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Eliminação da Copa do Brasil fica na conta de Renato

Entre um jogador que preocupa a defesa adversária e um que se preocupa com ela, o técnico Renato Portaluppi, optou pelo segundo. Insistiu com André, um centroavante que é mais zagueiro, tendo como opções jogadores talentosos como Luan e Diego Tardelli.

Deu certo outras vezes, mas é sempre um risco jogar com dez contra onze. Foi o que fez Renato, começou com um jogador que tem sido, a rigor, uma nulidade, um jogador a menos.

Não interessa se ele ajuda a compor, marca o volante ou o zagueiro, mas não é exatamente isso que se exige de um atacante. O que se quer é um atacante que preocupa a marcação, não um que essencialmente apenas preocupa com a marcação.

Luan ou Tardelli dariam ao time a qualidade que faltou na articulação e na zona ofensiva. Mas Renato preferiu o esforçado ao talentoso.

E mais, Renato jogou com o regulamento debaixo do braço desde o começo e perdeu sua naturalidade, sua essência.

O que vimos ser batido nesta noite em Curitiba foi um time que não soube enfrentar um adversário desesperado, que havia perdido o primeiro jogo por 2 a 0 e tinha que dar uma resposta ao seu torcedor.

O Grêmio acabou perdendo por 2 a 0, resultado que manteve heroicamente sem Kannemann, expulso em razão de uma absurda entrada violenta e desnecessária no adversário.

Felizmente, Renato teve o bom senso de sacar André. Fosse outro a sair, significaria que o time terminaria o jogo com nove jogadores, e não levaria o jogo para os pênaltis, objetivo de Renato depois da expulsão. Ele poderia escalar Tardelli ou Luan, mas optou por Thaciano, um jogador de mais marcação para garantir a decisão nos pênaltis.

Nas penalidades, outro erro: quando vi Pepê diante da bola levei um susto. A última bola deveria ser para alguém mais experiente, não para um guri assustado com o peso da responsabilidade.

Enfim, Renato, o técnico de tantos acertos, teve sua noite ‘não’. Com isso, o Grêmio está fora da decisão da Copa do Brasil.

É o preço da teimosia. E da soberba. Nem a Imortalidade resiste a isso.

Grêmio e a arte de se reinventar para seguir no topo

Os últimos três anos do Grêmio são, talvez, os melhores da longa e rica história do clube que nasceu de uma bola, lá atrás, em 1903. O Grêmio já teve anos vitoriosos, mas poucas vezes, ou nunca, recebeu tanto reconhecimento e aplausos da mídia e de torcedores de outras agremiações como agora, e de inveja dos invejosos de sempre.

No mês em que comemora mais um ano de existência, o Grêmio está na iminência de participar de duas finais quase ao mesmo tempo: Copa do Brasil e Libertadores, sonho maior desde que sua torcida sentiu o gostinho de ser campeão mundial e que a cada ano entra em campo com olhos mirando o topo das Américas e do planeta, tingido de azul em 1983.

Pode ser que o Grêmio conquiste um ou dois dos títulos em disputa. Pode ser que fique com nenhum. Faz parte. Outros grandes clubes ficaram pra trás nesse caminhada. O Grêmio não, o Grêmio segue vivo, superando desafios e mantendo com bravura a fama de imortal.

REINVENÇÃO

Para se manter por cima nesses três anos, o Grêmio precisou se reinventar, um trabalho de toda a direção, que deu suporte para o técnico Renato Portaluppi lutar por mais conquistas. É claro que nem tudo correu como o planejado. Erros foram cometidos, mas os acertos foram em maior número.

Em termos de equipe, cabe destacar a trajetória de Renato desde sua chegada em 2016, visto com suspeição e ressalvas por parte de gremistas, alguns ainda firmes em sua postura crítica e cética.

Com ajuda de alguns parceiros do blog, em especial o Copião de Tudo, que se orgulha de ser um chapa-branca de primeira hora, publico aqui algumas das principais soluções do técnico tricolor diante dos problemas que foram surgindo:

– Giuliano saiu em julho/2016 e Renato chegou em setembro tornando Kannemann titular – ele era reserva de Wallace Reis, Fred e Kadu, salvo engano;

– A defesa, que era uma peneira, transformou-se numa muralha com sua dupla de zaga titular até hoje e o goleiro Marcelo Grohe;

– Efetivou Ramiro, que viveu seu melhor momento fazendo o vai e vem pelo lado direito, compondo a marcação e chegando à frente;

– Apostou em dois veteranos para as laterais, apesar de duras críticas de alguns setores. A resposta de Léo Moura e Bruno Cortez superou expectativas;

– Outra aposta de Renato foi Edílson, de passagem anterior modesta e que acabou valorizado a ponto de atrair proposta milionária do Cruzeiro;

– Em janeiro/2017, quando o time estava ajeitado, perdeu Wallace (negociado) e adaptou Jaílson no lugar. Depois, lançou gradativamente o Arthur, que recentemente deu entrevista dizendo que deve muito ao Renato pelas orientações que recebeu;

– Luan, que chegou a ser chamado de pipoqueiro por parte da torcida, cresceu demais sob o comando de Renato, tornando-se o melhor jogador da América;

Douglas é outro que cresceu demais com Renato ‘Midas’, tornando-se figura fundamental na conquista da Copa do Brasil que lavou a alma gremista depois de 15 anos de seca.

– Em julho Renato perdeu Pedro Rocha, seu principal atacante naquele momento. Outro jogador que Renato lapidou e ajudou a se tornar goleador. Repetiu o mesmo com Éverton, chamado por muitos ‘especialistas’ de peladeiro;

– Perdeu também Jaílson, então importante ao esquema, e Bolanos, este por questões pessoais;

– Outra aposta de Renato foi Michel, um volante descoberto no Atlético Goianiense. Chegou desacreditado e se tornou importante na manutenção do esquema vitorioso;

– Críticas sobraram para Renato quando ele indicou Jael, um centroavante tosco e de carreira instável. Hoje, tem gente que gostaria de ver Jael no time diante das opções que restaram e não corresponderam; Jael marcou seu nome na história do clube.

– As soluções encontradas por Renato mantiveram o time competitivo apesar das perdas de jogadores importantes e decisivos em tão pouco tempo. Agora mesmo, ele investe pesado em jogadores da base, revelando para o Brasil dois talentos: Matheus Henrique e Jean Pyerre. Outros que dificilmente ficarão muito tempo no clube, forçando Renato a novas soluções.

– Tem ainda o atacante Pepê, que está sendo lapidado para substituir Éverton, hoje um dos jogadores mais valorizados do país. Correndo por fora, Thaciano, que em breve poderá ser titular do time.

Por sorte e competência de gestão, vem aí uma nova geração de jovens talentosos. Resta torcer para que o sucessor de Renato, que talvez não continue em 2020, tenha igual competência para orientar e lançar na hora certa os jogadores em formação.

DECISÃO

Por mais que alguns setores queiram minimizar a qualidade ao Atlético Paranaense, estimulando um salto alto, o jogo desta quarta é dos mais difíceis. O piso sintético é um trunfo do adversário, além da torcida. Nada está ganho, nunca podemos nos esquecer disso.

Grêmio ratifica que tem o melhor futebol e elimina o poderoso Palmeiras

Com atuações espetaculares da dupla Geromel/Kannemann, do incansável Matheus Henrique e do endiabrado Éverton, que sempre aparece com um tipo de jogada diferente em meio à mesmice, o Grêmio bateu o Palmeiras de virada por 2 a 1 e está de novo numa semifinal da Libertadores.

O técnico Renato Portaluppi vai para a sua quarta semifinal em cinco Libertadores disputadas.

A rigor, todo time jogou bem, com exceção de André, um centroavante que me faz sentir saudade de Jael.

O goleiro Paulo Victor saiu mal no gol palmeirense, soqueando a bola nos pés do adversário, mas depois se recuperou e fez intervenções seguras. Não lembro de nenhuma grande defesa, o que comprova a eficácia do sistema defensivo como um todo.

Quer dizer, Renato consegue manter o estilo de jogo do seu time, que é o que buscar o gol seja em casa ou fora, e ainda assim ter uma proteção à frente da área. Nem sempre isso acontece, mas aconteceu na hora certa, diante do time que até pouco tempo era considerado o mais forte do país.

Pois o time ‘mais forte’ esbarrou no ‘melhor time’ e se deu mal.

Os laterais também foram incansáveis. Quase não cruzaram a linha de meio de campo, e isso ajudou a manter uma linha defensiva compacta. Leonardo e Bruno Cortez também estiveram em alto nível pela entrega e aplicação tática.

No meio de campo, Maicon saiu mais cedo. Havia recebido um cartão amarelo e parecia desconfortável em campo. Entrou Rômulo, desprezado pela maioria dos gremistas, e eis que o volante foi figura importante na marcação, em especial no segundo tempo, quando o Palmeiras pouco entrou na área tricolor. Muito se deve ao trabalho de Rômulo, um volante de pouco brilho técnico, mas um time de futebol não se faz só com virtuoses.

Agora, é impressionante o que jogou MH, que o narrador da TV insistia em chamar de Mateuzinho. O diminutivo, sob qualquer hipótese não sabe a esse jogador, que nesta noite, no Pacaembu lotado, atingiu a maturidade técnica e emocional. O pequeno MH foi um gigante, controlando o meio de campo.

Foi bem assessorado por Jean Pyerre, que começou nervoso e custou a se encontrar. Mas foi crescendo no jogo, marcando, armando e chegando ao ataque. Por detalhe não marcou seu gol, que seria o terceiro, chutando de fora da área e obrigando Weverton a fazer grande defesa.

Na frente, Alisson lembrou Ramiro pela função que executou tão bem. Um Ramiro com mais técnica, mas com igual aplicação tática no esquema de Renato. Atento, acompanhou a arrancada de Éverton no segundo gol, pegou o rebote e mandou para a rede.

O segundo gol ‘matou’ meia dúzia de palmeirense e mandou pra cama milhares de colorados.

O jogador mais agudo foi André. Não sei exatamente o que ele fez de positivo além de ficar disputando – e perdendo – bolas com os zagueiros. Mas por certo cumpriu alguma missão passada pelo treinador. Não imagino o que seja.

Agora, o rei da noite, a majestade do Pacaembu. Éverton marcou o primeiro gol, aos 17m,aparando quase na linha de fundo e encobrindo o goleiro num toque de bola mágico, surpreendente. O Palmeiras recém havia marcado seu gol (Luiz Adriano, aos 13 minutos).

O gol da virada foi daqueles que levar os torcedores mais velhos às lágrimas pela felicidade de ainda encontrar um atacante que passa pelos zagueiros e desvia das chuteiras furiosas sem medo de ser feliz. Um lance digno dos maiores craques dribladores do passado. Éverton passou em zig-zag rumo à área, e quando parecia ter perdido o lance, eis que se aproveita da indefinição do goleiro e do zagueiro, chuta sobre o goleiro, com a bola sobrando para Alisson.

Foi uma grande atuação do Grêmio, que até mereceu ter feito mais um gol, porque oportunidades não lhe faltaram.

O Palmeiras poderá, agora, dedicar-se inteiramente ao Brasileiro, enquanto o Grêmio se encaminha para disputar o tetra da Libertadores.

No duelo Felipão x Renato, venceu aquele que tem o melhor futebol do país.

Ah, gostei da arbitragem, apesar de econômica para amarelar os jogadores do Palmeiras. Teve um lance de VAR, no finalzinho, que me fez acreditar que havia um golpe em andamento. Mas o juiz foi correto, e não assinalou o pênalti talvez insinuado por algum palmeirense da equipe do VAR.

Grêmio em mais um desafio do tamanho de sua história

O Grêmio tem um desafio do tamanho de sua história, de sua tradição: reverter a vantagem do Palmeiras e buscar a classificação à fase semifinal da Libertadores, paixão maior do torcedor gremista.

Não é nada fácil, porque o time paulista foi agraciado com uma semana de descanso para recuperar suas energias e vir a mil, aproveitando ainda o fator local, o Pacaembú.

Até nisso o Grêmio não deu sorte. Poderia pegar um Palmeiras nas mesmas condições do Flamengo, adversário colorado na luta por uma vaga. O time carioca vem amontoando jogos com os titulares. Agora mesmo vem de uma viagem à Fortaleza.

Sem essa história de poupar jogadores, posição adotada pelos principais clubes e técnicos do país do futebol, com base em dados científicos – é o que se diz -, a partir de análise do sangue, pareceres de fisiatras e preparador físico. É nisso que se apegam nosso técnicos, até com fundamento.

INRI CRISTO?

Pois o técnico Jesus vai de encontro a tudo isso. Penso que ele ainda não se tocou da importância do torneio continental. Caso contrário teria poupado alguns titulares ou todos no confronto com o Ceará. É o que fariam seus colegas brasileiros.

Se a opção de Jesus der certo e ele despachar um Inter descansado e extremamente mobilizado em pleno Beira-Rio, será preciso rever o planejamento dos grandes clubes.

Assim como um português descobriu o Brasil, outro português pode se tornar um marco, um divisor de águas no futebol brasileiro. Antes e Depois de Jesus.

Se ele fracassar e o Flamengo for eliminado mesmo com a vantagem de 2 a 0, Jesus terá de rezar em outras paragens.

E talvez seja até confundido com Inri Cristo, personagem que em outros tempos ‘levitava’ de programa em programa de televisão, e que hoje anda esquecido.

À ESPERA UM MILAGRE

Por falar em Jesus, a verdade é que o Grêmio precisará quase de um milagre para superar o Palmeiras e continuar na Libertadores.

Felizmente, Luan e Tardelli estão crescendo ainda a tempo de se tornarem protagonistas. Ambos têm sido coadjuvantes. Chegou a hora de eles desequilibrarem a favor do Grêmio. Qualidade para isso eles possuem.

Acredito muito que se a classificação vier será através dos pés desses dois talentos do time. Eles podem fazer a diferença.

Tenho fé. Se o jogo for decidido com lisura, sem interferências inidôneas, acredito muito na vitória e na classificação.

Time para superar o poderoso Palmeiras o Grêmio tem.

Acreditar sempre, é o nosso lema.

Vitória do time B alivia a pressão e dá mais moral para a decisão de terça

Depois de cinco jogos sem vitória no Brasileirãããão- mais longo que esperança de pobre -, o time B do Grêmio conseguiu vencer, batendo o time misto do Atlético Paranaense, na Arena, por 2 a 1.

O Grêmio venceu como poderia ter perdido ou empatado de novo, porque foi instável, inseguro e inconfiável mais uma vez. A diferença agora é que o time foi objetivo e vertical nas jogadas, e soube aproveitar o erro iniciar do adversário.

Aos 3 minutos, Thaciano roubou uma bola no meio de campo e lançou Luan. Na disputa, Luan perdeu, mas o zagueiro Léo Pereira vacilou. Tardelli apareceu de surpresa e deu um toque rápido e curto para Luan, que concluiu com aquela categoria que Deus lhe deu e Renato ‘Midas’ Portaluppi lapidou (brincadeirinha…).

Luan, muito em função do gol, cresceu, mostrou vontade e disposição, além de boa técnica. Saiu de campo aos 47 do segundo tempo, numa iniciativa do treinador para que o jogador pudesse receber o carinho da torcida, que gritou seu nome com entusiasmo. É também assim que se recupera um jogador.

Com a desvantagem, o Atlético viu-se na obrigação de atacar. E atacou, aproveitando os passes errados do time tricolor. Criou algumas chances (Júlio César esteve perfeito) até chegar ao empate, aos 2 minutos do segundo tempo.

Cirino, um velocista que lembra um tipo de motoqueiro que gosta de ultrapassar por tudo que é lado, passou de viagem por Paulo Miranda e cruzou para Rony marcar um golaço. Rony, aliás, foi o melhor do jogo na minha opinião.

O Atlético ainda festejava quando, aos 6, Thaciano, vindo de trás como costuma fazer, aparou cruzamento preciso de Galhardo e cabeceou sem chance para o goleiro Santos, outro que foi bastante exigido.

Thaciano a cada jogo firma-se como um reserva importante, capaz de executar várias funções no meio de campo, sempre com boa resposta. É um jogador muito útil que busca seu espaço sob a orientação do mestre Renato.

O Grêmio sofreu para manter a vantagem. No momento que o adversário mais pressionava, apareceu uma chance de ouro para ampliar. Patrick, que recém havia entrado no lugar de Luciano (esforçado no jogo, mas pouco efetivo), recebeu pela esquerda, driblou e foi calçado dentro da área. Pênalti. Tardelli cobrou mal, fraco e telegrafado, tanto que Santos abafou a bola sem maior esforço.

O gol aliviaria o time e daria mais moral para Tardelli, que ainda não mostrou todo o futebol que o levou a ser contratado.

É possível que essa vitória eleve o moral do time B, que até agora não havia vencido um jogo sequer no campeonato. O resultado, é certo, dá um pouco mais de tranquilidade ao clube para dedicar-se aos jogos da CB e da Libertadores.

Algumas observações finais:

Júlio César está mostrando que é um bom goleiro, um reserva do nível do titular. A dupla de área deu alguns sustos. Gostei mais do Braz.

Os laterais mostraram que a reserva lhes cai bem.

No meio de campo, destaque para Thaciano. Rômulo foi discreto, guardou posição para liberar Thaciano, um volante/meia com vocação para entrar na área a todo instante.

Na frente, uma preocupação. Pepê há alguns jogos vem encontrando dificuldade para driblar e também para discernir qual a melhor jogada, a melhor opção. Isso é natural principalmente com jogadores mais jovens. O fato é que Pepê caiu de rendimento e isso reflete muito na capacidade ofensiva da equipe. Ele compensa com vontade a aplicação tática, o que é pouco para o seu potencial.

Libertadores

Um duelo de titãs na terça-feira. Acredito muito na vitória e na classificação. Se o Grêmio jogar tudo o que já jogou e o Palmeiras continuar tão dependente de Dudu, a vaga é muito possível.

De novo, minha preocupação maior não é com Felipão e seu grupo milionário, e sim com a arbitragem.

Repito o que escrevi antes da derrota por 1 a 0 na Arena: com uma arbitragem isenta e idônea, dá Grêmio.

Grêmio larga em desvantagem, mas tem plenas condições de reverter

O Palmeiras começou a vencer quando iniciou o jogo desarticulando o modo de jogar do Grêmio. Quebrou o tradicional toque de bola no meio de campo, trouxe o Grêmio para a vala comum do futebol brasileiro e acabou fazendo seu gol ainda no primeiro tempo.

Desde os anos 90 é sabido que depois que faz um gol, Felipão sabe como poucos garantir o resultado. É um técnico que arma um setor defensivo e de marcação como poucos. E quando faz isso contando com jogadores de alto nível e substitutos à altura no banco, Felipão se agiganta.

Há exceções, claro, porque o futebol, como diria o ex-treinador Dino Sani, o futebol é uma caixinha de surpresas. Felipão já sofreu revezes retumbantes, mas de um modo geral quando larga na frente dificilmente perde um duelo de dois jogos, o mata-mata.

Não faz muito foi eliminado pelo Inter. Quer dizer, se o Inter conseguiu, por que o Grêmio não conseguiria?

A diferença é que o Inter perdeu fora e venceu em casa (ambos 1 a 0). Ganhou na vaga nos pênaltis.

Se alguém pensa que o Grêmio não tem condições de vencer o Palmeiras em SP está muito enganado.

O Palmeiras venceu por 1 a 0 na Arena, um gol que contou com a sorte de Gustavo Sparta. A bola roçou a barreira e se tornou indefensável. Bem, talvez São Marcelo Grohe defendesse.

Se repetir o futebol do segundo tempo, o Grêmio ganha do Palmeiras. Ainda mais se começar sem André, que mais uma vez foi um peso morto.

Sobre o jogo em si, constato que o time errou demais de novo na armação de jogadas, nas bolas enfiadas, no penúltimo passe. Méritos do adversário, que marca forte e organizado. Os homens de criação só cresceram no decorrer do segundo tempo, mas continuou faltando aquele lance em que o atacante aparece na frente do goleiro, como já vimos tantas vezes.

Pênalti

Num dos raros lances assim, Alisson foi empurrado por trás pelo jogador número 6 do Palmeiras. Repetido na TV, viu-se que foi falta clara, pênalti sonegado pelo juiz, que nem pediu o VAR. Lamentável o ex-juiz Carlos Simon, vendo a falta dentro da área, afirmar que não houve nada. Será que os juizes do VAR não foram influenciados por essa afirmação?

Não sei, só sei que o Grêmio terá que jogar mais do que jogou nesta noite fria na Arena se quiser ir para a final. A favor do Grêmio a ausência de Felipe Mello no jogo da volta em função da expulsão.

Éverton precisa ser mais acionado – coisa que pouco ocorreu no primeiro tempo. Capixaba em três ou quatro oportunidades ignorou o melhor atacante do país (disputa pau a pau com Dudu, que contra o Grêmio vira craque). No segundo tempo, Éverton apareceu mais e fez boas jogadas, mas ainda abaixo do seu potencial.

No mais, esperando que Luan acorde depois de ter sido preterido por Renato até para entrar durante o jogo. Renato preferiu, vejam só, o novato Luciano. Talvez isso mexa com o brio de Luan. Com Luan interessado e em forma física, as chances de classificação aumentam bastante.

Os loucos por ‘uma bola’

Felipão não é o inventor do esquema ‘por uma bola’, esse que alguns técnicos empregam principalmente nos jogos mata-mata, mas é sem dúvida um dos treinadores que mais venceram jogando assim, fechando a ‘casinha’, jogando no erro do adversário e verticalizando as jogadas, nada dessa ‘frescura’ de trocar passes e jogar bonito.

Para Felipão e seus seguidores, bonito é vencer de qualquer jeito. De preferência no finalzinho, e de cabeça, conforme ensinou Felipão nos anos 90 com Jardel amontoando gols em cruzamentos de Arce e Paulo Nunes. Coisa de sádico. Matar nos acréscimos e depois se fechar ainda mais, curtindo o desespero do adversário agonizante.

Não se sabe a origem desse futebol pragmático, mas não há dúvida que o Estado onde ele é mais apreciado e festejado é o nosso. No Texas, como define o cornetadorw, nasceram os principais técnicos adeptos dessa filosofia de futebol, onde não pode faltar o zagueiro que dá bicão, o volante que suja calção e o centroavante aipim, em extinção no mundo, mas venerado aqui na aldeia texana.

Renato resiste bravamente. Ele já teve seu momento Felipão no próprio Grêmio, mas passou. Hoje, está regenerado com sobras, porque nenhum time joga melhor e mais bonito que o Grêmio já faz três anos. É a prova de que é possível ser campeão sem apelar para a ignorância.

Pois nesta terça-feira, na Arena, dois ícones de escolas opostas, antagônicas, estarão se enfrentando. Torcedores “Viúvas” de Felipão, apesar de gremistas, estão divididos. Choramingam aos microfones e nas redes sociais.

Eu, pelo Grêmio, por Renato e pelo futebol que encanta e é capaz de conquistar títulos, quero a vitória sobre esse Palmeiras milionário e influente na CBF.

O Grêmio não joga somente por si, joga pelo que existe de mais belo no futebol: o drible, os passes precisos, as enfiadas de bola e gols espetaculares. Ah, e não faz mal se o gol da vitória aconteça nos acréscimos, e de cabeça.

Por fim, espero uma arbitragem isenta, idônea, à altura da grandeza do espetáculo.

Empate de sábado municia Renato para o duelo com Felipão

O time reserva do Grêmio empatou com o misto do Palmeiras, cantado em prosa e verso como o melhor e maior grupo do Brasileirão. O empate por 1 a 1 na Arena indica que não há por que temer o time de Felipão. Respeito, sim, sem dúvida, mas nunca temor.

Os reservas do Grêmio acuaram os paulistas, em especial no segundo tempo, quanto foram para cima em busca do empate e da virada. Foi aí que Felipão mostrou o quanto ele respeita o Grêmio, mesmo diante de reservas. Para conter o ímpeto tricolor, ele mandou seus jogadores caírem no campo. O goleiro abusou de fazer cera, e o juiz nada fez, e isto sim é preocupante.

Foi irritante. Teremos muito mais desse artifício no jogo de terça-feira se o Palmeiras sair na frente, ou para garantir o empate. Sim, o Palmeiras milionário, que conseguiu ser eliminado pelo Inter recentemente, vem jogar pelo empate. E vocês sabem como Felipão sabe fazer isso, é mestre.

Felizmente, pelo que lido, Renato está alertando a torcida e seus jogadores que o clube da Crefisa tem como ponto forte ofensivamente o Dudu, autor do primeiro gol sábado. Renato vai fazer de tudo para que Dudu não receba a bola e se isso acontecer que tenha forte marcação. Numa hora dessa quase sinto saudade do Dinho…

A ordem é fechar espaço no campo defensivo, a exemplo do que o Grêmio costuma fazer, seja diante de quem for. Mas sem essa de jogar por uma bola, isso não existe nesse time armado por Renato e que é exaltado no centro do país.

Gostei de uma frase, um alerta, do Renato: “Eles são letais”. Está aí o grande mérito desse time da Crefisa: aproveitamento das poucas oportunidades que surgem. E isso me lembra o Grêmio dos anos 90. Não por coincidência orientado pelo mesmo treinador.

Felipão envelheceu e com eles suas ideias, que, apesar de uma concepção ultrapassada, ainda dão resultado, principalmente no terceiro mundo, onde tem gente com saudade de aipim e calção sujo de barro. Quando bate de frente com o primeiro mundo acontecem coisas lamentáveis como os 7 a 1.

De qualquer forma, está muito claro que Renato, e também seus jogadores, sabem o que irão enfrentar. Espero que o jogo se decida apenas dentro de campo, com arbitragem honesta e, de preferência, sem interferência do VAR, normalmente contrário ao Grêmio.

Sábado, Felipão chegou ao requinte de cobrar o VAR para um lance de lateral, o que demonstra sua perturbação diante de mais uma decisão. De uma ele já foi eliminado. Se cair em outra pode ser o seu fim no Palmeiras.

O lateral citado resultou no golaço de David Braz, um gol que me fez lembrar que alguns gremistas criticaram acidamente sua vinda e também o tempo que a direção deu para que o jogador tirasse uma folga.

Na ânsia de criticar e atacar a direção e Renato, os apressadinhos da negatividade, imagino eu, vibraram com o golaço do zagueiro no final do jogo. Segundo Braz, foi seu primeiro gol em arremate de fora da área. “Espero que tenha sido o primeiro de muitos”, brincou ele ao sair de campo.

Uma coisa é certa, diferente do ano passado, o Grêmio agora tem zagueiros de nível semelhante aos dos titulares. Sem contar que tem jogador de alto nível em outras posições, como Luan, Tardelli e Pepê (caiu de rendimento nos três últimos jogos).

O empate com o mistão do Palmeiras foi muito bom, até porque o jogo se encaminhava para uma derrota. E ficou claro, ao menos pra mim, que esse time reserva joga com muita vontade, e se mais não faz é porque falta qualidade na articulação, nunca por falta de vontade.

Grêmio faz 2 a 0 e só não goleia por preciosismo no acabamento

O Grêmio sobrou contra o Atlético PR, o que deve ser comemorado. Efusivamente comemorado. Pena que o time não traduziu em gols sua imensa superioridade no segundo tempo. Foi 2 a 0, mas poderia ter sido mais.

Tenho certeza que Renato ‘Midas’ Portaluppi vai cobrar de seus atacantes e meias o excesso de preciosismo na conclusão de jogadas que poderiam resultar em gol. Faltou simplificar as jogadas no momento do penúltimo passe e nas finalizações.

De qualquer modo, a vitória por dois gols foi melhor do que a encomenda. Tinha muito gremista assustado por aí, eu inclusive.

Mais uma vez Renato soube armar seu time, e mesmo sem um volante com mais imposição física o sistema defensivo esteve seguro, não apareceram clarões diante da área e, sim, a dupla Geromel/Kannemann, matou a pau.

O comentarista da TV não cansou de elogiar a zaga, ‘a melhor do Brasil’, salientou. Aqui na aldeia há controvérsias. Tem gente dizendo que a melhor dupla é a do colorado. Faz parte, o microfone, o papel e as redes sociais aceitam tudo.

Esquecem os deslumbrados que essa dupla colorada só consegue se dar bem porque há um cinturão de volantes à sua frente. Diferente do que acontece com a zaga tricolor.

E o que foi aquele mergulho de Kannemann enfiando a cara praticamente no bico da chuteira do adversário? Um kamikaze. A lamentar apenas o cartão amarelo que recebeu, sem a menor necessidade.

O Grêmio foi sempre superior ao time paranaense, em especial nos 20 ou 25 minutos finais, a partir da entrada de Tardelli.

O primeiro tempo foi mais encrespado. Raros lances de área. Até que Éverton Cebolinha, que não anda conseguindo muito sucesso com seus dribles estonteantes, meteu o pé debaixo da bola e a lançou com maestria para André marcar. Sim, gol de André. Ouvi anjos tocando trombetas.

No segundo tempo, aos 20, André foi puxado no pé pelo goleiro dentro da área. Pênalti que o juiz não deu e não chamou o VAR.

Felizmente, cinco minutos depois, Jean Pyerre bateu falta com precisão cirúrgica e ampliou.

A partir daí, o time paranaense abriu-se mais na tentativa de descontar, o Grêmio teve campo praticamente livre para ampliar e liquidar de uma vez essa fatura. Foram várias situações desperdiçadas por falta de mais foco no acabamento das jogadas.

Foi uma atuação completamente diferente das que o time tem na maioria dos jogos do Brasileiro. O Grêmio quando joga assim, pilhado e determinado, é praticamente imbatível.

Desconfio que tem colorado rezando desde já. Melhor ser eliminado pelo Cruzeiro. Vai doer menos.

O jogo decisivo da semifinal será dia 4 de setembro, em Curitiba. A vantagem é tricolor, mas nada está decidido.

Destaque: Matheus Henrique foi o nome do jogo. Demais, demais.

Renato e a falta de marcação mais forte no meio

Já faz algum tempo que ando inquieto com a vulnerabilidade que percebo – eu e grande parte dos gremistas, inclusive aqui do grupo – do sistema defensivo tricolor. Está faltando alguém com mais imposição física na marcação.

Antes que os apressadinhos me acusem de querer um volantão que suja o calção de barro, sigo defendendo a qualidade, a técnica, o posicionamento, características básicas do meio-campo desse time que desde 2016 joga um futebol superior, embora nem sempre vitorioso.

O que eu espero é que o Renato corrija o clarão no setor defensivo, que ocorre algumas vezes, prejudicando o desempenho da zaga e comprometendo toda a atuação do time.

Sem ter um jogador como Wallace, Jaílson ou Michel (volantes que marcam forte e ainda aparecem na frente), Renato tenta equacionar o problema com o material humano que possui no momento.

Lembrando que o meio-campo que venceu a CB de 2016 tinha Wallace, Ramiro e Maicon. Na ‘frente’, Douglas, Luan e Éverton (ué, cadê o tal centroavante que muitos reclamam?). Era um time com marcação forte, qualidade técnica e tática. Saudade…

Mais uma vez Renato ‘Midas’ Portaluppi tem a missão de remontar o time, tornando-o competitivo como esse que abriu o ciclo de vitórias e conquistas inesquecíveis que elevaram a auto-estima da nação tricolor.

Como Renato tem conseguido superar essa dificuldade, a ausência de um volante como Michel (ainda fora dos planos por motivo de lesão)?

Ele mantém o estilo de jogo com muito toque de bola, encurta o espaço entre a linha defensiva e a linha de combate e articulação. Nos mata-matas têm dado certo, porque o empenho dos jogadores visivelmente é maior, até pelo clima das partidas, decisivas, onde qualquer falha pode ser fatal.

Nesse aspecto, penso que a escalação de um atacante de movimentação pode ser mais útil que um centroavante (André) tanto em termos ofensivos como defensivos, contribuindo para congestionar o meio de campo, deixando Éverton como válvula de escape.

Por isso, torço para que Renato escale Tardelli no lugar de André, e deixe Luan como o titular número 12. André só em último caso, quando Jesus estiver chamando e o desespero tomar conta.

Em resumo, é fundamental proteger melhor a linha defensiva, sem expor tanto a dupla Geromel/Kannemann. Todo mundo já viu isso. Mais ainda o Renato, sem dúvida.