Fé no Luxemburgo

Saí do programa Cadeira Cativa, na Ulbra TV, com a melhor das impressões do Vanderlei Luxemburgo. Quem assistiu ao programa apresentado pelo Reche deve ter sentido o mesmo.

Eu sempre vi o Luxemburgo como um sujeito arrogante e esnobe, mas o cara que conheci me pareceu muito simples, simpático, sempre disposto a ouvir, e que não deixa nada sem resposta. É enfático na defesa de suas ideias e convicções. Enfim, um cara para sair e tomar umas cervejas na maior camaradage. (ah, depois do programa conversamos sobre as minhas cervejas.

Durante a propaganda do slicer mix, enquanto a apresentadora descrevia as maravilhas do aparelho e falava em batatinha frita, o Luxemburgo sorriu e disse baixinho que caía bem uma cervejinha naquela hora.

Eu estava disposto a fazer alguns comentários e perguntas sobre a má qualidade do time, especialmente do meio de campo, mas na conversa que tivemos antes ficou claro que pensamos da mesma maneira. A diferença é que ele não pode expor seu pensamento verdadeiro a respeito do time que a direção lhe entregou. Tem que defender seus jogadores.

Agora, as ações dele mostram que ele sabe onde está pisando e o que falta para o time. Perguntei sobre o Pará e o Werlei, e disse que a torcida espera reforços de mais qualidade, em especial para o meio de campo, que é muito fraco.

Ele disse que não comenta isso publicamente, mas ficou claro que Alex, que ele adora, é a bola da vez. Cogitei do Zé Roberto, campeão com ele pelo Santos. Mas ele nada comentou. Senti que o Alex vem aí. Outro que pode vir é o zagueiro Alex Silva. Ele revelou que gosta muito do Uéliton, zagueiro do Flamengo.

Quer dizer, Luxemburgo está usando sua influência para trazer jogadores importantes. O time será qualificado.

Se o Grêmio não ganhar nada agora -Copa do Brasil ou Brasileiro- terminará o ano com um elenco muito caro e uma herança terrível para quem assumir o clube.

Mas estou levando fé no Luxa. Pronto, me entreguei.

Já nem me incomodo que no próximo jogo, contra o Ceramica, terá o pior meio de campo do Grêmio nos últimos anos:

Fernando, Marquinhos, Léo Gago e Marco Antônio.

Sei que isso vai durar pouco tempo.

Escombros, a novela colorada

A novela Escombros, que narra as desventuras do Inter para reformar o seu estádio em parceria com a Andrade Gutierrez e com respaldo do Banrisul, é quase um ménage à trois. O banco foi convidado, mas não quis participar do leito nupcial, onde os parceiros vivem entre tapas e beijos.

Seria um enredo sexual, onde um parece querer ferrar o outro, enquanto o terceiro se esquiva, mas está muito mais para uma novela de mistério.

A empreiteira, que é a terceira maior do país -atrás da Odebrecht e da Camargo Corrêa-, mas com diferença mínima, decidiu atazanar a vida do Inter. Por que? É aí que está o mistério.

A AG, segundo o jornal O Globo, em matéria de maio do ano passado, divide com a Odebrecht, C. Corrêa e Queiróz Galvão, a bagatela de R$ 138 bilhões em obras realizadas no país. As quatro trabalham praticamente apenas com dinheiro público -federal, estadual e municipal. A AG tem 72% do seu faturamento oriundo do setor público.

A empreiteira, que é maior do que a OAS, teria faturado no ano passado R$ 10 bilhões. E agora se mixa para bancar os R$ 250 milhões necessários para concluir o Beira-Rio. Mistério.

Parece evidente que a AG verificou que seu lucro será pequeno, ou que o risco de ter prejuízo é grande, mas como é que só agora se deu conta disso. Foram meses de negociações. Não posso acreditar que de repente a AG se deu conta de que o casamento com o Inter é uma furada. Com toda a sua experiência, a AG não teria fechado um acordo dessa natureza se não tivesse visto vantagens significativas no negócio.

Ao não apresentar as garantias exigidas pelo Banrisul, a AG sinaliza que quer cair fora, mas que pode seguir jogando se conseguir mais vantagens, mais ou menos o que obteve a OAS recentemente para levar adiante o projeto Arena.

O Inter está como o sujeito que espera a noiva no altar. Ela não chega nunca. Começa a bater o desespero.

O presidente Giovani Luigi já dá sinais de que percebeu que entrou numa enrascada sem tamanho. Um nó difícil de desatar. Está nas mãos da AG, refém de uma das maiores empreiteiras do Brasil, que, se quisesse, concluiria o estádio com dinheiro próprio, mas aí não seria a AG, que, como suas ‘concorrentes’, só brinca com dinheiro dos outros, de preferência, dinheiro público.

O pior, para Luigi, é que um final infeliz nessa novela pode refletir no futebol, comprometendo a Libertadores.

E, sem a AG, como vai ficar o estádio colorado?

Não queria estar na pele do Luigi.

Ainda mais que a Copa pode parar na Arena.

Os engravatados deslumbrados

O Caxias foi melhor, a arbitragem foi correta e o Grêmio mereceu perder.

Antes do jogo escrevi que não acreditava que Luxemburgo cometeria um dos erros que liquidaram Caio Jr, que é jogar com Marquinhos na função de volante e o fantasminha camarada, mais conhecido por Marco Antônio, como articulador. O certo seria escalar Marquinhos na meia, deixando o craque da Portuguesa no banco. Como terceiro volante, poderia ser o Misael ou o Gilberto Silva. O importante era manter o esquema, a estrutura que deu certo no Gre-Nal.

Foi um jogo parelho, mas quem chegou com mais perigo foi o Caxias. Victor foi mais exigido que o bom goleiro do Caxias. No final do jogo, Victor fez uma defesa espantosa evitando o gol da vitória do Caxias, um cabeceio mortal.

O esquema com dois volantes ajudou Fernando a afundar. No primeiro tempo, o guri foi liberado para avançar, com Souza mais fixo. Outro erro de Luxemburgo. Fernando mais adiantado é um volante comum. Fora isso, nesse jogo ele abusou de errar, dando umas entregadas que lembram Douglas.

Aliás, Douglas parado em campo aparece mais que o Marco Antônio. O ruim para o Grêmio é que esse meia apático acerta um ou dois lances em 90 minutos e isso parece apagar tudo o que ele deixou de fazer no restante do tempo. No Gre-Nal, ele meteu uma bola óbvia para Kleber marcar o gol da vitória. Ouvi o W. Carlet dizer antes do jogo que Marco Antônio havia feito partida ‘extraordinária’ no Gre-Nal. Eu enlouqueço.

Hoje, ele cruzou para Kleber fazer 1 a 0. Até ali eu não o tinha visto em campo. Depois, deu um passe para Kleber, que chutou mas a bola desviou num zagueiro. Ora, Douglas parado em campo fazia muito mais.

Depois, nos pênaltis, Marco Antônio errou. Ora, é visível que esse jogador tem dificuldade de personalidade. Ele sabe jogar, tem boa técnica, mas se esconde no jogo. Por que escalar esse jogador para cobrar pênalti? Ninguém ajudou Luxemburgo a escolher? Ao analisar a lista de cobradores apontei dois que poderiam errar: M. Antonio e Fernando, que poderia estar abalado pela má atuação.

Enfim, Luxa, que eu defini como iluminado, continua iluminado. A derrota nos pênaltis para esse time modestíssimo do Caxias, que estava pedindo para perder, vai impedir que alguns outros ‘iluminados’ do Olímpico pensem que o time, por ter vencido o Gre-Nal, tem potencial para vencer algo mais do que o Gauchão.

As derrotas têm esse dom: abrir os olhos dos deslumbrados engravatados do clube, que se exibiram faceiros após a vitória no Gre-Nal, inclusive se achando no direito de fazer provocações inoportunas e inconvenientes.

Hoje, eles estão calados. Afinal, ser eliminado pelo Caxias depois de vencer o Inter, decididamente não estava nos planos.

Luxa, o iluminado

Vanderlei Luxemburgo é um sujeito iluminado. Que ninguém duvide disso. De lateral medíocre a técnico da Seleção Brasileira e do Real Madrid, um multicampeão.

É tão agraciado pelos astros que segue sendo um profissional valorizado e requisitado depois de tudo o que já aprontou e de alguns projetos fracassados, como o instituto que criou tempos atrás e que serviu apenas para desviar seu foco do principal: treinar equipes de futebol, todas de ponta, ressalte-se.

Luxa nasceu virado pra lua.

Mais uma prova disso é que mal ele chegou a Porto Alegre e os ventos que assolavam o Grêmio hoje tumultuam o rival vermelho. Essa crise envolvendo a empreiteira, o Banrisul e o clube não é pouca coisa. Acreditem, pode refletir no desempenho colorado dentro de campo, a não ser que seja abafada logo, o que parece muito difícil.

Mas o que interessa é a bola rolando. O Luxa chega e o Grêmio, comandado pelo competente Roger, acabou com a alegria colorada dentro do Beira-Rio. Era o que Luxa precisava para começar seu trabalho sem pressão.

Agora tem esse jogo contra o Caxias. Os deuses do futebol se uniram para ajudar Luxemburgo. O insosso Léo Gago ingeriu algum medicamento proibido e está fora do jogo. Com isso, Luxemburgo pode colocar Misael na equipe. O guri, pelo que ouvi dizer, está muito bem nos treinamentos.

O problema é que estão falando agora em Marquinhos para a função de Gago. Equívoco.

Quero acreditar que é outro erro dos meus ex-colegas, que antes do Gre-Nal anunciavam que Gago e Marco Antônio (outro que não tem futebol para ser titular- ficariam no banco. Eles foram escalados e até deram uma boa resposta em termos competitivos.

Marquinhos deve disputar posição com Marco Antônio. Fora isso é invenção.

O Grêmio vai enfrentar um time com muito mais pegada do que foi o Inter no meio da semana.

Se não quiser escalar Misael ou outro volante de verdade que exista no grupo, Luxemburgo pode adiantar Gilberto Silva e escalar outro zagueiro.

Aliás, é o que acredito que o iluminado Luxa irá fazer.

FECHANDO A CONTA

Escrevi as mal iluminadas linhas acima nesta manhã de domingo ao som de um velho vinil de Glen Campbell, que embalou minha adolescência em Lajeado e arredores.

Meu amigo Ricardo, de Cruzeiro do Sul, sempre quis afanar esse meu disco. Não levou.

O 23 e as coincidências da vida

As coincidências aguçam a minha curiosidade. Elas sempre têm um sentido, um significado. Por isso, sempre que me deparo com uma coincidência – e elas nos acompanham ao longo da existência e talvez até fora dela, em outro plano – procuro estudá-la. Não acredito em coincidência sem algum sentido. Sempre há um significado. Nem sempre o descobrimos. Outras vezes ele é muito claro. Não descarto, porém, que existam coincidências que são… coincidências.

Quem frequenta o botecodoilgo (alerto de novo que é virtual), sabe que no sábado retrasado eu mudei de residência. Creio que foi a minha 23ª (!!!!) mudança. Ainda estou ajeitando as coisas. Tenho apego as coisas antigas, dificuldade para me livrar delas, não adianta. Sempre acho que um dias elas irão servir para alguma coisa.

Bem, o casal que me vendeu a casa comprou um apartamento na rua onde eu estava morando, e praticamente em frente, com o número invertido, 218 para 281. As duas partes só ficaram sabendo disso depois. Baita coincidência.

O que isso significa? Nada. Ou será que tem algum significado oculto?

Mas não termina aí: contratei um empreiteiro para fazer umas reformas (casa meio antiga). Quase caí de costas quando o empreiteiro me contou, impressionado e emocionado com a coincidência, que ele próprio havia construído a casa há uns 20 anos.

Terá tudo isso algum sentido? Não sei. Pode ser mesmo uma coincidência sem nada nas entrelinhas.

Algo muito diferente do caso da camisa número 23 entregue pelo Grêmio ao técnico Luxemburgo, que tinha ao seu lado no momento de receber o mimo o presidente do Grêmio, um sorridente Paulo Odone, do PPS, partido que por coincidência (???) tem o número 23.

Luxemburgo disse que 23 é seu número de sorte. Que ele havia pedido o número 33, mas este pertence a Edilson; aí sugeriu o 23, embora este seja do Bruno Colaço. Mesmo assim, ele não sugeriu outro.

História mal contada.

Não parece haver dúvida de que estamos diante de uma ‘coincidência’ com um significado muito escancarado. Se foi mesmo algo planejado, foi uma bobagem sem tamanho, porque serviu apenas para reforçar o sentimento de uso político do clube.

Uma pisada de bola que não combina com o histórico do experiente presidente tricolor.  Parece mais coisa de assessor puxa-saco. Mas…

Por via das dúvidas vou jogar no bicho, no grupo da cabra (ou do veado), que engloba os números 21, 22, 23 e 24.

E o favoritismo era de araque

Uma vitória no Beira-Rio, diante de colorados convencidos que veriam um massacre do Barcelinter sobre um Grêmio frágil e inseguro, cai tão bem quanto a bendita chuva que alagou parte do Estado e afastou o calor sufocante. É coisa pra lavar a alma e fazer renascer a esperança de que, como repetia o grande Baltazar, ‘Deus está reservando algo melhor para mim’. No caso, para nós gremistas angustiados e aflitos.

Antes do jogo escrevi que o Grêmio poderia ganhar. Parti de duas premissas: o time teria três volantes e jogaria finalmente com onze jogadores, já que Marco Antônio e Léo Gago estariam fora, segundo as especulações.

Pois com os três volantes o time realmente ficou mais encorpado, mesmo com Léo Gago sendo um deles. Devo admitir que Léo jogou bem, nada de excepcional, mas dessa vez marcou, roubou bolas e foi ao ataque. Talvez não precise ser mandado embora.

O quarto homem do meio campo seria o Marquinhos. Mas foi Marco Antônio, uma nulidade ambulante até este jogo. Ele foi mais participativo, apareceu mais e meteu aquela bola para o Kleber fazer o gol da vitória. Antes de voltar para a Portuguesa merece novas chances, ainda mais que depois do jogo ele disse que ‘o ano agora está começando’, mostrando que está mordido e que pode jogar muito mais. Gosto disso.

Acreditava que o Grêmio poderia vencer também por outros motivos: Kleber e Marcelo Moreno enlouqueceriam Moledo e Índio. Kleber cavou os cartões amarelos dos dois, que comeram o pão que o diabo amassou diante da dupla gremista.

Via também em Élton uma avenida a ser explorada, e isso aconteceu. Dorival demorou a sacar o guri. Além do mais, o Inter sem Guinazu parece que perde sua personalidade vencedora. Frisei que Sandro Silva e Bolatti não estavam à altura de Tinga e Guina. E que isso também pesaria a favor do Grêmio.

Se Oscar não jogasse, destaquei, o Grêmio teria suas chances redobradas. Oscar jogou, ou melhor, entrou em campo. No final, perdeu um gol daqueles imperdíveis.

Minutos antes, Victor protagonizou o grande lance do jogo. Defendeu uma conclusão à queima-roupa de Damião e ainda teve reflexo para uma segunda e salvadora intervenção.

Aquele que ousar escrever qualquer coisa contra Victor aqui neste espaço vai tomar cerveja morna no boteco até que o Grêmio volte a ser campeão do mundo.

Pois esse lance mágico do melhor goleiro em atividade no Brasil mexeu com Oscar. Ele tremeu diante da imponência do melhor goleiro em atividade no Brasil. E chutou para fora como uma criança que acabou de urinar nas calças.

Por fim, um elogio ao Souza. Quando todos questionavam sua contratação, eu escrevi que era um grande reforço, que eu lembrava dele no mundial sub-20 ao lado do Ganso e do Giuliano.

Para concluir, o gol do Inter começou numa falha do grande Fernando. Mas o guri não se assustou. Foi outra figura importante, assim como o veterano Gilberto Silva.

O Grêmio ganhou o jogo a partir do meio de campo. O grande erro de Caio Jr foi não definir de uma vez um trio de volantes.

No final, o chororô do D’Alessandro, que não jogou absolutamente nada e foi para cima da arbitragem, querendo justificar a derrota perante seus fãs, num jogo em que o Grêmio foi superior a maior parte do tempo.

Méritos do interino Roger.

Gre-Nal: favoritismo de araque?

Negar que o Inter entra como favorito é quase uma insanidade.

O problema é que o time titular do Grêmio era favorito no Gre-Nal contra os reservas do Inter, mas ficou no empate dentro do Olímpico.

Então, o favoritismo é apenas um indicativo. Um indicativo que pode ser revertido em questão de minutos.

Eu também acho que o Inter é favorito, mas só um pouco favorito. Se vencer, será por diferença mínima, a não ser que outros fatores, como arbitragem, furacão ou nevasca interfiram.

Analiso as prováveis escalações e confesso que estou mais otimista: começo a acreditar com muita força no surgimento de uma zebra no Beira-Rio.

Elton na lateral direita é uma avenida de quatro vias a ser explorada. Sandro Silva não faz uma perna de Guinazu e Bolatti não tem a vibração do Tinga.

Se Oscar não jogar, então, penso que deixa de existir o tal favoritismo. Porque aí o Inter terá apenas D’Alessandro de titular no setor, e um argentino só não faz verão. Aliás, para anular o D’Ale eu traria um volante do Mazembe.

Outra coisa: Moledo e o vovô Índio vão padecer diante de Marcelo Moreno e Kleber. Ainda mais que Guinazu não está ali para espantar.

Agora, o mais importante: o Grêmio, ao contrário do Gre-Nal anterior, terá onze jogadores em campo. Começar sem Marco Antônio e sem Léo Gago, como se especula, é um avanço, uma evolução. Curioso que Caio Jr não tenha percebido que esses dois nada acrescentam ao time.

Roger definiu, portanto, que o Grêmio vai começar com onze jogadores. O primeiro passo foi dado. O segundo foi reforçar o meio de campo. Vão jogar três volantes. Jogadores que marcam e também saem para o jogo.

O ponto mais vulnerável do time ficou encorpado, robusto. Ainda falta um articulador de qualidade, mas quem sabe Marquinhos não faz o seu melhor jogo com a camisa do Grêmio?

Ah, e tem o Viçosa no banco, o atacante Gre-Nal.

Não sei se fiquei insano, mas já acho que o Grêmio é capaz de vencer, ou ao menos empatar.

Não fosse a dupla Damião/Dagoberto eu diria que esse favoritismo do Inter é de araque.

Luxa, porque as pessoas podem mudar

Agora é oficial: o site do Grêmio acabou de publicar que Vanderlei Luxemburgo está contratado.

Vou torcer por ele, porque o seu sucesso será o sucesso do Grêmio.

Assim como torci por Julinho Camargo, Celso Roth e Caio Jr, sem acreditar que fossem dar certo, agora vou torcer por Luxemburgo.

Meu primeiro pensamento foi de que ele irá fracassar, como tem fracassado já alguns anos, mas começo a acreditar que Luxemburgo pode dar certo neste último ano do Olímpico, neste ano da Arena, conforme o site do clube não nos deixa esquecer um instante sequer.

Se os opostos se atraem, os iguais se completam.

Luxemburgo, com toda a sua trajetória controvertida, marcada por inúmeros títulos e e incontáveis situações nebulosas que evito enumerar até por não conhecer todas, tem tudo para se sentir em casa.

Formará com a direção do Grêmio um conjunto encorpado e harmônico, não tenho dúvida. Essa afinidade, essa sintonia, é o primeiro passo para uma caminhada firme e exitosa. Vejo o Grêmio, agora, como um bloco homogêneo, o que não percebia com outros treinadores.

Só falta a torcida engajar-se e acreditar que Vanderlei Luxemburgo pode voltar a ser o técnico vitorioso de outros tempos e, principalmente, a poucos meses de tornar-se um sessentão, mostrar que pode ser também um cidadão acima de qualquer suspeita, sepultando um passado recheado de histórias grotestas, com algumas passagens dignas de figurar numa folha corrida.

Sinceramente, eu acredito que as pessoas podem mudar, assim como não vejo como separar o cidadão, o profissional, do seu caráter. Acho engraçado quando algumas pessoas dizem: “Luxemburgo tem um caráter complicado, mas é bom treinador”. Quando se contrata um profissional, vem junto o cidadão, com todas as suas qualidades e seus defeitos.

Há poucos dias, Luxemburgo bateu de frente com o representante mais famoso da família Assis Moreira. Ele perdeu o emprego no Flamengo – de onde é fácil sair para treinar a Seleção -, mas resguardou sua dignidade profissional.

Luxemburgo dificilmente um dia irá recuperar o meu respeito – não que isso lhe faça falta -, mas já conta com a minha esperança em sua volta por cima como treinador e como pessoa, e com a minha torcida.

Uma coisa é não gostar da contratação, outra é deixar de torcer pelo Grêmio por causa do Luxemburgo.

Ameaça de dilúvio sobre o Olímpico

Os raios e trovões que antecipam o temporal que deve cair sobre Porto Alegre ainda hoje para aliviar o calor e amenizar a seca não são nada diante do dilúvio que ameaça desabar sobre o Olímpico.

A cogitação de demitir Caio Jr, que tem administrado a escassez a exemplo do que aconteceu com Renato há exatamente um ano, é inaceitável. Caio estaria armando o time de uma maneira que desagrada os cartolas, provando que quem o contratou o fez sem critério, sem estudo, sem ponderação. Coisa que dirigente de verdade não faz, mas cartola sim.

A maioria dos cartolas é boa de discurso, tem o tom certo para cada palavra e um gestual típico das raposas políticas. Suas decisões são de sopetão, emocionais, sanguineas.

No futebol hoje não há mais espaço para improvisos, a não ser dentro de campo.

Caio deve ter um tempo maior e jogadores melhores. Escrevi o mesmo sobre Renato no ano passado. Aliás, é interessante como alguns jornalistas esportivos colorados gostam de taxar Renato de incompetente -li no twitter há pouco essa bobagem-, ignorando maldosamente que ele foi vice-campeão da América com o Fluminense fez uma campanha excepcional no Grêmio. Os colorados têm raiva de Renato. Não perdoam o que ele fez com a camisa tricolor. Curioso, alguns gremistas também desprezam Renato.

Eu, na verdade, não teria contratado Caio Jr. Ainda não fez nada que justificasse começar uma temporada no Grêmio.

Assim como jamais contrataria o sr. Luxemburgo, o ‘dilúvio’ referido no primeiro parágrafo. Não vou me estender sobre esse treinador, que teve seu momento no futebol. Mas, conhecendo os cartolas, não duvido que ele seja anunciado após o Gre-Nal.

Para não jogar o novo técnico na fogueira do Gre-Nal, tudo indica que o auxiliar Roger comande o time interinamente. Depois, imagino que o capitão América, Adilson, seja contratado.

Adilson rodou muito, mas parece não ter evoluído. Tem acumulado campanhas ruins. Não acredito que dê certo.

Melhor queimar etapas e trazer logo ele, o eterno e sempre de prontidão, Celso Roth.

Não é o que eu quero, mas é o que eu prevejo.

O Grêmio e as escolas de samba

Pior que o futebol do Grêmio contra o São José só mesmo desfile das escolas de samba de Porto Alegre durante um temporal.

As fantasias desmancham, os carros alegóricos trancam e se desfiguram, os passistas não sabem se sambam ou se nadam e a bateria atravessa.

A diferença é que esse pessoal enfrenta o infortúnio com brio, garra, raça e coragem. Não faltam nobreza e altivez.

Tudo o que o Grêmio sempre esteve e abandonou em algum ponto do caminho ao fundo do poço.

Perder para o São José é quase uma calamidade. Perder praticamente sem exigir maior esforço do goleiro rival é uma calamidade.

O time projetado para começar a temporada é uma caricatura. Será mesmo que a dupla Paulo Odone/Paulo Pelaipe acreditava que as contratações iniciais seriam suficientes?

O Grêmio perdeu por 2 a 1. Considero o resultado justo. Vi um pênalti em Kleber no meio do segundo tempo, quando ele foi puxado por trás. Foi um lance confuso. Desculpo o juiz  Pierre. Até porque como exigir muito de um juiz que estava dando cartão amarelo para Gilberto Silva quando a falta havia sido cometida pelo estreante Souza, que alertou o Pierre para o engano ridículo, já que o lance foi claro.

Além do mais, Pierre é o mesmo que não deu aquele pênalti clamoroso do Bolívar no jogo contra o meu Avenida.

Hoje, teve ainda o gol anulado do André Lima, mas aí o erro foi do auxiliar.

Independente disso, o Grêmio não mereceu resultado melhor. Paralelamente, os reservas do Inter venciam o Pelotas.

Tempos atrás escrevi, e repeti, que o Grêmio tinha seis titulares. Os outros cinco não passavam de reservas de um time realmente competitivo e que busca voos mais elevados.

No Passo d’Areia, o time teve apenas dois titulares: Victor e Kleber. Os outros quatro titulares não jogaram: Fernando, Mário Fernandes, Júlio César e Marcelo Moreno.

Os melhores do time nessa tarde quente e sufocante, a partir do sistema defensivo: Gabriel, Souza e Leandro. Gabriel apoiou, fez boas jogadas. Souza entrou e mostrou que tem condições de ser o sétimo titular como segundo volante. Leandro entrou muito bem, provando que é um diamante a ser lapidado com carinho e cuidado.

Leandro fez mais em 45 minutos que o Kleber em 90. Kleber não tem conseguido vitórias pessoais. Parece que não consegue driblar nem um poste. É claro que se trata de um grande atacante, mas por enquanto seu futebol é modesto. É evidente que faltam meias de qualidade, mas faltam também para o Leandro, que ainda assim teve alguns lances de ousadia e brilho.

Esse Marco Antônio parece um zumbi em campo. Ele some do jogo, não desarma, não cria. Enfim, uma decepção. Acho que logo logo estará de volta à Portuguesa, onde ele é adorado.

A esperança agora é que os novos reforços tenham mais samba no pé. Caso contrário, o futebol gremista continuará sendo muito parecido com o desfile de uma escola de samba gaúcha durante uma chuvarada.

Ainda é cedo para um julgamento definitivo, até porque as peças de que dispõe são modestas, mas Caio Jr. demonstra não estar preparado para comandar essa ‘escola’ na avenida que leva ao título do campeonato gaúcho e muito menos ao título da Copa do Brasil.

Bem, somente um milagre pode impedir que o Gre-Nal na quarta-feira não seja de cinzas para Caio Jr.