Grêmio avança rumo ao vice nacional

O time que começou o Brasileirão desacreditado já garantiu presença na Libertadores de 2016, sonho de muitos e realização de poucos.

O Grêmio agora persegue o segundo lugar. Como disse Marcelo Grohe, ironizando, o vice é o ‘primeiro lugar dos últimos’. 

Um passo decisivo nesse sentido foi dado neste domingo na Arena perante 40 mil torcedores. O Grêmio voltou a bater o Atlético Mineiro na competição. Fez 2 a 1 com um percentual de aproveitamento fenomenal dos chutes a gol, confirmando que o time precisa de reforços para o sistema ofensivo se não quiser ser apenas figurante na Libertadores.

Era um jogo de ‘seis pontos’. Na última rodada, domingo, o Grêmio pega o Joinville, fora. Já o Atlético enfrenta a traiçoeira Chapecoense, que já aprontou por demais da conta no Brasileiro. Quem sabe não apronta mais uma.

Se o Grêmio vencer e o Atlético empatar, Grêmio assume o segundo lugar e, se não me engano, embolsa R$ 2 milhões. Não é muito – mais ou menos o dobro do que ganha o sempre prestigiado Rui Costa por ano como dirigente remunerado do tricolor -, mas já é alguma coisa.

Sobre salário de dirigente de futebol, cargo quase tão importante quanto o do presidente, entendo que o pagamento deveria ser por meta atingida, além de um salário básico, mais próximo da realidade do torcedor, que é, no final das contas, quem banca toda essa festa.

Sobre o jogo, o Grêmio voltou a jogar um futebol insuficiente em termos técnicos, mas em comparação com o Gre-Nal foi ao menos mais determinado, mais esforçado, sem esmorecer diante das dificuldades impostas por esse ótimo time mineiro.

O Grêmio abriu o placar com um golaço de Éverton, depois de jogada com Marcelo Oliveira. Éverton fez sua jogadinha de sempre, cortou pra dentro e chutou rasante. Espero que o repertório dele seja mais diversificado. Não um samba de uma nota só.

O empate foi uma bobagem do Geromel, uma bobagem equivalente a do Erazo no Gre-Nal. Aliás, Erazo desta vez não pensou duas vezes para espantar, mandar a bola pra longe ao menor sinal de perigo.

Geromel cometeu um pênalti infantil, inaceitável  para um zagueiro de clube de ponta. Mas ele tem ainda muito crédito. Só fica difícil entender por que ele segurou Datolo de forma tão acintosa.

Aliás, Datolo seria um bom reforço para a Libertadores.

Por sorte, um milagre. Depois de sei lá quanto tempo um gol de falta (gol de escanteio acho que fica pro ano que vem). Luan enganou Victor, metendo uma rasteira no contra-pé do goleiro, que ficou com cara de tacho.

Vale destacar o empenho de Roger e dos jogadores, que exigiram da arbitragem a marcação de falta sobre Ramiro, depois de o auxiliar ter feito uma sinalização equivocada no lance. A arbitragem voltou atrás.

Depois, o Grêmio resistiu à pressão. O goleiro Bruno Grassi, que substituiu Grohe, fez duas grandes defesas, evitando o empate. Antes havia saído mal da goleira, catando borboletas. Felizmente, o cabeceio do zagueiro saiu alto demais.

Do jogo restou a confirmação de que a direção gremista terá muito trabalho para armar um time realmente capaz de brigar pelo título da Libertadores/2016. No mínimo, quatro jogadores para serem titulares absolutos.

Haja dinheiro, competência e criatividade.

INTER

O Inter mais uma vez jogou um balde de água fria no segmento vermelho do Estado. Numa semana empolga, na rodada seguinte, frustra.

Venceu o Gre-Nal e tudo parecia ajustado. Agora vai! Não foi. 

O Inter conseguiu não vencer o Fluminense, que pediu para perder. O time carioca jogou boa parte do tempo com um jogador a menos. Sem contar que estava sem Fred e outros titulares importantes.

Diferente do que aconteceu no Gre-Nal, quando o time de Argel manteve ritmo forte todo o tempo, sábado o segundo tempo foi deplorável em termos físicos, com reflexos no rendimento técnico.

No final, o empate por 1 a 1 saiu justo, mas complicou a vida colorada no Brasileiro, para desespero dos ‘matemáticos’ colorados e suas incansáveis máquinas de calcular.

 

 

A ‘empresa vermelha, colorada’

O boato corria solto nos escritórios, nas ruas, nos becos, nos botecos. Mas ninguém conseguia confirmar a veracidade do que era dito.

O boato era isso, apenas um boato. Já estava virando uma lenda urbana.

Quem haveria de acreditar que numa determinada entrevista o presidente da RBS teria afirmados que a sua empresa seria ‘colorada’, seria ‘vermelha’, expressões usadas por ele.

– Não pode ser, isso não existe -, era a reação de quem ouvia a história pela primeira vez. Mesmo assim, era passada adiante, num ciclo que parecia não ter fim.

Faltava a prova que transformaria o boato em fato.

Pois esse dia chegou. Um garimpeiro de notícias do blog cornetadorw pesquisou e encontrou a tal entrevista.

Tudo verdade. A tal entrevista existe.

Sem entrar no mérito, faço o registro para a posteridade:

http://cornetadorw.blogspot.com.br/2015/11/o-fim-da-mentira-repetida.html

Como dizia Chico Anísio em sua Escolinha do Professor Raimundo:

– Chega de churumelas!

BRASILEIRÃO

O Inter pega um Fluminense desfalcado, parece que só com reservas e alguns novatos.

Lembro que o Corinthians jogou com reservas contra o São Paulo e goleou.

Portanto, não é jogo jogado, como acreditam os colorados otimistas de plantão.

Já o Grêmio pega um Atlético Mineiro motivado para manter o segundo lugar. Certamente, com premiação robusta.

A favor do Grêmio a ausência do Levir Culpi. Time terá técnico interino.

O último a ousar isso foi  o Inter, e a gente sabe como terminou.

Acredito na vitória e na conquista do vice., o que será formidável para um time que começou completamente desacreditado.

Antidoping e os Aflitos

Decidi escrever algumas linhas sobre a Batalha dos Aflitos depois de ler e ouvir colorados da imprensa e fora dela.

Eles mal conseguem disfarçar irritação pela comemoração dos gremistas. No fundo, é uma baita inveja daquele momento épico, único, inigualável.

O Grêmio venceu com sete jogadores em campo, num jogo marcado pela emoção, tanto para os gremistas como para os colorados, que secaram ardorosamente e no final amargaram profunda frustração, mergulhando nas trevas da inveja e do rancor.

Essa comemoração tricolor nada tem a ver com o ‘título da segundona’. Os colorados sabem disso, mas saem por esse lado para fugir à realidade: o Grêmio tem uma capacidade de irresignação incomparável, não se conforma e não admite a derrota. Por isso, luta, luta e luta.

Este é o Grêmio que nem sempre a gente vê, mas é o Grêmio que todo gremista conhece e admira, e não aceita que seja diferente.

É o Grêmio que todos os adversários respeitam. 

É comum o Grêmio ser citado pelos jornalistas de todo o país como referência de equipe aguerrida, incansável e obstinada, que só descansa após o apito final.

Por isso, é um orgulho ser gremista e poder festejar a vitória épica em Recife, enaltecida em todo o mundo. Menos por setores aqui da aldeia.

A inveja é uma merda!

AFLITOS

Por falar em aflitos, é assim que estão os colorados em função dos dois atletas flagrados no antidoping usando a mesma substância – algo inédito no mundo -, três vezes e em menos de 15 dias.

Na terça-feira, a Comissão Nacional do Controle de Doping esteve no Beira-Rio coletando material de todos os jogadores. 

Se forem encontradas as substâncias clorotiazida e hidroclorotiazida mais uma vez, a punição com certeza atingirá também o clube.

A imprensa do centro do país fala em dois anos de suspensão, com rebaixamento de divisão no Brasileiro.

É claro que vai dar em nada. Até porque essa coleta deveria ter ocorrido imediatamente após a contraprova. Não agora, 20 dias depois.

O curioso é que a direção pensou que poderia manter esse procedimento em sigilo. É muito amadorismo.

O papel aceita tudo

Nos velhos tempos das laudas e das máquinas de escrever (Remington e Olivetti, por exemplo) era comum um colega provocar o outro, que insistia em especular nomes de reforços para a dupla Gre-Nal. Dizia, rindo de orelha a orelha:

– O papel aceita tudo.

Hoje, seria ‘a tela branca aceita tudo’.

O que tem de gente lançando nomes de possíveis contratações pelo Grêmio. A maioria dos nomes tem origem em empresários loucos pra faturar algum. Lançam o nome com a ajuda do jornalista, que pensa estar dando um ‘furo’ na concorrência. O dirigente preguiçoso ouve aquilo e, de repente, está mantendo contato com o empresário, que leva consigo, claro, um DVD com lances fenomenais de seu jogador.

Hoje mesmo li um blog em que são citados três nomes, nenhum deles de empolgar, até pelo contrário. Mas os jogadores são referidos num texto que tem como ilustração o presidente Romildo Bolzan. Alguém mais distraído vai imaginar que Bolzan pode ser a ‘fonte da informação’. Nos comentários, gremistas dando pau no presidente.

A matéria fala em Rodinei, este sim com contratação encaminhada. Bom jogador. Depois, cita o zagueiro Felipe Trevisan, do Hannover. Esse jogador vive um período de muitas lesões. Quase não tem jogado. E as informações sobre ele, tecnicamente, não são nada estimulantes.

Por fim, Marcelo Toscano, vice- goleador da série B (o que pra não significa nada, quer dizer, significa que é um jogador de série B, onde com certeza existem opções melhores) pelo América MG. Alguém já ouviu falar nesse atleta, que já tem 30 anos?  Outro Vitinho, não.

Esse tipo de notícia cai como um balde de água gelada na cabeça dos gremistas, que esperam ver um time realmente competitivo para disputar a Libertadores. Mas disputar mesmo, pra valer, com chances concretas de título.

Será a quarta tentativa do esforçado diretor Rui Costa, que, pelo jeito, vai continuar dando as cartas.

SUGESTÕES

Bem, como a tela branca aceita tudo, encaminho minhas sugestões, mesmo sabendo que não serão consideradas.

O Grêmio precisa de titulares de alto nível para duas funções: articulador e goleador.

Investimento pesado apenas para contratar um meia que alie técnica com velocidade e movimentação; e um atacante que se movimente, mas que não fuja da área e tenha grande capacidade de finalização.

Depois, completar o time com um lateral direito mais efetivo que Gallardo;

um zagueiro com mais imposição, um xerife, um cara que faça gols de cabeça, algo raro no Grêmio. Ah, que meta o dedo na cara de algum argentino de voz esganiçada;

um volante com mais pegada, mordedor, que suje o calção, que não tenha vergonha de dar chutão quando necessário e que saiba fazer lançamentos como fazia o Dinho.

O restante pode ser completado com boa parte do elenco atual e o aproveitamento de jovens da base.

 

 

Derrota, mais que goleada, ensina muita coisa

Sempre se pode tirar proveito de um resultado negativo, como foi esse diante do Inter no Beira-Rio. Nem tanto pelo resultado em si, mas principalmente pelo desempenho do time.

O time titular do Grêmio caiu diante do mistão colorado.

Pelo retrospecto recente, era jogo para o Grêmio vencer, não com outra goleada porque os 5 a 0 são tão atípicos quanto os 6 a 1 dos reservas do Corinthians sobre o São Paulo – quem gosta de campeonato de pontos corridos pode festejar esse final deprimente, sem empolgação.

A emoção se reduz a disputa por vaga para isso ou aquilo, já que o título mais uma vez foi decidido a muitas rodadas antes do fim.

O Grêmio jogou mal. Foi um pouco do Grêmio empolgante que a gente viu neste Brasileirão só depois dos 30 ou 35 minutos do segundo tempo. 

Até ali o time foi, digamos, comandado por Douglas. Bem, Douglas não acertou um cruzamento decente nos escanteios e faltas. O que não é nenhuma novidade. A tal metida que deixa o companheiro na cara do goleiro não aconteceu.

Desculpe, aconteceu sim. Foi do Maxi Rodriguez, que deixou o aipim argentino em condições de marcar, mas o chute parou nas mãos do goleiro colorado. Sem dificuldade. 

Maxi me parece um jogador doente, fraco, mas penso que ele poderia ter entrado antes no jogo. No lugar de Douglas. Roger optou por Bobô. 

E é por aí que eu começo a mostrar que um resultado negativo dessa magnitude tem aspectos positivos.

Por exemplo, mostrar quem deve continuar no clube em 2016. Bobô pode seguir em frente. Parece que Tite andou interessado nele. Tite é mágico, talvez consiga transformar Bobô num goleador. 

Além de Bobô há muitos outros. Douglas é um deles. Poderia ser reserva, mas é um risco deixar um jogador como ele no banco.

É claro que não podemos basear essa limpa apenas na atuação deste domingo. Tem o conjunto da obra. A média das atuações. 

Erazo, que eu gosto, falhou no gol colorado, na grande jogada de Dourado pela direita. Ele dividiu com elegância, porque ele é elegante e o jeito de jogar do time comandado por Roger é assim, elegante. Dificilmente dá chutão. Tem ganhar a disputa na técnica e sair jogando com qualidade, bola rente ao gramado. A gente sabe que isso não funciona sempre, principalmente na Libertadores.

Erazo só pode ficar se entender que em Gre-Nal é proibido ser elegante o tempo todo.

Gosto desse estilo implantado por Roger, de muito toque de bola, deslocamentos, é bonito, mas quando o adversário marca os jogadores mais criativos a coisa complica. Por isso que de vez em quando uma bola longa ou um chutão pode cair bem.

Douglas, sabemos, sucumbiu. Luan, idem. Mas Luan ainda teve alguns lampejos apesar da forte marcação, inclusive com sequência de faltas. Douglas, salvo engano, não sofreu falta. Não precisou. 

O melhor do time foi Wallace, inclusive pela entrada forte no argentino provocador ainda no primeiro tempo. Em bom nível o Geromel. Giuliano entrou no jogo apenas no segundo tempo. Roger precisa rever essa ideia de deixar Giuliano tipo um ponta direita. Ele cresce quando começa a aparecer pelo meio, mas isso só acontece quando Douglas sai.

Derrota em Gre-Nal ensina muita coisa. Começa por mostrar que a realidade não é nem nunca foi aquela goleada de 5 a 0.

Agora, se o Grêmio entrasse realmente determinado a vencer, sem pensar no pontinho fora que garantia a classificação, acredito que as coisas teriam sido diferentes. 

Por fim, o Grêmio mais uma vez dando uma mãozinha para o Inter disputar a Libertadores. 

ARGEL

Argel tratou de anular a criação do Grêmio. Conseguiu. Houve algumas pancadas, mas o Grêmio também bateu.

O juiz foi bem. Ouvi o Márcio Chagas pedindo cartão amarelo desde o começo para o jogo não fugir do controle. Casualmente, para jogadores do Grêmio que deram duas ou tres entradas mais fortes no início. Mas nada para cartão amarelo. 

É a mentalidade do técnico gaúcho, assustado com o clássico.

Ricardo Ribeiro foi comedido nos cartões e controlou o jogo. Simples.

Juiz de fora sempre. Até no Gauchão, se for possível.

O Gre-Nal tem tudo para ser de alto risco

Esse juiz, o Ricardo Marques Ribeiro, vai comer o pão que o diabo amassou neste Gre-Nal.

É jogo de altíssimo risco.

Seria pior se o juiz fosse local. Mas bem que o clássico merecia um juiz mais disciplinador, alguém que se imponha e não deixe que determinado jogador metido a juiz apite o jogo.

Um juiz que não permita que o fair play seja pisoteado debaixo de suas fuças como aconteceu na vitória colorada sobre a Ponte Preta, quando o gol da vitória aconteceu 35 segundos depois que a bola não foi devolvida ao adversário.

Nem vou comentar o fato de que nos últimos três anos o Grêmio não venceu um jogo sequer com esse mineiro, conforme estatística publicada no cornetadorw deste sábado. Bem, pela lei das probabilidades, que ainda não foi revogada, se aproxima, então, a primeira vitória gremista com o Ricardo Ribeiro.

Mas o que me faz prever um jogo muito tenso, em que qualquer fagulha pode levar a um incêndio de proporção imprevisível, é que este Gre-Nal tem alguns componentes perigosos.

O primeiro: o Grêmio neste momento é bastante superior ao rival, que joga em casa, mas desfalcado de alguns titulares decisivos como Valdívia. Mas o colorado nem quer saber disso, quer superação, quer vitória.

O segundo: o Inter entra em campo com uma goleada entalada na garganta. A torcida exige uma resposta que talvez o time não tenha condições de dar em função do futebol que vem apresentando, o que pode gerar um ambiente de tensão acima da média de outros clássicos.

O terceiro, e o mais importante: para equilibrar o jogo o Inter talvez tente se impor à força, incentivado e amparado por sua torcida e sob os olhos de um juiz titubeante disciplinarmente. Um juiz que precisará de pulso firme para neutralizar as tentativas de D’Alessandro se apossar do apito. Um juiz que terá de ficar atento às tentativas do time mais fraco no momento de equilibrar o jogo cavando expulsão desde os primeiros movimentos.

Como já dizia Newton, “toda ação provoca uma reação de igual ou maior intensidade, mesma direção e em sentido contrário”.

Enfim, de um lado um time sereno, com um treinador comedido; de outro, um time que joga sob a desconfiança de sua própria torcida e sob comando de um treinador, digamos, explosivo, com o agravante de estar sob forte pressão. 

Espero estar errado e que o Gre-Nal transcorra dentro da normalidade. Se isso acontecer, ganha o Grêmio.

 

O Gre-Nal e o cuidado com as palavras

O Grêmio bateu o Fluminense por 1 a 0 com toda a justiça. O Inter, como se previa, penou em Chapecó e, também com justiça, foi batido por 1 a 0.

Não assisti aos jogos porque, pra variar, fiquei sem energia elétrica em função da chuva forte que castigou Porto Alegre mais uma vez.

Vi os compactos. Pela amostragem, fica clara a superioridade gremista. O mesmo em relação à Chapecoense, com direito a um showzinho extra do D’Alessandro.

O argentino, aparentemente, se esforçou para ser expulso e ficar fora do Gre-Nal.  O discurso do ‘vestiário fechado’ não pode ser aplicado a esse Inter, que chega aos frangalhos para o clássico de domingo.

Muito diferente do Grêmio. O time de Roger, que renovou contrato por dois anos – outra medida acertada do presidente Romildo Bolzan -,  vai para o Gre-Nal como favorito, apesar do fator local e de todas as dificuldades que as forças públicas impõem à torcida tricolor para ter acesso ao estádio.

É jogo para somar três pontos, mas sempre respeitando o adversário. Afinal, Gre-Nal é Gre-Nal, e vice-versa. Tudo pode acontecer.

Por exemplo, Vitinho, que errou todos os chutes na Arena Condá, pode acertar um logo de saída, e aí a situação complica.

Respeito ao rival, seja qual for, é o primeiro passo para vencer.

Agora, o presidente Romildo não precisava dizer que assina embaixo por um empate. Sei, é um discurso politicamente correto, e não tenho dúvida de que o Grêmio vai jogar para vencer. É preciso aproveitar este momento ruim do colorado.

Os gremistas, a bem da verdade, esperam outra goleada, sonham com isso. Os colorados temem o pior. 

Por isso, repercute mal em boa parte da torcida essa ‘humildade’ do presidente gremista, sugerindo que ficaria feliz com um empate.

Não ficaria, não. Romildo é torcedor e também quer a vitória na casa vermelha.

Mas, acima de torcedor, ele é o presidente do clube. Qualquer frase mal posta no sentido de enaltecer o favoritismo do Grêmio dará munição a certos setores, que saberão tirar proveito de alguma escorregada verbal do presidente para incendiar o vestiário rival e inflamar a torcida ‘red’, criando um clima ainda mais belicoso.

Este é um momento em que as palavras devem ser bem pesadas antes de lançadas ao ar.

Afinal, não existe maior grenalização do que o próprio Gre-Nal.

FRED

Fred quase fez outro gol de cabeça no Grêmio, dentro da Arena. Seria o segundo em dois jogos seguidos. A bola bateu na trave. Foi talvez o único susto que a torcida sofreu no jogo.

Destaco esse lance porque vi um absurdo: Ramiro marcando Fred. Sim, o gremista mais próximo de Fred nesse lance era o Pequeno Grande Volante, que Roger chama de Pequeno Gigante.

De todos os jogadores do Grêmio o único que decididamente não está apto a disputar bola pelo alto com Fred é Ramiro.

 

O técnico da casa e a influência dos velhos amigos

O problema de ser um técnico da casa é o número de pessoas que se acha no direito de telefonar a todo instante pra sugerir escalações, esquemas de jogo e dar dicas sobre isso ou aquilo.

Foi o caso de Felipão recentemente, em seu retorno ao Grêmio. Não tenho dados objetivos, mas imagino que os canais auditivos de Felipão ficaram congestionados durante o curto período de sua passagem. E não duvido que isso até traga algum benefício, mas estou convencido que atrapalha mais que ajuda.

Na China, sem ninguém de fora pra palpitar, Felipão está feliz, ele e seu fiel escudeiro, o Murtosa. Sem ninguém pra incomodar, eles foram campeões. Mas não duvido também que alguém aqui da aldeia não mantenha contato seguidamente para sugerir alguma contratação.

São pessoas que se acham no direito de se meter na vida dos outros. É como aquele cunhado indigesto e inconveniente que quase todos nós temos.

Depois de Felipão, temos agora o Roger.

 

Só imagino o que deve ter de gente buzinando em seu ouvido desde que ele foi contratado para o desafio de sua vida pós-jogador.

Quando pensou por sua própria cabeça, Roger armou um time competitivo a partir de uma base deteriorada emocionalmente e sem grandes individualidades realmente afirmadas e inquestionáveis.

O time de Roger cresceu, mas a falta de perícia nas conclusões acabou assanhando uns e outros. Foi aí que os ‘amigos do prata da casa’ começaram a fazer valer os seus direitos de velhos conhecidos dos tempos do Olímpico.

A todo instante tinha alguém para sugerir ou cobrar a presença de um centroavante, um sujeito alto e espadaúdo para resolver o problema da falta de gols, e dos gols perdidos porque o time não tinha um camisa 9 de carteirinha.

Confesso que eu mesmo cobrei uma solução para essa deficiência do time, sugerindo principalmente mais treinamentos de chute a gol.

Nunca, porém, defendi mudança de esquema com a entrada de um centroavante ‘aipim’. Gosto de um time com muita mobilidade, com os jogadores se deslocando, atacante e defendendo, desmanchando os losangos, os triângulos e os quadrados. Claro, tudo dentro de uma lógica, de uma organização e de uma orientação superior, a vinda do treinador, de preferência sem interferência dos velhos amigos.

Aí, de tanta insistência veio o Bobô. Uma boa opção para o segundo tempo, nada além disso. Poderia ser pior, porque havia a ameaça de Leandrão ser contratado como solução para o ataque gremista. 

O problema é que Bobô, talvez por interferência externa, acabou titular. Fosse um Ricardo Oliveira valeria a pena mudar o esquema. Roger embarcou nessa canoa furada e o Grêmio afundou no segundo turno do Brasileirão.

O velho esquema está sendo retomado.

Desconfio que o técnico Dunga andou padecendo do mesmo mal. Deixou Douglas Costa, grande destaque do futebol europeu no momento, no banco de um aipim, um aipim tido exportação, mas um aipim. Se deu mal.

Dunga recuou rapidamente e já no jogo seguinte, em Salvador, iniciou com o eterno gremista Douglas Costa.

Foi o nome do jogo. Salvou Dunga da degola.  

Fim do aipim no Grêmio e pelo jeito também na seleção, pelo menos desde o início.

AIPIM ARGENTINO

Por falar em aipim, tiro o meu chapéu para o Barcos. É um grande marqueteiro. Seu nome aparece no noticiário da mídia gaúcha quase todos os dias.

O que me parece uma campanha para colocá-lo de volta no Grêmio.

Só que me faltava, um aipim argentino.

Falta de jogos, excesso de boatos

Dez dias sem jogo da dupla é um perigo. 

É o período em que os repórteres saem à cata de notícias e, quando não as encontram, improvisam. Exercitam a criatividade.

Escrevo com autoridade. Já passei por isso.   

Assim como surgiu a ‘informação’ de que o São Paulo estaria interessado no técnico Roger, do nada brotou a ‘informação’ de que mais três casos de doping seriam revelados nos próximos dias.

As duas ‘informações’ têm algum fundamento. Por isso, prosperam. Principalmente a que envolve Roger, já que o clube paulista ficou sem treinador.

A outra já é mais delicada. As pessoas pisam em ovos para falar sobre o assunto, mas algumas sempre que o fazem lembram o ineditismo de três casos de doping em duas semanas envolvendo o mesmo clube e as mesmas substâncias. 

Em cima dessa informação, surgiu outra de que o Vasco da Gama acompanha muito de perto esse episódio. Entraria como parte interessada no processo. Mas essa é outra ‘informação’ mais próxima de boato do que de um fato.

Já o caso de Roger é de dar vergonha. O blog cornetadorw publicou um tuíter em que é mencionado que um setorista do São Paulo desmentiu a ‘notícia’ e ainda acrescentou que ela partiu da imprensa gaudéria.

É o tipo de coisa que só serve para tumultuar. E, claro, preencher vazios no noticiário esportivo.

Em cima do boato, o fato: o SP quer Cuca. Segunda opção: Paulo Autuori.

É isso: muitos dias sem jogos de Grêmio e Inter atiçam a imaginação.  

MAZEMBE DAY

Vem aí o Mazembe Day, 5 anos.

Reserve já suas Mazembier e Kidiaba.

Fair play, doping e a ética relativa

Os jogadores Nilton e Wellington Martins foram flagrados no antidoping. Suspensão preventiva para os dois.

O Inter sai ileso, é a legislação. Se a legislação tem furos em outras áreas, sendo por demais permissiva e por de menos punitiva, por que no futebol seria diferente?

O que fica é mais um episódio chamuscando a imagem colorada, ao menos no resto do país. Aqui, como já aconteceu com o caso do fair play pisoteado por Argel contra a Ponte Preta, tudo é muito relativo, e a imagem do Inter segue intacta.

Estarrecido, ouvi defesas candentes, apaixonadas, da atitude de Argel e de seus comandados. 

Fico imaginando um lance parecido acontecendo no Gre-Nal. Imagino o técnico Roger, suspeitando que o jogador colorado está fingindo pra ganhar tempo ou anular uma jogada de contra-ataque (também tem isso), imitar Argel e mandar o time não devolver a bola e partir ao ataque.

Seria muito divertido ouvir esses mesmos sujeitos – profissionais sérios e respeitados – analisando o lance. Seria outra abordagem, sem dúvida.

Há um texto sobre o assunto muito interessante e didático, de autoria do sociólogo Peter Berger, que, se vivesse na terra da grenalização, teria material farto para muitos outros artigos:

A relatividade da Ética

 
O sociólogo Peter Berger escreveu um livrinho delicioso chamado de “Introdução à Sociologia”.

Um dos seus capítulos tem um título estranho: “Como trapacear e se manter ético ao mesmo tempo”.

Estranho à primeira vista, porque logo se percebe que, na política, é de suma importância juntar ética e trapaça.

Para explicar, ele conta uma causo:

“Havia uma igreja batista numa pequena cidade dos Estados Unidos,não maior do que o Bairro Manejo. Os batistas, como se sabe, são um ramo do cristianismo muito rigoroso nos seus princípios éticos.

Havia na mesma cidade uma fábrica de cerveja que, para a igreja batista, era a casa de Satanás fedorento.

O pastor não poupava a fábrica de cerveja nas suas pregações.

Aconteceu, entretanto, que, por razões pouco esclarecidas, a fábrica de cerveja fez uma doação de 500 mil dólares para a dita igreja.

Foi um auê celestial!

Os membros mais ortodoxos da igreja foram unânimes em denunciar aquela quantia como dinheiro do Diabo e que não poderia ser aceito.

Mas, passada a exaltação dos primeiros dias, acalmados os ânimos, os mais ponderados começaram a analisar os benefícios que aquele dinheiro poderia trazer: uma pintura nova para a igreja, um órgão de tubos, jardins mais bonitos, um salão social para festas, uma piscina para os batizados.

Reuniu-se então a igreja em assembléia para a tomada de uma decisão democrática e cristã.

Depois de muita discussão registrou-se a seguinte decisão no livro de atas:

“A Igreja Batista Betel resolve aceitar a oferta de 500 mil dólares feita pela Cervejaria na firme convicção de que o Diabo ficará furioso quando souber que o seu dinheiro será usado para a glória de Deus.”