Triste futebol que não consegue manter seus talentos

Antes de ser presidente do Grêmio, Romildo Bolzan é um torcedor. Por isso, não tenho nenhuma dúvida de que ele, neste momento, ao ceder Tetê, uma das grandes promessas do clube, está sentindo o mesmo que eu e a maioria dos torcedores.

Abrir mão de um jovem talento sem que ele antes ao menos vestisse a camisa tricolor em alguns jogos é muito triste.

É o futebol curvando-se mais e mais diante do poder econômico. O Grêmio poderia resistir? Duvido.

Tetê é que poderia fazer com outros antes dele: esperar uma proposta tão boa quanto essa Shakhtar Donetsk e exibir seu talento na Espanha, Itália, Inglaterra, nunca se esconder na Ucrânia.

Se bem que quem joga lá tem maiores chances de vestir a amarelinha titular em seguida. É um desses ‘mistérios’ do futebol.

O fato é que o Grêmio recebe à vista mais de 42 milhões de reais e fica com 15% de uma revenda futura. Prêmio de consolação. Mas já é alguma coisa, ou muita coisa diante da penúria do nosso futebol, no qual os clubes precisam formar e vender jogadores de ponta o quanto mais rápido possível.

O Inter tenta negociar seu volante Rodrigo Dourado e nada de aparecer uma proposta satisfatória. Nada sequer parecido com os 100 milhões de reais anunciados dois ou três anos atrás como algo concreto.

Hoje, no Grêmio, ainda temos chance de desfrutar de jogadores como Luan e Éverton. Mas só porque Arthur foi negociado antes.

Luan fez o que Tetê deveria ter feito na minha opinião. Esperar uma proposta de algum grande centro mundial. Éverton ainda não saiu porque o clube recusou as propostas que vieram.

É importante destacar que nem sempre uma grande promessa da base acaba correspondendo às expectativas. Lincoln, para ficar num exemplo recente, era uma pedra preciosa, um diamante. Hoje, está aí disputando vaga como volante, sendo que ele ele despontou como meia de armação.

Lembro ainda do Anderson, fundamental no jogo contra o Náutico. Era um meia atacante promissor. Acabou volante num clube da Inglaterra, e nunca mais jogou o futebol moleque que o consagrou e fez a alegria da torcida.

O futebol dá muitas voltas. O mau negócio de hoje pode ser comemorado dentro de algum tempo. O oposto também vale.

Uma pena que Tetê está indo embora assim, deixando uma pilha de euros nos cofres do clube, em vez de ficar aqui, empilhar gols com a camisa tricolor, e só então fazer o tal pé-de-meia, que tudo justifica.

AVENIDA

Meu time de origem sentiu o cansaço e o aspecto emocional da decisão histórica contra o Corinthians. Só por isso não venceu o Inter, ou ao menos empatou.

Não vi o jogo. Mas tive acesso aos lances principais. Quero dizer que foi pênalti em Zeca. O zagueiro pega a perna direita do Zeca, dentro da área, pênalti.

Agora, se fosse um lance a favor do Avenida ou do Grêmio, o juiz marcaria?

Pelo que tenho visto no noveletão, acredito que não. Dias atrás Kanneman foi seguro dentro da área do Brasil, lance claro de penalidade máxima. Passou em brancas nuvens.

Já o céu na arbitragem gaudéria é coberto por nuvens escuras, carregadas, que só não pairam sobre o Inter.

Grêmio esbarra na arbitragem e no goleiro

A rodada do Gauchão reafirmou que o maior adversário do Grêmio na luta pelo título é mesmo a arbitragem.

No empate por 0 a 0 com o Brasil, em Pelotas, o time B tricolor teve a seu favor um pênalti logo no começo do jogo, quando um zagueiro tirou Kannemann para ‘bailar’ dentro da área. Andaram juntos uns 4 ou 5 metros. O argentino querendo chegar na bola e o zagueiro o segurando. O juiz nada assinalou.

O mesmo juiz, Jonathan Pinheiro, muito conhecido na região dos Sinos, conseguiu ver simulação de Capixaba, que saltou para não ter sua perna fraturada por um desses carrinhos assassinos que os árbitros toleram, punindo no máximo com cartão amarelo. O juiz deu cartão amarelo para o lateral, que já havia recebido um no primeiro tempo.

Importante registrar que naquele momento, faltando uns 15 minutos para o final, alguns jogadores do Brasil se arrastavam em campo, enquanto outros se contorciam em razão de cãibras. O juiz, talvez na nobre intenção de equilibrar a disputa e preservar o ‘espetáculo’ decidiu forçar a barra, dando amarelo por simulação. Claro que não foi isso, todos sabem que não.

Mesmo sem a maioria dos titulares, o Grêmio ainda foi muito superior, criando inúmeras chances de gol. Destaque para Jean Pyerre, que deixou Pepê duas vezes na cara do bom goleiro Carlos Eduardo, que salvaria o time em mais três ou quatro oportunidades.

Pepê, pelos gols perdidos, lembrou o início de Éverton. Em outros lances, não foi participativo, nem solidário, preferindo sempre concluir mesmo com algum companheiro em melhor posição. Mas é novo e tem muito a evoluir.

No mais, destaco o Paulo Miranda, apesar de sua entregada bressiana quase no final. Os laterais não foram bem, com a ressalva de que Capixaba evitou um gol do time pelotense.

A dupla Rômulo/Michel não funcionou. Exagerando, eu diria que é muita ‘grossura’ comparando com o futebol que o time joga quando tem Matheus Henrique e o mestre Maicon.

Na frente, gostei do Felipe Vizeu, por duas ou três metidas de bola e muita vontade de acertar, se movimentando na frente e ajudando a marcar. Montoya é outro que se esforçou, mas ficou devendo futebol.

Voltando à arbitragem, como se esperava, o Brasil, comandado pelo Leandro Leite, bateu, chegou junto demais. O juiz, como tem acontecido nos jogos do Grêmio, apresenta o amarelo para adversários do tricolor só depois de uma dezena de faltas. Até parece que existe uma orientação de cima nesse sentido. Só parece.

Enfim, era para o misto do Grêmio ter vencido. Se Renato estivesse na casamata acredito que as coisas seriam diferentes.

CHILIQUE

Não vi o jogo do Inter. Vi só alguns lances. O que mais me chamou a atenção foi o D’Alessandro, que entrou em campo e não demorou muito estava fazendo seu circo. Não faltou até uma corridinha para peitar o adversário, tipo olhos nos olhos. Duvido ele fazer isso no Centenário. O jogador é quase o dobro do argentino. D’Ale levou o amarelo. Aposto que ele irá bater recorde de cartões amarelos. Não vou desenhar.

Jael, o coadjuvante viveu seu dia de protagonista

Um dos encantos do futebol é que nem sempre os protagonistas, aqueles jogadores mais festejados e admirados pela torcida, são os que decidem jogos e títulos. Não raro, as grandes conquistas têm participação efetiva, decisiva, dos coadjuvantes, jogadores que desembarcam – alguns de ônibus – sob o olhar desconfiado do torcedor.

Jael, o Cruel, é um exemplo. Em sua despedida do Grêmio, nesta sexta-feira, Jael fez questão de lembrar o que passou, o que sofreu, até provar que poderia ser um jogador útil e ser visto com mais simpatia pela torcida tricolor.

Por vezes, Jael ganhou mais, ganhou a admiração e o respeito da grande maioria daqueles que o criticaram mesmo depois de fazer gols importantes e dar assistências dignas de um craque, como aquela na vitória por 1 a 0 sobre o Lanus, na fase final da Libertadores/2017.

Sim, a vitória e o título passaram por esse coadjuvante, que, naquele histórico jogo foi protagonista ao dar um toque preciso para Cícero, outro coadjuvante, marcar o gol que descortinou o caminho para o tri da Libertadores.

Curiosamente, no jogo seguinte, vitória por 2 a 1, com outro coadjuvante, Fernandinho, abrindo o placar, completado depois, de forma genial, por um protagonista, Luan, na verdade, O protagonista.

Ao se despedir, em grande estilo e de maneira emocionada, com lágrimas nos olhos, Jael mostrou que o protagonismo também pode ser dos jogadores medianos. Ele fez questão de cumprimentar a todos, inclusive operadores de áudio das emissoras de rádio, sempre com um sorriso amigo.

Jael, o Cruel, deixou o clube, onde talvez tenha vivido seu melhor momento profissional, orgulhoso por vestir o manto tricolor, de cabeça erguida e com as portas abertas para um dia voltar, coisa que um protagonista famoso, que me nego a dizer o nome, NUNCA poderá fazer, nem como visitante, a não ser sob escolta de seguranças.

Jael, que revelou na entrevista que jogava preocupado em melhorar sua imagem perante a torcida, pode ter certeza de uma coisa: ele saiu do Grêmio muito maior do que entrou, como atleta e como cidadão.

Quisera que houvesse mais gente assim no futebol.

ECONOMIA INTERNA

Quando li a coluna do Pedro Ernesto sobre a remuneração dos jogadores negociados pelo Grêmio, publicando listas que lhe foram entregues por um conselheiro do clube, sinto saudade do tempo do Rudy Armin Petry, histórico dirigente tricolor dos anos 60/70.

Ele não deixava vazar nada. O X-9 com ele não se criava. Diferente de hoje. Sei lá se os números estão corretos, mas sem dúvida são aproximados do real. Eu mesmo se fizesse uma lista especulativa não chegaria a um resultado muito diferente.

Em outros tempo, os números escorregavam com facilidade no lado vermelho. Hoje, por ‘uma questão de respeito’, talvez, os valores raramente aparecem.

É o caso do D’Alessandro, hoje o pior custo/benefício do futebol gaúcho. Ninguém diz isso. Sua remuneração também nunca foi especulada como se fez agora com Tardelli.

Precisou o cornetadorw vir a público revelar que o argentino, aos 38 anos, ganha (mas pelo jeito não anda recebendo) 300 mil dólares por mês. Cerca de R$ 1,3 milhão, um absurdo que até hoje não mereceu um olhar mais crítico da imprensa regional.

Tardelli e a prioridade do Grêmio nesta temporada

Sempre que tenho alguma dúvida sobre se algo é bom ou ruim para o Grêmio dou uma olhada ao redor, prestando atenção nas opiniões de colorados no rádio, na TV, nos jornais e nas redes sociais.

No caso de Diego Tardelli, percebo que a maior parte dos vermelhos está tão assustada com a possibilidade acontecer o acerto que poucos arriscam a levantar alguma objeção. O questionamento mais recorrente é sobre a remuneração de Tardelli, que, segundo informações extra-oficiais, beira os 30 milhões de reais em três anos.

Junta três ou quatro jogadores que nada resolvem, e de quem pouco se espera além de esforço e calção sujo, e temos o valor necessário para pagar alguém que chega, farda e tem tudo para dar contribuições decisivas na luta por grandes títulos.

Saúdo a possível contratação de Tardelli, um atacante versátil, ainda veloz e muito habilidoso, sem contar a experiência tão necessária e que faz a diferença nos momentos mais duros.

O custo não é baixo, mas não é despesa, é investimento. A situação financeira do clube na gestão do presidente Romildo permite algumas ousadias.

Ao contratar Tardelli, ou pelo menos tentar, o Grêmio sinaliza que planeja grandes voos nesta temporada. Tem grupo de qualidade e quantidade, superior ao do ano passado.

O Grêmio está formando um grupo capaz de disputar todas as competições, inclusive o Brasileirão, sem abrir mão da CB.

Pelo que está se desenhando, a prioridade é trabalhar para ganhar tudo. Alguém duvida que não é possível?

CAIO

Convive alguns meses com o Caio. Se ele não fosse tão discreto e humilde, teria se consagrado no futebol, teria dinheiro suficiente para contratar bons médicos e talvez não tivesse que amputar as duas pernas.

Talvez vivesse mais tempo, e com melhor saúde.

Morreu hoje, aos 63 anos. Triste.

Caio jogava muita bola, mas não era marqueteiro, não se promovia. Atacante rápido e de bom drible, dedicação tática e presença na área e também nos flancos. Um atacante moderno.

Muito parecido com Tardelli.

Caio teria lugar nesse grupo do Renato, seu companheiro em 1983, quando juntos conquistar a Libertadores e o mundo.

Caio, nossa homenagem. Teu nome está gravado na história do Grêmio e na memória de cada gremista.

Grêmio conquista título com show de gols na Arena

Como estava previsto, o Grêmio fez do confronto com o Avenida um jogo-treino, e, de quebra, deu show, com gols bonitos, estonteantes, daqueles de emoldurar no arquivo da memória.

A goleada de 6 a 0 resultou ainda no título da Recopa gaúcha, que de repente foi relativizada por setores da mídia e sequer figurou no site da federação noveletiana.

Mas esse é um detalhe irrelevante, igual a tantos outros que enaltecem o Inter por qualquer coisa e relegam a um segundo plano as coisas positivas do Grêmio, hoje um time sem rival à altura no Estado, fato que não é destacado nas rodas esportivas.

Nesta segunda e nos próximos dias, veremos a exaltação de Pedro Lucas, que fez um gol, literalmente, passeando depois de receber um passe do rápido Neilton. Aliás, o oba-0ba já começou nos sites.

Um deles frisa que o jovem atacante jogou apenas 130 minutos e já tem um gol. Outro destaca a ‘emoção gigante’ de Pedro Lucas, que não sei se joga alguma coisa, mas tem porte de centroavante aipim, o que é muito valorizado aqui neste sul texano – como define o cornetadorw.

Mas vamos ao que interessa: li e ouvi gente reclamando do ritmo lento do Grêmio. Ora, é muita vontade de criticar. Tem gente cobrando que o time deveria ter se empenhado mais, mas são tão poucos que nem merecem mais do que essas linhas. Quem foi à Arena sabia que tipo de jogo iria assistir.

O que se viu foi um Grêmio que respeitou o adversário tecnicamente inferior, e que casualmente é o meu clube de iniciação no futebol – sou natural de Santa Cruz do Sul.

O Grêmio respeitou marcando firme, mas sem forçar muito as jogadas. Seus jogadores evitaram as disputas ásperas de bola, mas também na deram moleza.

Se tivesse forçado, é certo que a goleada seria retumbante, antológica.

Só estranhei que Renato dessa vez não fez aquele gesto tradicional para o time tocasse mais a bola, após a vitória assegurada, a exemplo do que fez num Gre-Nal recente com ‘peninha’ do rival.

Sobre o jogo, além da dupla Éverton/Luan, craques formados na base tricolor, destaque para Leonardo, que está se revelando um lateral mais do que confiável. O gol que marcou, belíssimo, vai contribuir para que ganhe mais confiança para arriscar no campo ofensivo.

Agora, nada supera o gol de Felipe Vizeu. Ele, que havia entrado minutos antes, quase no final do jogo ampliou para 6 a 0 com um chute em curva, da ponta da área pela direita.

Com Jael indo embora para a China e André seguindo em marcha lenta, a camisa 9 parece que já tem dono. Questão de tempo.

PÊNALTI

aos 25 minutos, pênalti de Cuesta – quem viu o jogo vai concordar com o que já escrevi, que se trata de um Bressan com grife – sobre o Brian Rodriguez. O juiz estava próximo do lance, mas não marcou a falta dentro da área. As imagens que circulam pela internet são muito claras. Até os analistas vermelhos tiveram que admitir que houve pênalti.

No final, o Juventude ainda descontou. Se o pênalti tivesse sido marcado, é possível que o resultado fosse outro.

Bem, nada de novo nesse aspecto no regional noveletiano.

Sobre a briga, expulsões corretas. Não entendi por que Pottker, que iniciou a confusão, ficou sem punição. Nico, que tem sido o melhor jogador colorado, e Sallinas foram expulsos corretamente.

FLAMENGO

Em todos o país, homenagem aos jovens mortos no CT do Flamengo. Uma tragédia que poderia ter sido evitada, como outras recentes.

Negligência, incompetência, ganância e impunidade andam de mãos dadas no Brasil. Isso talvez ajude a explicar a tragédia que vitimou jovens cheios de planos e sonhos.

Ode da mídia a Paolo Guerrero

Não me lembro de ter visto tamanho entusiasmo da imprensa local (da torcida, curiosamente, nem tanto) com a chegada de um jogador em fim de carreira, de 35 anos, com retrospecto positivo como boleiro, mas com um fato muito grave em seu ocaso como profissional do futebol.

Paolo Guerrero no auge de forma, foi realmente um grande camisa 9, com presença de área e jogadas pelos flancos (ou corredores, como dizem atualmente).

No entanto, teve sua carreira maculada por uma condenação por doping, fato que a mídia tradicional ignora, apesar da gravidade da penalização.

A realidade é que parece ter sido montada uma operação para melhorar a imagem pública de Guerrero. A começar pela reportagem de duas ou três páginas dedicadas o peruano por um veículo da capital há cerca de um mês.

É perceptível o esforço de buscar pautas positivas para atenuar o momento penoso vivido pelos colorados.

Mas tanto espaço para um jogador decadente – e não há nada de pejorativo em estar numa descendente na profissão, a exemplo de Rafael Sobis e D’Alessandro, só para ficar restrito ao mesmo clube – , é uma demasia.

A estratégia para mudar a imagem de Guerrero é ampla, e inclui até o corte de cabelo mais ao estilo bom rapaz. Desconfio que se fosse possível raspariam as dezenas de tatuagem do jogador para deixá-lo com um jeito mais próximo do ‘genro sonhado’.

Todo esse aparato é para criar um clima bom para que Guerrero trabalhe com tranquilidade pensando em sua estreia com a camisa colorada, em abril. Até aí tudo bem. O ser humano merece esse acolhimento.

O problema é que Guerrero está longe de ser aquele atacante que marcou dezenas de gols em sua passagem pelo futebol alemão, de 2002 a 2012. É claro que tem muita qualidade, mas as pernas já não obedecem a mente como em outros tempos. Natural, mas fato que tem sido relegado a um segundo plano por aqueles que deveriam ser mais críticos.

A cada dia que passa – com o time em crise técnica – mais aumenta o peso sobre os ombros de Guerrero, que, se o Inter não melhorar, entrará em campo como salvador da pátria.

Responsabilidade demais para um jogador em busca de reabilitação como cidadão e que nunca foi craque, embora parte da mídia gaúcha o trate como tal.

Os inúmeros acertos de Renato

Em contraponto ao antigo ‘joguinho dos 7 erros’, lanço o jogo dos ‘7 acertos’, inspirado no desempenho do técnico Renato ‘Estátua’ Portaluppi, que neste início de temporada está acertando todas, ou quase todas.

Seus críticos estão silentes, na moita como sempre, esperando o primeiro vacilo, o que não é novidade para ninguém.

O primeiro acerto que me recordo assim de sopetão é a decisão de afastar o tal time de transição, que quase eliminou o Grêmio no regional passado.

O Grêmio disputa – e lidera com folga – com o time titular e o reserva. Ambos fortes, mostrando a qualidade do grupo, superior também em número em relação ao do regional de 2018.

Outro acerto de Renato foi esse do rodízio dos goleiros, algo impensável tendo o grande Marcelo Grohe de titular absoluto.

No Centenário, o novato Júlio César apresentou seu cartão de visitas com duas defensas muito difíceis. Grandes defesas, mas nada que justifique o adjetivo ‘milagre’ utilizado por um comentarista de TV.

Sei de alguns gremistas nas redes sociais que foram nesse embalo, ou nessa vibe, e já começaram a cornetear o Paulo Vitor, como se fosse impossível elogiar um sem desmerecer o outro. Coisas de torcedor…

Logo depois das duas belas defesas, Júlio César soltou uma bola fácil, coisa que acontece, mas acaba comprometendo. É cedo para ter opinião firmada sobre quem deve ser titular.

Em relação a esse jogo, que se anunciava como de alto risco porque estava em jogo a liderança, foi sábia a decisão de não expor o time titular. O time do Caxias justificou a decisão, porque bateu bastante. E, como se previa, sob o olhar conivente do Jean ‘Damião’ Pierre, que custou a mostrar cartão amarelo diante da violência dos caxienses.

Portanto, está certo o Renato. É preciso preservar as canelas de um talento como Luan, por exemplo.

Por falar em talento, Matheus Henrique deu show. Foi o melhor em campo, desarmando, armando e aparecendo nos lances mais decisivos. No lance do primeiro gol, por exemplo, a jogada foi dele, que escapu pela esquerda, foi ao fundo e cruzou. A zaga saiu mal e a bola ficou para o jovem Pepê, que fez 1 a 0

O segundo gol nasceu de outra falha, com André disputando e tendo frieza e técnica para rolar a bola para Pepê ampliar.

O terceiro gol nasceu de outro acerto de Renato, que colocou Thaciano, jogador misto de volante e meia que desde o ano passado dá boa resposta. Pois Thaciano foi ao fundo pela direita e cruzou rasante para Felipe Vizeu entrar e desviar do goleiro com categoria e jeito de matador.

Importante também é saudar a volta de Kannemann, que até não faz falta neste momento porque Paulo Miranda está muito bem e os adversários são modestos.

Então, são tantos os acertos de Renato e sua comissão técnica que meu jogo dos ‘7 acertos’ nem tem razão de ser.

Grêmio reafirma seu favoritismo

Depois da goleada desta quinta sobre o São Luiz, 4 a 0, na Arena, e de outro show de horror do time colorado, não tenho dificuldade nenhuma para afirmar que o Grêmio vai ‘passear’ no noveletão.

Até mesmo os tradicionais ‘erros humanos’ dos árbitros pendendo normalmente para o Inter não terão força suficiente para mudar o que está se desenhando: Grêmio campeão.

É brutal a diferença entre os dois principais candidatos ao título. Pelo pouco que vi do Inter não consigo projetar o time de Odair fazendo frente ao Grêmio de Renato. O Inter é inferior técnica e taticamente.

Somente arbitragens muito tendenciosas poderão mudar o que o destino já traçou.

Fato: o Inter só não perdeu para o time de Ijuí na primeira rodada por causa do frango glorioso do goleiro, que hoje levou mais quatro, ao natural, sem falha sua.

O empate contra o Veranópolis também teve problema: pênalti de Moledo não marcado por Daronco. O zagueiro puxou o atacante pela camisa dentro da área (tem foto registrando claramente o lance).

O analista de arbitragem da RBS disse que o puxão não foi forte suficiente para caracterizar pênalti. Portanto, Daronco acertou, segundo Diori Vasconcelos, famoso por pareceres extravagantes, normalmente favoráveis ao Inter.

O fato é que o Inter, com seu time confuso, perturbado e nervoso, poderia hoje estar na lanterna do Gauchão. Mas vai se classificar porque é superior aos times do Interior (não muito, mas superior) e também porque na dúvida as arbitragens penderão para seu lado.

Enquanto isso, o Grêmio mostra que consegue manter o padrão de jogo que o faz vitorioso há três anos, apesar de ao longo do caminho ter perdido jogadores importantes.

Na goleada sobre o time de Ijuí, destaque para Marinho, de atuação que lembra seu desempenho no Vitória. Depois, Montoya, que entrou e marcou o seu após lançamento precioso de Luan, o craque do time que muitos (em especial vermelhos) queriam longe da Arena.

Gostei também do Jael, participativo e com alto índice de acertos. Não acredito que em sua titularidade, mas será sempre muito útil. Vamos aguardar.

Por fim, que golaço do Marinho, jogador que alguns apressadinhos queriam fora do Grêmio.