O ufanismo de Galvão e a falta de um teste mais forte para a Seleção

O ufanismo que permanece desde os catastróficos 7 a 1 diante da Alemanha é uma das coisas que mais me irritam na Seleção. Um exemplo: Brasil com dificuldade para vencer o bloqueio do Peru, dominando, controlando o jogo, encurralando os peruanos, que tiveram sua torcida reforçada por colorados de todos os segmentos, inclusive da crônica esportiva em função de Guerrero, que, aliás, não foi visto em campo e acabou substituído.

Sobre isso, respeitoso silêncio no dia seguinte. O contrário renderia páginas e páginas de louvação ao atacante.

Mas voltando ao jogo unilateral contra o Peru. Lá pelas tantas, uma cobrança de escanteio, bola pererecando na área, gol do Brasil, Casemiro. Logo depois, o goleiro faz uma lambança e Firmino amplia.

E aí vem o Galvão Bueno, cuja voz está perdendo potência, para soltar essa pérola do ufanismo reprimido: este é o Brasil, é o verdadeiro futebol brasileiro. Não foram exatamente essas palavras. O fato é que ele, que andava crítico e desolado, voltou a ser o velho Galvão de guerra.

O Brasil, na verdade, jogava um futebol um tanto sonolento e irritante, apesar da superioridade técnica e tática. Nada justificava o arroubo do narrador verde-amarelo.

Éverton foi um raio de luz, abrindo a defesa a drible para marcar o terceiro gol, exatamente como eu previ, em abril de 2018, que ele faria vestindo a amarelinha, ou a azulzinha. Éverton foi ignorado por Tite no ano passado, assim como Arthur. Hoje, seu emprego depende desses dois.

Bem, independente do otimismo incontido do Galvão, que tem se mostrado sempre muito simpático ao Grêmio, tenho uma ideia sobre a Seleção.

Destaco primeiro que não torço pela Seleção. Ao contrário, por vezes até seco. Com Éverton no time, torci a favor, ainda mais que tinha o Arthur.

Estou convencido de que o time terá dificuldade diante do Paraguai, que não tenho a menor ideia como está jogando. Fez dois pontos e sofreu uma derrota no grupo, mesmo assim se classificou.

Agora, conheço a garra paraguaia e a gana que os paraguaios têm de vencer o Brasil.

Então, se a turma da Mônica, digo, do Cebolinha não jogar com muita determinação, de forma mais solidária, esperando vencer ao natural como tem ocorrido, pode quebrar a cara.

O que eu não gosto na seleção: os dois laterais dificilmente fazem jogada pelas extremas, contribuindo para afunilar mais o jogo ofensivo, facilitando a marcação. Nesse formato, o time acaba dependendo muito de jogadas pessoais, do drible.

O articulador da Seleção Philippe Coutinho tem sido insuficiente. Ele é outro driblador. Raramente consegue dar uma enfiada que deixe o atacante na cara do goleiro. Na real, não lembro de uma bola metida ao estilo Maicon ou Luan. Ah, Luan, que pena…

No futebol, como na vida, cada um colhe o que planta…

Não gosto também do Firmino e do Gabriel Jesus, embora sejam jogadores de nível superior. O fato é que não estão rendendo no esquema do Tite.

Ah, o esquema do Tite. Acho vulnerável. Nesta Copa América o time não chegou a ser exigido. O goleiro Alisson quase não trabalhou. Se pegar uma seleção que marque, mas que tenha também uma jogada forte de contra-ataque, a defesa vai fazer água.

O que se viu até agora foram adversários assustados e precários tecnicamente. Vamos ver se o Paraguai será diferente.