Noite de apagões de Grêmio e Inter

O vestiário gremista responsabilizou o juiz pela derrota diante do Corinthians. Exagero. Choro de perdedor.

O juiz marcou um pênalti de Adilson sobre Emerson. Se fosse na zaga do Corinthians ele marcaria? O fato é que a meu ver houve infração. Adilson jogou seu corpo sobre o atacante. Foi uma bobagem, mas na hora o defensor quer mais é neutralizar o adversário que se projeta em direção a bola.

No Gre-Nal, Índio fez isso de forma escandalosa sobre Saimon e o juiz deixou passar.

Com a vantagem, o Corinthians ficou mais tranquilo. O Grêmio começou a reagir. Criou duas ou três situações de gol, a melhor delas com Escudero.

Até que Douglas marcou um golaço de falta. aliás, Douglas foi muito bem. Mais interessado, tocando a bola, virando o jogo e quase não errando passes.

No segundo tempo, o Grêmio foi superior. O juiz, depois da mãozinha para o queridinho, acabou ajudando o Grêmio ao expulsar dois jogadores do adversário, o segundo de maneira curiosa e rara. O sujeito fazia cera para deixar o gramado. O juiz se irritou e o expulsou. Acho que isso vai custar um gancho a esse juiz.

Mas antes de ficar com nove jogadores em campo, o time do Tite marcou duas vezes, em vaciladas na defesa.

O Grêmio teve uns dez minutos para reagir. André Lima empatou de cabeça, pegando uma bola desviada por Ed Carlos.

Brandão e Leandro haviam entrado, saindo Marquinhos, com mínima contribuição, e Escudero, porque mais atrapalhava do que ajudava. Não adiantou muita coisa.

O Grêmio não teve tranquilidade nem capacidade técnica para buscar o empate.

Considerações finais: Adilson de lateral direito só quando não tiver mais ninguém. Roth não confiou no guri Spessato. Deve ter suas razões.

Mário Fernandes fez muita falta. Com ele, o time teria mais qualidade ofensiva para aproveitar o domínio do segundo tempo.

Agora, depender de André Lima e Brandão pra virar um jogo é triste. Leandro visivelmente está confuso: não sabe se é atacante, volante ou goleiro. Se ele cortar o cabelo talvez pare de pensar que é o Neymar e volte a ser o Leandro.

Gostei muito do Júlio César. Vai ao fundo e cruza bem. Mais entrosado vai ser muito útil.

Gostei também do Grêmio de um modo geral, da personalidade. Parece mais confiante e seguro. Já não temo o rebaixamento.

Por fim, o juiz contribuiu para a derrota ao marcar o pênalti. Mas o Grêmio teve tempo para reagir, principalmente quando ficou uns 10 minutos pelo menos com dois jogadores a mais em campo. O juiz deu apenas 3 minutos de acréscimo. O certo seria uns 5 ou 6. Mas com esse ataque o Grêmio dificilmente faria um terceiro gol.

A cota já estava estourada.

DO CÉU PARA O INFERNO

Ceder o empate depois de estar vencendo por 3 a 0, levando três gols em apenas dez minutos é uma proeza.

Uma façanha que merece um DVD.

O Inter atropelava o Santos no Beira-Rio por 3 a 0. A torcida festejava. Até o contestado lateral Nei recebia aplausos. Aí, um apagão semelhante ao que aconteceu com a defesa do Grêmio fez o Inter mergulhar na escuridão.

Nem o espiritismo explica o que houve, mas Alan Kardek, ex-Inter, marcou o seu, e Borges marcou duas vezes, calando por momentos a torcida, que logo explodiu em vaia.

Prova de que no futebol o inferno e o céu estão muito próximos.

Já o Borges justificou plenamente os 100 mil reais que o Grêmio lhe paga para fazer gols pelo Santos.

Cofrinho da informação e a Geral

Nunca tive vocação para ‘cofrinho da informação’.

Lembro-me que no início do ano, participando do programa do Reche na Ulbra, o Cadeira Cativa, obtive do então vice de futebol colorado Roberto Siegman, durante o intervalo, que ele chegou a tentar a contratação de Jonas, e lamentava ter chegado tarde para fechar o negócio.

Recomeçou o programa e, nos poucos segundos em que o Reche me concede a palavra, eu revelei o que Siegman, o fiel amigo do Tobias, havia dito minutos antes sem pedir segredo. Se tivesse pedido eu respeitaria.

Pra que? O homem ficou vermelho, me fuzilou com os olhos, mas manteve a calma.

– E eu que pensava que as coisas ditas nos intervalos não vão ao ar – disparou ele, sugerindo que eu tinha faltado com a ética.

Mais do que depressa devolvi, sorrindo:

– Sr. Siegman, eu não sou cofrinho da informação.

Ficou por isso mesmo. Estivemos juntos em outros programas e tudo bem.

Todo esse ‘nariz de cera’ só pra dizer que vou revelar agora o que está acontecendo com Miralles. Li o noticiário do Grêmio na internet e constatei que o assunto é um mistério. Nenhum setorista sabe o que está acontecendo.  Existem alguns boatos. Um deles é de que o grupo de jogadores não suporta o argentino. Isso até pode ser também, mas é consequencia de seu comportamento.

Hoje, o PROFESSOR Celso Roth (SIM, me rendi momentaneamente) declarou ao ser indagado por que da ausência dos dois na viagem para SP:

– Eles não viajam por uma opção técnica. Opção técnica e falta de participação. Eles precisam melhorar em todos os sentidos para reconquistarem o espaço.

Bem, Miralles caiu em desgraça porque simplesmente só quer treinar com bola, detesta treino físico. Ele alega que no Chile só treinava com bola.

É claro que Paixão e Roth não deixariam isso passar assim em branco.

Portanto, enquanto não entrar na linha, Miralles fica fora dos planos.

A questão é: continua recebendo o salário integral?

SAIDEIRA

A torcida Geral do Grêmio é invejada pelos outros clubes, em especial por um aqui muito próximo. A Geral consegue incendiar o time e contagiar os outros torcedores. Este é o aspecto positivo. Tem o outro lado: e este é desprezível, condenável. O que aconteceu no Gre-Nal domingo não pode mesmo ficar sem punição. Esta de querer tirar os colegas detidos da sala judiciária no estádio é coisa de bandido, marginal. Acima de tudo uma ação burra.

Com isso, conseguiram dar mais munição aos seus críticos, boa parte deles na imprensa e quase todos colorados. Eles estão vibrando com a punição imposta aos brigões e também com a suspensão por três meses da entrada de instrumentos, bandeiras, etc.

A continuar assim, a Geral será extinta. Meia dúzia de desordeiros pode colocar abaixo, como a avalanche, um dos maiores trunfos do Grêmio nos jogos, uma marca registrada.

Quando isso acontecer, e vai acontecer a seguir nesse ritmo, haverá foguetório em Porto Alegre e vibração nas redações.

Penso que a direção do Grêmio deveria agir mais forte para preservar a Geral, que já é um patrimônio do clube.

Poderia começar com a retirada (ou redução) de privilégios e a proibição por longo tempo da entrada desses ‘torcedores’ que mais comprometem a imagem da torcida, e do clube, do que realmente torcem de maneira saudável.

Gre-Nal pra arrumar a casa azul

A frase é antiga, bolorenta, tem cheiro de naftalina, mas segue muito atual:

‘Nada como um Gre-Nal pra arrumar a casa.’

Ainda é cedo pra concluir que a vitória por 2 a 1 do humilhado patinho feio sobre o garboso cisne vai mesmo ajeitar o time gremista, mas o primeiro passo nesse sentido foi dado. E foi um passo firme, determinado.

Não fosse a arbitragem o Inter poderia ter saído do Olímpico levando na bagagem um saco de gols. Quem diria? O atual campeão gaúcho e bicampeão da  Recopa escapou de uma goleada com ajuda da arbitragem.

Eu diria que o árbitro foi o maior adversário do Grêmio.

A dupla de vovôs da área, Bolívar e Índio, costumam fazer faltas dentro da área, normalmente jogando o corpo sobre o adversário e com ele se enrolando de modo a passar para o árbitro que foi um choque, uma disputa de corpo, enfim, um lance casual.

Índio precisou cometer dois pênaltis para que o juiz marcasse um deles, o último. E aqui um aparte: Roth foi esperto ao escalar um jogador ágil e veloz como Escudero. A dupla de zaga do Inter tem dificuldade para marcar jogadores rápidos. Índio vacilou e quando viu o argentino passava ao seu lado com um raio.

Provavelmente Escudero não faria o gol, porque não tem a frieza de um goleador, mas Índio, confiando no árbitro pusilâmine, resolveu não arriscar e enfiou o braço no jogador. Ah, Escudero foi bem no jogo, e merece ter continuidade como titular. Quem sabe eu não errei na minha avaliação e ele mostra que tem condições de jogar no time principal de um clube de ponta.

O fato é que o Grêmio mereceu a vitória. Como disse o técnico Dorival Jr no intervalo: o Inter veio pra jogar, e o Grêmio para decidir.

E foi isso mesmo. O Grêmio foi mais interessado, mais brigador. O Inter deve  ter sentido o desgaste emocional e físico da decisão do meio da semana. Sentiu também a falta de D’Alessandro. Mas um time que vinha sendo cantado em prosa e verso, já sonhando o título brasileiro, deveria passar por cima dessas coisas.

Elogio para Roth: eu pensei que ele começaria com 3 volantes. Entrou com dois. Posicionou bem a segunda linha do meio de campo com Marquinhos, Douglas e Escudero. Na frente, só André Lima.

Roth, tão criticado no Inter por gostar de um esquema assim, mostrou que dá pra ser feliz com um atacante de ofício, desde que o time tenha laterais que subam com alguma qualidade e meias que cheguem à frente.

Douglas e Marquinhos mostraram que podem jogar juntos. Os dois fizeram gols. O ataque mesmo continua devendo.

No Inter, Damião não foi o perigo todo que eu previa, e que quase todos previam. O Inter realmente sentiu a falta de uma bola mais trabalhada.

O Grêmio seu um passo rumo a um futuro melhor. Vamos ver se vai seguir na escalada.

Grêmio não tem obrigação de vencer

“O Grêmio tem a obrigação de vencer.” Esta é a frase que mais tenho lido e ouvido por aí, principalmente nos meios de comunicação.

É um peso enorme jogado sobre um time irregular, desentrosado, que está sendo formado em meio a um campeonato (repetindo erros do passados).

Aqui de trás da minha mesa no boteco eu declaro:

– O Grêmio NÃO tem obrigação de ganhar. Quem tem essa obrigação é o Inter, com seu time entrosado, suas estrelas e seu goleador admirável.

A obrigação dos jogadores é basicamente uma: dar tudo de si pela vitória, e mais um pouco. Jogar com raça, bravura, altivez, dignidade. Que honrem a camisa que vestem, a tradição e a grandeza do clube.

É essa a obrigação do Grêmio no clássico: jogar a morrer, orgulhando sua torcida. Se a vitória não acontecer, faz parte. O que não é aceitável é ver um só jogador que seja mostrando desinteresse, frouxidão, medo.

Cabe ao técnico Celso Roth e a sei mais quem dirigir-se aos jogadores dessa forma. Não cobrando ou exigindo vitória, mas empenho.

Entrar em campo obrigado a vencer um time forte como o do Inter é jogar um peso que esse time no momento não tem condições psicológicas de suportar.

O que a torcida quer, e ela quer a vitória, lógico, é ver um Grêmio digno, buscando o gol com valentia, nunca se intimidando dentro de sua própria casa.

O Grêmio pode até perder, faz parte do jogo, mas não pode nunca , se encolher perante sua torcida.

Já escrevi antes: nome por nome, no papel, na biografia, os dois times se equivalem. E isso já ficou demonstrado nos clássicos deste ano.

O Inter é o favorito. A obrigação de vencer é dele. Não do Grêmio.

Afinal, qualquer que seja o resultado, ainda há um longo caminho pela frente. Além de outro Gre-Nal.

Agora, que uma vitória neste domingo vai elevar a auto-estima gremista, que anda ao nível do rodapé ou do meio-fio da calçada, não resta a menor dúvida.

Já uma derrota dentro do Olímpico vai deixar tudo como está há muito tempo aqui por essas bandas: o Inter olhando o Grêmio de cima.

CONVOCAÇÃO

O texto a seguir é de Thiago Brum, do Blogremio, que reúne dezenas de abnegados blogueiros gremistas:

IrmãosTricolores:
Faz tempoque nosso clube vem cruzando um caminho tortuoso e desafiador. Não é novidadepara ninguém que muito já sofremos nas mãos de pessoas ora despreparadas, orairresponsáveis na hora de administrar nosso tão amado Grêmio. Atualmente,estamos apenas pagando o preço por isso.
No entanto,nós do BloGrêmio estamos mobilizados para este Grenal que acontecerá no próximodomingo no Olímpico. Queremos um Grêmio forte, aguerrido e bravo enfrentandocom gana e muita vontade nosso principal adversário histórico. Não, nãoqueremos botar panos quentes sobre a atual gestão, assim como não o fizemos coma gestão passada e não faremos com a futura. Queremos, SIM, chamar a torcida doGrêmio, a VERDADEIRA MAIOR TORCIDA DORIO GRANDE DO SUL, para empurrar o time rumo a uma importante vitória.Precisamos recuperar posições no Brasileirão e isso só ocorrerá quando nossos11 representantes em campo virem que estamos mobilizados e lutando junto com eles.
Se vocêquiser, faça seu protesto! Mostre sua inconformidade! Porém, durante os 90minutos que o time estiver na cancha peleando, que todo nosso grito seja deapoio ao time. Vamos mostrar a todos que nossa inconformidade maior é com qualquerresultado que não seja a VITÓRIA.
É hora denós torcedores sermos os protagonistas da reação do Grêmio. Vamos novamentemostrar aos nossos adversários que nossa torcida tem o poder de tornar nossotime imbatível dentro do Olímpico.
Venha com agente! Vamos lotar o Monumental! Vamos ajudar nosso Grêmio a se reerguer!Esqueçam por ora os dirigentes. Eles apenas ESTÃO dirigentes. Logo passarão. NósSOMOS Gremistas. Nós temos o poderde mudar! E que esta mudança comece neste domingo.
Pra cimadeles, Grêmio!

Damião e o favoritismo colorado

O Inter é o favorito. Bicampeão da Recopa, candidato ao título do Brasileiro, o Inter vai para o Gre-Nal de domingo como favorito.

Mas o Grêmio não é zebra, ao contrário do que pensa o presidente Odone, numa declaração que desvaloriza o time que ele próprio contribuiu para montar. Lamentável.

Pode despontar um favorito em qualquer Gre-Nal, mas o rival nunca será zebra.

Zebra, por exemplo, era o Mazembe, um pequeno clube oriundo do ‘poderoso’ futebol africano, responsável pela felicidade gremista no final do ano passado.

No Gre-Nal, como em qualquer jogo de futebol, nem sempre vence o melhor. É um jogo apenas,são 90 minutos, nos quais uma bola lançada na área de forma despretensiosa pode determinar o vitorioso.

O Inter está melhor, e isso, de maneira abrangente, já há meia dúzia de anos, pelo menos. Oito títulos internacionais desde 2006 comprovam a supremacia vermelha no Rio Grande do Sul.

Pontualmente, o Inter também está melhor. Tem tudo para vencer o clássico, especialmente porque vive um momento de tranquilidade e com elevada auto-confiança, muito diferente do Grêmio.

Tempos atrás escrevi que a diferença principal e decisiva entre os dois clubes se deve a apenas um jogador: Leandro Damião. Cada vez mais isso é confirmado, consolidado.

Escrevi, também, e alguns botequeiros devem lembrar, que o Gre-Nal começa com 1 a 0 para o Inter. Damião sempre faz o seu. Tem sido assim. E não vejo como isso possa mudar neste domingo. Só há uma maneira: Damião não entrar em campo ou se lesionar logo no começo.

Assim, o jogo começa com 1 a 0.

Portanto, o Grêmio já sai correndo atrás. Cabe ao técnico Celso Roth transmitir serenidade ao time para buscar o empate e tentar a virada. Com ajuda da torcida isso é possível. Mas o torcedor precisa ser paciente, compreensivo. Aceitar a ruindade e o nervosismo de uns e outros. Cobrar apenas muito empenho, nunca qualidade.

Já é um bom começo: aceitar que o outro é superior como equipe. Repito, como equipe.

Individualmente, nome por nome, há uma certa paridade, um equilibrio. O problema é que numa posição crucial, a de centroavante, a diferença é brutal, um abismo.

Damião é infinitamente superior aos jogadores que o Grêmio conta para o ataque.

Mas como o Grêmio pode enfrentar esse time mais ajustado e entrosado e que tem Leandro Damião?

Só vejo uma maneira: jogar com três zagueiros. Os três em cima do Damião. Está bem, dois podem ser suficientes.

Vilson, Gilberto Silva e Ed Carlos (tem nome de cantor da Jovem Guarda): esta é a zaga.

Na laterais, Mário Fernandes e Bruno Colaço (dizem que os clubes italianos o comparam a Roberto Carlos, incrível).

No meio: Fernando, FR e Douglas.

Na frente, Miralles e um dos dois grandalhões, é só jogar a camisa pro alto.

Leandro fica para o segundo tempo pra pegar os velhinhos da zaga mais cansados.

Viram como é fácil? Nem precisa treino secreto.

Agora, não esquecendo: o Inter começa com 1 a 0, porque Damião vai fazer o seu. A não ser que

saia da campo mais cedo, muito cedo.

Arena, ISL e o sapão enterrado

Enquanto o Inter disputa mais um título continental e se mantém credenciado a brigar pelo título do Brasileirão, o Grêmio vive uma crise que parece interminável. Uma crise interrompida nos últimos 15 anos por alguns períodos, breves, de calmaria e vitórias. Foram poucos, mas bons.

Como se não bastasse a fase ruim do time, que repete o ano passado só que agora não tem mais um Renato pra salvar, tem essa história do aditivo na obra da Arena. Seria um acréscimo de R$ 100 milhões no mínimo.

Vocês já perceberam que onde tem empreiteira tem aditivos, aumento brutal em orçamentos, etc?

A proposta do aditivo será conhecida e votada pelos conselheiros do Grêmio na segunda-feira, dia 29.

Sim, eu escrevi ‘conhecida e votada’. Os conselheiros não conhecem a proposta que vão votar. Quem teve acesso são os integrantes de comissões. O voto será, portanto, baseado no parecer das comissões.

Adalberto Preis, que comandou a Grêmio Empreendimentos até o ano passado, pautando sua conduta pela transparência, deu entrevista à Rádio Guaíba ontem à noite, dia 22, na qual revela que havia recebido o documento principal da proposta, mas não seus anexos. Diante disso, não tinha condições de tomar uma posição sobre o tema.

Por que não liberam toda a papelada para um sujeito como o Preis? Um sujeito habilitado a verificar se o negócio é mesmo bom para o clube.

O assunto é sério demais para ser tratado dessa forma, com um grupo restrito de pessoas tendo nas mãos praticamente o futuro do Grêmio.

Sou a favor de que toda a documentação seja disponibilizada para os conselheiros e também para os sócios. Sabemos que existem muitos sócios amplamente capazes de fazer uma exame criterioso, profundo e isento de conotação política da proposta. Pessoas que não têm qualquer vínculo com esse pessoal que se reveza no poder há anos com esses resultados pífios e altamente danosos.

Sou a favor de que o presidente e seus companheiros de diretoria convoquem uma entrevista coletiva para esclarecer detalhes do aditivo, acabando com a boataria e calando aqueles que se alimentam da falta de transparência para espalhar informações que tumultuam ainda mais o clube.

Como se não bastasse a questão da Arena, o Conselho Deliberativo debate no próximo dia primeiro o rumoroso caso dos ‘cheques da ISL’. Como se sabe, tem gente graúda envolvida.

Ainda hoje o Grêmio paga contas daquele período.

A ISL é um fantasma que segue atormentando o clube. A impressão que tenho é que a crise do Grêmio só irá terminar com a punição dos responsáveis por aquela aventura. 

É como se fosse um sapo enterrado no Olímpico. Um sapão.

Inter festeja, Grêmio chora e RG ri

O Inter fazia um jogo de seis pontos contra o Flamengo. Empatou e saiu de campo comemorando. Se Guinazu não tivesse sido expulso, de maneira infantil é preciso ressaltar, o Inter talvez tivesse vencido e hoje estaria em melhores condições de brigar até pelo título. Ninguém culpou o volante argentino, até porque havia um curioso clima de euforia no Beira-Rio. Ninguém parecia preocupado em encontrar culpados.

Já o Grêmio voltou a perder, mantendo a rotina deste ano, entra treinador, sai treinador. E isso significa que o problema é o time.

Ao perder, ouvi comandantes gremistas responsabilizando o Rafael Marques. Se o zagueiro não tivesse levado cartão vermelho a poucos minutos do final o Grêmio teria garantido o que? Uma vitória? Longe disso. Um empate. Rafael Marques foi culpado, segundo ouvi das profundezas da sepultura, digo, do vestiário tricolor, por ter impedido o empate glorioso contra o estupendo time do Atlético Goianiense, cuja folha salarial é 15% da gremista.

Rafael Marques cometeu uma falta na intermediária do ataque goiano na tentativa de evitar um perigoso contra-ataque. Um falta justificável. Diferente da infração do Guinazu, que levou o segundo amarelo por simular falta dentro da área para faturar pênalti.

Ninguém culpou o argentino. Já o Rafael Marques foi condenado às labaredas do inferno.

Uma desculpa ridícula e covarde para outro fracasso gremista no campeonato. Querem ofuscar o fato de que o Grêmio, ao longo dos 90 minutos, teve apenas uma chance clara de gol. Uma metida, uma não, a única metida do Douglas no jogo, que deixou o Miralles livre para marcar. Miralles, que nunca foi goleador e nunca será, chutou desviado.

Então, em vez de se discutir o principal, que é a incompetência ofensiva do time, se prefere culpar um zagueiro. Pelo futebol do time, arrisco dizer que o Grêmio perderia mesmo se continuasse com onze em campo.

O Grêmio está mal. É preciso admitir que Celso Roth fechou a peneira defensiva. Os adversários já não criam tantas chances de gol. Mas a que preço?

A impotência ofensiva do time aumentou com a chegada do Roth. O dilema do treinador é continuar com uma defesa mais sólida, mas ainda distante da ideal, e ao mesmo tempo ser mais efetivo e criativo na frente. É um problema difícil, porque falta qualidade no ataque desde a saída de Jonas, conforme tenho repetido aqui como um disco vinil arranchado.

Se Roth não arrumar a casa, ou seja, dar mais equilibrio a esse time, o Grêmio corre mesmo o risco de cair.

INTER X RG

RG deixou o campo dizendo que sempre se deu bem no Beira-Rio, lembrando, é claro, o que fez pelo Grêmio no tempo em que era amado e idolatrado pela metade do Rio Grande do sul.

Quando RG ajeitou a bola para cobrar a falta, a TV mostrou seu rosto. Eu previ: ele vai bater no lado de fora da barreira. Não deu outra. Houve falta de um jogador do flamengo, que empurrou a barreira para a bola passar.Mas valeu o gol.

No final, Damião, sempre ele, fez um golaço e evitou a derrota colorada em pleno Beira-Rio diante de um concorrente direto pelo topo da tabela.

GRE-NAL

Roth entrou com três volantes ontem. Ele havia acenado com Marquinhos e douglas, mas, covarde, preferiu a retranca, como sempre. No Gre-Nal, deve ir com quatro volantes e dois goleiros.

Agora, falando sério, a suspensão de Adilson abre espaço para o guri Fernando, estrela da seleção sub-20 ao lado de Oscar, começar de titular.  É Fernando ao lado de FR e Gsilva. Douglas continua, claro. Roth talvez coloque mais um marcador e tire um atacante. É o Roth. Ele é assim, chegado numa retranca.

Homem Aranha, as jamantas e RG

Descobri que estou igual ao Celso Roth. Depois de um começo avassalador no Cartola, assumindo a ponta da tabela e permanecendo sempre no grupo da libertadores, o meu time, o Todo Poderoso Alfredo, despencou. Já estou ali encostado na zona de rebaixamento.

Mas, igual ao Roth, estou dando uma sacudida no time. A partir desta rodada vou escalar a tabela de classificação com a agilidade do Homem Aranha.

Roth está certo em mexer no time. Mas o que ele está fazendo faz parte da cartilha básica do futebol: colocar os melhores.

Gabriel, em forma e interessado, é um lateral de seleção, pelo menos de uma seleção como essa do Mano que não ganha de ninguém. Adilson de lateral foi uma improvisação forçada pelas circunstâncias. Roth não pode ser criticado por isso, nem ser chamado de inventor.

Tendo Gabriel ou Mário Fernandes…

Na esquerda, eu diria que até o pipoqueiro da esquina poderia ser observado, porque ali existe um vazio a ser preenchido. Bruno Colaço até poderia dar certo num time já estruturado, organizado e seguro de si, mas do jeito que está é preciso alguém que tome conta da posição com autoridade. Júlio César pode ser esse cara.

Marquinhos ao lado de Douglas é algo que sugeri aqui assim que o meia do Avaí foi contratado. Mas fui contestado, inclusive pelos treinadores que disseram que os dois são lentos e coisaital. Até acho que essa dupla não é a ideal, mas diante do que a casa dispõe penso que deve ser testada. Lúcio até quebra o galho. Escudero talvez rendesse mais como um segundo atacante, junto ao centroavante. Fora disso, banco de reservas nele.

Então, vale a tentativa Marquinhos/Douglas. Mas é preciso contratar um meia esquerda urgentemente. O que não descarta uma chance ao Pessali. Acho que um sangue novo, de gente criada no Olímpico, poderia ser um diferencial nesse momento em trevas e pânico.

Agora, André Lima e Brandão juntos me parece um desvario, um sinal de que o desespero está tomando conta também do treinador, o que é péssimo. Neste momento, quem tem direito de ficar desesperado é só o torcedor.

Os dois grandões juntos significa um acúmulo de truculência ofensiva. Duas jamantas sobrepostas. Se a escalação de dois cabeceadores significa que os laterais estarão liberados para apoiar, ir ao fundo e cruzar, ótimo. Mas se eu conheço bem o Roth, os laterais vão no máximo até a intermediária. E aí para que dois cabeceadores na área?

Não sei como está o Mithyuê, mas ele poderia ser uma alternativa ao Leandro. Se até Clementino entrou de novo, por que não o Mithyuê. Não sei como está o guri, mas pior do que esses que estão entrando no time ele não pode estar, não pode mesmo. E se está tão mal nos treinos que não mereça uma chance, que vá ciscar em outros gramados.

Sobre o Atlético Goianiense. O time goleou o festejado Flamengo. Vem de resultados surpreendentes. Mas é difícil controlar o salto alto depois de uma vitória como essa sobre o Flamengo, no Rio. Então, se o Grêmio não der espaço em seu campo de defesa (o time goiano gosta de um contra-ataque), e atacar com velocidade, liberando os alas, segurando os dois volantes, a vitória não é impossível.

Assim como o Todo Poderoso Alfredo vai reagir no Cartola a partir desta rodada, quem sabe não acontece o mesmo com o time do Roth?

Ou nós encarnamos o Homem Aranha ou afundamos todos juntos de vez.

RG

Dez anos depois, RG volta a jogar partida oficial em Porto Alegre.

Será protegido por 50 seguranças. Coisa de chefão do tráfico, ditadores sanguinários e por aí vai.

Voltar à cidade natal desse jeito deve ser muito chato. Pra que tanto cuidado, tanto medo?

Se é da torcida do Grêmio, bobagem.

RG não significa mais nada. Já despertou ódio e rancor.

Hoje, não desperta nem desprezo.

RG é apenas uma sombra na história do Grêmio.

O Sagu, Renato e Victor

 

No ano passado, dia 24 de agosto, escrevi o texto sobre minha sobremesa preferida (está mais abaixo), ‘inspirado’ pela crise técnica que atingia o Grêmio, que lutava para afastar o fantasma do rebaixamento. Renato Portaluppi recém havia chegado. Nove entre dez gremistas estavam em pânico. Eu me incluía entre os nove.

Optei, então, por um assunto mais ameno, mais saboroso. Repito a dose agora.

Enquanto sonho com um bom sagu, reflito sobre quanto é ruim estar nas mãos de Celso Roth.

E quanto mais eu penso sobre isso, mais sinto saudade do Renato. Quando ninguém mais acreditava, ele conseguiu fazer aquele time jogar. Não disseram que era impossível, por isso ele foi lá e fez.

Meses depois, Renato passou de herói a vilão. Ele pagou uma conta que era dos dirigentes. Boa parte dos torcedores foram na conversa de que era possível tirar mais do time, que Renato estava inventando (como não improvisar quando há falta de material humano?), que Renato era ofensivista, quase irresponsável.

Renato, como qualquer treinador, só mexe no time que está ganhando em função de lesão e suspensão. Infelizmente, neste ano o time nunca engrenou.

Renato foi embora. Veio Julinho, o bode na sala para preparar a volta de Celso Roth, conforme previ aqui. Com Roth, Pelaipe.

O time continua sem ataque, a defesa continua uma peneira (mas não era culpa do ofensivista Renato, como muita gente defendeu, inclusive o presidente do clube?) e o meio-campo não acerta o passo.

O Grêmio está de novo flertando com o rebaixamento à segunda divisão.

E agora já não tem Renato pra apagar o incêndio.

Renato está muito ocupado em salvar o Atlético Paranaense. 

Mas, quem sabe?

A arte de saborear e identificar um bom sagu

É preciso uma certa técnica em tudo na vida. É preciso arte, um tanto de requinte até para as coisas mais prosaicas, mais simples.

Até para comer sagu é necessário, fundamental, uma certa sutileza, apreço a detalhes que normalmente dispenso para qualquer outro tipo de alimento, salgado ou doce.

É que o sagu é a minha sobremesa preferida. Cheguei a essa conclusão depois de meio século de vida. Passei por outras preferências. Arroz de leite e pudim de leite condensado são dois exemplos. Já estiveram no topo. Hoje, é o sagu. Com creme de baunilha, claro.

O problema é que o sagu virou uma obsessão. Entro no restaurante e vou direto ver se tem sagu. Quase todos tem. A maioria, porém, é desprezível.

Só pela cor já percebo que o sagu é ruim. O creme precisa ser… cremoso. Nem muito consistente, nem muito líquido.

O sagu bom tem cor escura, cor de vinho tinto. Já vi até sagu de refresco de uva. Um acinte, uma agressão.

Depois de avaliar a cor, analiso a consistência. A parte líquida deve ser cremosa e as bolinhas firmes, mas macias. O sagu deve, obritatoriamente, exalar um aroma de vinho. Caso contrário, me afasto.

Um sagu bom é também sinalizador de um bufê de sobremesa de qualidade, o que é válido inclusive para o bufê de saladas e de pratos quentes. Um sagu ruim, obviamente, aponta para o oposto.

Quem fizer o teste verá que tenho razão. Sagu bom é sinal de refeição boa.

Para saborear devidamente o sagu que passou no teste visual e de olfato, é preciso saber servir-se de modo adequado.

Eu ensino: pegue o pote (não pode ser pires, de jeito nenhum), coloque sagu até quase em cima. Depois, uma colher de sopa, ou duas, de creme. Eu costumo afastar aquela película mais sólida que se forma na superfície do creme. Se não der, vai assim mesmo.

Agora vem o momento especial, o ápice, é como o atacante na cara do gol. É preciso jeitinho, uma técnica apurada para degustar o manjar que está à frente, indefeso como um goleiro diante do goleador.

Nesse momento eu sou o goleador.

É imperdoável misturar o sagu com o creme, dando voltinhas com a colher, como tem gente que faz com o prato feito.

Mergulhe a colher no sagu e depois no creme, nesta ordem. O creme não pode ocupar mais do que 30% da colher. Eu costumo ficar nos 20, 25 por cento.

Bem, aí chegou a hora de avaliar o sabor. Normalmente, seguindo os passos referidos, não haverá decepção.

Se tudo der certo, é só mandar ver e ir pra galera.

SAIDEIRA

Mano não convocou Victor. Ele agora não é mais goleiro de seleção. Pode ir para a reserva.

Pronto. Victor vai pro banco, Marcelo assume. Tudo vai mudar. A defesa vai afastar todas; o meio vai ser forte e criativo; e o ataque fará gols em profusão.

Ufa, que alívio! Assim, não precisarei mais escrever sobre sagu.

Acho que ainda podemos buscar uma vaga na Libertadores.

A vingança de Mancini

A vingança é um prato que se come frio. É o que pensei quando vi o Vágner Mancini à beira do campo saboreando os 3 a 0 sobre o Grêmio, um clube do Sul que um dia foi poderoso, impunha respeito e conquistava títulos de grande porte.

Mancini estava goleando o sujeito que o demitiu há três anos, o Paulo Pelaipe, e o técnico que o substituiu. Celso Roth.

Deve ter sido uma noitada de muito chá (e otras cositas más) na noite cearense, quem sabe com a voz de Fagner ao fundo cantando ‘as velas do Mucuripe’.

O Grêmio que levou três do Ceará (do Ceará, não do Barcelona) repetiu o que tem feito em toda essa temporada. Uma defesa vulnerável (antes diziam que o Renato Portaluppi era ofensivista e por isso o time tomava tanto gol); um meio de campo confuso, que não marca com eficiência e que tem dificuldade para armar jogadas ofensivas; e um ataque que, na verdade, não existe desde a saída de Jonas.

A goleada só não foi maior porque Victor evitou mais gols com defesas quase milagrosas. Ouvi o narrador e comentarista, gente que não é daqui, dizer que Victor foi o melhor jogador do Grêmio.

Já os colorados daqui e os gremistas desesperados culpam o Victor de todos os males. Desprezam coisas simples como o fato de o time ter criado apenas duas ou três situações claras de gol contra mais de uma dezena do adversário.

Victor não teve culpa alguma no primeiro gol, um chute lotérico e mágico. Depois, foi vítima de um zagueiro vacilão, que no meu tempo de guri em Lajeado a gente chamada de ‘moscão’.

Mas Victor é o grande culpado. Se isso os deixa felizes. Com Marcelo Grohe o time vai vencer todas e pode até ser campeão. Quando o time é ruim, quado Clementino entra pra resolver e, pior, ainda joga mais que o promissor Leandro, não tem goleiro que salve.

Time sem ataque, sem jogadores capazes de reter a bola na frente pra defesa respirar e sem capacidade para armar jogadas, é um time capenga. Vejo outros jogos, com outros times, e deparo com atacantes criativos, gols saindo com facilidade. No Grêmio, cada gol é um parto. Como é difícil o Grêmio criar jogadas e fazer gols!

O Grêmio até teve uma melhora no segundo tempo com Marquinhos e Clementino no lugar de Lúcio e Leandro.

Outra coisa: Adilson ou joga no meio ou fica no banco. Ele não tem flexibilidade para enfrentar atacante habilidoso no mano a mano na lateral. Quem jogar em cima dele acaba se sentindo um Garrincha, tamanha a facilidade com que o dribla. Fora isso, Adilson não tem qualidade técnica para atacar. Ruim na defesa, pior no apoio.

Roth terá muito trabalho para consertar o estrago feito por uma direção absolutamente incompetente para armar uma equipe com qualidade.

DAMIÃO

No Beira-Rio, o Inter penou, mas venceu. E isso é o que importa. Mais uma vez Leandro Damião. Muito tempo atrás escrevi que todos os problemas do Grêmio acabariam se tivesse um jogador com a qualidade de Damião. Admito que exagerei, porque Damião, ao contrário de André Lima, não sofre de solidão e de desamparo.

Dorival Jr estreou com vitória por 1 a sobre o Botafogo. Tem na mão um time com potencial para crescer e brigar até pelo título, algo que considero muito difícil, mas não impossível.

Já o Grêmio deve festejar se não cair pra segundona. Com Victor ou Marcelo, tanto faz. Isso não vai alterar nada. O time continuará sendo ruim.