Libertadores: Grêmio empata em jogo típico de Gauchão

Típico jogo de Gauchão esse do Grêmio contra o Defensor, que, aliás, fez jus ao nome, porque só tratou de se defender.

O Defensor parecia um time do interior, preocupado apenas em não levar gol e especular algum lance de contra-ataque. O estádio parecia com a maioria dos estádios do futebol gaúcho, parado no tempo.

Até o público era de Gauchão. Meia dúzia de gato pingado.

E o que dizer da arbitragem? Parecia um trio noveletiano. O juiz deixou o time uruguaio bater e demorou a dar cartão amarelo. Até pênalti foi sonegado, como costuma acontecer por aqui. Foi no lance do gol de Maicon. Jael foi deslocado na cara do juiz. Felizmente, Éverton apareceu para concluir e Maicon surgiu de trás para fazer 1 a 0.

Quer dizer, um jogo muito parecido com os que o Grêmio enfrenta no regional: retranca armada e muita pancada para intimidar, sempre com a conivência dos árbitros de modo geral.

O resultado de 1 a 1 foi decepcionante, porque era jogo para vencer. Renato demorou a colocar Alisson, que deu nova cara ao time na frente.

O primeiro tempo foi mais arrastado, com o Grêmio tentando furar a muralha uruguaia. Ao mesmo tempo, tendo de cuidar para não levar uma bola às costas. Em Libertadores não tem moleza, vacilou está levando gol.

E foi o que aconteceu quase no final, quatro minutos depois do gol de Maicon. O zagueiro uruguaio, posicionado além da segunda trave, cabeceou livre, sem pular, para empatar a partida. Ali deveria estar o lateral-direito, mas Madson havia saído. Quem deveria estar ali seria o Ramiro ou o Alisson.

O fato é que os uruguaios, muito esforçados, aproveitaram o cochilo para fazer o gol.

O empate não chega a ser um mau resultado, mas diante das circunstâncias restou a frustração de deixar escapar a vitória praticamente consolidada.

Sobre os jogadores: faltou uma jogada mais qualificada pela direita. Madson ainda não se adaptou, nem sei se irá se adaptar.

Sobre Renato, Alisson está pedindo passagem para começar uma partida. Ele é um bom parceiro para Luan.

Efeito Diego Real e as arbitragens do Gauchão

Concluída mais uma rodada do ‘emocionante’ do campeonato gaúcho, restou-me uma imensa curiosidade.

Teria sido, o árbitro Érico Almeida, convocado à sala do sr Novelletto para prestar esclarecimentos sobre sua ‘ousadia’ de não marcar um pênalti claro para o clube do presidente da federação, domingo, contra o São Luiz de Ijuí?

Sim, a curiosidade se justifica. No ano passado, o então promissor Diego Real cometeu o grave crime de errar contra o Inter ao assinalar um pênalti a favor do Juventude, infração que realmente não existiu. O jogo terminou 1 a 0 para os caxienses.

No dia seguinte, um fato inusitado. Diego foi chamado pelo presidente da FGF, que fez questão de deixar vazar o encontro para a imprensa, o que, decididamente, é algo muito raro e absolutamente inaceitável para alguém que ocupa cargo tão importante.

Foi, no popular, uma mijada pública.

Meses depois, Diego Real se desligou da federação, abandonou a arbitragem. Sua forma de responder à humilhação.

Não consta que algum juiz nesses anos todos do sr Novelletto na FGF algum juiz tenha sido jogado às feras por ter prejudicado o Grêmio. Talvez porque realmente sejam muitos os erros cometidos contra o tricolor…

Desde então, pergunto eu, em que condições emocionais apitam os árbitros comandados pelo sr Novelletto, em especial os mais jovens?

Será que não se deixam influenciar por esse tipo de acontecimento?

O fato, a realidade, é que também no atual gauchão o Grêmio foi muito mais prejudicado que o Inter. Na série de jogos com seu time C, o Grêmio deixou de somar pontos em função de erros de arbitragem.

Já o Inter só teve um erro capital contra si quando já está com sua classificação garantida.

E aí eu tenho que ler e ouvir gente dita especializada e isenta que as arbitragens no regional erram para os dois lados, citando como exemplo esse fato isolado.

Não, nos últimos anos o que se vê é um número muito superior de erros contra o Grêmio na comparação com o rival.

Por isso, não canso de repetir, na dúvida contra o Grêmio e a favor do Inter.

É como eu vejo a arbitragem gaudéria, mas sempre frisando que não é uma questão de desonestidade, mas apenas efeito psicológico do poder absoluto de Novelletto Primeiro e Único.

A redenção de Jael e o ‘Rivaldo’ que veio de Minas

Thonny Anderson ‘chegou chegando’. Escancarou a porta, entrou sem pedir licença. Chegou como acessório na transferência do Edílson (criticada por alguns, não por mim, que não gosto de manter jogador contrariado). A direção gremista soube transformar limão em limonada.

E que limonada! Alisson está dando boa resposta e Thonny mostra um atrevimento raro hoje em dia, nesse futebol burocratizado, de toque pro lado, pra trás, e de escassa ousadia, qualidade que vejo também em Éverton.

A gente sabe que essa qualidade de abridor de lata, ou seja, do que cara que vai pra cima do marcador e abre retranca a drible, pode gerar um grande peladeiro.  Valdívia por enquanto é um exemplo disso.

Não é o caso do paulista Thonny, que revelou neste sábado qualidades de um jogador diferenciado. Além do drible, da técnica apurada, o ‘Rivaldo’ do Cruzeiro mostrou que tem visão de jogo, inteligência.

No primeiro gol, ao receber uma enfiada de Jael (sim, do Jael), travou a bola, livrou-se da marcação, limpou a jogada e concluiu com a frieza de atacantes experientes. Foi o gol mais rápido desse campeonato de cartas marcadas. Desde a saída de bola até o gol foram 25 segundos.

Esse gol relâmpago desarticulou o adversário. O time reserva do Grêmio, reforçado de Ramiro e Éverton, meio que se acomodou, e o jogo ficou morno.

Já no segundo gol, Thonny, que estava tri a fim de jogar, mostrou por que foi apelidado de Rivaldo na base do Cruzeiro. Ele recebeu pela direita, percebeu Jael entrando às costas da zaga e lançou como se fosse com a mão. Jael tocou de cabeça e Michel marcou.

Então, quando a gente vê um jovem recém chegado e em pouco tempo já mostrar um futebol de alto nível, fica pensando quanto tempo se perde com falsas promessas (ah, fulano precisa de tempo, de sequência de jogos, etc). São muitos casos assim.

Nem vou citar exemplos, porque todos sabem de alguém assim.

O cara quando é bom mesmo faz como o Thonny, que ‘chegou chegando’ e acabou inscrito na Libertadores. Mais uma decisão muito acertado do melhor treinador do Brasil (te cuida, Tite!).

JAEL

Torço pelo Jael, assim como torço por todos os jogadores do Grêmio. Torço, por exemplo, pelo Marcelo Oliveira. Reconheço suas limitações, mas quem pensa que futebol se faz só com talento, decididamente não sabe nada. Nem perco meu tempo com gente assim.

Marcelo Oliveira é uma liderança positiva num ambiente em que a vaidade prevalece, e precisa ser administrada em função dos objetivos de todos, do grupo. Não das individualidades.

No caso de jael, vejo um jogador desabrochando. Ele teve participações importantes no título da Libertadores, mas tem suas limitações. Não é, contudo, um zero à esquerda. Sábado, deu duas assistências, e acabou marcando seu primeiro gol, de pênalti, aliás muito bem batido.

Então, no momento em que Brocador está chegando, Jael desponta. São dois centroavantes.

De minha parte, continuo preferindo um ataque móvel, sem o tal camisa 9, o aipim. Acho que Alisson será o titular num esquema que terá Maicon e Arthur no meio, e quatro meias/atacantes na frente: Ramiro pela direita, Éverton pela esquerda, e pelo meio Luan e Alisson.

ATAQUE MÓVEL

Sexta-feira, lendo o noticiário, soube que o técnico Fábio Carille iria de ataque móvel contra o ‘poderoso´ Palmeiras. Pensei: vai ganhar. Não deu outra, o ataque móvel, com bons jogadores, é o melhor sistema. Fez 2 a 0 no festejado Palmeiras.

Um dos gols do meia Rodriguinho. Esse meia saiu do Grêmio tido como jogador mediano. Ninguém acreditava nele, nem eu.

No futebol, o melhor é não ser definitivo nas avaliações.

Por exemplo, vejam o caso do Marcelo Grohe. Tem gente que o queria longe, muito longe, do Grêmio. Vejam só.

GAUCHÃO

O Grêmio, com os 3 a 0 sobre o NH, afastou o fantasma do rebaixamento.

Por mim, pode ficar de fora da próxima fase, para decepção e irritação da turma dos amigos de Novelletto.

Mas se for para classificar, a briga pelo título deve ser prioridade.

Em especial, a vitória sobre o Inter.

ROMILDO

Repercute negativamente, muito negativamente, a recepção do presidente Romildo ao Pedro Ernesto em seu gabinete, após a vitória sobre o Independiente.

Poucos cronistas esportivas atacaram tanto a gestão atual quanto Pedro Ernesto. Acho até que ninguém o superou.

O presidente é uma pessoa educada, cordial, mas ele precisa começar a cultivar outra qualidade: a capacidade de captar o sentimento do gremista.

Não conheço um gremista sequer que tenha aprovado essa iniciativa do presidente do melhor time da América Latina.

Companheirismo e comprometimento: as armas principais do campeão

Recuperado das fortes emoções causadas pelo grande jogo desta quinta-feira na Arena, tratei de rever na internet os principais lances de Grêmio x Independiente, briga de cachorro grande, não de guaipecas que lutam por um osso no campeonato do sr. Novelletto.

A principal conclusão: o Grêmio deveria ter goleado. O goleiro argentino foi um gigante, não apenas com grandes defesas, mas também na arte de ganhar tempo, contando para isso com o beneplácito do árbitro.

Não há como negar que a afoiteza e a imperícia nas conclusões também contribuíram para o meu sofrimento e minha irritação. Aponto dois lances: logo de saída Éverton fez o mais difícil, driblou o goleiro e chutou já comemorando. Aí apareceu um zagueiro para impedir o gol.

Éverton, o destaque

Eu estava próximo desse lance e reparei a cara de espanto e frustração do Éverton, que, aliás, foi o melhor jogador em campo. Foi o atacante que mais deu trabalho à marcação implacável do forte time argentino, que, mesmo com um a menos foi valente, resistiu e até deu dois sustos.

Éverton tem uma jogada que normalmente dá certo, ele corta para o meio e chuta de direita, mas sempre no canto direito do goleiro, sempre. Foram quatro ou cinco conclusões dele dessa forma. Ele precisa aprender a buscar o canto esquerdo(o canto oposto). O que se consegue com bastante treinamento.

Luan

Luan, como se previa, foi o alvo preferido das chuteiras assassinas de craques. Dois argentinos levaram cartão amarelo por entradas mais duras. Outro, foi expulso justamente, porque ele quase operou Luan com uma entrada criminosa. Foi preciso a intervenção do árbitro de vídeo.

Sobre os gols perdidos: ainda no primeiro tempo, aos 38, bem na minha frente, Luan perdeu uma chance incrível, após passe se não me engano do Alisson. No lance anterior, em que Éverton driblou o goleiro, a metida foi também de Alisson, que começa a mostrar qualidades.

Irritação

Quanto mais chances o Grêmio desperdiçava, mais eu me irritava. Um pensamento martelava minha cabeça: quem não faz, leva. É importante registrar que o time de Renato foi guerreiro, altivo, peleador e teve vários momentos de bom futebol. Seria um crime um time que criou tantas chances de gol ser eliminado, mas o risco havia. Meus olhos cansados já viram muito disso no futebol. Por isso, o medo, a irritação.

Quando o jogo foi para a prorrogação quase entrei em pânico. Lembranças de ‘tragédias’ dos anos 70, principalmente, me atormentavam. Sou um sequelado emocional em termos de futebol, um sobrevivente dos anos de chumbo para os gremistas, a década de 70.

Marcelo Grohe

Terminada a prorrogação, me levantei. Pensei no trânsito para a volta e também no histórico assustador de pênaltis mal batidos. Sim, fui embora.

Depois de uma caminhada de 15 minutos, entro no carro, ligo o rádio. Luan vai cobrar, 4 a 4. Eu tinha certeza de que ele erraria. Mas ele fez. Acendeu a luz da esperança.

Aí, apareceu o goleiraço Marcelo Grohe, que uns definiam como goleiro com braço de motorista de kombi e outras coisas piores, todas muito injustas e cruéis, ainda mais partindo de gremistas.

Grohe defendeu o quinto pênalti. Grêmio campeão da Recopa. Grohe,Geromel e Kannemann formam um trio defensivo insuperável no futebol brasileiro. Os dois zagueiros foram excepcionais na entrega, na energia e na indignação.

Renato

O maior responsável por mais esse título grandioso – o terceiro em 18 meses – é sem dúvida o técnico Renato Portaluppi, claro que com o respaldo do presidente Romildo Bolzan.

Além de conhecedor de futebol, Renato tem a capacidade de conquistar o vestiário. Coisa rara. Ele consegue trazer o grupo para o seu lado. Isso é perceptível em campo. Até jogadores que chegaram agora se envolvem e comprar a proposta de trabalho de Renato.

Ao final do jogo, era visível a emoção dos jogadores. Maicosuel não conteve o choro quando o jogo terminou, mostrando que já incorporou a alma tricolor.

Mérito de Renato Portaluppi, o melhor treinador em atividade hoje no futebol brasileiro.

Se alguém quiser saber como é a relação dele com os atletas basta conferir alguns vídeos que circulam nas redes sociais. É uma relação de companheirismo e amizade, além de total comprometimento.

E isso tudo, acreditem, ganha jogo, mais até que erudição futebolística.

 

Na Arena, briga de cachorro grande, não de guaipecas

Por mais que boa parte da crônica esportiva gaúcha tenha optado por destacar outros assuntos, a realidade está aí com sua contundência: o Grêmio está a 90 minutos de mais um grande título, a Recopa.

Grêmio x Independiente. É briga de cachorro grande, não de guaipecas.

É claro que não poderia se fugir da maior notícia desta terça-feira, a venda milionária de Arthur ao Barcelona por 40 milhões de euros, de acordo com o que foi divulgado. É a maior transação do futebol gaúcho em todos os tempos. A quarta do futebol brasileiro.

Parabéns ao presidente Romildo Bolzan, que se revelou neste caso um hábil negociador.

E eu que pensava que Luan sairia primeiro e para o mesmo clube. Sempre vi em Luan um jogador com a cara do Barcelona. Mas, como um cometa, apareceu Arthur, que em poucos meses revelou-se craque. Arthur, até mais que Luan, tem a cara do clube catalão.

Mas voltando ao que interessa: impressionante como a mídia Abaixo do Mampituba gosta de explorar, cavoucar fundo, tudo que de uma forma ou de outra é negativo para o Grêmio.

O Douglas Costa, um tipo de embaixador do Grêmio pelo mundo, deu uma escorregada diante de um repórter esperto, que insistiu e arrancou quase uma confissão sobre aquele jogo, em 2009, em que o time reserva do Grêmio perdeu – como continua acontecendo com os reservas tricolores nos tempos atuais – para o Flamengo, e que alguns venenosos dizem que o time jogou para perder. Maldade…

Até ex-dirigentes do tricolor foram avidamente procurados como se o assunto fosse algo inédito na crônica esportiva gaúcha.

Lembrando que semanas antes o Inter havia sido goleado por 4 a 0 por esse mesmo Flamengo.

Os colorados não esquecem 2005 e 2009, não adianta.

Mas se é para revolver o passado, quem sabe esses mesmos diligentes repórteres não entrevistam o presidente do Paysandu em 2002, quando o Inter escapou do rebaixamento ao vencer por 2 a 0?

Garanto que teriam assunto para dezenas de programas.

Teve um repórter/comentarista que criticou Douglas Costa por suas declarações. Teve outro que confundiu tudo e disse que o Flamengo comprou o Grêmio. Felizmente, foi corrigido na hora pelos colegas da mesa.

Se é para criticar Douglas Costa, quase uma criança na época, que tal ouvir Wellington Silva? Um juiz espanhol pediu a prisão do hoje atacante colorado por uma história cabeluda ocorrida num jogo entre Levante e Zaragoza, em 2011. Prisão e suspensão do futebol por seis anos.

Então, se é para mexer com o passado, assunto é o que não falta.

Agora, de nada adianta tudo isso, além de preencher espaços na programação, porque hoje a Arena vai lotar. Mais de 50 mil gremistas – eu junto – vão empurrar o time de Renato a mais um título de expressão mundial.

Nada mau para quem corre o risco de ser rebaixado no glorioso Noveletão.

PEDRO ERNESTO

Hoje eu li um texto do Pedro Ernesto cobrando time titular do Grêmio para enfrentar o NH, sábado. Como se sabe, com seu time reserva o Grêmio corre risco de perder e ser rebaixado no torneio do sr Novelletto.

Bateu o desespero neles.

Diante disso, começo a considerar que o rebaixamento não é uma coisa tão ruim assim, tem seu lado positivo.

O risco de rebaixamento em 1989 e a situação atual

Em 1989, o Grêmio estava pra ser rebaixado. A situação foi buscar um opositor, Rafael Bandeira dos Santos, para comandar o futebol e tentar manter o clube na primeira divisão regional.

O Grêmio precisava vencer o Glória, em Vacaria, para fugir de um octogonal que poderia levar ao rebaixamento. Havia um clima de tensão no Estado. De um lado, gremistas preocupados; de outro, colorados sorridentes.

Foram contratados Edinho, capitão do Brasil na Copa de 86, o volante Jandir e Hélcio, lateral-esquerdo. Cláudio Duarte foi contratado para tirar o time da enrascada.

E o time era bom: Mazaropi; Alfinete, Luiz Eduardo, Edinho e Hélcio; Jandir, Cristóvão e Cuca; Almir, Kita (Marcus Vinícius) e Paulo Egídio (Amaral).

Enfim, foi um suplício. Uma semana de preparativos. Um jogo duro, paralisações, Edinho expulso. Mas o que interessava: o Grêmio venceu por 2 a 1 e escapou da degola.

Hoje, o Grêmio vive uma situação quase dramática, e que pode se tornar dramática se não vencer o Novo Hamburgo, sábado, na Arena. Lembrando que o time será como esse que perdeu para o Veranópolis por 2 a 1.

Diferente de 1989, o Grêmio parece não ligar para a possibilidade concreta de rebaixamento no Noveletão. Até o técnico Renato parece resignado.

Há um clima de tanto faz, tanto fez.

Esse conformismo está se refletindo na atuação do time no regional. Se o Grêmio tivesse jogado contra o Veranópolis com o espírito guerreiro que levou o clube a escapar em 1989, não tenho dúvida que venceria, mesmo com essa arbitragem que validou um gol muito discutível (duvido que se fosse contra o Inter o gol seria confirmado) e um pênalti muito claro a favor do tricolor, tão claro que alguns ‘especialistas’ evitam comentá-lo.

Nas redes sociais e nos programas de rádio, gremistas se manifestam a favor da queda para a segundona para apatifar o Noveletão, tamanha a raiva de grande parte da torcida em relação ao presidente da FGF (será que existe no Brasil situação semelhante? Acho que não).

Percebo, no entanto, que muitos gremistas temem o rebaixamento – ao contrário do que pensam desconfio que o sr Novelletto até ficará satisfeito, festejando com um delicioso salmão regado ao melhor champanhe, mas é apenas uma desconfiança.

Hoje, eu diria que a maior parte da torcida quer o Grêmio fora do Gauchão, mas não rebaixado. Que consiga apenas a pontuação necessária para não cair e também não se classificar. É isso.

De minha parte, continuo defendendo a luta pelo título. Do jeito que for possível considerando a Libertadores (são dois jogos agora e depois só em abril). Se o Grêmio for eliminado do Gauchão, serão praticamente 30 dias sem jogo oficial.

Sei que a hora não é para otimismo em termos regionais, mas em 1989 o Grêmio escapou da queda humilhante para conquistar o título estadual e a Copa do Brasil.

Tudo com muita raça, muita determinação. Muita vontade!

RECOPA

Agora, acima de toda essa encrenca está o jogo contra o Independiente.

O título está ao alcance do Grêmio, que joga em casa e com o apoio da maior  e mais vibrante torcida do sul do país. Ah, importante, com seus titulares, e talvez até com Arthur.

Em caso de derrota (toc-toc-toc) o técnico Renato verá que a instalação de uma crise independe de sua vontade (ou de quem quer que seja), ao contrário do que ele afirmou após o jogo em Veranópolis.

A consagração demora, mas uma crise chega rapidinho.

 

Um Iniesta pra chamar de seu

Começo com um assunto que não interessa à maioria dos gremistas. inclusive alguns parceiros/amigos deste blog: o Gauchão, vulgo Noveletão. Portanto, podem me deletar ou pular para o próximo tópico.

Como muitos gremistas desprezam o nosso regional – defendem que o Grêmio deveria largar, jogar só com o time C ou algo assim -, é possível que nem saibam que o time joga amanhã, em Veranópolis, às 21h30.

Essa informação é válida ao menos para os que pensam como eu, que ando cansado de ver o clube ser violentado no campeonato do sr Novelletto, o presidente que só chama à sua sala juiz que erra contra o seu amado Inter.

Se isso não é uma forma de condicionamento não sei mais nada.

Sobre o jogo deste sábado, Renato está certo em poupar titulares, mas armando um time mais forte, inclusive com a presença de Ramiro.

Aliás, o Independiente fará o mesmo no campeonato argentino.

APLUB

Curioso, é o mesmo grupo que adquiriu o naming rights da sede da Federação Gaúcha de Futebol por dez anos, como lembrou muito bem o @alexaguiarpoa. Será que essa apuração vai chegar lá?

Justiça condena executivo Aplub por gestão temerária

RECOPA

Será que eu perdi alguma coisa? Será que empatar contra qualquer clube argentino, na Argentina, onde cada jogo parece um acerto de contas por questões culturais, econômicas, futebolísticas, etc, deixou de ser um bom resultado?

Está certo que o time não foi bem no primeiro tempo e não soube aproveitar que jogou com um jogador a mais boa parte do jogo, mas daí a colocar em segundo plano a relevância do resultado alcançado e só destacar os problemas é de enlouquecer.

Será que o Independiente é um Veranópolis da vida e eu não sabia? Esse time argentino tem qualidades que não podem ser ignoradas, como atacantes endiabrados que infernizaram a defesa. É bom de vez em quando olhar um pouco para o time que está nos enfrentando.

Bem, já estou com ingresso comprado. Será um grande jogo. Os preços estão mais acessíveis. Vamos lotar a Arena.

Aqueles que gostam de murmurar a cada erro do time, por favor, fiquem em casa.

D’ALESSANDRO

Demorou, mas já ouvi gente dizendo que o Inter tem o seu Iniesta. Claro, se o Grêmio tem o seu, o Arthur, os colorados da mídia não poderiam ficar atrás.

O problema é que a única semelhança entre o Iniesta verdadeiro e o colorado é o idioma.

Pois D’Alessandro, que muitos cronistas isentos já descartavam em função da idade, de repente voltou a ser o cara.

Contra o Juventude, jogando com uma liberdade absurda, realmente ele foi muito bem. Eu disse contra o Juventude, não foi contra o Independiente.

Mas isso não importa, o que interessa a esse pessoal é achar um Iniesta pra chamar de seu.

Essa história a gente já conhece. Já vimos esse filme. O argentino é um leão no torneio do Novelletto; um gatinho no Brasileirão.

DICA DE LEITURA

 

Desrespeito

Recopa: Renato começa mal, corrige e acerta o time

Mais deprimente que o primeiro tempo do Grêmio contra o Independiente foi ligar a TV e deparar não com o grande jogo pela Recopa em Buenos Aires, mas com um desses ‘clássicos’ do Gauchão.

Eu fui conferir se era verdade (não queria acreditar) que a RBS não transmitiria o duelo pelo título da Recopa envolvendo um time gaúcho, o Grêmio, e um argentino. Era verdade!

O jogo, portanto, não passou na TV aberta.

Assim, muita gente ficou no radinho. Por um lado foi bom, porque quem dependia do canal aberto deixou de ver um Grêmio irreconhecível em boa parte do confronto, como destacou a equipe da Fox.

O Grêmio, iniciando a temporada assim como seu adversário, foi dominado, e só não foi com derrota para o intervalo por detalhe. Por sorte, o Grêmio achou um gol na falha da zaga. Luan interceptou um passe, invadiu e área e desviou do goleiro com a categoria que Deus lhe deu.

Era um gol para dar tranquilidade ao time, mas foi o contrário. O Independiente foi para cima. Foi com tanta vontade que Giglioti acertou uma cotovelada em Kannemann, e foi expulso a partir de informação do árbitro de vídeo (VAR).

Mesmo com um jogador a mais, o Grêmio cedeu o empate. Bruno Cortez marcou contra de cabeça, após um lançamento para a área.

O time argentino continuou superior. Teve até bola na trave. O Grêmio não conseguiu exercer a marcação no campo inimigo.

A escalação do jovem Lima se mostrou um equívoco do técnico. Ele tem potencial, mas não conseguiu mostrar seu futebol nesse jogo de confronto com argentinos em que muitas vezes prevalece a experiência e a força.

No segundo tempo, aos 8 minutos, Alisson entrou no lugar de Lima. O time melhorou consideravelmente. Aos poucos o Grêmio foi comando conta do jogo, marcando no campo do adversário, tocando a bola e buscando a melhor jogada para fazer o gol da vitória.

Algumas situações foram criadas, e desperdiçadas. Nos minutos finais entraram Maicosuel e Jael. O Grêmio tinha controle total do jogo. Faltou criar situações mais nítidas de gol.

No final das contas, considerando o erro de Renato em começar com Lima, o que contribuiu para o domínio argentino no primeiro tempo, o empate não foi um mau resultado – considerando a falta de ritmo da equipe.

Mas foi frustrante, já que o adversário jogou a maior parte do tempo com um a menos.

A decisão fica para quarta-feira, na Arena. Um novo empate leva para os pênaltis.

Corrigindo: o empate leva à prorrogação e depois, se for o caso, aos pênaltis. Fortes emoções.

Brocador não empolga, mas é um goleador

Chegou Hernane Brocador. O Grêmio tentou, e tentou de verdade, mas não conseguiu trazer André. Decidiu investir em outro centroavante de área, ao estilo de Jael.

São estilos parecidos, mas Brocador tem um histórico superior ao de Jael, apesar de instável, de irregular.

Na temporada 2013/2014, Brocador foi ídolo da torcida do Flamengo. Marcou 45 gols em 73 jogos. Não é pouca coisa. Tem muito camisa 9, alguns que inclusive passaram pelo Grêmio,que não atingiu esse número em toda a carreira.

Se for por uma questão de gols marcados, Brocador é até um reforço interessante.

No entanto, a contratação de outro ‘aipim’, outro camisa 9 de carteirinha, é uma sobreposição de peças.

O certo seria ter contratado um atacante com melhor técnica e mais mobilidade, como André, do Sport. Mas os pernambucanos pediram demais por um jogador de altos e baixos, inclusive com problemas extracampo em sua trajetória.

Ao não encontrar alguém do estilo de André, que joga pelo meio e pelos flancos, o Grêmio apostou em Brochador, que em abril completa 32 anos. É um atacante centralizado, de força e boa capacidade de conclusão, como provou em mais dois ou três clubes, o último é o Bahia.

Não é a contratação que eu esperava – não significa que o Grêmio desistiu de um goleador com a característica de André, ou do próprio André -, mas é melhor do que ficar dependendo de Jael.

Preferia apostar em alguém da base, mas quem?

O último camisa 9 inquestionável formado pelo Grêmio foi Alcindo. Sim, é verdade, podem pesquisar. É um dado alarmante, mas verdadeiro.

Por fim, Hernane Brocador é o que havia no mercado dentro das condições financeiras do clube. Se ele repetir sua passagem pelo Flamengo, se trata de um reforço importante para essa temporada de muitas competições.

Com ele, ao menos, diminui o risco de Jael entrar. Ele não empolga, mas se trata de um goleador.

Só espero que Renato não desista de sua preferência, um ataque de mais movimentação, sem centroavante fixo – como ficou provado na CB de 2016.

E que ele resista ao bombardeio midiático por um ‘aipim’, preferência de boa parte dos torcedores gaúchos, em especial os gremistas.

Bem, por enquanto, os fãs do camisa 9 gigolô de time estão vencendo.

 

 

 

Neca e o falso 9

O blog cornetadorw propõe um debate interessante ao lembrar que essa história de aipim x atacante flexível é mais antiga que ‘pedir fiado’, como se dizia.

RW recupera a figura de Neca, um atacante/meia que o Grêmio trouxe do Esportivo por indicação do mestre Enio Andrade.

Pois o cara empilhou gols, 42 num ano, em 1975. Vocês imaginam alguém fazendo tantos gols hoje no futebol brasileiro?

Neca, apesar de tantos gols e passagem pela seleção brasileira, era questionado. O Paulo Sant’Ana, guru de alguns, atacava o Neca, salvo engano de minha memória.

Agora ao que interessa: Neca era o falso 9 no esquema de Ênio. Seria um Luan hoje, só que com menos técnica, mas mais objetividade e força. E melhor capacidade de conclusão. Era um outro futebol.

O ‘texas’ acabou com o Neca, que foi brilhar em terras mais civilizadas.

Vale a pena ler o material do RW.

De minha parte, sou adepto fervoroso do falso 9, mas gosto de um 9 tipo o André, do Sport.