Os reforços e a Geral do Grêmio

Se o Grêmio demorar mais uns dias para anunciar ao menos uma contratação entusiasmadora, daquelas de deixar gremista com sorriso de orelha a orelha, como aconteceu no Mazembe Day, já será o caso de se comemorar a permanência de Pará, o retorno do William Magrão, do Maylson…

Porque pior do que começar a Libertadores com um time apenas razoável, é começar sem time.

Se é ruim com Pará, pior sem ele. Pelo menos há um lateral-direito para escalar, alguém que ao menos consegue manter um nível tolerável na posição.

A continuar nesse ritmo, aqueles que uivaram como lobos na lua cheia quando sinalizei aqui a respeito da possível contratação de Bolívar, há uns 15 dias, logo estarão soltando foguetes se o zagueiro colorado tiver sua contratação confirmada.

Ou será que dá pra enfrentar a LDU com Wilson e Saimon, por exemplo? Se não der pra vir um grande zagueiro, um Lugano, então me serve um zagueiro vencedor, experiente, e – isso é o de menos – cuja origem familiar é tricolor.

Agora, mesmo que venha um zagueiraço, ainda assim considero positiva a contratação de Bolívar, que já seria uma larga vantagem em relação à aposta feita em Sorondo no começo do ano.

ZAGUEIRO

Não critico a direção do Grêmio como fazem alguns apressadinhos, ignorando que realmente o mercado é muito competitivo e que não é apenas o Grêmio que busca reforçar seu grupo. A disputa por grandes jogadores, e até por medianos, é acirrada.

E aí empresários e procuradores se esbaldam mais que empreiteira construindo estádios para a Copa 2014.

O chileno Vargas é um exemplo de como está difícil contratar. O diretor Rui Costa voltou do Chile meio desanimado. Revelou que tem ‘dez clubes’ querendo o atacante. Entre eles, o São Paulo, com os cofres cheios após a venda de Lucas. Tudo indica que o SP vai ficar com Vargas, que pelo jeito virou peça de leilão.

Se não vier Vargas, virá outro de nível equivalente, porque a atual direção pensa grande, diferente de outras que perderam Libertadores nos últimos anos porque não armaram equipes qualificadas, competitivas de verdade. Ou já esqueceram o que fizeram com Renato Portaluppi?

ZAGUEIRO

A especulação da hora é o argentino Nico Spolli, do Catania. Zagueiro experiente, em 2008, quando jogava no Newell’s, chegou a interessar ao Palmeiras, então treinado por Luxemburgo.

Spolli parece ser o tipo de zagueiro com perfil para disputar Libertadores. Parece.

Achei um gol dele pelo Catania, ainda neste ano, contra o Milan:

http://www.ole.com.ar/futbol-internacional/italia/Mira-gol-Spolli-Milan_3_673762622.html

Mesmo que venha Spolli, por via das dúvidas eu contrataria Bolívar, dentro de padrões salariais razoáveis, claro.

No Grêmio, Bolívar iria querer mostrar ao seu ex-clube que foi injustiçado neste ano.

Agora, pressinto que Bolívar irá continuar no Inter. A indenização envolve muito dinheiro.

GERAL

A briga entre indivíduos que se dizem torcedores do Grêmio na inauguração da Arena segue alimentando a campanha para detonar a Geral, que provoca inúmeras reações, a mais forte delas é a inveja.

Todos os grande clubes gostariam de ter uma torcida como a Geral, capaz de fazer a diferença nos jogos.

Eu vejo a Geral como um jogador festeiro, meio indisciplinado, mas talentoso demais.

Não se manda embora um jogador capaz de decidir um jogo encardido a qualquer momento.

É preciso administrar esse tipo de jogador. Poderia citar vários aqui, mas considero desnecessário.

A Geral precisa ser administrada, controlada e contida nos excessos, mas com liberdade para continuar sendo o jogador número 12 do Grêmio.

Aqueles indivíduos que se misturam à multidão gremista precisam ser enquadrados ou afastados, impedidos de entrar na Arena. O que não se pode é estimular o fim da Geral por causa de meia dúzia de baderneiros.

Quem defende a extinção da Geral, decididamente não quer o melhor para o Grêmio.

Luxemburgo: aposentadoria nessa hora?

Cada um tem o direito de pensar o que quiser a respeito de qualquer coisa.

Exerço esse direito seguidamente, como estou fazendo agora.

Luxemburgo deu entrevista a jornalista Robson Morelli, editor do portal do Estadão e velho conhecido do treinador.

Luxemburgo declarou que seu objetivo é fechar 2013 com muitos títulos para sair por cima. Só seguiria trablhando de treinador em clube de ponta da Europa ou a Seleção.

Luxemburgo retrucou hoje dizendo que não foi bem isso que quis dizer.

O jornalista reafirmou o que escreveu. Foi isso mesmo o que Luxemburgo disse.

Então, o Grêmio está com um treinador na iminência da aposentadoria.

O que é péssimo. Respeito quem pense o contrário, mas se Koff soubesse antes que Luxemburgo quer se aposentar dentro de 365 dias – e para concorrer a presidência do Flamengo -, duvido que o contratasse.

Horas depois da entrevista publicada pelo Estadão, o Grêmio anuncia que pré-temporada não será mais em Londrina, objetivo defendido por Luxemburgo e aceito pela diretoria.

Se essa decisão não passou por Luxemburgo, a considero um agravo ao treinador. Quase uma afronta.

Se for isso mesmo, o Grêmio pode estar pensando em outro treinador, alguém mais focado na profissão de treinador de futebol e que não fique projetando sua aposentadoria através da imprensa exatamente num ano em que o clube ambiciona grandes títulos.

Parece uma tentativa de forçar um pedido de demissão do técnico. Ou é simplesmente a direção assumindo as rédeas completamente. Uma correção de rumo.

Tancredo, Koff e a Libertadores

Um golpe de mestre. É o mínimo que se pode dizer da ação ágil e eficaz do presidente Fábio Koff na Conmebol, evitando a punição a Elano, que ficaria de fora dos jogos iniciais da Libertadores.

Elano só vai jogar graças a Koff, que usou todo seu prestígio e sua experiência para convencer o presidente vitalício e seus velho conhecido, Nicolás Leoz, que Elano não havia feito nada daquilo que as imagens de TV ‘parecem’ mostrar.

É com um presidente assim que se começa a vencer uma competição pantanosa como é a Libertadores.

A Libertadores não é para neófitos ou presidentes envolvidos com outras atividades.

Libertadores exige e cobra dedicação total.

A iniciativa mais do que bem-sucedida de Koff, Rui Costa e Luxemburgo – cuja presença também foi muito importante no Paraguai – me fez lembrar de outro homem público: o astuto Tancredo Neves.

Na eleição de 1984, Tancredo enfrentou Paulo Maluf, que dispensa apresentações, um sujeito tão ardiloso e escorregadio que de inimigo número 1 do PT passou a amigo e parceiro eleitoral.

Tancredo lançou sua candidatura e esperou a reação de Maluf, que veio dois dias depois:

— Sou imbatível — provocou Maluf, desdenhando o adversário.

A resposta de Tancredo só veio no dia seguinte:

— Até agora ele só enfrentou amadores.

Tempos depois, alguém perguntou por que ele havia demorado para dar o troco. Tancredo sorriu aquele sorriso de mineiro curtido pela vida:

— É melhor aparecer sozinho na primeira página.

Voltando para a exitosa operação de guerra deflagrada por Koff, ele não foi destacado em nenhum momento pela imprensa, que simplesmente noticiou a absolvição de Elano e a condenação de três menos votados. O importante mesmo era e é contar com Elano já no primeiro confronto com a LDU.

Koff não ganhou a primeira página, mas o resultado de sua investida, sim.

Outra iniciativa importante: o time viaja uma semana antes do jogo para o Equador.

Quer dizer, o Grêmio está compenetrado, está focado.

Agora, só falta qualificar o time.

Ah, pra quem não sabe ou não lembra: Tancredo bateu Maluf.

RAIVA

Percebo em alguns setores um certo descontrole diante da absolvição de Elano. Entre os colorados mais identificados a reação é raivosa. A secação não deu certo.

Começo a desconfiar que o Inter vai recorrer da decisão da Conmebol…

Bolívar para apavorar o Rio Grande

No começo dos anos 70, o Inter contratava um técnico com vasta experiência em clubes menores.

Daltro Menezes, um gordinho simpático, bom treinador, estava no futebol catarinense. Ao cruzar a divisa entre RS e SC, já deste lado do Mampituba, qual um Napoleão diante das pirâmides, bradou:

– Eu vou apavorar o Rio Grande.

E apavorou mesmo, ganhando alguns títulos regionais com o Inter, quebrando a hegemonia gremista e iniciando os terríveis anos de chumbo para os gremistas.

Tempos depois, em 1982, foi a vez de Fábio Koff, que recém havia assumido a presidência, apavorar o Rio Grande. Tirou Batista do Inter, talvez a transação mais rumorosa do futebol gaúcho em todos os tempos. Paulo Odone e Flávio Obino eram seus diretores de futebol.

Por que relembro esses episódios:

Porque suspeito que vem outro negócio bombástico por aí, algo para abalar o Rio Grande de novo.

O Grêmio é capaz de contratar Bolívar. O Inter não quer Bolívar, a torcida colorada em sua maioria quer Bolívar longe.

Se ele for para o Grêmio não irá tão longe assim, mas…

Se esse negócio sair mesmo, depois que Bolívar acertar sua rescisão com o Inter, haverá muita polêmica. Já antevejo as emissoras de rádio, os sites, fazendo enquetes.

Gremistas a favor, gremistas contra. Colorados a favor, colorados contra.

Muita agitação. Gosto disso. E mais: sou a favor.

Escrevo sem nenhuma informação, mas conhecendo Koff, sei que ele gosta das tacadas polêmicas.

E tem mais um detalhe, a cereja do bolo: Luxemburgo, então no Flamengo, tentou contratar Bolívar.

Que, como se sabe, gosta de ganhar Libertadores. Ah, qual é mesmo a prioridade das prioridades do Grêmio neste 2013 que se aproxima?

Como dizia o insuperável Sérgio Jockyman:

Pensem nisso enquanto eu lhes digo, boa noite!

GOLAÇO DE KOFF

Quem disse que dirigente não faz gol?

Os críticos de Koff são rápidos no gatilho quando se trata de detonar o presidente  multicampeão.

Foi só ele falar a verdade sobre a Arena, talvez com algum exagero e num momento inoportuno, que já sairam com sete pedras nas mãos.

Pois agora Koff marcou um golaço. Foi ao Paraguai, com Rui Costa e Luxemburgo, e conseguiu amenizar a situação de Elano.

Com sua habilidade política, sua história, sua credibilidade, Koff vai escalar Elano na Libertadores.

Isso é que é dirigente de futebol. Os outros são esforçados.

Dida e a lua-de-mel de Grohe

Uma confissão: eu já me preparava para secar o Dida no ‘jogo contra a pobreza’ quando o Grêmio se antecipou a um eventual fracasso do veterano goleiro.

Ficaria muito complicado anunciar a contratação se Dida tomasse um frango, que talvez pudesse ser o primeiro da Arena. Ficaria nos registros para todo o sempre: o primeiro frango da Arena foi de um ex-goleiro da seleção Brasileira, Dida.

Imagino o constrangimento do diretor anunciando Dida após uma situação como essa.

Atenta, a direção deve ter pensado nisso e preferiu garantir o negócio, se livrando do que poderia ocorrer à noite.

Não chega a ser falta de confiança plena em Dida, mas acidentes acontecem, principalmente com os goleiros. Nem o melhor goleiro fica sem engolir seus frangos ao longo da carreira.

Esse anúncio – que ainda não aconteceu no momento em que escrevo – antes do jogo evidencia que o Grêmio estava mesmo muuuuuito a fim de contratar Dida.

E Dida, que estaria vindo com uma remuneração três vezes superior a do titular Marcelo Grohe (claro que aí está embutido o aluguel do ‘passe’), não vem para ser reserva.

Dida vem para ser titular. Mas o tempo vai se encarregar de reconduzir Marcelo Grohe ao posto que hoje ocupa. Porque Grohe, hoje, é melhor que Dida.

Talvez aos 25 anos Dida fosse melhor que Grohe. Até acho que era. Mas não tenho certeza. Sei que hoje Grohe é melhor, e não é inexperiente.

Não tem a experiência de Dida, mas é superior em outros quesitos, como agilidade, por exemplo. Outro aspecto: quem tem melhor visão? Um sujeito com 40 anos já começa a sofrer alguma perda nesse aspecto. Jogo noturno, iluminação difusa, sombras e claridades. Sei não.

Grohe, que casou na sexta-feira e deve estar em lua-de-mel não merece receber essa notícia broxante, sem duplo de sentido…

É difícil apontar algum erro grosseiro de Grohe desde que assumiu o lugar do Grande Victor. Por isso, é difícil entender a contratação de um goleiro em final de carreira e na iminência de se tornar um quarentão.

Pela diferença de idade, Dida poderia ser pai do reserva Matheus, que pelo jeito vai demorar a ter sua oportunidade.

Agora, como vai reagir Grohe? Ele atingiu um determinado status no futebol que não pode mais passar para a reserva assim sem mais nem menos.

Ao mesmo tempo, Dida de titular tendo uma sombra com Grohe.

Não sei, mas sou capaz de apostar que Grohe, que se valorizou muito no Brasileirão, pode ser negociado.

Com isso, torna tranquila a titularidade do preferido de Luxemburgo, Dida, claro, e abre caminho para Matheus e outros.

Mas sempre restará uma dúvida: e se Dida começar a sentir o peso dos anos?

Melhor dar um aumento significativo de salário para Grohe e ficar com ele. É mais sensato.

IDEIA MALUCA

De tanto ouvir e ler que a Arena não é uma conquista, mas um grandioso problema para o Grêmio, estou chegando à conclusão que o melhor é continuar com o Olímpico. Hélio Dourado tinha razão.

Ficamos no Olímpico e demolimos a Arena.

Acho que aí acaba a secação.

Tite, Cássio e a entrevista do Koff

Acordei mais cedo, fiz um chimarrão e fui para frente da TV. Antes, havia ligado o rádio. A Guaíba ignorou a decisão do mundial. Estranho. Será porque era o Corinthians? No horário, o Mendelski relembrando a Jovem Guarda, Deny e Dino cantando O ciúme. Desliguei.

Na TV, optei pela Band, pela emoção do corintiano Neto e do Luciano do Vale.

Assisti ao jogo com frieza, sem qualquer emoção.

Não torci, mas queria que o Corinthians não vencesse.

Torcia pelo Cássio, de quem sou admirador desde seu início no Grêmio, e pelo Tite, o treinador que venho sugerindo ao Grêmio há cada começo de temporada.

Mas não podia torcer por um clube tem que como seu maior torcedor, e benfeitor, um sujeito chamado Lula Inácio.

Não podia torcer por um clube que herdou do governo federal um moderno estádio de futebol enquanto o Grêmio teve que entregar os dedos, os aneis e a alma para ter a sua Arena, a majestosa Arena.

Além do mais, como torcer por uma clube que a TV empurra em canal aberto a cada rodada e que ganha muito mais verba que os demais clubes – exceção do Flamengo -, e que, portanto, se encaminha para ser favorito em todas as competições disputadas no país?

Como torcer por um clube que agora está comemorando o bi mundial graças a tão valorizada – pelos colorados – Fifa, que validou um título ‘mundial’ obtido pelos paulistas num torneio caça-níquel, numa final com o Vasco? Pelamordedeus! E tem gente que gosta de adicionar Fifa ao seu ‘campeão do mundo’…

Realmente, colocando na balança, não poderia mesmo ficar ao lado do Corinthians. Mas também não torci contra. Não tenho como explicar isso, o que eu posso fazer?

Mas, agora que o título mundial – este realmente um título mundial que merece e deve ser festejado pelos corintianos como tal – foi conquistado, fico contente pela consagração do Tite, um profissional sério e competente, que conseguiu ser campeão com uma equipe sem grandes estrelas.

O Corinthians não tinha, por exemplo, um cara como Renato Portaluppi. Nem um cara do nível de Gabirú, o herói do título obtido pelo Inter e que muito orgulha a nação vermelha.

O Corinthians é um time homogêneo. Nota oito, em média, em todos os setores. Mas que tem pelo menos dois jogadores nota 10:

Cássio e Paulinho. O goleiro da Seleção Brasileira não pode ser outro. Não tem pra ninguém.

E Paulinho é o mais titular do meio-campo.

Depois, tem alguns jogadores nota 9, como o Émerson e o Danilo, que fez uma partida simplesmente espetacular técnica e taticamente. Outro do mesmo nível: Guerrero, uma aposta de Tite. Outro que eu gosto: Chicão.

O restante são jogadores médios, dos quais Tite conseguiu extrair o máximo.

No time do Chelsea, que poderia ter largado na frente não fosse a barreira chamada Cássio, não vi nenhuma de suas estrelas milionárias brilharem. Até agora estou procurando o festejado Oscar.

Não era pra ele, titular da seleção na gestão Mano, assumir o jogo, chamar pra si a responsabilidade, se ele é tão talentoso como apregoam seus fãs? Sumiu.

Então, parabéns ao Tite, que deveria ser o treinador da Seleção, e ao Cássio, o melhor goleiro brasileiro.

A ENTREVISTA

Muito boa a entrevista da ZH com o Fábio Koff. Reveladora do que realmente pensa o novo presidente gremista.

Resumindo: se essa entrevista tivesse ocorrido antes da eleição, Odone seria reeleito.

Koff deixou muito evidente sua satisfação com a Arena, mas não tapou o sol com a peneira, deixando claro que não foi um bom negócio para o clube esse contrato com a OAS.

Mas a Arena está aí, e é preciso agora tirar o máximo proveito do seu potencial.

ELEIÇÃO

A oposição venceu a eleição para alteração no Conselho Deliberativo. Os sócios votaram e manifestaram sua insatisfação com a diretoria, reeleita sem passar pelo crivo dos torcedores. Dos 150 nomes, 112 são de oposição.

Os números apontam que Luis Antônio Lopes e Piffero teriam vencido a disputa, que acabou decidida no CD.

GOLEIROS

Cássio é hoje o maior nome oriundo da fábrica de goleiros do Grêmio, que tem o Marcelo Grohe, o Fernando Prass e outros que não lembro agora. O clube deve parar de pensar em contratar goleiro, e apostar nos da casa.

O dinheiro que seria destinado a um Dida, por exemplo, pode servir para reforçar o time em outras posições, quem sabe um lateral direito para colocar na reserva o preferido de Luxemburgo?

Paixão: transferência que vale seis pontos

Concluída a novela “Em busca de um treinador”, protagonizada por Giovani Luigi – tem nome de ator de bang-bang italiano, tipo Django e O Dólar Furado -, com a contratação mais do que festejada pela mídia do ex-treinador da Seleção Brasileira, Dunga, o Inter está confirmando Paulo Paixão.

Se Dunga ainda é um técnico que precisa provar, embora os indícios de que tem tudo para dar certo, a transferência de Paixão neste caso é como jogo de seis pontos: soma três ao Inter, retira três do Grêmio.

Há uns oito anos aconteceu a mesma coisa: Paixão trocou o Olímpico pelo Beira-Rio. O Inter passou a acumular títulos.

Paixão parece ser aquele sujeito altamente qualificado, e também altamente pé-quente.

Lamento muito a saída de Paulo Paixão. Mas eu mesmo já havia comentado aqui que ele não renovaria com o Grêmio seja pelo salário que fosse.

Um profissional de tamanha envergadura não se acomoda, não aceita ser o número 2. Até questionei sobre o que ele pensaria a respeito do ‘pijama training’ tão ‘vestido’ pelo treinador Luxemburgo. Nenhum repórter teve essa curiosidade. Pena.

DUNGA

Dunga fez um bom trabalho na Seleção. Seu maior mérito, a meu ver, foi ter acabado com a bagunça, com a indisciplina, e ter sufocado o clima de festa que envolvia os jogadores.  Armou um time à sua imagem e semelhança: mais compenetrado e aplicado taticamente, do que talentoso. Até por falta de jogadores mais qualificados.

Agora, trabalhar num clube é diferente. Na Seleção, o técnico convoca os jogadores que quer, dentro do perfil desejado; no clube, o técnico indica, e muitas vezes não é atendido plenamente. E aí precisa trabalhar com o que tem.

A questão das relações humanas também é diferente. O vestiário é diferente. O convívio no clube é constante, dia após dia, um ano inteiro. Na Seleção, Copa do Mundo, é tiro curto. Basta mobilizar para esse período e tudo bem. Foi o que fez Felipão, que recuperou Ronaldo para ser campeão do mundo. Ronaldo gostaria de continuar trabalhando com Felipão por mais tempo? Duvido.

Dunga começou bem. Como bem começou Falcão. Lua-de-mel com a mídia, que hoje parece um poodle, mas que pode se transformar num pitbull com facilidade. Falcão que o diga.

Mas não há mistério no futebol: venceu está bem, perdeu vai pra casa.

LUXEMBURGO

O mesmo vale para Luxemburgo, que teve seu nome gritado tão forte no Olímpico que não restou outra saída ao Fábio Koff. Teve que manter um treinador que não ganhou nada este ano, e que não vem ganhando nada há tempo, mas que realmente fez um trabalho bom no Grêmio.

O que eu vejo de mais positivo em Luxemburgo ter continuado é que a partir daí o Grêmio conseguiu manter Zé Roberto.

Luxemburgo é uma grife. Elano só veio para o Grêmio em função disso. Outros jogadores de alto nível também irão avaliar proposta do Grêmio com mais atenção só pelo fato de poderem trabalhar com Luxemburgo.

Não sei se há no futebol brasileiro outro treinador com esse prestígio perante os boleiros.

Um prestígio que chega aos gabinetes.

Não entendo por que fazer pré-temporada em Londrina. Foi decisão de Luxemburgo.

A direção acatou. Mas continuo sem entender.

REFORÇOS

Willian Jose e Alex Telles são boas contratações, oxigenação no vestiário. Willian é um atacante muito bom. Não entendi por que o São Paulo o liberou.

Alex Telles foi destaque no Caxias. Pelo pouco que lembro dele, trata-se de um lateral com jeito de ala, que ataca com velocidade e tem drible fácil.

Um espetáculo chamado Arena

Espetacular! Parece uma nave espacial, uma gigantesca nave espacial.

Foi o que pensei quando fiquei frente à frente com a Arena depois de uma caminhada de dois quilômetros acompanhado de centenas de torcedores, todos seguindo à risca do glorioso hino composto pelo mestre Lupicínio.

Nesse trajeto, da Farrapos até a Arena, percebe-se a rua está sendo alargada, o que facilitará e muito o fluxo de veículos.

Os moradores da região, gente muito humilde, aproveitaram para faturar uns trocados vendendo bebidas e improvisando estacionamentos, a um custo de 30 reais para cima.

A caminhada não é muito fácil, porque não existe calçada na maior parte do trecho, e sim chão batido, esburacado e com elevações. Facilitou, tropeça.

Diante do monumento azul, outra missão: descobrir como e por onde entrar. Muita gente estava nessa situação, apesar de tudo muito bem sinalizado.

Depois de uns 15 minutos, consegui entrar. Eram umas 19h30. Pergunta daqui, pergunta dali, entrei, sem querer, na área que dá acesso aos vestiários. Ah, muita segurança em todos os lugares, além de funcionários de todo o tipo, dezenas deles.

Pessoal de imprensa atento para fazer entrevistas. Eis que vejo o Baidek. Esse é um dos poucos jogadores com quem mantive uma certa amizade nos tempos de setorista. Ele me vê e me reconhece, mesmo sem a cabeleira e a barba de guerrilheiro tupamaro. Nos abraçamos. A Eduarda Streb se ofereceu para tirar uma foto, que saiu meio borrada.

Perguntei  ao Baidek se ela traria reforços. Ele respondeu que sim, mas não revelou nomes. Falei que fazia a cerveja 1983, e ele riu, contando que esse é o milhar final do seu celular, cujo número todo guardei para obter informações mais adiante.

Bem, segui em frente em minha busca. Até que um funcionário me disse que eu deveria pegar o elevador e descer no segundo andar. Insisti que queria ir de escada, mas ele repetiu que seria melhor de elevador.

Aqui um aparte: sou pé frio com algumas coisas, elevadores, por exemplo.

São vários elevadores. Abre-se a porta de um deles, que logo fica lotado. ‘Entro ou não entro”, pensei, pesando os prós e os contras, o peso excessivo, elevador novo, sei lá, não queria ficar trancado. Entrei.

Encontro naquele cubículo a Eliana Camejo, dona da empresa de comunicação contratada pelo Grêmio. A ascensorista aperta o botão, o elevador sobe um pouco e… Para!

Escuridão total. Falta de energia elétrica.

Elevador lotado, lotado mesmo. A ascensorista, nervosa, diz: ‘Sem pânico’.

Pronto, falou a palavra que não poderia ser pronunciada: pânico.

Ela repetiu: “Estou apertando o botão do pânico, mas não está funcionando”.

Junto de mim, uma baixinha, ofegante, diz:

– Estou passando mal, estou passando mal.

Outra mulher diz que está sentindo falta de ar. “Não tem ventilação?”, alguém pergunta.

Não, não havia ventilação. Fiquei preocupado: elevador lotado, sem ventilação e, conforme havia observado, sem fresta para entrar ar. “Se demorar vai ter gente desmaiando, gente agitada e o ar será consumido mais rapidamente”, pensei, e aí falei:

– Pessoal, tá cheio de gerador aí fora, muita calma que a luz já vem.

Mal terminei de falar, a luz voltou. O elevador desceu e todos saíram rapidamente dele rumo às escadas.

Finalmente cheguei ao setor da imprensa, um enorme saguão, repleto de equipamentos, garçons servindo canapés, refrigerante, sucos e água de coco. Maravilha. Estava com a garganta seco e precisava me recuperar do susto.

Reencontro velhos colegas. Um deles o Júlio Sortica. Por ‘culpa’ dele que me tornei repórter esportivo. Éramos colegas na faculdade. Ele já trabalhava na Folha da Tarde. Um dia, quase no final do curso, ele me disse que estava indo para a Zero Hora e que abriria uma vaga. Fui lá e ganhei a vaga.

Esse é o Júlio Sortica, com quem tirei uma foto ao lado de outro grande parceiro que não via há tempo, o Flávio Valente.

Perguntei ao Flávio onde ficava o acesso ao campo, estava ansioso para ver a Arena por dentro. “Não brinca que tu ainda não foi lá ver. Vem, que eu quero filmar esse momento”.

Filmar? Ele só podia estar brincando. Aí, ele sacou uma câmera pra registrar a minha reação. Quando finalmente entrei na Arena, já quase lotada, meu queixo caiu.

Demorei alguns segundos pra me recuperar. Um espetáculo.

– Está aí uma puta arena!

Nisso, vem o David Coimbra, que também entra no ‘filme’ do Flávio Valente. Ele vai colocar o vídeo no youtube.

O local onde ficou o pessoal da imprensa é realmente especial. Seria como a social em miniatura do Olímpico, só mais próxima do gramado. Cadeiras estofadas, conforto, visibilidade excelente.

A sensação é de que está num estádio europeu. Que um lugar assim tão maravilhoso não poderia estar no Brasil de tão majestoso, moderno, diferente de tudo o que existe hoje em termos de estádio de futebol no país.

Com essa Arena avassaladoramente espetacular não será muito difícil esquecer o Olímpico.

É o presente e o futuro se sobrepondo ao passado inexoravelmente.

Depois, veio show, sensacional. Emocionante.

Por fim, o jogo. De onde eu estava podia ver a expressão dos jogadores claramente, de tão próximos. Tive a impressão de estar numa quadra de futebol sete, mas com onze de cada lado.

Uma pena a grama não estar completamente assentada. Sulcos foram abertos várias vezes. Nada que o tempo não resolva. Além disso, o gramado foi prejudicado pela falta de chuva.

Gostei do time do Hamburgo, tem qualidade, toca bem a bola. Mas quem saiu na frente foi o Grêmio, golaço de André Lima, o primeiro gol da Arena.

O Guerreiro Imortal, de quebra, comemorou imitando o Kidiaba. Renovo o contrato dele por mais cinco anos.

Vou tentar entregar uma Kidiaba  pra ele.

O Hamburgo empatou, muito por culpa de Luxemburgo, que fez substituições demais. Será que ele não sabia que o Grêmio precisava vencer seu primeiro jogo na Arena? Por que fragilizar tanto o time? Para dar chance aos outros?

Pelamordedeus!

O Hamburgo empatou. Felizmente, Marcelo Moreno salvou a pátria tricolor fazendo o gol da vitória no finalzinho, aproveitando cruzada de Marquinhos.

O Grêmio começou vencendo na Arena, que mostrou ser um poderoso aliado em função de sua acústica, A vibração da torcida é amplificada, e da proximidade com o gramado.

O ELEVADOR

No intervalo fui conferir os outros andares da Arena, que vai até o sexto andar, onde ficam as cabines de rádio e TV.

Passei pelo lounge, um espaço enorme, pouca luz, decoração chique, serviço de bar. Fica junto aos camarotes do lado oeste. Não sei se tem também do outro lado.

Fui até o sexto andar, pelas escadas, claro.

Pra descer, decidi encarar um elevador. Entrei com mais duas pessoas. Elas pediram para descer no segundo andar. Eu ia até o primeiro.

O elevador parou e as pessoas desceram. Ficamos eu e a ascensorista. Adivinhem. Ela acionou o botão, o elevador se mexeu e… parou. E não foi por falta de luz.

Ela acionou o tal botão do pânico várias vezes. Ela estava em pânico.

Mas deu certo. Chegamos ao primeiro andar. Eu me despedi da moça desejando-lhe ‘boa sorte’ e dizendo que nesses elevadores eu não entro mais e lamentando pela situação dela.

– Não lamente, porque eu também não entro mais nesses elevadores, estou indo embora – garantiu, olhando para um outro funcionário que se aproximava.

– Estou cansada. Este elevador está com problemas e eu não entro mais nele.

Luxa e sua seleção brasileira do passado

O quase quarentão Dida realmente está nos planos do Grêmio. Diria até que já está contratado.

Não sei exatamente o que Dida fará. Treinador de goleiros? Pode ser.

Mas desconfio que Luxemburgo – só pode ser indicação dele – quer Dida para ser titular. Dida até que fez boa campanha na Portuguesa. Eu disse Portuguesa, de onde veio outro que havia feito boa campanha, o Marco Antônio.

Com todo o respeito, quem tem Marcelo Grohe não precisa de Dida, nem para banco de reservas.

Quem tem um Matheus esperando uma chancezinha só, antes deveria testar o garoto para ver se ele tem condições de ser reserva do titularíssimo Grohe.

Uma sequencia de jogos é o mínimo que Matheus merece. Ou algum outro goleiro da base.

Taffarel, Danrlei e o grande Émerson, aquele que teve a perna fraturada quando se encaminhava para ser o melhor goleiro do país, começaram novinhos, com espinha na cara.

Se vier o Dida assim na mão grande, carteiraço, o que vai ser dessa gurizada boa que está aparecendo na base? Qual o estímulo, o incentivo?

Ou será que Luxemburgo não confia em Marcelo? Seria um absurdo, outro absurdo.

Não sei se vocês sabem, mas eu sou metido a psicólogo de boteco.

Tento entender o Luxa:

Ele quer tanto voltar à Seleção Brasileira que, em não conseguindo, traz a Seleção, mesmo a do passado, até ele.

Tempos atrás ele tentou o Alex, lembram? Trouxe o Gilberto Silva e o Elano. Não sei se o Fábio Aurélio dá pra considerar.

Facilita, ele recupera o Rivaldo.

Onde é que eu fui parar.

ARENA

O www.botecodoilgo.com.br foi finalmente reconhecido como um veículo de comunicação. Ganhou uma credencial para assistir à inauguração da Arena.

Confesso que não estava entusiasmado para ir, mas agora, com essa surpresa que recebi ontem, a dois dias da festa, sinto-me obrigado. E irei com prazer, orgulhoso. Pena que não posso levar a 1983 ou a Olímpica.

Nem tudo é perfeito.

Farei um relato dessa experiência.

CONFIRAM a foto da credencial no facebook/ilgowink.