Grêmio ratifica que tem o melhor futebol e elimina o poderoso Palmeiras

Com atuações espetaculares da dupla Geromel/Kannemann, do incansável Matheus Henrique e do endiabrado Éverton, que sempre aparece com um tipo de jogada diferente em meio à mesmice, o Grêmio bateu o Palmeiras de virada por 2 a 1 e está de novo numa semifinal da Libertadores.

O técnico Renato Portaluppi vai para a sua quarta semifinal em cinco Libertadores disputadas.

A rigor, todo time jogou bem, com exceção de André, um centroavante que me faz sentir saudade de Jael.

O goleiro Paulo Victor saiu mal no gol palmeirense, soqueando a bola nos pés do adversário, mas depois se recuperou e fez intervenções seguras. Não lembro de nenhuma grande defesa, o que comprova a eficácia do sistema defensivo como um todo.

Quer dizer, Renato consegue manter o estilo de jogo do seu time, que é o que buscar o gol seja em casa ou fora, e ainda assim ter uma proteção à frente da área. Nem sempre isso acontece, mas aconteceu na hora certa, diante do time que até pouco tempo era considerado o mais forte do país.

Pois o time ‘mais forte’ esbarrou no ‘melhor time’ e se deu mal.

Os laterais também foram incansáveis. Quase não cruzaram a linha de meio de campo, e isso ajudou a manter uma linha defensiva compacta. Leonardo e Bruno Cortez também estiveram em alto nível pela entrega e aplicação tática.

No meio de campo, Maicon saiu mais cedo. Havia recebido um cartão amarelo e parecia desconfortável em campo. Entrou Rômulo, desprezado pela maioria dos gremistas, e eis que o volante foi figura importante na marcação, em especial no segundo tempo, quando o Palmeiras pouco entrou na área tricolor. Muito se deve ao trabalho de Rômulo, um volante de pouco brilho técnico, mas um time de futebol não se faz só com virtuoses.

Agora, é impressionante o que jogou MH, que o narrador da TV insistia em chamar de Mateuzinho. O diminutivo, sob qualquer hipótese não sabe a esse jogador, que nesta noite, no Pacaembu lotado, atingiu a maturidade técnica e emocional. O pequeno MH foi um gigante, controlando o meio de campo.

Foi bem assessorado por Jean Pyerre, que começou nervoso e custou a se encontrar. Mas foi crescendo no jogo, marcando, armando e chegando ao ataque. Por detalhe não marcou seu gol, que seria o terceiro, chutando de fora da área e obrigando Weverton a fazer grande defesa.

Na frente, Alisson lembrou Ramiro pela função que executou tão bem. Um Ramiro com mais técnica, mas com igual aplicação tática no esquema de Renato. Atento, acompanhou a arrancada de Éverton no segundo gol, pegou o rebote e mandou para a rede.

O segundo gol ‘matou’ meia dúzia de palmeirense e mandou pra cama milhares de colorados.

O jogador mais agudo foi André. Não sei exatamente o que ele fez de positivo além de ficar disputando – e perdendo – bolas com os zagueiros. Mas por certo cumpriu alguma missão passada pelo treinador. Não imagino o que seja.

Agora, o rei da noite, a majestade do Pacaembu. Éverton marcou o primeiro gol, aos 17m,aparando quase na linha de fundo e encobrindo o goleiro num toque de bola mágico, surpreendente. O Palmeiras recém havia marcado seu gol (Luiz Adriano, aos 13 minutos).

O gol da virada foi daqueles que levar os torcedores mais velhos às lágrimas pela felicidade de ainda encontrar um atacante que passa pelos zagueiros e desvia das chuteiras furiosas sem medo de ser feliz. Um lance digno dos maiores craques dribladores do passado. Éverton passou em zig-zag rumo à área, e quando parecia ter perdido o lance, eis que se aproveita da indefinição do goleiro e do zagueiro, chuta sobre o goleiro, com a bola sobrando para Alisson.

Foi uma grande atuação do Grêmio, que até mereceu ter feito mais um gol, porque oportunidades não lhe faltaram.

O Palmeiras poderá, agora, dedicar-se inteiramente ao Brasileiro, enquanto o Grêmio se encaminha para disputar o tetra da Libertadores.

No duelo Felipão x Renato, venceu aquele que tem o melhor futebol do país.

Ah, gostei da arbitragem, apesar de econômica para amarelar os jogadores do Palmeiras. Teve um lance de VAR, no finalzinho, que me fez acreditar que havia um golpe em andamento. Mas o juiz foi correto, e não assinalou o pênalti talvez insinuado por algum palmeirense da equipe do VAR.