Férias

Pessoal, tirei uns dias de férias. Volto no dia 4.

Mas nao posso deixar de referir a coluna do Diogo Olivier na ZH de hoje.

Ele fala em prejuizo institucional do clube se jogar no Olímpico, nao na Arena.

E o prejuizo de uma eliminacao na Libertadores se jogar no gramado ruim da Arena, destestado pelos jogadores?

O prato-feito e a relação Grêmio/OAS

O bom senso começa a prevalecer na relação entre Grêmio e OAS.

A direção atual do clube herdou um prato-feito. Reclamou do bife ‘nervos de aço’, do feijão aguado e do arroz tipo ‘unidos venceremos’, coisas que eu comia e me lambuzava nos tempos de estudante de jornalismo no Restaurante Universitário da Ufrgs.

Mas eu era um ‘pobre rapaz latino-americano sem dinheiro no bolso…’

Hoje, continuo sem dinheiro no bolso e latino-americano, já não sou um rapaz – as queridas, como diz o Reche, me chamam de ‘tio’ -, mas fiquei mais exigente.

No caso da Arena, o presidente Fábio Koff não está sendo exigente, mas simplesmente exercendo o direito de receber um produto de qualidade, um prato-feito com filé suculento, fritas crocantes, feijão e arroz dignos e, de quebra, uma saladinha com folhas tenras regadas com azeite de oliva.

O Grêmio quer a Arena em plenas condições de uso. E não abre mão disso. Cabe a OAS providenciar para que o seu cliente seja atendido da maneira que merece: com respeito e atenção.

Chegará o momento em que o Grêmio irá receber as ‘chaves’ da Arena, transferindo-se física e espiritualmente para a sua nova casa. Em troca, entregará as ‘chaves’ da velha morada.

Mas esse momento será quando o Grêmio considerar a obra realmente concluída, inclusive com um gramado compatível com a magnitude da Arena. Não quando a empreiteira desejar.

Antes disso, as chaves do Olímpico devem continuar com o clube. Só por precaução.

Facilita, vem um bife ‘nervos de aço’ de novo no lugar do filé.

Mas o importante, a boa notícia, é que Grêmio e OAS estão se acertando, chegando a um acordo que contemple os interesses de ambos de forma satisfatória, e igual.

Afinal, quer queiram quer não, um depende do outro. Por 20 longos anos.

Se a OAS se fresquear, ela que fique com a sua Arena para shows do Roberto Carlos.

E aí, esse gramado de areia, grama rala e piso duro, já não fará qualquer diferença.

HABITE-SE

Ao negar o Habite-se da Arena, a Prefeitura de Porto Alegre surpreende. Afinal, se um estádio em obras foi por ela liberado para a realização de jogos com presença de público, por que não liberar a Arena?

De certa forma, a decisão da Prefeitura ajuda o Grêmio, já que obriga a OAS a executar os ajustes necessários o mais rápido possível.

Koff anunciou hoje que o interesse é enfrentar o Caracas na Arena dia 5 de março. É o que quer a OAS, que agora corre contra o tempo para obter o Habite-se ou algum documento provisório que permita a realização do jogo.

Por ironia, no momento em que encontrava problemas na Arena, um site publicava pesquisa mundial apontando a Arena do Grêmio como a melhor de 2012, com ampla vantagem sobre o estádio colocado em segundo lugar.

O link me foi passado pelo Marcos, integrante da RBS (Rede Botequeira do Sul):

http://stadiumdb.com/competitions/stadium_of_the_year_2012

NOVELETÃO

Depois de receber um presente de Luxemburgo – um time escalado para perder – no Gre-Nal, o técnico noviço Dunga foi agraciado com uma eliminação surpreendente do Lajeadense.

Lá em Lajeado, onde me criei e forjei esse elemento que aqui escreve, o furo seria mais embaixo.

Agora, contra o Esportivo, é jogo jogado.

O Inter vai vencer com facilidade e encaminhar a conquista do título do primeiro turno.

Dunga pode agradecer a Luxemburgo o presente de pai pra filho.

Não é nada não é nada, Dunga estreia como treinador, de verdade porque seleção é uma fantasia, conquistando um campeonato.

Sim, o Inter será campeão gaúcho.

Luxemburgo tem o seu projeto pessoal, um projeto do qual título regional não faz parte.

ARBITRAGEM

Não sei por que, mas ao ler esta notícia me lembrei do Fluminense no Brasileirão 2012.

http://sportv.globo.com/site/programas/arena-sportv/noticia/2013/02/aristeu-tavares-e-demitido-da-comissao-de-arbitragem-da-cbf.html

GRÊMIO LIBERTADOR

A quem interessar possa, minha participação no programa de TV do site:

http://www.gremiolibertador.com/

Mas é só isso que o Inter tem?

O Grêmio está realmente priorizando a Libertadores. Não é meia prioridade, é prioridade por inteiro.

“…E que tudo mais vá pro inferno”, poderia cantar Luxemburgo, lembrando um antigo sucesso de Roberto Carlos.

Eu defendi que o Grêmio deveria ir para o Gre-Nal com o máximo de titulares possível, deixando fora o Barcos, o Elano e o Zé Roberto, os únicos realmente essenciais a meu ver.

Diante do que aconteceu no ano passado – Mário Fernandes e Kleber, expoentes do time, foram vítimas da violência no Gauchão – não posso criticar a decisão de jogar apenas com reservas – exceção de Dida e Werley.

A contusão sofrida por Alex Telles indica que cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Está certo, é mais um Gre-Nal perdido, e isso realmente não é agradável.

Mas, e se fosse o Barcos a sair de campo com o nariz estourado? Estaríamos todos agora lamentando sua escalação.

O risco existe em qualquer atividade. Lesões sérias acontecem em treinos, mas são mais comuns em jogos oficiais. O que o Grêmio fez foi reduzir o risco.

Pagou com uma derrota. Com um pouco mais de qualidade no time, poderia ter vencido o jogo. E este é um dos aspectos positivos. O outro, é que o time titular não conseguiu mais do que esse apertado 2 a 1. Cabe, portanto, o indagação do meu amigo Ricardo, lá de Cruzeiro do Sul: “Mas isso é tudo o que o time titular do Inter tem?”.

Realmente, o Inter tinha a obrigação de jogar mais, fazer mais, e vencer com mais facilidade. Quando fez 2 a 0 começou a trocar passes, estimulando a torcida colorada a gritar olé nas arquibancadas do Centenário.

Logo depois, o pênalti, aliás, surpreendentemente muito bem assinalado por Jean Pierre. Douglas Grolli sofreu um violento empurrão numa cobrança de escanteio. Nenhum repórter atrás da goleira viu. Mas Jean Pierre viu e, o que é mais importante, marcou.

Talvez até porque minutos antes Bertoglio havia invadido a área a drible pela direita, fundo de campo, e levava perigo mesmo desequilibrado, quando sofreu um empurrão de Moledo, que jogou sua barriga sobre o corpo do argentino, que acabou caindo porque estava mesmo tentando se ajeitar após driblar o zagueiro. Seria um pênalti de barriga, algo que dificilmente um árbitro marca.

Destaco esse lance porque a vitória colorada, do time titular colorado, esteve por um fio. Bastava um empurrão com a barriga para o desequilibrado Inter desabar no gramado.

Com mais dois ou três titulares, o Grêmio talvez estivesse agora na disputa do título do primeiro turno, podendo ficar mais tranquilo no returno.

Para ser mais claro: se o Grêmio tivesse um lateral melhor que o Tony e um meia superior ao M. Antônio, aumentaria sensivelmente suas chances de vitória. E mais ainda se tivesse alguém melhor para o lugar de Welliton, que perdeu um gol ‘feito’ ainda no primeiro tempo.

Agora, o Inter foi superior a maior parte do tempo. Mereceu a vitória, sem dúvida alguma. Mas seu futebol segue na linha do razoável, e isso contra um Grêmio B. É evidente que a direção colorada já viu isso, tanto que está em busca de reforços.

Não vi nenhum grande destaque no clássico. Alguns conseguiram ver grande desempenho de Forlan, que para mim foi apenas discreto. O melhor do Inter foi D’Alessandro, pelo conjunto da obra. Depois, Damião e Moledo. Gabriel também jogou relativamente bem, ainda mais comparando com Tony, que decididamente, está na divisão errada.

No Grêmio, destaco o zagueiro Werley e os volantes Adriano e Mateus Biteco, apesar do pênalti que cometeu. Bertoglio acrescentou qualidade ao setor ofensivo.

O torcedor colorado comemora. A direção colorada festeja dois Grenais vencidos em fevereiro, desprezando o fato de o Grêmio ter jogado com reservas.

Tudo bem, tem mais é que comemorar, mas continua pergunta:

– É só isso que o Inter tem?

COTAÇÃO DO  ‘AVALIADOR DE FORA’

GREMIO

Dida – Um entregadinha que comprometeu – 6

Tony – Não adianta insistir com ele. 3

Werley – muito firme, liderando a zaga. 7

Groli – Grande chegada no Damião. 8

Bressan – Zagueiro com muito futuro. 7

Alex – Boa técnica e personalidade. 7

Adriano – Encarou o D’ale, marcou e deu bons passes. 8

Mateus Biteco – Apesar do pênalti desnecessário, foi bem. 7

M. Antônio – Um dia ainda vou descobrir por que ele está no Grêmio. 4

Welliton – O melhor que fez foi perder um gol de cabeça. 4

Marcelo Moreno – Nem gol de cabeça perdeu. 3

Bertoglio – Deu alma e vivacidade ao ataque. 8

Willian José – Mostrou que pode ser reserva imediato de Barcos. 7

Guilherme Biteco – Tivesse entrado antes… 8

INTER

Muriel – Não foi exigido. Por ter se fardado. 7

Gabriel – Boa partida, joga com inteligência. 7

Moledo – Muita imposição física. 8

Juan – Jogou basicamente na experiência. 7

Fabrício – Só falta conseguir pensar enquanto corre. 6

Igor – Marcou com eficiência. Cansou. 7

Josimar – Confuso. Cometeu pênalti imbecil. 5

Fred – Muita movimentação e iniciativa. 7

D’Alessandro – O maestro do time, apesar de nervosinho. 8

Forlan – Muito participativo, mas precisa jogar mais. 7

Damião – Sentiu a marcação, mas deu trabalho. 7

Elton, Gilberto e Vitor Jr. – sem nota.

Manual Prático do Avaliador no Futebol

Considerando que domingo tem Gre-Nal, sempre um jogo polêmico antes, durante e, principalmente, depois;

Considerando que as avaliações dos jogadores nos jogos causam sempre muita controvérsia e, muitas vezes, revolta, em especial da torcida gremista;

Considerando a frequente falta de critério na distribuição das notas, razão maior da irritação de torcedores;

Considerando a discrepância entre a nota e o comentário emitido em alguns casos;

Considerando que a tarefa de aplicar notas e conceitos é mesmo muito difícil, porque há um forte componente de subjetividade;

Considerando que é dever de todos contribuir para a paz e a harmonia no futebol;

Considerando que uma avaliação mais criteriosa e fiel à realidade dos fatos vai ser útil para melhorar a relação mídia/torcida, o Boteco do Ilgo sente-se na obrigação de publicar os principais trechos do Manual Prático do Avaliador no Futebol – árduo trabalho em andamento e que já ultrapassou mil páginas -, para auxiliar os avaliadores ‘mãos pesadas’, feliz expressão extraída do conceituado e sempre atento blog www.cornetadorw.blogspot.com.br;

Considerando tudo isso e mais o que foi esquecido agora, aqui estão os princípios básicos de uma avaliação justa e adequada:

1 – o avaliador deve, obrigatoriamente, despir-se de qualquer coloração clubística para não deixar que a paixão interfira no trabalho;

2 – o avaliador não pode permitir que eventual antipatia com esse ou aquele atleta interfira em sua nota;

3 – o avaliador, quando tiver dúvida sobre uma nota, deve ter humildade de consultar os colegas mais experientes, mas sempre com um pé atrás, porque a opinião pode vir contaminada de gremismo ou coloradismo;

4 – o avaliador, ao final da cotação, precisa somar as notas para conferir se o total está de acordo com o desempenho do time como um todo. Por exemplo, em Fluminense 0 x 3 Grêmio, a nota geral do Grêmio, que fez uma partida considerada por todos fantástica, foi de APENAS 6,9. O MÍNIMO aceitável, nesse caso, seria nota OITO.

5 – o avaliador precisa adotar um critério diferenciado para os goleiros. No jogo referido, o goleiro Dida levou nota SEIS, que é a nota mínima para passar no exame da OAB. Quando o goleiro sai de campo sem sofrer gol – sua missão no jogo -, mesmo que não seja muito exigido e desde que não tenha cometido falhas, o MÍNIMO que ele deve receber é uma nota SETE. Se ele fez uma ou duas grandes defesas, essa nota deve obrigatoriamente ser ainda maior.

6 – Quando se afirma que determinado jogador de defesa foi um ‘gigante’, sua nota deve ser superior a SETE, nota atribuída a Pará contra o Fluminense;

7 – Quando uma dupla de área se mostra eficiente na marcação de um goleador perigoso como Fred, tanto que ele praticamente não concluiu a gol, o MÍNIMO que esses jogadores, no caso Werley e Cris, merecem é OITO. Afinal, cumpriram a missão com total sucesso.  No caso de Cris, citar que ele cometeu pênalti – na verdade, lance discutível – tendo poucas palavras para escrever, indica uma certa tendenciosidade;

8 –  Quando um atacante como Barcos é agarrado escandalosamente na área nas cobranças de escanteio, é obrigatório, em nome da isenção, citar que ele sofreu pênaltis não assinalados pela arbitragem – apesar dos auxiliares que ficam no fundo do campo. Essa obrigação é ainda maior quando na mesma cotação é frisado que o zagueiro do mesmo time, Cris, cometeu pênalti, repito, duvidoso.

9 –  As equipes de esporte devem estabelecer um critério – algo sempre exigido dos árbitros, por exemplo – para ser seguido por todos os avaliadores, porque há aqueles que costumam estar de mal com o mundo e costumam dar notas muito baixas, desconsiderando o empenho dos atletas e seus acertos no jogo, e superdimensionando eventuais erros. Por outro lado, há os que são generosos demais nas notas;

10 – As avaliações devem sempre ficar a cargo dos jornalistas mais experientes, equilibrados e conhecedores, o que pelo visto não acontece, considerando-se as reclamações constantes dos leitores.

O Boteco do Ilgo espera ter contribuído para que as avaliações individuais nos jogos sejam mais coerentes com a atuação dos jogadores, deixando de gerar tanta polêmica e contrariedade de torcedores.

Um guri boliviano

Kevin Douglas Beltrán Espada, 15 anos, gostava de futebol. Era fã de Kaká. É o que li em algum lugar.

Era um guri como qualquer outro, de qualquer nacionalidade.

Gostava de ir aos jogos acompanhado do pai. Era torcedor apaixonado pelo San Jose.

O guri boliviano viu o gol do Corinthians contra o seu time, aos 5 minutos de jogo.

Em questão de segundos, tudo terminou. Um sinalizador com alto poder destrutivo o atingiu.

O médico responsável pelo atendimento, relatou que o falecimento foi imediato.

– Houve perda de massa encefálica em razão do projétil, um tubo de plástico, que penetrou até a cavidade cranial, então, a morte foi imediata, relatou o médico.

Doze torcedores do time paulista foram detidos. Dois deles, com sinais de pólvora nas mãos, estão em situação mais complicada, acusados do disparo. Os outros foram denunciados por cumplicidade.

Estamos diante de uma quadrilha.

A TV boliviana já divulgou imagens que identificam os assassinos.

O presidente do Corinthians, um infeliz, disse que foi uma fatalidade.

Como pode ser fatalidade se um grupo de marginais entra no estádio com inúmeros sinalizadores – vários foram apreendidos – dispostos a disparar contra a torcida rival, conscientes de que podem provocar ferimentos muito graves?

O Corinthians, como outros clubes, inclusive a dupla Gre-Nal, apoia de alguma forma esses grupos.

Hoje, é o Corinthians, amanhã pode ser o Grêmio. Ou o Inter.

Os clubes não podem mais manter qualquer vínculo com essas ‘torcidas organizadas’. Elas que se organizem, mas sem qualquer incentivo dos clubes.

No momento que ficar caracterizado apoio financeiro ou logístico para esses grupos, a responsabilidade passa a ser do clube. Parece ser o caso do Corinthians agora.

O clube dificilmente escapará de punição rigorosa. Talvez a eliminação na Libertadores.

Hoje, é o Corinthians. Amanhã, pode acontecer com Grêmio ou Inter.

Inevitável. A não ser que providências sejam tomadas imediatamente.

Vitória com a cara do Grêmio Vencedor

O Grêmio foi o Grêmio aguerrido, compenetrado e eficaz que todos os gremistas sonham. O resultado foi uma vitória de lavar a alma.

Quem poderia imaginar uma goleada por 3 a 0 sobre o Fluminense, um time forte – que tinha Deco e Thiago Neves no banco – e ainda por cima entrosado?

De brincadeira, aos colorados que me indagaram sobre o jogo, respondi que o Grêmio venceria por 3 a 0, três gols de Vargas.

Na verdade, eu acreditava que uma eventual vitória passaria pela velocidade do chileno. Mas Vargas foi decepcionante na maior parte do tempo. Não conseguia acompanhar o restante do time, nem tecnica nem intelectualmente. Questão de entrosamento, acima de tudo.

Mas depois dos 2 a 0, gols de Barcos – pra mim ele soqueou a bola com a mão direita – e André Santos, em impedimento que a arbitragem não percebeu, Vargas aproveitou uma das tantas bolas enfiadas por Barcos e fez o seu gol, o terceiro do meu prognóstico ‘irrita colorado’.

Na verdade, eu aceitaria de bom grado um empatezinho, ainda mais que o time Patolino perdeu em casa para o Caracas, 3 a 1, outro resultado inesperado na rodade.

Destaques do jogo: Barcos foi disparado o melhor em campo. Merece nota DEZ com louvor. Ele marcou, atacou, driblou, lançou. Enfim, um espetáculo.

Depois, Fernando, comprovando o quanto foi grave o erro de Luxemburgo em deixar esse guri de fora no jogo anterior para colocar Adriano.

André Santos aparece logo abaixo. Enfim, um lateral-esquerdo. Se Vargas estivesse mais entrosado, teria feito gol antes em jogada de André, que além de técnico, joga com inteligência. Sem contar que marcou muito bem e ainda apareceu de surpresa para fazer o segundo gol.

O restante do time esteve em nível elevado também.

Mérito do treinador Luxemburgo que soube extrair o máximo de cada jogador, armando um esquema eficiente, que neutralizou Fred e seus companheiros, para só depois mostrar as garras e buscar a vitória.

Uma noite marcante. Uma atuação impecável.

Uma vitória com a cara do Grêmio vencedor.

EVAIR

Antes do jogo, li em algum lugar que Luxemburgo queria fazer de Barcos o seu Evair, daquele tempo vitorioso do Palmeiras.

Evair dava assistências preciosas e ainda por cima empilhava gols.

Duvidei que Barcos pudesse fazer essa função, que exige inteligência, sabedoria, técnica superior e visão de jogo, além de força física.

Barcos hoje me lembrou mesmo o Evair. Luxemburgo conseguiu um novo ‘Evair’.

Uma entrevista fake pra aliviar a tensão

Estou aqui roendo as unhas. Já não tenho unhas, estou roendo os dedos e uma caneta bic, imitando um velho colega de redação do CP.

Recebi ontem um texto do Gustavo Medeiros, gremistão, que está em Colonia, Alemanha.

É uma entrevista fake, que eu transcrevo pra aliviar a tensão. O rapaz é um ficcionista.

Confiram:

O encontro daqueles dois foi memorável. Apertaram as mãos e olharam no fundo dos olhos do outro, como bom descendentes de alemães que são,  esse aperto forte e firme de mãos e olhar dizem e significam mais do que se pode imaginar.

Estão ali para uma entrevista. De um lado Marcelo Grohe, goleiro reserva do Grêmio,  e do outro lado, um experiente jornalista gaúcho, que resolveu viajar até o Rio de Janeiro para acompanhar o time do Grêmio em mais um jogo chave da Libertadores 2013.

A conversa que vou relatar pode ser que tenha acontecido, ou não. Fica a seu critério.

IW – Quando e como foi que o Vanderlei chegou para você e disse que você teria que sentar no banco de reservas?

MG – Foi antes do jogo contra o Veranópolis (última rodada do primeiro turno do campeonato gaúcho), ele chegou para o Dida, disse que ele iria ser o titular e disse para mim que eu seria o reserva.

IW – Só isso, sem uma explicação? Como você se sentiu?

MG – Simples assim. Sem explicações. Sabe, de uma maneira ou outra, sou igual a você, gaúcho, gremista, do interior. Aprendemos desde cedo o significado das palavras honra, ética, confiança, merecimento e verdade. Aprendemos a trabalhar duro, e sermos corretos. E sendo assim, coisas boas acontecem com a gente. Você, como jornalista, sabe que deve confiar e defender sua fonte, não ter duplas palavras, ser verdadeiro, e assim as pessoas passam a confiar em você.  Mas de repente, parece que os valores se inverteram. Você não sabe porque uma decisão é tomada, quais são os critérios. O que levam um treinador a preterir um ou outro jogador. Para nós que viemos do clube, que somos pratas da casa, é como se fosse um desmerecimento por sermos gremistas tais escolhas. É duro.


IW – Mas você defendeu o pênalti que classificou o Grêmio para a fase de grupos da Libertadores, foi aplaudido por todos, quando o suposto goleiro titular, que deveria estar jogando, se machucou e você assumiu a bronca.

MG – Pois é. As vezes penso se teria sido melhor não ter defendido aquele pênalti.


IW – Por que?

MG – Porque ai a casa iria cair para o técnico. Mas por mais que quisesse, não conseguiria. Pô, sou gremista, vou defender essa camisa e esse clube com todas as minhas forças. E isso seria mais um argumento para o técnico, e sua teoria, que precisa de um goleiro mais experiente. Mas veja, mesmo eu tendo defendido o pênalti, o que me trouxe?  Reserva. Eu sei, que por mais que eu lute, e por mais que jogue, serei sempre o reserva.


IW – Como você vê as críticas feitas a você pelo Paulo Sant’Ana?

MG – Sant’Ana tem idade para ser meu avô. Desde pequeno, por ser gremista, escutava seus comentários na hora do almoço. Me divertia muito. Via ele levando um peixe espetado, certa vez que o Grêmio jogou contra o Santos. Vi através da internet, ele vestido de baiana, depois que o Bahia ganhou do Inter no final de um brasileirão.  Era uma diversão. Mas a idade pesa para todos. E as vezes, a idade afeta a visão. Como diria o grande heteronômio de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro: “Porque eu sou do tamanho do que vejo,  e não, do tamanho da minha altura. “


IW – Para encerrarmos. O que você espera do jogo dessa noite?

MG – Espero que o time do Vanderlei honre com a história do time do Grêmio.

IW – Como assim, time do Vanderlei?

MG – É. Esse é o time do Vanderlei, que por um acaso, está vestindo a camisa do Grêmio. Mas poderia ser verde, ou até vermelho e preto…

O torcedor é, antes de tudo, um crente

Para Euclides da Cunha, o ‘sertanejo é, antes de tudo, um forte’.

Parafraseando o genial autor de um livro sensacional que eu nunca li, Os Sertões, eu afirmo:

– O torcedor é, antes de tudo, um crente.

Por ser um crente, é fiel ao seu time faça chuva sol ou faça chuva, com avalanche ou sem avalanche, com Luxemburgo ou sem Luxemburgo, com Marco Antônio ou sem Marco Antônio. Enfim, cabe ao torcedor, antes e acima de tudo, acreditar. Acreditar sempre.

Todos os torcedores sempre acreditam no seu time, seja em que situação for. “Não está morto quem peleia”, já dizia uma ovelhinha cercada de lobos.

O torcedor é assim, principalmente quando ele foi forjado em inesquecíveis conquistas e doloridas derrotas, caso dos torcedores de grandes clubes. Torcedores de clubes menores, inexpressivos, já não possuem o mesmo envolvimento e são, portanto, desprovidos de fé tão intensa. Não saborearam grandes títulos nem sofreram revezes imprevisíveis.

Existem algumas categorias de torcedor. Tem aquele que acredita sempre, tapa os olhos, os ouvidos e o nariz. E vai em frente, numa paixão cega, fanática, gritando o nome do seu clube, no caso, uma extensão de sua pessoa. São, sem ofensa, umas velhinhas de Taubaté.

Tem aquele que, ao contrário, critica e questiona sempre. É o torcedor cri-cri, aquele que fica nas sociais do estádio corneteando o tempo todo. Em alguns clubes são conhecidos como os da ‘turma do amendoim’. O técnico é sempre burro. O dirigente um incompetente, e por aí vai.

O problema é que hoje, com o advento das redes sociais, eles ficaram mais poderosos e até influentes. Portanto, podem ser perigosos. Mas, de certa forma, são úteis, porque não deixam ninguém se acomodar.

Numa terceira categoria – cada uma delas com subdivisões – estão aqueles que torcem, vibram, mas estão sempre com um pé atrás,  um olho aberto e outro fechado.

Não há estatística que confirme, mas eu acredito que esse tipo de torcedor é maioria.

Eu próprio me incluo nessa faixa de ação. O bom é que transito sem pudor de um grupo para o outro. Tem horas que sou amargo como olina com limão e sal. Em situações assim eu fico com a certeza inarredável de que o Grêmio, com Luxemburgo de treinador, não será campeão da Libertadores.

Mas há outros momentos, mais raros, tipo aquele em que até os ateus clamam por Deus, ou seja, aquelas horas em que o cara se abraça a todos os santos, em que eu fico completamente crente no meu time. Sem um resquício sequer de racionalismo.

Neste exato momento, estou me encaminhando para encarnar a velhinha de Taubaté. Estou ingressando numa fase zen, tudo é paz e amor. A vida é bela. O Grêmio é imortal.

Até a hora do jogo contra o Fluminense já poderei ser confundido com um monge tibetano.

Nada irá me abalar. Nada irá abalar minha esperança e minha confiança na vitória.

E não estranhem se me encontrarem repetindo,em voz baixa mas firme, o mantra do torcedor:

– Vai dar certo, vai dar certo…

SUGESTÃO DE PAUTA

Os mesmos jornais que ignoraram o bate-boca do técnico Dunga com um torcedor no domingo, talvez se interessem em conferir o que está saindo na mídia do centro do país. Quem sabe até procurando ouvir as partes citadas, como manda o bom jornalismo.
http://www.blogremio.blogspot.com.br/2013/02/jornalismo-de-verdade-vai-atras-da.html

O mesmo material está sendo publicado em outros blogs, como o cornetadorw.blogspot.com.br

Gre-Nal é importante, mas Libertadores é mais

O Grêmio não queria enfrentar o São Luiz, não pelo adversário em si, mas pela viagem, que é desgastante e se cogitava até de locar um avião.

Deu algo pior: um Gre-Nal. Ou alguém acredita que é mais fácil passar pelo Inter para seguir na Copa Piratini?

Mas, apesar da pressão da mídia desde o final da rodada focando no Gre-Nal, o que é natural, o Grêmio já deixou claro que o clássico gaúcho fica pra depois.

Antes, há um clássico superior no momento por causa da importância maior da competição, o confronto decisivo contra o Fluminense.

Este sim é o clássico que realmente importa. Eu troco uma vitória sobre o Fluminense, quarta-feira, por uma derrota no Gre-Nal.

No Gauchão, sempre há chance de recuperar no returno. Já um resultado negativo no Rio praticamente afasta o sonho do tri da Libertadores.

OS JOGOS

O Grêmio voltou a ter muita dificuldade diante de um time fechado atrás, que marca firme, mas sem violência. O Veranópolis jogou bem, marcou e ainda atacou, chegando a ameaçar a vitória tricolor.

Foram bem no Grêmio: Pará, Werley, Fernando, Elano, que fez as melhores jogadas de ataque embora um tanto desligado do jogo, e Zé Roberto. O resto foi de regular pra baixo.

Acredito que contra o Fluminense, que certamente vai pra cima, haverá mais espaço para contra-ataques, aproveitando a velocidade de Vargas, por exemplo. É claro que há o risco de sofrer gol em função da qualidade ofensiva do adversário. Enfim, será um jogaço.

Assino agora um acordo por empate, porque acho difícil ajustar o time em tão pouco tempo.

Já o Inter foi um pouco melhor que o Cruzeiro, mas no final o empate por 1 a 1 não deixou de ser justo pela capacidade de reação do adversário.

Damião voltou a marcar.

LUXA FOGE DE PERGUNTA INTELIGENTE

Luxemburgo falou na entrevista pós jogo que ficou impressionado com o pau que levou por ter colocado Adriano e não Fernando. Disse que nunca tinha nada igual. Contou que viu o teipe em casa e concluiu que Adriano foi bem e que Souza, sim, é que falhou em alguns lances.

Foi aí que veio a pergunta inteligente, da qual Luxemburgo escapou porque realmente ficou encurralado.

E a pergunta foi de uma jovem repórter, cujo nome não gravei, infelizmente. No meio dos marmanjos, uma voz doce, mas incisiva, questionou se Souza não teria ido mal – avaliação do próprio Luxa – em função de ter jogado com Adriano e não Fernando, com quem está mais entrosado.

E foi além a repórter: por que Fernando jogou contra o Veranópolis se o problema pessoal que o colocou no banco, segundo explicação do treinador, contra o Patolino, permanece?

Luxemburgo, mais escorregadio que muçum ensaboado, escapuliu, não quis responder.

Questão de ordem: a repórter é Tainah Espinoza, da Band. Enfim, alguém encarando o Luxa com educação e raciocínio rápido, sem medo.

NINGUÉM PRENSA DUNGA

Só falta acontecer o mesmo nas entrevistas com o Dunga. Por exemplo, ninguém perguntou sobre o bate-boca com um torcedor em Canoas. Um comandante de grupo deve dar exemplo e não sair por aí discutindo e afrontando torcedor.

Só que esse incidente passou em branco na coletiva com Dunga. Pelo menos até onde acompanhei.

Saudosismo, Barão de Itararé e a prensa no Luxemburgo

Há dias em que fico nostálgico, saudosista. Penso nas coisas que vivi e sinto falta das coisas que não vivi.

Dia desses, o Chico Izidro, velho companheiro e parceiro do Correio do Povo, colocou no face fotos de festas de Natal que eu e ele organizávamos no CP. Lá estou eu lépido e faceiro, ainda com poucos fios de cabelo brancos, abraçado a belas colegas.

‘A saudade mata a gente, morena’, já dizia, com sabedoria, o compositor João de Barro, do tempo em que a música brasileira tinha um outro nível. Saudade também desse tempo.

No futebol, tenho saudade também de muitas coisas. Por exemplo, do tempo em que a gente iaa jogos no Olímpico ou Beira-Rio sem medo de alguma violência física. No máximo, um saco de urina na cabeça em Gre-Nal de estádio lotado.

Sinto saudade do tempo em que os jogadores ficavam anos num clube e com ele se identificavam.

Era um tempo em que a gente sabia que a opção de um treinador por este ou aquele jogador era por questões técnicas, físicas e/ou táticas. Nem se cogitava que pudesse ser por alguma coisa envolvendo dinheiro, algo obscuro, tramado na sarjeta e nos esgotos.

Da mesma forma, a indicação de algum jogador para contratar.

Eu vivi esse tempo como jovem torcedor que tinha como maior meta o título do campeonato gaúcho e depois como jornalista, aí projetando vôos mais altos, como o título nacional, a Libertadores e o Mundial.

Era um tempo de mais moralidade, ética e transparência. Em tudo, não apenas no futebol.

Sinto saudade desse tempo.

ENCURRALADO

Depois de ouvir a entrevista de Luxemburgo no final da tarde de sexta-feira, fui ao programa Cadeira Cativa, do Reche. Estavam lá o Chitolina e o Rui Costa, os homens do futebol gremista.

Antes de começar o programa, perguntei: vocês é que exigiram a escalação do time titular contra o Veranópolis? Foi assim mesmo de supetão. Percebi uma vacilada, coisa de fração de segundo.

– Não, claro que não, foi algo de consenso -, respondeu o Costa, que faz ótimo trabalho no futebol.

Não senti firmeza. Mas ficamos assim. O importante é que Luxemburgo anunciou o time titular para entrosar e também para garantir três pontos.

Afinal, depois da derrota para o Patolino, é bom ficar com uma carta na manga, o Gauchão.

Ah, Luxemburgo revelou que foi para a coletiva, que não era prevista, a pedido do pessoal da comunicação. Todos nós sabemos que esse pedido, ou ordem, vem lá de cima.

Portanto, Luxemburgo foi obrigado a explicar certas coisas, desfazendo esse história de que ele é quem manda.

Para justificar o injustificável – a opção por Adriano – chegou a revelar que Fernando passa por problemas pessoais, o que é verdade.

Já passei por problema semelhante e segui trabalhando.

Se o técnico estava realmente preocupado em preservar Fernando, que não o colocasse no banco. Estando no banco, Fernando, que estaria meio perturbado com o problema, poderia entrar a qualquer momento. Na mesma entrevista, o técnico falou que Fernando, naquele momento ainda sob efeito do seu problema pessoal, estava relacionado para o jogo deste domingo.

Enfim, Luxemburgo saiu de seu pedestal, mas manteve a empáfia habitual, como ironia e tom de deboche.

Quem sabe desse episódio não resplandece o velho Luxemburgo multicampeão, mais humilde,  e principalmente mais focado apenas em armar o melhor time, sem bruxismo?

É preciso acreditar. Mais do que nunca é preciso acreditar.

BARÃO DE ITARARÉ

Fluminense anuncia retorno de Deco, depois de três meses.

Lembro da frase do Barão:

Tudo seria fácil não fossem as dificuldades.