O papel aceita tudo

Nos velhos tempos das laudas e das máquinas de escrever (Remington e Olivetti, por exemplo) era comum um colega provocar o outro, que insistia em especular nomes de reforços para a dupla Gre-Nal. Dizia, rindo de orelha a orelha:

– O papel aceita tudo.

Hoje, seria ‘a tela branca aceita tudo’.

O que tem de gente lançando nomes de possíveis contratações pelo Grêmio. A maioria dos nomes tem origem em empresários loucos pra faturar algum. Lançam o nome com a ajuda do jornalista, que pensa estar dando um ‘furo’ na concorrência. O dirigente preguiçoso ouve aquilo e, de repente, está mantendo contato com o empresário, que leva consigo, claro, um DVD com lances fenomenais de seu jogador.

Hoje mesmo li um blog em que são citados três nomes, nenhum deles de empolgar, até pelo contrário. Mas os jogadores são referidos num texto que tem como ilustração o presidente Romildo Bolzan. Alguém mais distraído vai imaginar que Bolzan pode ser a ‘fonte da informação’. Nos comentários, gremistas dando pau no presidente.

A matéria fala em Rodinei, este sim com contratação encaminhada. Bom jogador. Depois, cita o zagueiro Felipe Trevisan, do Hannover. Esse jogador vive um período de muitas lesões. Quase não tem jogado. E as informações sobre ele, tecnicamente, não são nada estimulantes.

Por fim, Marcelo Toscano, vice- goleador da série B (o que pra não significa nada, quer dizer, significa que é um jogador de série B, onde com certeza existem opções melhores) pelo América MG. Alguém já ouviu falar nesse atleta, que já tem 30 anos?  Outro Vitinho, não.

Esse tipo de notícia cai como um balde de água gelada na cabeça dos gremistas, que esperam ver um time realmente competitivo para disputar a Libertadores. Mas disputar mesmo, pra valer, com chances concretas de título.

Será a quarta tentativa do esforçado diretor Rui Costa, que, pelo jeito, vai continuar dando as cartas.

SUGESTÕES

Bem, como a tela branca aceita tudo, encaminho minhas sugestões, mesmo sabendo que não serão consideradas.

O Grêmio precisa de titulares de alto nível para duas funções: articulador e goleador.

Investimento pesado apenas para contratar um meia que alie técnica com velocidade e movimentação; e um atacante que se movimente, mas que não fuja da área e tenha grande capacidade de finalização.

Depois, completar o time com um lateral direito mais efetivo que Gallardo;

um zagueiro com mais imposição, um xerife, um cara que faça gols de cabeça, algo raro no Grêmio. Ah, que meta o dedo na cara de algum argentino de voz esganiçada;

um volante com mais pegada, mordedor, que suje o calção, que não tenha vergonha de dar chutão quando necessário e que saiba fazer lançamentos como fazia o Dinho.

O restante pode ser completado com boa parte do elenco atual e o aproveitamento de jovens da base.