Derrota, mais que goleada, ensina muita coisa

Sempre se pode tirar proveito de um resultado negativo, como foi esse diante do Inter no Beira-Rio. Nem tanto pelo resultado em si, mas principalmente pelo desempenho do time.

O time titular do Grêmio caiu diante do mistão colorado.

Pelo retrospecto recente, era jogo para o Grêmio vencer, não com outra goleada porque os 5 a 0 são tão atípicos quanto os 6 a 1 dos reservas do Corinthians sobre o São Paulo – quem gosta de campeonato de pontos corridos pode festejar esse final deprimente, sem empolgação.

A emoção se reduz a disputa por vaga para isso ou aquilo, já que o título mais uma vez foi decidido a muitas rodadas antes do fim.

O Grêmio jogou mal. Foi um pouco do Grêmio empolgante que a gente viu neste Brasileirão só depois dos 30 ou 35 minutos do segundo tempo. 

Até ali o time foi, digamos, comandado por Douglas. Bem, Douglas não acertou um cruzamento decente nos escanteios e faltas. O que não é nenhuma novidade. A tal metida que deixa o companheiro na cara do goleiro não aconteceu.

Desculpe, aconteceu sim. Foi do Maxi Rodriguez, que deixou o aipim argentino em condições de marcar, mas o chute parou nas mãos do goleiro colorado. Sem dificuldade. 

Maxi me parece um jogador doente, fraco, mas penso que ele poderia ter entrado antes no jogo. No lugar de Douglas. Roger optou por Bobô. 

E é por aí que eu começo a mostrar que um resultado negativo dessa magnitude tem aspectos positivos.

Por exemplo, mostrar quem deve continuar no clube em 2016. Bobô pode seguir em frente. Parece que Tite andou interessado nele. Tite é mágico, talvez consiga transformar Bobô num goleador. 

Além de Bobô há muitos outros. Douglas é um deles. Poderia ser reserva, mas é um risco deixar um jogador como ele no banco.

É claro que não podemos basear essa limpa apenas na atuação deste domingo. Tem o conjunto da obra. A média das atuações. 

Erazo, que eu gosto, falhou no gol colorado, na grande jogada de Dourado pela direita. Ele dividiu com elegância, porque ele é elegante e o jeito de jogar do time comandado por Roger é assim, elegante. Dificilmente dá chutão. Tem ganhar a disputa na técnica e sair jogando com qualidade, bola rente ao gramado. A gente sabe que isso não funciona sempre, principalmente na Libertadores.

Erazo só pode ficar se entender que em Gre-Nal é proibido ser elegante o tempo todo.

Gosto desse estilo implantado por Roger, de muito toque de bola, deslocamentos, é bonito, mas quando o adversário marca os jogadores mais criativos a coisa complica. Por isso que de vez em quando uma bola longa ou um chutão pode cair bem.

Douglas, sabemos, sucumbiu. Luan, idem. Mas Luan ainda teve alguns lampejos apesar da forte marcação, inclusive com sequência de faltas. Douglas, salvo engano, não sofreu falta. Não precisou. 

O melhor do time foi Wallace, inclusive pela entrada forte no argentino provocador ainda no primeiro tempo. Em bom nível o Geromel. Giuliano entrou no jogo apenas no segundo tempo. Roger precisa rever essa ideia de deixar Giuliano tipo um ponta direita. Ele cresce quando começa a aparecer pelo meio, mas isso só acontece quando Douglas sai.

Derrota em Gre-Nal ensina muita coisa. Começa por mostrar que a realidade não é nem nunca foi aquela goleada de 5 a 0.

Agora, se o Grêmio entrasse realmente determinado a vencer, sem pensar no pontinho fora que garantia a classificação, acredito que as coisas teriam sido diferentes. 

Por fim, o Grêmio mais uma vez dando uma mãozinha para o Inter disputar a Libertadores. 

ARGEL

Argel tratou de anular a criação do Grêmio. Conseguiu. Houve algumas pancadas, mas o Grêmio também bateu.

O juiz foi bem. Ouvi o Márcio Chagas pedindo cartão amarelo desde o começo para o jogo não fugir do controle. Casualmente, para jogadores do Grêmio que deram duas ou tres entradas mais fortes no início. Mas nada para cartão amarelo. 

É a mentalidade do técnico gaúcho, assustado com o clássico.

Ricardo Ribeiro foi comedido nos cartões e controlou o jogo. Simples.

Juiz de fora sempre. Até no Gauchão, se for possível.