagem do clube. Foi o que aconteceu quarta-feira, no Maracanã.

Li e ouvi torcedores se manifestando, pedindo a cabeça do vice de futebol Duda Kroef, um sujeito simpático, cordial e muito bem educado, mas que não conquistou a confiança da torcida, e não é de hoje.

O presidente Romildo Bolzan jamais atenderia esse pedido/apelo. Seria o mesmo que apontar o culpado pela eliminação na Libertadores, competição na qual a direção do clube depositou todas as suas fichas, inclusive abrindo mão da disputa do título do Brasileiro.

A outra saída seria fazer o de sempre: demitir o treinador. Mas Renato não é apenas um treinador, é uma estátua, é um líder. Então, quem deveria cair?

O titular do futebol, o vice de futebol Duda Kroef. Para evitar maiores constrangimentos, num gesto de grandeza, amor ao clube e desapego ao cargo, cabe ao dirigente pedir seu afastamento do futebol, mesmo que a responsabilidade pelo que aconteceu não seja toda sua.

O torcedor merece uma resposta à altura do vexame, não apenas explicações que nada explicam.

Grêmio desaba no Maracanã e está fora da Libertadores

Flamengo 5 x 0 Grêmio, dia 23 de outubro, Maracanã. A noite em que o Grêmio tão vitorioso nos últimos anos conheceu o fundo do poço. O resultado tão elástico surpreende, mas expressa sem exagero o que foi a superioridade técnica e tática do Flamengo sobre o Grêmio na disputa por uma vaga na final da Libertadores/2019.

O Flamengo começou a ganhar no departamento médico, que conseguiu recuperar jogadores importantes, e na preparação física, que tem permitido que o técnico Jesus escale seu time principal em todos os jogos, abalando a cultura da preservação de titulares. Uma cultura da qual o Grêmio é um expoente.

É lógico que o Grêmio sentiu a falta de Luan e Jean Pyerre, articuladores fundamentais no esquema do Renato, e principalmente a presença de novo de André. Faltou também um lateral-direito realmente confiável, tanto que o técnico Renato se viu obrigado a improvisar um zagueiro na posição que seria do veteraníssimo Léo Moura e do insuficiente Galhardo, uma contratação inexplicável. A emenda ficou pior que o soneto, porque Paulo Miranda marcou mal e quando tentou apoiar não sabia o que fazer com a bola, matando jogadas pelo lado direito. O Grêmio ficou um time capenga, e, muito bem marcado nos raros momento em que ficou com a bola.

Além da superioridade do Flamengo, que jogou com sua força máxima, coisa que poucos acreditavam que aconteceria, é preciso ressaltar que nunca tantos jogadores foram tão mal numa partida desde a chegada de Renato. E quanto isso acontece diante de um time rápido e objetivo um massacre pode acontecer, e aconteceu.

A rigor, apenas um jogador tricolor foi realmente bem: Éverton, que além de muito bem marcado e sem Luan ou JP ficou desamparado. Ainda é possível citar Matheus Henrique, num nível um pouco mais abaixo. O restante naufragou. Alguns tiveram desempenho melancólico e revoltante.

O começo do jogo foi muito equilibrado, mas já com o Flamengo tomando a iniciativa e chegando com algum perigo. O Grêmio dava a sensação de que a qualquer momento poderia encaixar um contra-ataque. Pura ilusão.

O primeiro gol abriu a porteira para a boiada passar. A jogada começou com uma roubada de bola do Flamengo no campo ofensivo do Grêmio, com Maicon e Michel entregando a bola para um ataque rápido, com a bola sobrando para Bruno Henrique marcar após rebote de Paulo Victor.

Esse tipo de erro no meio de campo aconteceu inúmeras vezes, com o trio Maicon, Michel e MH sentindo a marcação ostensiva, que deixou o ataque muito isolado. Foram poucas as vezes em que o Grêmio conseguiu reter a bola por um ou dois minutos. Realmente, Luan e JP fizeram falta.

Já no segundo gol, eis que o glorioso André, posicionado junto à primeira trave, afastou de cabeça para o miolo da área (coisa de amador), nos pés de Gabriel, que agradeceu o presente do colega centroavante e mandou para a rede. Foi ali que o Grêmio começou a desmoronar. Os outros gols vieram ao natural.

Vamos ver o que pode surgir dos escombros.

Meu time ideal para bater o Flamengo no Maracanã

Um velho companheiro de redação detestava especular escalações e ficava irritado quando alguém pedia sua opinião sobre quem deveria começar o jogo, se fulano ou beltrano.

Ele era um ranzinza, e ainda é, mais agora com a idade avançando. Por isso, a gente gostava de provocá-lo debatendo qual seria a melhor formação para determinada partida, especialmente em jogos decisivos, como este de amanhã contra o novo queridinho da mídia (que até pouco tempo atrás era o Grêmio, mas sem o oba-oba ruidoso da mídia carioca.

-O treinador é pago e muito bem pago para escalar o time, por que eu vou me preocupar com isso? E vocês ainda perdem tempo com essa discussão que não leva a nada – dizia, cuspindo fogo.

De fato, o que nós ganhamos com isso? Ora, escalar time, sugerir contratações e demissões sumárias, cobrar isso ou aquilo, são ações que fazem parte da rotina do torcedor, ainda mais agora com as redes sociais, onde já li de tudo nos últimos dias, com a temperatura emocional elevando-se à medida em que se aproxima a decisão, o jogo do ano.

Eu sei que o Renato não vai ler o que escrevo, mas meu amigo rabugento vai. Então, a exemplo de uma legião de analistas e palpiteiros, ouso escalar o time que considero ideal para enfrentar o Flamengo, essa máquina mortífera que o Grêmio terá de superar para disputar mais uma final de Libertadores.

As dúvidas são na lateral-direita e na meia, com a possível ausência de Luan. Ainda acredito (espero) que Luan jogue. Se ele não jogar, o time perde muito em qualidade no toque de bola (já não tem o JP).

Bem, pra começar, eu escalaria Léo Moura. Cheguei a pensar em Geromel jogando por ali, o que não deixa de ser uma possibilidade. Com Léo Moura é importante criar condições para explorar sua qualidade ofensiva, reforçando a marcação.

Neste caso, escalaria três volantes: Michel, Maicon e Matheus Henrique, com os dois últimos cuidando da articulação, e o primeiro aparecendo como elemento surpresa revezando com um dos ‘meias’. Penso que o time ganha em consistência defensiva e não perde em criatividade na frente.

Mais adiantados, mas participando da marcação em especial pelas extremas, eu começaria com Éverton, Alisson e Tardelli. Quem sabe com Pepê no lugar de Tardelli, que continua devendo, embora o jovem atacante seja um trunfo para o segundo tempo.

Agora, se Luan puder jogar, ainda assim mantenho o trio de volantes/meias. Luan começaria no lugar de Tardelli ou Alisson. Luan articularia com a dupla Maicon/MH, explorando a velocidade de Éverton e versatilidade de Alisson (ou Tardelli).

O Flamengo vive melhor momento, não há dúvida, enquanto o Grêmio vive com espasmos do futebol bonito e eficaz de dois ou três anos atrás, algo que pode muito bem se repetir no Maracanã lotado gritando ‘mengo, mengo’.

Calar o Maracanã não é fácil, mas o Grêmio já fez isso. E foi bom demais.

RENATO X JESUS

É uma guerra de vaidades. Os dois querem provar que seu time é o que pratica o futebol mais bonito e eficaz. Espero que Renato dê mais ênfase na eficácia. É por aí que poderá começar a vencer o duelo.

CANSAÇO

Eu penso que o Grêmio garante a vaga no segundo tempo se resistir bem no primeiro, quando o Flamengo estará com seu potencial pleno. O time do Jesus tem queda de rendimento no segundo tempo. Isso ficou visível no jogo na Arena.

JESUS

O Copião, sempre atento e com radar ligado, entra em contato para dizer que, a seu ver, o técnico português está muito mais focado no Brasileiro do que na Libertadores. Essa impressão eu também tive e ele deu a entender isso semanas atrás. Mas acho que o Jesus já percebeu a grandeza da Libertadores. Agora, na dúvida, ele opta pelo Brasileiro.

Nova derrota dos reservas e as dúvidas para enfrentar o festejado Flamengo

O Grêmio tem sofrido alguns gols com facilidade inquietante e irritante neste Brasileirão, em especial quando joga com o time reserva como aconteceu neste sábado. Os dois gols na derrota para o Fortaleza são exemplos de incompetência e falta de foco.

No primeiro, minutos depois de Paulo Miranda marcar de cabeça após cobrança de falta por Galhardo, mistura negligência com falta de atenção, com uma pitada generosa de desinteresse e ruindade mesmo.

Osvaldo, mesmo com Galhardo à sua frente, feito um cone de trânsito, cruzou meio que para se livrar da bola. Na área, o glorioso David Brás, tendo às suas costas o Wellington Paulista, que se jacta (com razão) de dar sorte contra o Grêmio.

A bola ainda quicou na grama antes de o atacante desviar com o pé, enquanto Brás tentava afastá-la de cabeça depois de ter dado à frente do lance para o adversário, o que é inaceitável. Detalhe, a bola que o zagueiro tricolor tentou cabecear vinha na altura do joelho, talvez um pouco mais. Ridículo.

O segundo gol começou com uma arrancada do glorioso Capixaba. Bah, agora vai – pensei. Passando a linha de meio campo ele adiantou demais, perdeu a bola, que foi para Wellington na direita. O capitão do Fortaleza cruzou despretenciosamente, até por falta de opção melhor. No centro da área o lateral Galhardo, enquanto os dois zagueiros observavam a jogada e o desespero do lateral e do goleiro, o jovem Phelipe, assim mesmo com PH.

Aqui, um aparte, o jovem goleiro não teve culpa nos gols. No segundo ele ficou indeciso entre sair ou ficar, ficou e levou. Se tivesse saído, teria levado o gol igual e seria corneteado e rotulado como goleiro que não sabe sair. No mais, ele foi pouco exigido, mas se mostrou seguro e tranquilo. Foi muito boa a iniciativa de Renato em escalar esse goleiro formado na base. Aliás, gosto quando o Grêmio coloca como titular goleiro formado no clube. Nesse gol, culpa dos dois zagueiros e do Capixaba.

No segundo tempo, o Grêmio foi muito melhor. O técnico Rogério Ceni adotou o esquema ‘chama derrota’, e só não perdeu o jogo porque seu goleiro fez duas ou três grandes defesas, e também porque outro ‘glorioso’ jogador, o Rômulo, perdeu um gol imperdível, isolando a bola.

PROJEÇÃO LIBERTADORES

Agora, o Flamengo. Renato tem um grande problema. Falta um lateral-direito mais confiável. Léo Moura e mesmo Galhardo chegam bem ao ataque, mas são inconfiáveis na marcação. A opção é escalar um zagueiro, o Paulo Miranda. O time ganha na marcação mas perde ofensivamente.

Como Renato depende muito de laterais que apoiem, acho que ele irá optar entre Léo e Galhardo. Thaciano seria uma alternativa, mas alguém sabe se ele foi testado na posição, ao menos em treinos? Acho que não.

Aliás, Thaciano foi mal como articulador. Realmente, não é a dele. Rezando para que Luan e/ou Jean Pyerre possam jogar.

Por fim, é incrível o número de notícias oriundas do Flamengo sobre seus lesionados, uma clara tentativa de confundir. Esperto esse português, que pra bobo não serve.

Tudo isso significa uma coisa: o Flamengo está respeitando muito o Grêmio. Talvez até com algum medinho.

Neste domingo, torço pelo Flamengo contra o Fluminense (e mais alguma lesão de titular), porque quero o ‘queridinho do Brasil’ cheio de banca na quarta-feira.

Gremista raiz mantém a fé e não se assusta com o Flamengo

O Grêmio fez uma de suas piores atuações na temporada. Quem reconhece isso é o técnico Renato. E todos nós concordamos.

A causa principal passa pelo jogo fantástico de quarta-feira, dia 23, Maracanã lotado, com a TV transmitindo para o mundo.

Se nós estamos ansiosos, contando as horas, sofrendo a cada atuação insuficiente, temor de que algumas individualidades não correspondam, imaginem os protagonistas. Eles também só pensam na grande decisão, o jogo do ano no Brasil.

Imaginem como se sentem aqueles jogadores que só levam pau nas redes sociais, a maioria dos gremistas nutella, um pessoal criado em meio aos títulos do ano 90 e festa na Goethe.

Um pessoal que nunca sentou na arquibancada de concreto escaldante da geral do Olímpico sob um sol inclemente.

Gente que nunca viveu o que nós, torcedores raiz, sentimos nos anos 70, os anos de chumbo dos gremistas. Nós sobrevivemos ao massacre dos títulos nacionais do rival e ao ufanismo vermelho na imprensa, fato amplamente divulgado pelo blogueiro Ricardo Wortmann, também ele um sobrevivente.

Aqui, entre os comentaristas do blog, tem pelo menos uma dúzia de gente que comeu o pão que o diabo amassou na década de 70 e que, por isso mesmo é mais resistente aos efeitos de eventuais tropeços ou quedas.

É claro que nos irritamos, nos revoltamos, mas já vimos tanta coisa que já não nos assustamos e sabemos ser tolerantes.

Não nos preocupamos com o que não é importante. E o que não é importante neste momento? É a atuação contra o Bahia. E será a atuação contra o Fortaleza neste sábado.

Nada disso importa. Esses jogos não refletem nem de longe o time que entrará em campo para calar o Maracanã mais uma vez.

Pode não acontecer, porque o Flamengo joga pelo empate e tem um time poderoso e por trás dele as forças do futebol, forças que eliminaram o Grêmio na Copa do Brasil com um erro escandaloso de arbitragem.

Apesar disso, os onze guerreiros que Renato ‘Midas’ Portaluppi escalar saberão honrar o manto sagrado jogando a 110% porque só assim se ganha uma Libertadores.

O Grêmio, que já conquistou três, sabe muito bem como é. O Flamengo, que conquistou uma, há meio século, tem uma vaga lembrança.

Então, gremista que é gremista não se assusta, não se intimida e muito menos vai atrás dos pessimistas e dos amargos de plantão, gente que despreza um dado muito importante: queiram ou não, o Grêmio é hoje um dos quatro melhores times da América.

E isso não é pra qualquer um.

INTER

O técnico Eduardo Coudet só virá a Porto Alegre se o Inter confirmar sua presença na Libertadores/2020. O argentino não abre mão disso.

A modinha dos técnicos estrangeiros e a obsessão colorada por um argentino

O empenho do Inter em contratar um técnico argentino indica que estamos no começo de uma nova modinha no futebol verde-amarelo: treinadores estrangeiros.

A razão disso é o sucesso do argentino Jorge Sampaoli e do português Jorge Jesus depois de muitas experiências fracassadas. Particularmente, entendo que é cedo para carimbar o trabalho dos dois, mas por enquanto é muito bom. Pelo menos acima das minhas expectativas, já que sempre fui, e continuo sendo, cético em relação a técnicos estrangeiro, nem tanto por eles, mas pelos jogadores brasileiros, que são mais boleiros mimados do que profissionais.

Então, pra lidar com eles nada melhor que os técnicos nacionais, que sabem muito bem com quem estão lidando.

Independente do que possa acontecer mais adiante, é inegável que Sampaoli aprovou no Santos, favorecido, é oportuno reforçar, pelo fato de o Santos estar dedicado há meses a apenas uma competição.

Já o técnico do Flamengo desafia os deuses a escalar força máxima em todos os jogos, sem priorizar esta ou aquela competição, como faz o Grêmio, obcecado pela Copa do Brasil – da qual foi alijado pela arbitragem – e pela Libertadores, paixão maior de todos os gremistas.

Saberemos no dia 23 se a estratégia se Jesus é a mais recomendável. Se der certo e o Flamengo for campeão da Libertadores, no ano que vem o Grêmio terá de seguir esse exemplo para entrar rachando em todas as competições.

Para isso, contudo, terá de contar com um grupo maior e mais qualificado para não depender de reservas que sequer deveriam estar no clube.

Bem, o assunto é muito complexo e merece páginas e páginas.

Quero concluir elogiando os dois estrangeiros citados. São treinadores sem frescura, dizem o que acham que precisam dizer, não adotam discurso pernóstico, falam a linguagem do jogador e do torcedor. Os dois são parecidos também no comportamento à beira do gramado, explosivos, espontâneos. Jesus ainda por cima é bem humorado. Sampaoli parece mais sério.

Mas os dois me lembram Renato pelo modo como se comportam no campo e nas entrevistas, além de gostarem de ver suas equipes no ataque, sem obsessão defensiva, característica ainda dominante no país.

Renato, Jesus, Sampaoli e mais uns dois ou três brasileiros rezam pela mesma cartilha, e trazem uma brisa de novidade ao nosso futebol.

Quem sabe a vinda de estrangeiros não seja apenas uma modinha? Vamos ver, o certo é que uma turma aí precisa se reciclar ou nunca mais sairão do lado do telefone, à espera de um chamado que parece cada vez mais distante.

AUTUORI

O Inter está tão ansioso por contratar Eduardo Coudet que, ao que tudo indica, é capaz de esperar por ele até janeiro, na abertura da temporada.

Um erro que o Grêmio cometeu tempos atrás, quando esperou por Paulo Autuori e ainda pagou rescisão de seu contrato no exterior. Tudo isso com uma Libertadores em andamento.

A opção do Inter por um técnico estrangeiro faz parte da modinha. Imagino que outros virão em seguida, desempregando nomes que pululam de clube a clube, se revezando numa permanente dança das cadeiras.

A jogada do Inter é ter um argentino para disputar a Libertadores de 2020. Mas antes precisa conquistar a vaga, objetivo ainda mais difícil de ser atingido com um técnico interino.

Nas conversas com Coudet, alçado aqui na aldeia a grande nome do futebol argentino, o Inter deve ter acenado com a disputa da Libertadores.

Quem duvida que Coudet não está condicionando sua vinda à conquista dessa vaga?

Bem, qualquer coisa Celso Roth está aí, colado ao telefone.

Grêmio entra no G-6 e ultrapassa o Inter

Depois da decepção com a gurizada gremista ao perder a decisão do Brasileirão de Aspirantes para o Inter, em Caxias, sobrou alegria com a vitória do time principal, que, sob o comando do Mestre Maicon goleou o Atlético Mineiro no Horto por 4 a 1.

Não foi uma atuação daquelas de entusiasmar, mas o time jogou o suficiente para aquilo que realmente interessa, a conquista dos três pontos. Além de ingressar no G-6 e encostar no G-4 para buscar a quarta vaga destinada a Libertadores/2020, o Grêmio deu mais um motivo para as brincadeiras de gremistas nas redes sociais: ultrapassou o Inter na tabela de classificação, coisa que até três semanas atrás parecia quase impossível.

Então, no ‘campeonato’ paralelo, que tem grande importância por alimentar a rivalidade, o Grêmio está com dois pontos a frente do seu maior rival na aldeia.

Agora, nada disso é maior que a grande decisão contra o Flamengo, dia 23, no Maracanã.

É com satisfação que vejo o Flamengo perdendo jogadores para o jogo do ano. O técnico Jesus, sempre tão falante, agora já critica arbitragens, o VAR e até reclama que os adversários estão chegando pesado demais nos jogadores do Flamengo, além de lamentar a perda de titulares.

Se ele não sabe, eu desenho: o time que está por cima e é festejado pela mídia do eixo Rio/SP sempre motiva mais os adversários. Já aconteceu com o Grêmio em seus melhores momentos. O pau come mesmo.

Hoje, o Luan, por exemplo, foi caçado pelo Atlético Mineiro. Cazares foi expulso após uma entrada criminosa no craque gremista, que está voltando a jogar aquele futebol que encantou o mundo.

Será que o badalado Jesus está ficando nervosinho?

SOBRE O JOGO

Mais uma vez Paulo Victor foi decisivo. O jogo estava 0 a 0 e ele fez duas grandes defesas, ou seja, ajudou a manter a tranquilidade do time para construir a vitória. Sim, eu confio no PV, até porque não tem nada melhor no horizonte.

Já não posso dizer o mesmo de André. Ele participou do lance do terceiro gol, deu o passe para Pepê, mas antes disso errou demais, inclusive quase fez um pênalti.

Ah, ele sofreu um (entrada do Rever por trás), mas o VAR não se interessou em alertar o juiz. Mas quando aconteceu na área tricolor o VAR foi rápido no gatilho.

Outra preocupação de 100 entre 100 gremistas é o Galhardo. Parece que ele saiu lesionado, ou com ameaça de estiramento. Já começo a gosta da ideia de improvisar Paulo Miranda, pelo menos para marcar o goleador Bruno Henrique, que costuma vencer as disputas pelo alto.

BRASILEIRÃO

Lamentando que o Grêmio tenha exagerado na política de poupar jogadores em troca de titulares na CB e na Libertadores. Hoje, o time estaria no G-4 e até encostando no líder Flamengo.

Mas tudo valerá a pena se o time calar o Brasil no dia 23.

A escalada tricolor no Brasileiro e a queda de Odair

Enquanto a Libertadores não volta, me distraio com o Brasileirão, que é chato, mas que não sai da cabeça do torcedor. A cada vitória do time, como os 2 a 1 sobre o Ceará, em Caxias, volto a sonhar, um sonho que vira pesadelo quando vejo André entrando em campo.

Qual gremista não sonha em ser de novo campeão brasileiro? Uma das mais fortes emoções da minha vida foi o Brasileiro de 1981, com aquele gol inesquecível, insuperável em sua magnitude pela beleza e relevância.

Neste ano, sabemos, não há mais condição de chegar ao título. Flamengo, Santos e Palmeiras são os mais cotados. O Flamengo é o favorito, mas nada está decidido. O que se sabe, também, é que a quarta vaga no G-4 está em aberto. O Corinthians tem 42 pontos, é o quarto colocado. O Grêmio tem cinco pontos a menos.

O técnico Renato, após a boa atuação do time contra o Ceará, afirmou que sua meta é chegar, no mínimo, no G-4, dando a entender que ainda pode beliscar o título. É complicado, porque os três da ponta são equipes fortes e bem dirigidas. Então, que Renato pare de sonhar e se fixe em continuar a escalada rumo ao G-4, objetivo difícil, mas não impossível.

Aliás, nada é impossível no futebol.

ODAIR

Durante o jogo contra o CSA, quando ainda estava 0 a 0, disse que Odair Hellmann seria afastado em caso de derrotada, ainda mais se combinada com uma vitória do Grêmio. Não deu outra.

Terminou o ciclo de Odair Hellmann, que um dia provavelmente irá voltar. Afinal, é da escola texana, muita admirada aqui na aldeia, e que tem Felipão como símbolo máximo, seguido de nomes como Mano Menezes, Fábio Carille, Celso Roth, entre tantos outros.

São técnicos que deveriam se espelhar em Renato, hoje o melhor técnico brasileiro, acima inclusive de Tite, que parece perdido, sem saber que rumo tomar com sua seleção.

Por falar em Roth, lembro-me de uma manchete do CP, anos 90. Um colega ficou encarregado de editar o material do Inter, que naquele dia havia demitido ele, o Roth.

Manchete do jornal: Caiu Roth. Quem virá?

Não lembro quem veio, mas hoje a pergunta está muito atual:

Caiu Odair. Quem virá?

Se eu tivesse que dar um palpite diria Jair Ventura, que, como técnico do Botafogo, fez um enfrentamento duro com o Grêmio dois anos atrás pela Copa do Brasil.

Para completar: Odair fez um bom trabalho. Só não fez mais porque o grupo dele chegou ao seu limite. E talvez Odair também tenha chegado ao seu limite. Quem virá não fará muito mais que ele.

TERRENO VERMELHO

Até que enfim apareceu alguém para questionar a transação de uma valiosa área de terra em Guaíba ao Inter por preço vil. São deputados do Partido Novo. Parabéns. Eles querem apenas que o negócio seja feito de maneira também vantajosa para o Estado, que, como se sabe, está quase falido. Vamos ver o que o Ministério Público fará, ou vai deixar por isso mesmo?

Por enquanto, parabéns ao Novo.

https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/kelly-matos/noticia/2019/10/bancada-do-novo-quer-que-estado-cobre-quantia-milionaria-para-doar-terreno-ao-inter-ck1kyg38u04wh01n3uq21jqnv.html