A tarde desastrosa de Luxa

O Grêmio começou a perder o jogo quando Luxemburgo recuperou a dupla de carimbador de bola no meio de campo, que é o setor onde tudo se decide, conforme não canso de repetir.

No intervalo do Gre-Nal ele mandou Marquinhos passear no gramado do Beira-Rio de mãos dadas com Marco Antônio. Com esses dois, juntos, ao mesmo tempo, não há meio de campo que resista. Foi só nesse momento que senti a falta de Léo Gago, que ao menos tem mais vitalidade que os dois burocratas da bola.

Bem, aí o Grêmio tinha em campo as seguintes figuras: Gabriel,que deu uma assistência de craque para Datolo fazer 1 a , o limitado técnica e intelectualmente Pará, Marquinhos e Marco Antônio.

Um time que almeja títulos, não pode ter ao mesmo tempo esses quatro jogadores. Um ou dois deles, vá lá, é tolerável, mas quatro. Aí não há time que resista ao menos diante de um adversário de um bom porte, como o mistão que o Inter teve em campo.

Luxemburgo foi mais além no intervalo: sacou Miralles. Por que não deixar Miralles ao lado de Marcelo Moreno? Essa é uma dupla de qualidade superior, merecia uma chance.

Então, o Grêmio ficou sem meio de campo e sem ataque.

A rigor, a rigor mesmo, considero que Luxemburgo começou mal ao baixar MA para uma função mais recuada, a de Léo Gago. MA não marca, não arma e não conclui. Hoje, ele duas boas chances dentro da área para chutar, mas ele não assumiu a responsabilidade.

O certo seria começar com Wilson, Fernando, Souza e Bertoglio no meio. Daria certo? Não sei. Eu não tenho nenhuma dúvida que seria melhor do que a escalada pelo Luxemburgo. Mas agora é tarde, não tem mais como saber. A única certeza que continuo tendo é que MA não pode ser titular em hipótese alguma.

O Grêmio jogou com dez jogadores o tempo todo. Foram três substituições. MA foi mantido.

MA é intocável. Assim como Guinazu pode passar o jogo todo batendo e apitando, desafiando o juiz, MA tem carta branca para assistir ao jogo de dentro de campo, um privilégio inigualável. MA, como dizia um ministro, é imexível.

É óbvio que MA não é o único  responsável pela derrota por 2 a 1.

A carga maior cabe ao Luxemburgo. O Grêmio havia empatado com o zagueiro Werley, que já me conquistou faz algum tempo. O jogo estava equilibrado, embora Muriel, assim como MA, foi espectador privilegiado.

Aí, Luxemburgo teve um chilique. Foi encarar o gandula. Que não é só um gandula, é um instrumento do Inter para surpreender os adversários nos escanteios. Além do mais, é um gandula grande, um gandulão. Ele encarou o Luxa, houve troca de tapas, pelo que vi no tumulto. Nada de grave. Mas Luxa tumultuou tudo, foi expulso.

A partir daí, o Grêmio que mantinha um duelo digno, sucumbiu, afundou, mergulhou numa crise existencial. ‘Quem sou eu?’, ‘pra onde vou’, ‘do que sou capaz”. Luxa desequilibrou o time, que, a bem da verdade, já não assustava ninguém no estádio.

A cereja do bolo foi a entrada de Leandro e a saída de… MA? Não, porque esse é bruxinho, é ‘articulador’. Saiu Facundo Bertoglio. Estaria cansado. Mas ele cansado corria e se comprometia mais com o jogo do que MA e Marquinhos juntos.

Enfim, o time modesto do Grêmio ficou ainda mais fragilizado.

O resultado acabou sendo justo. Não fosse Victor, a derrota poderia ser por um placar humilhante.

O Inter está na final e vai ser campeão gaúcho de novo.

Ao Grêmio, resta esperar pela Arena e torcer por reforços para fazer um Brasileirão com alguma ambição.

Vuaden fora. Vantagem gremista

O jogo de futebol não começa quando o juiz apita. Começa antes, bem antes de os times entrarem em campo.

O jogo começa na indicação e/ou sorteio do homem de preto.

Nesse aspecto, o Grêmio larga em vantagem. Márcio Chagas da Silva ganhou o sorteio e será o árbitro do Gre-Nal.

A vantagem nem é tanto pelo Márcio (o Daronco foi muito bem no clássico anterior), que é o melhor hoje no Estado, mas pelo simples e decisivo fato de que o juiz não será o sr. Leandro Vuaden.

Nem vou entrar em detalhes. Vuaden fora é a certeza de um Gre-Nal em que as faltas criminosas como aquela que vitimou Mário Fernandes sem punição ao agressor (o glorioso zagueiro Jackson) serão sinalizadas.

Sem contar o fato de que por alguma razão qualquer o Grêmio não consegue vencer o Inter com Vuaden no apito.

Agora, só falta Luxemburgo escalar uma equipe capaz de enfrentar o Inter no Beira-Rio lotado.

Não vou considerar Mário Fernandes e Marcelo Moreno, que, obviamente, tendo condições plenas irão jogar. Na dúvida, que fiquem no banco.

A questão chave está no meio de campo. Eu não me preocupo com a ausência de Léo Gago. Minha preocupação é: com a presença dele e com quem será seu substituto.

Léo Gago é esforçado, é útil, mas não pode ser titular de um time com ambições maiores. Por enquanto, ele quebra o galho, até por falta de alguém melhor para a função.

Assim, a ausência dele permite que Luxemburgo arme uma equipe mais forte para enfrentar o Inter, que, mesmo desfalcado de titulares importantes, tem um time de qualidade, competitivo. E que terá ainda o apoio maciço da torcida.

Se Luxemburgo optar por Wilson de primeiro volante, liberando mais o Fernando, estará dando um tiro certeiro para vencer o jogo e garantir presença na final contra o Caxias.

Com Wilson, a marcação será mais firme e ele ainda pode ajudar a marcar a bola aérea colorada.

Se ele começar com Marquinhos, aí será suicídio. Aí, terei saudade do Léo Gago. Marquinhos e Marco Antônio juntos, tocando a bola para o lado, matando contra-ataques, deixando a defesa se recompor, é algo que me irrita. Um deles em campo já é insuportável. Os dois, então, é de largar tudo e procurar outra coisa para fazer.

Mas eu acredito na sensatez de Luxemburgo. Com Márcio Chagas e sem Vuaden, o Grêmio larga na frente. É uma vantagem que cabe ao treinador gremista não desperdiçar.

Cresce a cotação do Gauchão

Depois que Messi e Cristiano Ronaldo perderam pênalti, está tudo liberado.

Dátolo errou a cobrança, aliás, a segunda que ele desperdiça no Inter. O problema é que a de ontem, contra o Fluminense, simplesmente poderia ter encaminhado a classificação colorada à próxima fase na Libertadores.

O pênalti perdido transfere a vantagem ao Flu, que joga em casa.

O fato é que a classificação colorada ficou um pouco mais difícil, ou bastante mais difícil.

E é aí que entra o Gre-Nal.

O título do Gauchão é o que está mais ao alcance, e pode ser o único para o Inter na temporada. O mesmo vale para o Grêmio.

Portanto, o Gre-Nal será de muita pegada, muita gana de vencer. Os dois times vão jogar com ‘a faca entre os dentes’, para usar a frase do Guinazu, que, aliás, bateu como nunca e só levou cartão amarelo quase no final.

O Inter vai desfalcado de cinco titulares.

Isso é bom, porque equilibra. O Grêmio tem jogado muito desfalcado faz tempo. É por lesão, mas também por ruindade mesmo.

Não vão jogar pelo Grêmio: o goleador Kleber e o lateral Júlio César, este sem substituto, considerando o que joga o Pará, improvisado na função.

Léo Gago, que não chega a ser desfalque de se lamentar, também está fora, o que até pode ser positivo.

Outro desfalque acontece na função de articulador, onde o esforçado (mas nem tanto) Marco Antônio tem sido indevidamente escalado.

Então, os dois times estarão sem articuladores. O Grêmio sem articulador faz tempo, e o Inter sem D’Alessandro de novo.

Já apontei a solução para Luxemburgo: Facundo Bertoglio na quarta função. Ele pode fazer o que Dátolo faz no Inter, e faz bem, a ligação com velocidade ao ataque. Dátolo também não é ‘articulador’, pelo menos no estilo clássico que os treinadores adoram.

Dorival Jr poderia escalar seu articulador reserva, o João Paulo, mas prefere Dátolo. Dorival muda um pouco a forma de jogar do time, mas não abre mão de escalar um jogador de maior qualidade.

Já Luxemburgo parece obcecado. Por vezes chego a suspeitar que ele está avisando a direção: se vocês não me trouxerem um meia como o Alex, vou continuar com essa rapaz, o grande astro da Lusa no ano passado.

Para atenuar esse problema no setor mais importante do time, parece que Mário Fernandes está voltando. Está aí um grande reforço.

Acho que Luxemburgo vai passar Gabriel para o meio. Eu colocaria o Wilson, liberando mais o Fernando.

Na frente, outra boa notícia: a possibilidade de Marcelo Moreno jogar. Ele é muito melhor que André Lima, um atacante com mais recursos técnicos.

Então, vejo um clássico com muito equilíbrio de forças, com uma leve vantagem para o Inter, que joga com toda a torcida a favor.

Quem vencer, encaminha a conquista do título regional, talvez o único da dupla na temporada.

Barça e as imagens do canal 100

Nem mesmo o melhor time do mundo está livre da zebra. O Barcelona dominou o Chelsea desde o primeiro minuto. Teve a vida facilitada com a expulsão do zagueiro Terry, que acertou um espanhol sem bola, por trás, covardemente.

Foram inúmeras chances de gol, bolas na trave e um pênalti que o grande Messi desperdiçou com um chute no travessão. No finalzinho, o crime, com um gol de Fernando Torres, que recebeu livre o balão do goleiro, empatando o jogo em 2 a 2. Barcelona eliminado.

Sempre que o Barça fracassa, aparece algum luminar falando em futebol tico-tico e outras bobagens.

O futebol-show de Messi e seus companheiros é maravilhoso, dá gosto de ver, dá uma baita inveja, mas não é imbatível.

Até mesmo o Santos da década de 60 não era imbatível. E isso que tinha Pelé no auge.

A lembrança mais antiga que tenho de um futebol capaz de encher os olhos tem justamente o Santos como protagonista.

Eu era piá, pouco acompanhava futebol. Nem tinha um time ainda, se a memória não me falha.

Gostava muito de ir ao cinema, principal atração de Lajeado das tardes de domingo daquele início da década de 60.

E vibrava com o Canal 100, que era um noticioso que antecedia à exibição do filme, normalmente um de ‘mocinho’, como a gente dizia, referindo-se aos filmes sobre o velho oeste com o exército, os índios, os heróis, os bandidos e as mulheres, que só faziam trapalhadas e serviam unicamente para colocar em risco a vida do tal ‘mocinho’.

Foi numa sessão do Canal 100, com imagens grandiosas, imponentes, em preto e branco, que fui apresentado a Pelé.

Foram uns cinco minutos de imagens inesquecíveis da vitória do Santos por 5 a 2, em Lisboa, na decisão do mundial de clubes, em outubro de 1962.

Esse noticioso foi exibido meses depois da grande conquista.

O Santos todo de branco resplandecia em campo. Mais ainda a figura de Pelé. Foi uma sucessão de dribles e de gols espetaculares.

O futebol havia entrado definitivamente na minha vida.

Revi há pouco essas imagens do Canal 100 no google.

Já não sou mais o guri de calças curtas, mas voltei a ficar maravilhado, fascinado, hipnotizado.

É mais ou menos como me sinto quando vejo o Barcelona jogar.

E fico pensando como seria um confronto desse Barcelona com aquele Santos.

O Santos venceria, não tenho dúvida, mas isso é o que menos importa.

Com a faca entre os dentes

Quando um jogador como Léo Gago (um volante que não deu certo e um meia que deu errado) é considerado desfalque, é porque a coisa está mesmo feia. É mais um prova de como é débil esse meio campo gremista, que se salva porque tem dois volantes de alto nível, Fernando e Souza.

O ‘articulador que não articula’ completa o setor que é o mais fraco do time, justamente o setor onde tudo se decide no futebol. Com um meio campo assim não há defesa que preste nem ataque que entusiasme.

Agora, dentro do que pensa Luxemburgo (e é o pensamento dele que vale, não meu, nem o de vcs), Léo Gago é um desfalque importante. Da mesma forma, Marco Antônio seria um desfalque importante para o treinador.

Agora, da forma que eu vejo, ambos não fazem falta, principalmente o MA.

Para o Gre-Nal, eu colocaria o Wilson como volante centralizado, fechando com Fernando e Souza. Mas adiantado, o Facundo Bertoglio. Só não vou suportar um meio campo com Marquinhos e MA juntos de novo.

Se o Mário Fernandes puder jogar, adiantar Gabriel é uma possibilidade a ser considerada. Mas ainda prefiro o Wilson, que é alto e ajudaria a marcar Damião. Aliás, nesse quesito seria interessante contar com Saimon, que já mostrou como se marca o goleador colorado.

Já o Inter vai sentir muito falta de seu articulador, este sim um articulador, o D’Alessandro. Seu reserva é João Paulo. Assim, o Inter fica sem articulador. E se o Inter pode, já que não tem alguém à altura do titular, por que o Grêmio não pode?

Dorival não vai começar com João Paulo só pra ter um articulador. Já o Luxemburgo começa com o MA, pensando que ele é um articulador ou aquele que mais se aproxima de um articulador, o tal camisa 10.

Luxemburgo está obcecado por alguns conceitos. Está se revelando um treinador com ideias superadas. Mas ainda é um treinador de alto nível.

Teimoso, mas de ponta.

DISCURSOS

Enquanto o Gre-Nal não chega, um grande jogo no meio da semana. Não há como ficar indiferente a esse Inter x Fluminense.

Tampouco consigo ficar alheio ao que ando lendo.

Enquanto Guinazu fala em jogar com ‘a faca entre os dentes’, e eu torço para que seja mesmo apenas uma figura de linguagem, o discurso que vem do Fluminense é de uma passividade alarmante e preocupante, tanto para os torcedor do Fluminense, os legítimos, e os novos, os que habitam essas terras farroupilhas.

O técnico Abel, que não esconde sua paixão pelo Inter, e Edinho, que saiu daqui quase empurrado pelos colorados, vem com um discurso meigo.

– Não queria que fosse agora -, é o que dizem eles, mudando uma palavrinha aqui e outra ali, mas com sentido idêntico.

Mas qual a diferença em enfrentar o Inter agora ou mais adiante?

Será que é peninha de ter que eliminar o ex-clube ou é medo de cair tão cedo. Não sei o que é pior.

Mas o discurso colorado é o mais adequado para quem está indo para uma decisão.

Com a faca entre os dentes.

Uma frase forte, um recado, uma ameaça.

Uma declaração de intenções.

Luxemburgo e as firulas

Tem razão o Luxemburgo: jogador limitado não pode inventar. Ele criticou André Lima por tentar um gol de letra quando poderia ter simplificado e feito o gol.

Acho que é por isso que ele gosta tanto do Marco Antônio: esse não inventa nunca, simplifica sempre. No máximo, acerta de vez um quando um passe que resulta em gol ou oportunidade de gol.

Na maior parte do tempo, joga na zona morta, não chama o jogo para si, como faz qualquer articulador de respeito. Hoje, Luxemburgo poderia ter substituído o MA, mas o manteve em campo.

Respeito o Luxemburgo. Então, tento adivinhar por que essa insistência com alguém que vai contribuir para levá-lo a perder o Gauchão e, por óbvio, a Copa do Brasil. Ele quer dar moral pro jogador, na esperança de que ele seja no Grêmio o que foi na Portuguesa. Luxemburgo, que tem muito mais experiência no futebol do que eu, enxerga em MA um craque encoberto por uma nuvem de insegurança, que precisa ter sua auto-estima elevada.

O Grêmio tem jogadores medianos em excesso para um clube que ambiciona algo mais do que ser coadjuvante. É claro que Mário Fernandes e Marcelo Moreno vai acrescentar qualidade, uma pena que não seja em posições onde o time tem mais carência, que é no meio de campo.

Depois desse desabafo amargo, vejo coisas boas no time: o zagueiro Werley está enchendo as medidas. Vamos ver como ele vai se sair contra atacantes de ponta. Fernando se consolida como um ótimo volante. Gosto também do Souza. Na frente, Miralles e Facundo estão bem. Insisto: gostaria de ver Facundo na meia no lugar do burocrata MA.

André Lima, sendo bem explorado em sua maior qualidade, que é o cabeceio, é útil. Mas Moreno joga mais que ele. Ainda bem.

O Grêmio ficou apenas no 1 a 0 com o Canoas. Merecia um resultado melhor, teve boas chances de gol. Mas em alguns momentos parecia querer entregar de tão mal que estava. É, portanto, um time muito irregular. Inconfiável.

É por isso que Luxemburgo fica louco quando as oportunidades surgem e não são aproveitadas.

Do Chevette ao camionetão de Leandro

Usar documento falso é crime, ainda mais sendo uma carteira de habilitação que permite ao seu portador trafegar com um carro, cada vez mais uma arma de efeito muitas vezes letal.

O jovem Leandro não é o primeiro a ser flagrado tentando burlar a lei. Antes dele, para ficar nos casos conhecidos, tem o Ronaldinho (me faz lembrar um ditado, aquele é de ‘pequenino que se torce o pepino’, não torceram e deu nisso que está aí).

Do jeito que vai, com essa gurizada assinando contrato e inventando história para ganhar liberação na justiça e assinar com outro clube, muitos outros ainda estarão envolvidos em delitos de tudo que é natureza.

(Na pressa de sair dirigindo um carrão, comprar muitos celulares, fazer muita festinha, e ficar rico logo, a ética e a moralidade são varridas pra debaixo do tapete)

O caso mais grave e que dificilmente será batido, devendo ocupar o ranking negativo por muito tempo e espero que seja para sempre, é o que envolveu o então goleiro Bruno, do Flamengo, que se depender de mim apodrece na prisão. Acho que ele, o Bruno, merece passar uma temporada na pior cela do presídio central.

Já o Leandro, depois dessa humilhação toda, ou coloca a cabeça no lugar, ou será mais uma promessa que virou fumaça no mundo do futebol.

E pensar que no tempo em que comecei a acompanhar futebol o máximo de rebeldia, digamos assim, era chegar ao treino de moto. Acreditem: Cláudio Duarte, então jovem lateral-direito colorado, e com uma boa cabeleira, teve de vender a sua motocicleta, é assim que se chamava.

Lembro que o Valdir Espinosa, também jovem e com cabelos abundantes, igualmente lateral-direito, mas do Grêmio, imitou o Claudião e comprou uma moto. Que não durou muito tempo.

Argumento dos dirigentes: com moto é mais fácil de se acidentar e assim desfalcar o time.

Eram tempos mais amenos. Ouvia-se no rádio coisas ingênuas como ‘você é o tijolinho que faltava na minha construção’, enquanto hoje as letras são de duplo sentido ou sentido nenhum, pura sacanagem mesmo.

Era um tempo em o jogador comprava um Chevette e dava-se por satisfeito.

O Renato, por exemplo, depois de assinar um ‘grande contrato’, comprou um Escort Xr-3, conversível, se não me engano.

E saiu feliz por aí, pegando todas. Mas com uma carteira de motorista quente.

Pelo menos ele nunca foi flagrado para alguém afirmar o contrário.

Oscar e o 'Jus Sperniandis' colorado

O TST, no qual o combativo e sempre otimista setor jurídico do Inter depositava suas mais caras esperanças de vitória, sequer analisou o recurso, devolvendo a batata quente para o TRT, em São Paulo. Ao território inimigo, portanto.

O TRT paulista foi quem reativou o contrato de Oscar com o São Paulo. Uma decisão que abalou os profundos alicerces da convicção colorada de que conseguiria levar o jovem talentoso assim, na maior, de graça.

Durante meses a direção colorada passou ao seu torcedor, através de uma imprensa com postura pouco crítica e absolutamente parcial em relação ao caso, que o Inter havia feito uma grande jogada trazendo Oscar sem pagar nada ao SP. Dito assim, era mesmo um grande negócio. A meu ver, uma ação antiética.

Sei de gremistas que invejaram a ação dos dirigentes colorados, reclamando que os do Grêmio não eram capazes de lances parecidos.

Hoje, com outra derrota no tapetão, os colorados estão temerosos. Dizem que o Inter pagou cerca de R$ 4 milhões para ter 50% dos direitos federativos (passe mesmo) de Oscar. Não sei se é verdade, menos ainda para onde teria ido essa fortuna. Provavelmente para Oscar e seu procurador e/ou empresário. No meu bolso é que não foi parar.

O presidente Luigi e sua assessoria jurídica não consideram essa decisão absolutamente contrária aos interesses do clube como uma derrota. Se isso não é derrota, seria o quê?

É mais uma batalha perdida. Não a guerra, claro.

Cabe ao Inter lutar até o fim. É o  ‘jus sperniandis’, expressão latina que não existe de fato, mas muito usada por estudantes de Direito no meio acadêmico, e que significa o livre direito de espernear. Ou algo assim.

Agora, nessa questão, eu torço pelo SP.

Na verdade, torço para que a moralidade, a ética e o respeito prevaleçam em tudo, inclusive no futebol.

Em sua nota oficial, na qual dá prazo de 90 dias para Oscar se apresentar, o SP afirma com muita felicidade:

“Essa não é uma briga entre clubes, nem uma briga do São Paulo com o atleta que admiramos. É uma briga pelo respeito à legislação e às Instituições desportivas”.

Perfeito. Quero frisar que fosse o Grêmio no lugar do Inter pensaria da mesma forma.

Aos colorados peço apenas que imaginem se a situação fosse inversa.

Enquanto os dirigentes entrarem nessa de aproveitar o litígio entre atleta e clube, em alguns casos litígios provocados por espertalhões que querem tirar proveito dessa relação cínica entre os clubes, cada vez mais eles irão perder e procuradores e empresários enriquecer.

A esse respeito, recorro mais uma vez à nota do SP:

“Sem prejuízo, aproveitamos para reiterar nosso respeito e admiração profissional pelo Atleta Oscar, que foi formado nas esteiras do São Paulo Futebol Clube e que acabou sendo colocado, por aqueles que deveriam orientá-lo, no centro de uma lide histórica na qual se discute não apenas o contrato assinado, mas o próprio nível de segurança que os clubes nacionais gozam frente à conduta predatória de terceiros, alheios à relação de emprego”.

Oscar parece mesmo ter sido seduzido por uma conversa de ganhar muito dinheiro em pouquíssimo tempo, mais ou menos o que motivou a famiglia Assis Moreira dez anos atrás.

Na raiz desse tipo de pensamento, no qual se despreza completamente o clube em que o atleta jogou desde criança, está uma questão de caráter.

E é aí que entra a família na vida de um jovem de origem pobre, humilde, que possui um talento especial. Onde estava a família de Oscar quando ele decidiu romper com o SP? Pelo que soube, ele é órfão de pai. Mas e sua mãe, sempre tão importante para qualquer um, principalmente para os mais jovens? Ela está blindada? Não pode falar? Sinceramente, gostaria de saber o que ela pensa.

E isso me conduz o caso Alexandre Pato. Ele poderia ter saído do Inter sem renovar, deixando mal o Inter. Mas eu lembro que seu pai veio a Porto Alegre e renovou, garantindo uma robusta indenização ao Inter, e dizendo que fazia isso por gratidão ao clube que ajudou Pato a se desenvolver profissionalmente.

Bonito, não? Pena que gratidão seja uma palavra tão desgastada quanto a ética.

Assis condenado ao semi-aberto

A família Assis Moreira vive um inferno astral, um inferno que promete ser duradouro.

No caso de Assis, pelo menos cinco anos e cinco meses. É o tempo de reclusão a que foi condenado o chefe do clã em decisão da justiça federal datada de 12 de abril.

Lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Confiram: http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/visualizar_documento_gedpro.php?local=jfrs&documento=7138732&DocComposto=&Sequencia=&hash=8dbe6dd219276cbfd8dc0a0b7dbeb1c2

Ele vai ficar em regime semi-aberto. Quer dizer, terá que dormir na cadeia, não mais em seus aposentos luxuosos.

Aqui se faz, aqui se paga. Nem sempre essa máxima se concretiza, a gente sabe, mas quando acontece é um alívio, de lavar a alma, um consolo, uma esperança de que um dia tudo poderá mudar.

De acordo com o processo 2006.71.00.050282-6, do TRF4, ainda cabe recurso.

Assis já tem outra condenação por crime ambiental, mas que ainda não transitou em julgado. Chumbo grosso.

Vem por aí ainda a CPI na Câmara Municipal, que irá apurar supostas falcatruas que teriam sido cometidas pela Fundação Ronaldinho. Dinheiro público jorrando.

Um botequeiro amigo informa que Assis colocou à venda seus imóveis. Estaria pensando em deixar o país? Não seria o caso de prisão preventiva?

Enquanto isso, o irmão famoso se esbalda em festas, gastando  a fortuna acumulada nos anos de sucesso, parte dela oriunda do caso PSG.

A revista Veja desta semana relata o que ele anda fazendo no Rio.

Festa e festa, quase sem tempo pra jogar futebol.

Vamos ver quanto tempo ainda vai durar aquele sorriso…

Luxa realista após a goleada

O mais confortante e animador da goleada sobre o Ypiranga foi a declaração do Luxemburgo depois do jogo: o time precisa melhorar para conquistar títulos.

O técnico mostra conhecimento, realismo e ao mesmo tempo identificação com a imensa maioria da torcida, que pensa a mesma coisa.

Luxemburgo disse mais: que está no caminho certo, que está ajeitando o time, sinalizando que aos poucos está chegando lá.

Realmente, Luxa está estruturando o time, que se mostra mais encorpado, melhor organizado taticamente. Tudo isso é visível, até por mim que sou rançoso e amargo, conforme alguns botequeiros.

A favor do trabalho do técnico é preciso e justo considerar que ele tem sofrido com alguns desfalques importantes, decisivos até, como é o caso de Kleber.

Mesmo assim, está conseguindo armar um time, conquistando vitórias.

Agora, há dois problemas de peso contra o projeto de Luxemburgo de armar uma equipe capaz de conquistar títulos:

primeiro, o tempo. Não há muito tempo, as decisões estão logo ali adiante, questão de dias. Tanto no Gauchão quanto na Copa do Brasil. Jogadores importantes ainda estão afastados e talvez custem a recuperar a melhor forma.

segundo, a qualidade. Insisto que falta qualidade em algumas posições, duas delas fundamentais, no meio de campo, onde tudo acontece e tudo se define. Léo Gago e Marco Antônio só podem vestir a camisa do Grêmio em jogos contra equipes frágeis como o Ypiranga, que neste domingo ainda jogou extremamente desfalcada. Léo Gago até admito como reserva, mas MA não tem a menor aptidão para aquilo que se exige de um articulador.

Sei que alguns vão rebater essa afirmação dizendo que ele participou de dois lances de gol do Grêmio. A simples lembrança disso tem o poder, para alguns analistas, de apagar tudo o mais no jogo, e isso que ele fez uma de suas partidas menos apáticas. MA é tudo, menos o articulador que o Grêmio precisa para conquistar títulos.

Articulador, para pegar um exemplo muito próximo, é o D’Alessandro. Articulador é o cara que centraliza o jogo, dá ritmo, cadencia e acelera. MA faz isso?

Então, se não existe esse jogador no grupo, que seja escalado o Facundo como a ponta mais adiantada do losango. Estou convencido de que Luxemburgo se encaminha para essa solução, ao menos enquanto não chega um articulador de verdade. MA que vá disputar posição com o Felipe e o Biteco para ser reserva do Facundo.

Os 4 a 0 sobre o Ypiranga confirmaram o surgimento de um titular para a zaga: Werley, que eu já havia elogiado anteriormente, marcou dois gols, e mais uma vez mostrou firmeza e tranquilidade na zaga. É claro, sempre ressalvando a qualidade do adversário. Mas já é um alento.

Alguns apressados criticaram o Miralles. Pois eu gostei. Ele se atrapalhou em um outro lance, mas mostrou presença, vontade, garra e fez algumas jogadas que o credenciam à titularidade ao lado do Marcelo Moreno, e enquanto Kleber não retorna. Depois, quem sabe Miralles pode até formar dupla com Kleber.

Outra boa notícia é que Mário Fernandes está voltando, e que dessa vez dure mais tempo no time. Para isso, será fundamental que em seus jogos não tenha o sr Vuaden como juiz, aquele que não viu a voadora do zagueiro colorado e que resultou nesse longo afastamento do lateral gremista.

Victor falhou em dois lances. Repito, o grande goleiro só erra quando sua falha não causa maiores estragos.

Meu amigo Francisco, gaúcho radicado em Recife, dessa vez nem deu nota para o goleiro em sua cotação, publicada no comentário anterior.

Meu time titular com a volta de MF:

Victor; Mário Fernandes, Werley, Gilberto Silva (na real, prefiro um zagueiro de verdade) e Pará (é o que a casa oferece e aí recupero o tema da falta de qualidade);

Fernando, Souza, Léo Gago e Facundo; Miralles e Marcelo Moreno (que está voltando).

Com esse time dá pra brigar pelo título do Gauchão e figurar entre os quatro melhores da Copa do Brasil.

O bom é que o treinador está consciente disso e trabalha para melhorar, apesar de algumas deficiências na equipe, agravadas pelas lesões.