O salário de Felipão e o desânimo de Abel

O que tem de gente preocupada com o salário do Felipão é impressionante.

Todos sabem que é uma remuneração elevada, como é a de todos os técnicos de ponta.

Se quiserem mesmo saber quanto ganha o Felipão é fácil. Descubram quanto ganha o Abel Braga.

No Fluminense, dizem, ele ganhava em torno de 1 milhão de reais. Há boatos de que seria até mais.

Simples. Felipão deve ganhar mais ou menos o que recebe Abel Braga.

Fora isso, o que tem de gente criticando que Felipão não vai a Salvador para o jogo contra o Vitória.

Outros cobraram que ele deveria estar em Porto Alegre treinando o time, assumindo logo o cargo de treinador.

Sobrou para o Jardine, o interino louco pra mostrar serviço.

Quer dizer, tem muita gente preocupada em encontrar alguma coisa para criticar Felipão, Koff, o Grêmio. Mais um pouco sobra para a família de quero-quero do Olímpico.

Escondam os bichinhos para que não virem ‘galinhada’.

A contratação de Felipão segue incomodando uns e outros.

Já eu estou mais preocupado com o Abel.

O que se cobrava de Enderson, e eu cobrava, vale para ABel. A diferença é que um tem currículo, o outro está começando.

O fato é que estamos ingressando em agosto, oitavo mês do ano, e o Inter hoje é um arremedo de time. Tão ou mais desorganizado que o Grêmio de Enderson.

Mas quase não se ouve ou se lê críticas a Abel.

Contudo, minha preocupação com Abel é o seu estado de ânimo. Ele está abatido, parece cansado.

Cansado de ganhar dinheiro, de treinar, dos problemas que existem no vestiário colorado e que não são devidamente explorados pela imprensa.

Não assisti ao jogo do Inter contra o Ceará, aliás, um vexame. Perder para o Ceará no mata-mata, dentro de casa, é vergonhoso.

Mas ouvi gente dizendo que até é bom porque daí dá para se dedicar à conquista da sul-americana.

O microfone e o papel aceitam tudo.

Vai conquistar o quê com esse time e com esse treinador desanimado?

Mas falava sobre o Abel pós-jogo contra o Ceará. Vi na TV. Era um abatimento só. Tenho certeza de que não era apenas em função do resultado desastroso, que muitos hoje tentaram amenizar.

Mas um abatimento sem indignação, era um Abel conformado, que admitiu que ficaria satisfeito se o jogo terminasse logo que o Inter empatou de tanto que temia levar outro gol. E o outro gol aconteceu.

Abel nunca foi disso. Sempre foi de erguer a voz e debater, questionar, protestar.

Certa vez até atacou um comentarista esportivo num bate-boca no ar. Coisa feia, baixou o nível.

Abel parece sem forças e sem vontade.

Pelo menos é isso que me passa.

É meio caminho andado para pedir as contas ou ser demitido.

Na hipótese de que Abel Braga venha a sair, vou cerrar fileira com aqueles que defendiam a contratação de Celso Roth ou Lisca para o lugar de Enderson no Grêmio, conforme lembra o cornetadorw.blogspot.com.

Estou junto: Roth ou Lisca no Inter.

Pimenta nos olhos dos outros…

Alívio…

Ilgo Wink + Felip~Felipão desembarca nesta quarta-feira já como treinador do Grêmio.

Com Felipão, renovam-se as esperanças da torcida gremista. Alguns poucos gremistas ainda resistem, ou por interesse político contrariado ou por algum ressentimento que só Freud talvez possa explicar.

Colorados de todos os segmentos tentam colar em Felipão o rótulo de superado e decadente.

Curioso que nenhum deles se manifestou assim antes da goleada diante da Alemanha. Até ali Felipão era o técnico ideal para levar o Brasil ao hexa.

Com Felipão ficam soterrados nomes como Roth, sempre lembrado pelos mesmos.

Demorou, mas o presidente Koff entrou em campo. Uma grande tacada técnica e política.

Vamos ver agora a resposta de Felipão.

De minha parte, o sentimento é de alívio, porque temia pelo que pudesse aparecer caso Felipão não aceitasse o convite para voltar ao clube do seu coração.

Sem Tite ou Felipão, quem sabe Adilson com Espinosa?

Tite teria respondido que não aceitar treinar o Grêmio. Se é verdade, ele está fora.

Resta Felipão. Não há registro de negativa de Felipão, portanto ele continua na lista.

Está na ponta de cima, mas ao contrário de Tite não é unanimidade.

E Felipão sabe disso, a não ser que tenha se abrigado em algum mosteiro para repensar sua vida.

Deve ser duro para o sujeito que até pouco tempo estava por cima perceber um índice significativo de rejeição por parte da torcida a qual deu tanta alegria duas décadas atrás.

Felipão, pelo jeito, se mantém em silêncio. Deve estar mordido por ser o segundo na parada de sucesso entre os gremistas.

Ele gostaria, claro, de ser aclamado, como seria em outros tempos.

Hoje, se Felipão responder sim, a maior parte da torcida vai festejar, mas já sem o mesmo entusiasmo. Outros vão insistir que ele está acabado ou, remoendo mágoas e rancores, criticar o tempo que ficou distante do clube que diz amar.

Eu receberia Felipão de braços abertos, feliz, empolgado até.

Mas não nego que prefiro Tite.

Felipão é a segunda opção. E isso deve estar mexendo com ele.

Saindo Tite, Felipão assume a liderança e talvez até se aproxime da unanimidade depois que a torcida se der conta dos nomes que restam.

Quando e se isso ocorrer, é capaz de Felipão aceitar.

Agora, a tarefa da direção é das mais espinhosas.

Só espero que o critério para contratação seja técnico, não político, sem preocupação eleitoral.

ESTRANGEIRO

Sou contra técnico estrangeiro neste momento. Para um começo de temporada, sim. Em meio a uma competição que reserva quatro vagas para o rebaixamento, nunca.

O argentino que treina o Palmeiras já perdeu três seguidas. Bateu o desespero lá.

O argentino está tentando montar uma equipe, trocando pneu com o carro andando.

O estrangeiro que viesse para o Grêmio agora faria o mesmo. Não tem como dar certo.

Bem, sempre tem o Renato Portaluppi de plantão para salvar de novo. Seria pela terceira vez.

CAPITÃO AMÉRICA

Entre os nomes que restam, penso que o Adilson Batista seria uma alternativa interessante.

Com ele, Valdir Espinosa como coordenador de futebol.

Adilson e Espinosa: dois vencedores identificados com o Grêmio.

Só dois nomes resolvem: Tite ou Felipão

Até que durou demais o técnico Enderson Moreira, que sequer deveria ter vindo.

Não é treinador para o tamanho do Grêmio, escrevi quando soube que ele havia sido contratado pela dupla Chitolina/Rui para comandar o Grêmio na Libertadores. Na Libertadores!!!!!

O técnico demitido do Inter B estava sendo alçado à primeira linha do futebol brasileiro.

Com o mês de agosto batendo a porta, o Grêmio ainda não tem nem um sistema de jogo nem um time definido.

O técnico Enderson Moreira tem responsabilidade, mas antes dele estão aqueles que o contrataram e o mantiveram por tanto tempo. Dois erros: a contratação e depois dos 4 a 1 no Gre-Nal a permanência.

O discurso de que é normal perder prevaleceu.

Perder nunca é normal para um clube grande como o Grêmio. Algumas pessoas não sabem disso, ou esqueceram disso.

O preço é esse: mais um ano sem título. Sequer um Gauchão para chamar de seu.

A derrota por 3 a 2 para o Coritiba veio em boa hora. Ainda há tempo de reverter a tendência de queda, represada por resultados bons em atuações medíocres.

Fosse mais adiante, seria tarde. Ou alguém acredita, realmente, que o sr. Enderson teria condições de conduzir o time a algum título nacional?

O grupo atual do Grêmio não é nada de espetacular, mas pode render mais. Mesmo sem uma sombra para Barcos, que marcou dois belos gols calando as vaias.

A direção gremista que o multicampeão Fábio Koff com líder tem a obrigação de fazer a coisa certa depois de tantos erros, que começaram com a renovação de Luxemburgo.

Só há dois nomes: Tite ou Felipão. Ambos excelentes.

Eu prefiro Tite, mas acredito que Felipão será o contratado.

Não acredito que ele diga não a um apelo de Koff, seu maior padrinho no futebol.

Os 'argumentos' do técnico Enderson

Depois de ouvir a looonga entrevista coletiva do sr. Enderson Moreira, no final da tarde desta sexta-feira, cheguei à conclusão de que o grande legado do treinador em sua passagem pelo Grêmio será levar para o campo de jogo o verbo ‘argumentar’.

O sr. Enderson transformou o jogo de futebol num diálogo, num colóquio.

Ele usou o verbo pelo menos três vezes – perdi alguns trechos da entrevista.

Segundo ele, o Grêmio está ‘argumentando’ bem nos jogos e por isso faz boa campanha.

Ele disse que viu os últimos jogos do Coritiba e constatou que o time de Celso Roth está ‘argumentando’ bem nos jogos.

Usou o verbo ‘argumentar’ também em ações individuais, referindo que o jogador tal ‘argumentou’ bem no treino ou no jogo.

Sobre os  7 a 0 no treino, o técnico tratou de reduzir a importância do placar a pó, o que não chega a ser surpresa partindo de quem conseguiu diminuir a relevância dos 4 a 1 no Gre-Nal.

Segundo o técnico, um sujeito simpático, trabalhador, o time principal teve dificuldades porque ficou preso a determinado posicionamento enquanto o time reserva jogou com mais liberdade, sem igual responsabilidade tática.

Foi mais ou menos isso que o treinador do Grêmio afirmou.

Não sei se é de rir ou de chorar.

Acreditando que foi isso mesmo que ocorreu, minha sugestão é que o sr Enderson deixe o time – pode ser o titular mesmo – sem amarras táticas para enfrentar o Coritiba neste domingo.

Quem sabe não assistiremos a um Grêmio que todos nós queremos – inclusive o treinador -, eficiente na marcação e ágil e competente para atacar e fazer gols?

Um time livre, leve e solto, ‘argumentando’ com naturalidade.

O 'highlander' do Grêmio e o da Seleção

Barcos é um caso a ser estudado. Um fenômeno.

Começa pelo fato de que é um centroavante que não faz gol ou, para ser mais preciso, com extrema dificuldade para fazer gol.

Sua noção de tempo e espaço é tão precária quanto meus conhecimentos sobre física nuclear. Ele e a bola dificilmente conseguem estar no mesmo ponto da grande área ao mesmo tempo.

Um exemplo oposto dessa característica absolutamente inaceitável para um centroavante que vive de cruzamentos e lançamentos é Romário. Mas há outros. Dezenas, centenas de outros. O problema é que nenhum está no Grêmio.

Quem está é Barcos. Por ele já passaram Luxemburgo e Renato Portaluppi. Os dois sucumbiram. Enderson resiste, mesmo levando 4 a 1 em Gre-Nal.

Se Barcos não fosse um ‘highlander’ talvez as coisas tomassem outro rumo. Sim, Barcos é indestrutível.

Agora mesmo ele andou manifestando uma lesão, ou, como está na moda, um desconforto muscular ou algo parecido.

Alàn Ruiz, que começa a dar esperança ao torcedor, também sentiu uma lesão.

A questão é que Barcos, que há tempo deixou de ser uma esperança para os gremistas, está recuperado e Ruiz não.

Barcos quase não se lesiona. É um indestrutível. Vai jogar domingo. Ruiz está fora.

O argentino me lembra o goleiro Manga, com quem convivi na década de 70 como estagiário de jornal. Manga nunca se lesionava. E mesmo lesionado ele jogava. Não dava chance para ninguém. Lembro do Ademir Maria treinando, treinando, esperando por uma chance que não vinha nunca.

Dedo destroncado? Manga jogava com todos os dedos destroncados. Permanentemente destroncados. Eu vi. As mãos do grande Manga eram deformadas.

Coisa de filme de terror, como costumam ser as atuações de Barcos, em especial nos últimos tempos. Ele tem perdido cada gol que chego a desconfiar que só pode ser de propósito, porque ninguém tem conseguido ser tão ruim nas conclusões.

Se ao menos Barcos não fosse indestrutível, Lucas Coelho teria, então, uma sequência de jogos pra mostrar se tem condições ou não de ser titular do Grêmio.

Mas além de não sofrer lesão de espécie alguma, nem resfriado, enxaqueca, nariz entupido, unha encravada, nada, Barcos tem muita sorte.

Alguém lembra de alguma falta mais forte que ele tenha sofrido? Eu lembro de uma mais ou menos. Foi contra o Figueirense, mas logo Barcos se levantou lépido e faceiro.

É curioso isso: um atacante passar jogos inteiros sem sofrer uma entrada mais dura.

Assim como a bola nunca o alcança na área – pelo menos a ofensiva, porque pra defender de cabeça ele é melhor que qualquer qualquer zagueiro – não há chuteira que o atinja.

Temos, então, um centroavante que não faz gols e não sofre faltas.

Não que eu deseje o mal de Barcos. Na verdade torço por ele. Gostaria que ele fizesse muitos gols e saísse correndo com a mão tapando o olho.

Mas já perdi a esperança. Esse Barcos está afundando, e com ele a esperança de algum título neste ano.

SEGUNDA CHANCE

Sou favorável a que todos tenham uma segunda chance. Bem, nem todos.

Mas Dunga merece uma nova oportunidade na Seleção. Seu trabalho anterior foi muito bom. Na seleção da Alemanha, que todos enaltecem, e com razão, ele teria sido mantido após a derrota para a Holanda.

Afinal, havia conseguido armar uma equipe competitiva e conseguido ótimos resultados, em especial as vitórias sobre os argentinos. Os argentinos penaram com Dunga de técnico da Seleção. Tem ainda os títulos, mas nada supera as surras nos vizinhos.

Então, sou a favor da volta de Dunga. É briguento, sem dúvida, mas sempre na defesa de seus pontos de vista. Não se intimida e parece gostar de duelar com a imprensa. Parece não, ele gosta, curte muito.

Dunga é um toque de seriedade, transparência e responsabilidade numa CBF comandada por cartolas que talvez nem saibam o significado dessas palavras.

Além do mais, a Seleção Brasileira é um assunto que realmente não me interessa tanto. No ranking das minhas prioridades ela está tão bem colocada quanto alguma música do Chico Buarque na parada de sucessos.

Portanto, pra mim tanto faz, tanto fez.

Mas acho que o Dunga na Seleção funciona melhor do que em clube.

Não tem jogador de clube e de Seleção? Pois Dunga é treinador de Seleção, não de clube.

Dunga, ainda mais que Barcos, é um highlander.

Quando se pensa que ele acabou, eis que está aí de volta, ainda mais forte.

Alàn Ruiz, vestígios de ser um articulador

O melhor da vitória sobre o Figueirense, além dos 3 pontos, claro, foi a atuação do Alan Ruiz.

Antes que me joguem tomates podres, me apresso a explicar. Esse argentino está começando a desabrochar.

O desempenho dele foi bom, regular ao longo do jogo, Nota 7,5. Um pouco abaixo do melhor do time, Giuliano, autor do gol e de algumas boas jogadas e muita aplicação tática. Muitas vezes quase um volante.

O que eu gostei mesmo Alán Ruiz é que ele mostrou nesse jogo em Floripa vestígios, traços, sinais de ser um articulador.

Sim, um articulador. Figura que o Grêmio não tem faz algum tempo. Mas não um articulador preguiçoso como o Douglas, porque este, a meu ver, não tem mais lugar no futebol moderno.

O articulador moderno precisa dar velocidade às jogadas e ele próprio ser rápido. Articulador tipo pensador ficou na poeira do tempo.

Respeito quem pense o contrário.

É cedo ainda para se entusiasmar, mas Alán Ruiz dá sinais muito claros, ao menos pra mim, de que pode ser o cérebro do time, coadjuvado nesse sentido pelo Giuliano, outro que talvez tenha condições de assumir essa função.

Em relação ao jogo, outra droga intragável. Um desafio à paciência de qualquer um.

O gol foi uma jogada de Alán Ruiz, que foi ao fundo e cruzou rasteiro, depois de olhar como convém, para Giuliano, que bateu cruzado, de primeira. Categoria.

Também não gostei da atuação de Luan. Culpo o sr Enderson, que manda o guri recuar demais, até a zona da grande área.

Ele não joga com os odiados – por uns – três volantes, mas compensa isso mandando todo mundo marcar no campo de defesa. Na frente mesmo, só o Barcos, que também volta para cumprir o seu melhor papel: o de cabeceador nos escanteios do adversário, porque nos escanteios a favor do Grêmio ele NUNCA consegue vencer uma disputa pelo alto.

Alguém sabe informar quantos gols de escanteio o Grêmio fez este ano? Alguém vê alguma jogada ensaiada para bola parada? Tempo para isso não faltou ao sr Enderson.

Se eu fosse diretor de futebol do Grêmio, com plenos poderes, claro, eu aproveitaria e demitiria o sr Enderson agora, para ele sair por cima, com o time bem posicionado, ficando com a imagem de injustiçado.

De pronto, anunciaria Tite ou Felipão. Ou ainda Dunga, se ele não acertar com a CBF.

SELEÇÃO

Uma palavra que eu há tempo venho utilizando quando falo em Seleção brasileira tem sido repetida à exaustão pelo Gilmar Rinaldi: humildade. A Seleção precisa ter humildade, reconhecer que a ‘amarelinha’ já não assusta ninguém.

Por falar nisso, alguns neófitos metidos a entendedores diziam que seria muito bom pegar a Alemanha porque os alemães têm medo do Brasil. Eu vi. Imaginem se não tivessem.

Estariam fazendo gol até agora.

INTER

Goleada colorada na homenagem a Fernandão. Foi um momento comovente.

Depois, no jogo, contra um Flamengo muito desfalcado e com a auto-estima rastejando, o Inter se impôs e chegou aos 4 a 0.

Agora, assim como o Grêmio, ficou claro que precisa melhorar muito se quiser disputar o título.

Até porque o Cruzeiro já livrou seis pontos de vantagem em relação à dupla.

A força dos empresários no futebol

Quando Saimon foi escalado para jogar na lateral-esquerda eu fiquei intrigado. Muita gente não entendeu direito.

Agora, quando o sr Enderson começou a justificar a escalação alegando que o Breno é muito novo e precisa amadurecer, entrar no time devagar, sem a pressão de dar resposta imediata, aí eu comecei a desconfiar ainda mais.

Se ele próprio escalou Breno inúmeras vezes e o guri deu boa resposta, ao menos superior ao que o experiente Pará apresenta, por que só agora, assim de repente, ele decidiu investir em Saimon, jogador de pé direito, para ser lateral esquerdo?

Cheguei a comentar com um amigo que tinha dedo de empresário na jogada.

Hoje, ao ler ZH, vi que o Zini Pires, um jornalista bem informado embora não tenha acertado uma sobre a venda do Damião nos dois últimos anos, publicou que havia um representante do Standard, de Liege, assistindo ao jogo contra o Goiás, na Arena. Objetivo: observar Saimon.

Ele fará nova observação no jogo contra o Figueirense. Parece que Saimon está confirmado.

Quer dizer, vivemos sob o signo dos empresários. Eles mandam e desmandam. Mandam e não pedem.

E isso não é apenas no Grêmio, não.

Tal interferência vale também para os investidores, que aplicam muito dinheiro e não gostam de ver seu investimento no banco de reservas.

Então, quando se critica um treinador, não raro ele pode estar sendo forçado a tomar determinadas decisões.

Desconfio que esta última frase vale para o Barcos.

Só existe uma forma de ver Barcos navegando em outros mares: ele sendo titular.

No banco, ficará ancorado no Grêmio por muitos e muitos anos.

Business.

SOFTWARE

O amigo Mazembiano definiu bem: o software é uma boa, o problema é anunciar esse tipo de coisa em meio ao mau desempenho do time. Parece coisa para desviar o foco.

O Grêmio precisa é de resultado dentro de campo. Pra ontem.

Além do mais, essa tecnologia só começará a dar resultados a longo prazo.

ARENA

Quem foi à Arena sofreu com problemas para estacionar, para sair do local e também na parte de alimentação.

Tudo isso e ainda ficar no zero com o Goiás…

Progressos no Grêmio? Uma página em branco

Se eu tivesse que escrever sobre os progressos do time montado pelo trio Koff/Chitolina/Rui Costa e comandado pelo sr. Enderson Moreira depois desse empate por 0 a 0 com o Goiás, este espaço ficaria em branco.

Foram 30 dias de pausa em função da Copa do Mundo. Tudo aquilo que os treinadores sempre reclamam aconteceu: um período maior para treinar, ensaiar jogadas, entrosar a equipe.

E o que se viu nesse Grêmio sem entrosamento, sem jogadas e, o que é ainda mais grave, sem indignação diante da iminência de um empate em casa contra um Goiás que parece ter perdido sua identidade com a saída do Walter? Um vazio do tamanho do cérebro de um sertanejo universitário. Um time amorfo, sem personalidade.

Por essa amostra, ficou claro que o sr Enderson não aproveitou bem a oportunidade de ajeitar a equipe.

Agora, a torcida do Grêmio é muito exigente.

Querer uma equipe entrosada, com sistema de jogo definido, jogadas? Onde já se viu? Recém estamos na metade da temporada…

O sr Enderson está mais perdido do que o sistema defensivo do Brasil contra a Alemanha.

A dupla Chitolina/Rui Costa parece ter caído de uma caminhão de mudança e não sabe para onde ir.

Onde já se viu recomeçar sem um centroavante para disputar com Barcos.

Se a ideia é apostar em Lucas Coelho e nele depositar todas as fichas, então que se obrigue o sr Enderson e fazer como fez com Edinho. Coloque o medalhão argentino no banco.

Outra coisa, li e ouvi que Matheus Biteco era a bola da vez no meio de campo. Treinava de titular. Edinho foi para o banco. Aí, quando se espera que Matheus jogue, eis que volta a dupla Ramiro e Riveros.

Gosto dessa dupla, mas o técnico parecia determinado em efetivar o Biteco.

Depois, às vésperas da retomada, ele escala um zagueiro de pé direito na lateral-esquerda. O que se viu contra o Goiás foi lamentável.

O sr Enderson dá a impressão de estar treinando o time B do Inter, do qual foi expurgado para mais ou menos um ano depois ser titular do Grêmio.

Por fim, eu que sou crítico do Barcos, não gostei das vaias ao argentino quando de sua substituição.

Ele jogou o que sempre jogou. Ele não tem culpa de estar ali vestindo a camisa titular do Grêmio.

As vaias foram mal direcionadas.

Sobre Giuliano, uma estreia discreta. Não se espere dele o que ele não é: um comandante do meio de campo. O cara que nem a seleção brasileira teve nesta Copa.

Dudu foi o melhor da noite. Mostrou sua verdadeira posição: reserva para entrar no segundo tempo.

Agora, num time desentrosado e desorientado é difícil que qualquer jogador consiga mostrar todo seu potencial.

Até Luan caiu de rendimento, apesar de meia dúzia de bons lances.

PREVISÃO

A seguir nesse ritmo, em breve teremos de volta alguém que está sempre de sobre-aviso para afastar a ameaça de rebaixamento.

Maitê, a nova Geni e o título alemão

Quando uma atriz linda como a Maitê Proença, do alto do seu salto, se acha no direito de passar uma carraspana no Neymar porque ele deu abraço em Felipão durante entrevista coletiva, e ainda exigir que o treinador peça desculpas à nação pelo fracasso, é sinal de que a Copa das Copas mexeu demais com a cabeça das pessoas.

Felipão errou ao acreditar que sua equipe mesmo sem entrosamento e com jogadores insuficientes como Fred, Jô, Daniel Alves, Marcelo e outros, poderia ser campeã. O título na Copa das Confederações poderia ter enganado os neófitos, as Maitês que falam de futebol de quatro em quatro anos, mas nunca os ‘especialistas’ de todas as instâncias, em especial os cronistas esportivos em geral,  mas jamais um profissional experiente como Felipão.

Todos aqueles que jogam pedra na nova Geni do futebol brasileiro também acreditaram na seleção com esse time e com essa formatação tática faceira, fruto da soberba que impregna grande parte dos brasileiros, torcedores, profissionais do esporte, jornalistas, dirigentes e os palpiteiros de plantão e de ocasião. Poucos, como eu, refletiram sobre o esquema armado por Felipão e o questionaram. Faltou um pouco de humildade a Felipão. Aquela humildade que ele teve quando conquistou seus títulos. A presença de Parreira ao lado deve ter contribuído para essa mudança de Felipão.

O resultado foi levar dez gols e fazer apenas um nos dois jogos derradeiros. Perder para Alemanha e Holanda em casa é ruim, ainda mais para quem sonhava com o hexa. Levar tantos gols assim é intolerável, indesculpável. O melhor que Felipão tem a fazer é entregar seu relatório e pedir demissão em caráter irrevogável. Não sei se ele terá humildade para fazer isso a julgar por suas declarações públicas e seus comentários mais reservados.

Sobre o jogo de despedida, penso que o Brasil melhorou muito em relação ao que desabou contra a Alemanha. Felipão povoou mais o meio, algo que sempre defendi e isso desde que ele assumiu, e manteve um duelo mais equilibrado com os holandeses. E isso que levou um gol a 3 minutos, num pênalti que não existiu. Para um equipe abalada e com auto-estima baixa, foi um golpe duro.

Depois, o segundo gol com a jogada iniciando em impedimento ignorado pelo bandeira, o mesmo que levou o juiz ao erro no lance do pênalti, que aconteceu, aliás, sem que o Brasil sequer tivesse tocado na bola até aquele instante.

A seleção teve ao menos uma atuação digna.

Fico imaginando como não seria a seleção se desde o começo Felipão não tivesse armado um meio de campo mais forte, mais consistente, mais compacto. Não tenho dúvida de que o resultado seria muito melhor, apesar, repito, da falta de entrosamento e de qualidade da equipe nas laterais e no ataque.

Algo que não pode ser esquecido nessa hora de encontrar culpados é que a safra dos últimos anos não é a boa, tanto que o Brasil foi para a Copa com dois centroavantes que sequer poderiam chegar perto do vestiário onde estivessem Romário  ou Ronaldo se fardando.

TIBETE

Minha sugestão a Felipão é que ele se afaste do futebol por um tempo. Aconselho que vá meditar com os monges do Tibete ou se recolha a um mosteiro franciscano, onde deve aproveitar para calçar a sandália da humildade.

Mas se ele preferir continuar trabalhando, que venha para o Grêmio e assuma o lugar do Enderson Moreira antes que seja tarde.

Agora, que venha o Felipão dos anos 90, não o atual.

ALEMANHA

A seleção alemã é a merecidíssima campeã mundial. É a vitória do planejamento, da organização, da execução competente e talentosa.

È disso que o futebol brasileiro precisa.

A Argentina foi valente, resistiu até a prorrogação. Mas a Alemanha foi superior e seria injusto ficar sem o título.

Schweinsteiger foi o grande craque da Copa.

Neuer provou que um time campeão começa com um grande goleiro. No caso, um goleiro que joga praticamente em duas posições: goleiro e líbero. Fantástico.

E que gol o do Gotze. Lance de craque, provando que a Alemanha além de esbanjar tudo aquilo que não conseguimos ver na seleção brasileira nesta Copa, nem na anterior, ainda tem técnica e habilidade.

Que o futebol brasileiro pegue a Alemanha como exemplo e tire proveito dessa amarga lição.