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1981/2011

E lá se vão trinta anos.

Muitos do que vão ao Olímpico hoje nem eram nascidos. E isso me faz lembrar alguns ex-coleguinhas do Correio do Povo, colorados, que também não eram nascidos quando o Grêmio foi campeão do mundo, ou estavam engatinhando.

Trinta anos se passaram desde o primeiro título brasileiro. Depois veio o de 1996.

Pior, bem pior, está o Inter, que conquistou seu último Brasileiro em 1979.

Em 1981 eu era setorista da Folha da Tarde no Grêmio. Eu e o Marco Antônio Schuster, que hoje edita a revista Press, onde ganhei duas páginas meses depois de deixar o Correio do Povo, dia primeiro de abril de 2010.

Já escrevi aqui que sofri muito na década de 70. Em 81, vi a chance de ter um pouco de alegria.

Confesso que me excedi, extrapolei minha função de repórter. Usei as páginas da Folha, brilhantemente editadas pelo Alberto Blum ou pelo Nilson Souza, hoje se destacando nas páginas da Zero Hora.

Ajudei o Grêmio a ser campeão brasileiro em 1981. Comecei a elogiar os guris que estavam subindo. Não mentia, eles arrebentavam nos treinos.

O técnico Ênio Andrade, um grande estrategista, raposa velha, era conservador, como a maioria dos técnicos. Monta um grupo e morre abraçado.

Mas era tanta pressão, tanta matéria exaltando jogadores como Paulo Roberto, Newmar, Odair e Casemiro. Ocorre que eles arrebentavam nos treinos. E nós destacávamos isso. Naquele tempo, a gente tinha acesso aos treinos, sem essa de treino secreto.

É claro que eu não estava sozinho nessa empreitada. Colegas gremistas, inclusive da concorrência, entraram nessa campanha do bem. Poderia citar seus nomes, mas deixo pra outra hora.

O fato é que aos poucos foram os guris do Olímpico foram entrando no time, saindo Uchoa, Dirceu ‘Jarrão’ e outros. Entre esses outros, nosso principal alvo: Renato Sá.

Nós queríamos Vilson Tadei no meio e Odair na ponta.

Por ironia, Renato Sá entrou no jogo contra o São Paulo, no Morumbi lotado, e fez o lance que resultou no golaço do Baltazar e no título de campeão brasileiro.

O São Paulo era uma seleção, um timaço. Olha que dupla de área: Oscar e Dario Pereyra, zagueiro uruguaio. Marinho no lateral-esquerda; Renato e Éverton no meio. Na frente, Serginho e Zé Sérgio. Grandes jogadores em todas as posições. Era metade de seleção brasileira da época.

Foi uma grande conquista. Há 30 anos.

SAIDEIRA

Vou fazer uma rápida comparação do Grêmio de 81 com o atual.

Goleiro: Vitor e Leão – parelho, dois grandes goleiros.

Lateral-direito: Gabriel e Paulo Roberto – fico com o segundo, um dos jogadores que mais ganhou faixas no futebol brasileiro.

zaga: Wilson e Rodolfo x Newmar e De León – fico com a segunda, claro. 

volante: China x Adilson – parelho, eu gosto do Adilson e em 81 preferia o Bonamigo. Mas o velho Ênio estava certo.

Bem, a partir daqui a coisa complica. São esquemas diferentes.

Vou deixar como meias FR e Lúcio contra Paulo Isidoro e Vilson Tadei.

Fico em cima do muro. É difícil essa comparação.

No 4-3-3 de 1981, Odair recuava mais para compor o meio de campo. A comparação mais próxima seria com o Douglas, apesar das características muito diferentes.

Acho que Douglas é mais jogador. Tivesse a valentia e a disposição do Odair seria craque.

Na frente é barbada: a dupla de 30 anos atrás, claro. Tarciso e Baltazar contra Leandro (ainda tem muito a evoluir) e Viçosa (ou Borges e André Lima, não importa).  

O Grêmio de 1981 tinha o fundamental no futebol: um goleador, o que tem faltando ao time nesta temporada.

Baltazar não era um craque, era até questionado. Estava mal na reta final do Brasileiro. Paulo Sant’Ana dava pau nele e tudo que é jeito.

Baltazar, religioso de verdade, treinava forte e repetia:

– Deus está guardando algo melhor pra mim.

Mas isso foi há 30 anos…

Ah, quem quiser fazer comparações será bem-vindo. Inclusive com o time de 1996.

Em 1981 e 1996 havia um matador no time.

Baltazar e depois Jardel.

Quem é o matador do Grêmio hoje?

Grêmio adere ao conceito da cerveja 1983

Foto publicada no blog Clube da Bolinha

Demorou, mas o pessoal do Grêmio conseguiu entender o quanto doeu e ainda doi – e vai doer para sempre – nos colorados ter o seu maior rival como primeiro clube gaúcho campeão do mundo.

Por isso, colocou no Olímpico uma nova faixa: 1º Campeão do Mundo. É óbvio que se refere à disputa regional, mas acho que ficaria melhor com a expressão ‘clube gaúcho’ antes do ‘Campeão”. Afinal, o letreiro será visto em todo o País e até no exterior. O problema é ter que diminuir o corpo das letras.

O importante é que o Grêmio aderiu ao conceito que procuro passar com a cerveja 1983.

Para os colorados, foram 23 anos de uma espera angustiante, torturante, humilhante. Os gremistas se sentiram superiores durante todo esse tempo. Daí ficou essa imagem de ‘soberba tricolor’, algo que se percebe acentuadamente nos colorados em razão do sucesso dos últimos anos.

Diante disso, mais do que festejar seu primeiro mundial, os colorados trataram logo de acrescentar um Fifa ao seu título, numa tentativa de amenizar os 23 anos de um sentimento de inferioridade que eles tentavam disfarçar. Uma tentativa de dizer que o Inter, sim, é o primeiro clube gaúcho campeão do mundo.

Senti essa dor dilacerante quando o Inter foi campeão brasileiro em 1975 e repetiu em 1976 e 1979. Felizmente, em 1981 minha auto-estima futebolística foi resgatada.

Dois anos depois, a glória. O Mundial de 1983 compensou o sofrimento da década de 70, com juros.
Quando lancei a cerveja 1983, em agosto passado, pensei em tudo isso.

O Grêmio pode não ser imortal, mas o título Mundial de 1983 está eternizado – e não há artifício que altere esse fato – como o primeiro obtido por um clube gaúcho.

É assim, e assim será até o final dos tempos.

SAIDEIRA

Agora, o Grêmio precisa urgentemente conquistar de novo grandes títulos. Afinal de contas, quem vive do passado é museu.

O elogio da 'inguinorância' e o futebol

De repente, um deputado obscuro ganha os holofotes ao propor a proibição do uso de vocábulos estrangeiros.

Quase ao mesmo tempo, o governo que aí está já há longos anos avaliza – e paga com o nosso dinheiro – livro ‘didático’ com erros grosseiros de português, verdadeiros atentados de concordância como os cometidos por um certo ex-presidente.

Sem contar que a publicação ainda faz propaganda do sujeito.

Aguardo, agora, um livro de matemática provando que 2 + 2 é 5.

Vivemos um tempo de nivelamento por baixo, rasteiro. Influência do ‘estadista’ que deixou a presidência em dezembro e nos honrou com esse legado.

O futebol brasileiro reflete essa realidade (não por culpa do ex-presidente ‘curintiano’, diga-se). Quem acompanhou os campeonatos regionais percebeu que os grandes clubes estão com times médios. 

O resultado foi essa campanha frustrante na Libertadores. Equipes festejadas ficaram no meio do campo, eliminadas por equipes até com pior qualidade técnica e/ou sem grande tradição.

Restou o Santos, que não deve resistir muito tempo, ainda mais que perdeu o Ganso.

Aqui no Estado, temos uma seleção de campeonato que reflete as condições da dupla Gre-Nal para a disputa do campeonato brasileiro.

A maioria é de jogadores de clubes pequenos, com folha de pagamento total que não atinge a metade do salário de um dos ‘craques’ da dupla.

Grêmio e Inter comparecem com quatro jogadores na seleção do campeonato. O campeão apenas com um, o Leandro Damião.

Tempos atrás escrevi que Damião era a diferença entre Grêmio e Inter. Com apenas Damião na seleção, o Inter foi campeão.

Não quero dizer que a seleção é errada. Pode haver um certo exagero no fato de ter tão poucos jogadores dos dois finalistas, mas de um modo geral a seleção evidencia que existe carência de individualidades tanto no Grêmio como no Inter.

A seleção confirma o que todos nós pensamos: Grêmio e Inter precisam reforçar suas equipes com pelo menos três ou quatro jogadores que venham para assumir a titularidade. 

É claro que isso vale também para outros grandes clubes do País.

Se todos deixarem as coisas mais ou menos como estão, teremos um campeonato pobre tecnicamente, de um nível tão rasteiro quanto a política educacional do Ministério da Educação.

Lembrança do Mazembe até na festa

O capitão Fábio Rochembacf resumiu bem, enquanto o Inter festejava o título em seu salão de baile, o Olímpico – o Beira-Rio é dos visitantes:

– Deixamos de vencer no primeiro tempo.

O Grêmio teve um domínio avassalador no primeiro tempo, pelo menos na maior parte dele.

Lúcio fez 1 a 0 recebendo um lançamento primoroso do Douglas.

Depois, Viçosa, que fazia grande partida, perdeu a bola do jogo aos 19 minutos, quando Douglas o deixou sozinho na cara de Renan.

Como o passe foi rasteiro, impossibilitando o cabeceio, Viçosa teve de concluir com os pés. E aí a gente já sabe: defesa do goleiro.

Lá pela metade do primeiro tempo o Inter começou a reagir. Aos 29, Damião obrigou Victor a uma grande defesa. Dois minutos depois, Damião aproveitou jogada do Zé Roberto, que entrou no lugar de Juan e desmanchou o sistema de 3 zagueiros inventado pelo Prof. Pardal, digo, Prof. Falcão.

Do de Damião, que se antecipou ao Rodolpho e mandou para a rede. Confirmou, assim, minha previsão: Damião faria pelo menos um gol. Damião, já escrevi, é a diferença entre os dois times: um camisa 9 que faz gols.

Minutos depois foi o Leandro que, recebendo de Lúcio, ficou sozinho na cara de Renan e chutou desviado.

O melhor que o guri fez no jogo foi cavar cartões amarelos.

No final do primeiro tempo, aos 45, Andrezinho, que não conseguia sequer caminhar, marcou um golaço, pegando rebote.

No segundo tempo, o Inter começou melhor, bem melhor. Ao mesmo tempo, o Grêmio se mostrava perigoso. Aos 12, Mário Fernandes fez bela jogada e cruzou para Viçosa marcar. A conclusão foi para fora, rente à trave esquerda. Era a chance de liquidar o jogo.

Aos 28, pênalti do Victor no Zé Roberto. O Grêmio se descuidou numa cobrança de lateral. Coisa de time varzeano vacilar assim numa decisão de campeonato.

D’Alessandro cobrou com categoria e ampliou: 3 a 1. O Inter se encaminhava para o título. Aí, repetindo o Gre-Nal do Beira-Rio, Renan voltou a falhar. Na cobrança de escanteio, deixou a bola cair nos pés de Borges. Sim, Borges havia entrado com o Lins – sairam Viçosa e Leandro, que já não jogavam mais nada.

Borges descontou e, dizem, chorou enquanto comemorava.

Renan sofria mais um golpe. Nos pênaltis, ele se reergueria. Defendeu três cobranças – de W. Magrão, Lúcio e Adilson – e deu o título gaúcho ao Inter.

Aqui entre nós: o Inter mereceu.

O Grêmio teve tudo para ser campeão, mas faltou aquilo que vem faltando desde a saída de Jonas e a lesão de André Lima: acabamento.

Responsabilidade é de quem? É da direção, que não fez a reposição necessária, apostando no Borges e no Viçosa.

E aí nem há muito mais o que comentar para ser repetitivo. 

MAZEMBE

No final, em meio à comemoração, muitas referências dos jogadores colorados ao Mazembe. Depois são os gremistas que não deixam esquecer o fiasco no mundial!

Criaram aquela história de que o Mazembe jogaria contra o Grêmio, o que pelo visto ajudou a motivar ainda mais os colorados.

Eu desmenti aqui no boteco, mas o boato de que haveria esse jogo permaneceu. Aqueles que divulgaram a falsa informação não a desmentiram ou a desmentiram sem a mesma ênfase, sem o mesmo alarde.

O fato é que lembrar o Mazembe na hora da alegria apenas prova o quanto segue doendo aquela derrota.

Vou continuar fazendo a minha Mazembier.

GORJETA

Alguém já disse: pior que só ganhar o Gauchão, é perder o Gauchão.

As panelinhas: do bem e do mal

Virou, mexeu, Falcão se rendeu a panelinha colorada.

Índio voltou à zaga. O veterano zagueiro, que um dia foi um ‘senhor’ zagueiro, entra no lugar de Rodrigo, que havia sido efetivado pelo sucessor de Roth.

Rodrigo se ‘lesionou’ e só por isso sai do time. Bolívar, que foi mal no último clássico, continua. Faz parte da panelinha. Parece ser o líder dela, na verdade.

Imaginem o que ele não faria se não tivesse aquela voz esganiçada, de pato resfriado.

Enfim, volta a velha dupla de área, velha no sentido amplo da palavra.

Mas não fica por aí. Nei não joga. Vejo que ele é dúvida. Afirmo: ele não joga. D’Alessandro o sacou do time com um olhar no Gre-Nal dos 3 a 2.

Talvez vcs recordem. Segundo tempo, o argentino toca a bola para o Nei, campo de ataque colorado. D’Ale corre para receber na frente. Nei mete a bola às suas costas.

D”Ale deveria correr para corrigir o erro do companheiro. Não o fez. Ficou parado, mãos na cintura, depois de um olhar fulminante para Nei.

Nei não joga, afirmo eu.

Falcão caiu nas mãos, ou garras?, do grupo.

Depois dos 3 a 2, em que se viu um Inter quase apático em boa parte do jogo, é de se esperar, ao natural, que o Inter entre a mil contra o Grêmio.

Pois vai entrar a milhão agora, porque há o fato novo de agora jogar o time da panelinha.

De panelinha eu entendo.

No velho CP, tamanho standard, início dos anos 80, eu escrevi matéria de página inteira revelando a panelinha que havia no time.

Seus integrantes: Renato, De León, Osvaldo, Paulo César e mais um ou dois que não me lembro.

Foi essa panelinha que escalou Paulo César no lugar de Casemiro no mundial de 1983, quando pela primeira vez um clube gaúcho chegou lá. O grupo sugeriu PC e Espinosa aceitou. E deu certo, felizmente.

Era uma panelinha do bem.

Esta do Inter até que tem razão. O Nei não anda jogando bem, se é que um dia jogou bem no Inter. Então, é natural que saia.

Já o Rodrigo ao menos não comprometia. Enquanto Índio saiu porque realmente estava devendo futebol há horas.

SAIDEIRA

O Gre-Nal vai ser complicado. O Inter vai correr como nunca correu. Caberá ao Grêmio manter o ritmo do jogo anterior e até acelerar mais um pouco. Eu imagino que o Inter, mesmo precisando vencer, vai começar esperando o Grêmio para explorar contra-ataques.

Falcão sabe que Renato não se contém. É ofensivista. Faz parte da sua natureza partir pra cima, desde os tempos de jogador.

Já Falcão é mais acadêmico, menos arrojado.

Acredito que o Grêmio será campeão, mas duvido que vença o jogo.

Mas Gre-Nal, é Gre-Nal, e tudo pode acontecer.

Até goleada.

A vinda do Mazembe

Tem gente querendo colocar mais lenha na fogueira do Gre-Nal com essa história de que o Mazembe vem fazer treinamentos e amistosos no Brasil.

Para colocar pilha nos colorados, espalharam que o algoz do Inter no Mundial vai enfrentar o Grêmio no Olímpico.

Diante disso, conversei com o advogado do clube africano no Brasil, Paulo Sérgio de Oliveira, no Rio.

Ele me garantiu que o Mazembe não vem agora, e sim mais adiante, talvez início de junho.

Revelou que o objetivo do Mazembe é firmar uma parceria com o Botafogo e fazer amistoso com o time carioca. Será o único jogo do carrasco colorado no Brasil.

E mais: o advogado, com quem troquei emails quando lancei a Mazembier, no início de janeiro, disse que a cerveja repercutiu muito no Congo.

Então, estou enviando algumas unidades da Mazembier e da Kidiaba para o Mazembe. O seu representante está viajando para o Congo na semana que vem.

– As garrafas vão ficar como troféu na sala do presidente -, garantiu o Paulo Sérgio, que me prometeu uma camisa autografada pelo goleiro Kidiaba, que virou símbolo da humilhação do Inter no Mundial de Clubes.

Um andar diferente

Renato, que conhece todas as manhas do vestiário, com pós-doutorado em malandragem no futebol, alertou seus comandados para evitar o clima de já ganhou em relação ao título gaúcho:

– Não quero ver ninguém andando diferente aqui.

É o jeito de Renato para neutralizar o salto alto.

Renato mostra que sabe por que venceu o clássico. Sabe que por detalhes o resultado poderia ser outro. Dessa vez os ventos sopraram a seu favor. Domingo, pode ser diferente.

O placar de um jogo ofusca tudo, ou quase tudo.

Eu não me iludo. Se a Juliana Paes olhar na minha direção, não terei a pretensão de pensar que é comigo. Ela estará mirando algum conhecido que se aproxima.

São anos de estrada. Aprendi a ficar na minha nessas situações de tantas vezes em que me atirei e paguei mico.

O Grêmio não pode pagar mico. Mas se facilitar o Inter complica e até pode fazer a festa no Olímpico. Os dois times se equivalem.

Lúcio foi bem claro hoje: se nós ganhamos lá, eles podem ganhar aqui.

Perfeito. Se todos os jogadores pensarem assim, ótimo.

É preciso lembrar como a vitória por 3 a 2 aconteceu.

O Grêmio começou melhor, surpreendeu o Inter. Aos poucos, o Inter começou a explorar contra-ataques. Até que num deles fez 1 a 0. E continuou ameaçando. Cheguei a escrever no twitter nesse momento do jogo que o Inter, a continuar assim, venceria o Gre-Nal.

Minutos depois de postar essa avaliação, Renan falhou e Viçosa, que já havia perdido dois gols, empatou. Foi um gol fortuito.

E o que aconteceu depois? O gol relâmpago de Leandro. Levar um gol dentro de casa, logo de saída, perturba, prejudica estratégias, tudo, enfim, o que foi combinado no vestiário.

O Grêmio, então, mandou no jogo. Aí, o Inter achou um gol. Leandro Damião empatou.

A propósito, Lúcio disse hoje que Damião é o jogador mais perigoso do Inter. É o que venho dizendo há horas. Marque bem o Damião que a vitória é certa. É simples, mas difícil de executar. 

Por fim, outro gol achado, mas aí contando com a genialidade de Viçosa, que pegou o pobre Renan de surpresa. Mostrou excelente visão de jogo o jovem atacante, que agora só precisa ter calma para concluir com os pés.

Em resumo essa é a história do Gre-Nal. O Grêmio venceu, foi superior, mas teve algumas circunstâncias favoráveis. Algo que pode não ocorrer no segundo jogo.

Então, todo o cuidado é pouco. E que ninguém apareça andando diferente no Olímpico.

SAIDEIRA

O Santos tem interesse em Borges. Jogador de futebol é como político que perdeu eleição. Sempre arruma um cantinho legal. Não importa o que faça.

Que vá mandar pênalti para as nuvens na Vila Belmiro!

GORJETA

Ouvi o meu amigo Reche defendendo o Borges. Telefonei pra ele: indique pro Inter. Se o Rodrigo foi, pode ir o Borges…

Já pensaram? Borges no lugar do Damião.

Exclusivo: FR na Seleção

Mano Menezes vai convocar Fábio Rochemback para os jogos contra Holanda e Romênia, dias 4 e 7 de junho.

Mano quer um jogador experiente para ajustar o meio-campo da Seleção. FR está com 29 anos, mas se movimenta em campo mais – e melhor – do que muito guri.

Os dois se conhecem desde a base do Inter, meados da década de 90. FR defendeu a Seleção Brasileira em 2001 e 2004.

A notícia é ótima para FR, que andava mal no futebol europeu e ressurge luminosamente no Olímpico. Agora, é ruim para o Grêmio, que poderá ficar um bom tempo sem seu maestro. Afinal, em julho tem a Copa América.

Parece aquela brincadeira: depois da notícia ruim, para o clube, a notícia boa: Grêmio está negociando a volta de Carlos Eduardo.

Renato vence o duelo dos ídolos

Renato foi ousado. O Renato técnico imitou o Renato jogador. Foi pra cima do adversário dentro da casa dele.

Confesso que fiquei assustado. Jogar com dois volantes, sendo que um deles é novato e outro veterano, e dois meias que não sabem marcar, me deu a impressão de irresponsabilidade.

Mas deu certo. O Grêmio foi pra dentro do Inter no começo. Surpreendeu o adversário, que, depois, equilibrou a coisa, fez o gol e poderia ter ampliado. Foi um momento difícil.

Aí veio a falha de Renan. O goleiro saiu muito mal e Viçosa, que havia perdido dois gols que até o Borges faria, fez a única coisa que caberia no lance: cabecear e encobrir Renan.

O olhar que o Bolívar, que não jogou nada, lançou para Renan foi assustador. Parecia dizer: “Quer merda que tu fez”. 

O restante do primeiro tempo foi bonito de se ver: os dois times atacando e buscando o gol.

Vi um Inter apático, quase displicente na marcação, no combate, no corpo a corpo. Parece que faltava Guinazu para mostrar como se marca. D’Alessandro estava passeando em campo. Acabou saindo no segundo tempo.

O gol de Leandro aos 29 segundos foi pra arrasar a torcida colorada, que havia vaiado o time no intervalo. Afinal, o Grêmio mostrava mais determinação, mas vontade de vencer, e estava melhor tecnicamente.

Viçosa foi importante nesse gol, ao dar um toque precioso na bola e deixar o guri na cara do Renan. Aí, o guri de 17 anos mostrou para os marmanjos como é que se faz diante de um goleiro.

O Grêmio foi superior ao Inter dentro do Beira-Rio, é inquestionável. O Beira-Rio já foi mais assustador. Virou salão de festa dos adversários.

O Inter ainda conseguiu empatar. Achou um gol no cabeceio de Damião, com valiosa colaboração de… Gilson. A bola bateu no bruxinho do Renato e enganou Marcelo Grohe, com outra atuação espetacular.

O Inter cresceu no jogo, mas o Grêmio ofensivo de Renato não se intimidou. Quase no final, Viçosa fez o 3 a 2.

Renan falhou, mas não tanto quanto no primeiro gol. Nesse gol, ele saiu até a marca do pênalti acreditando que Viçosa poderia tentar dominar a bola no peito em vez de cabecear. Mas Viçoza foi inteligente e voltou a encobrir o gol. Mais mérito dele do que falha do Renan.

Fábio Rochemback foi o melhor do jogo, disparado.

Fernando provou que é um grande volante. E que vai evoluir ainda mais, muito mais. 

Viçosa mostrou que pode ser útil, um bom reserva para o Brasileirão.

Mário Fernandes ressurgiu com força e brilho. Leandro confirmou que uma estrela em ascensão. Enlouqueceu a defesa colorada.

Por fim, um elogio para Renato: deixou Borges fora. Imagino o que diriam hoje seus detratores se o Grêmio perdesse com Borges no banco. Só imagino.

Renato tem coragem, uma coragem que beira à insensatez por vezes, mas está provado que ele sabe o que faz. 

Borges no banco: um castigo exemplar.

SAIDEIRA\

Arbitragem boa. Mas Jean Pierre poderia ter dado amarelo antes para o Tinga, que bateu bastante e acabou levando amarelo por um toque de mão. Bolívar deveria ter sido expulso pela falta sem bola no Leandro e depoir um tapinha na cabeça do guri. Isso na cara do juiz. Exagerado o vermelho para Escudero. Acho que ele estava sob o impacto de ter validado o terceiro gol gremista, sob protestos fortes dos colorados. Então, compensou para atenuar as críticas pós jogos. Pode ser. Mas o gol foi legítimo. Aliás, perfeitos os auxiliares.

RENAN

Renan vai ser responsabilizado pela derrota. Uma pena. Eu imagino que ele jogou pensando muito em sua mãe falecida tragicamente há pouco tempo. Imagino que ele a homenagearia após o jogo em caso de vitória. Imagino. Posso estar enganado. Não duvido que em função disso ele tenha jogado ansioso demais. Gostei que o Grêmio venceu, mas gostaria que tivesse sido de outro jeito. Sem falhas do Renan.

Mas no futebol não há lugar para sentimentalismo. Infelizmente. 

GORJETA

Renan falhou. Mas o D’Alessandro que se escondeu e se omitiu. O Rafael Sobis que nada fez. O Bolívar que justificou plenamente seus críticos. E o Falcão. O que dizer do Falcão?

Apenas uma frase: um grande equívoco como treinador.

IDOLÕMETRO DO BOTECO

FALCÃO EM QUEDA; RENATO EM ALTA

Equipes para o Gre-Nal: cada um tem a sua

Meu time para o Gre-Nal seria:

Grohe; Gabriel, Rafael Marques, Rodolpho e Neuton (porque é alto, tem imposição física, apoia bem e é muuuito melhor que o Gilson;

No meio de campo: Wilson, Adilson, Fábio Rochemback e Douglas;

Na frente; Viçosa e, arghh…, Borges.

Por que três zagueiros em campo? É preciso cuidar a jogada mais aguda do Inter, que é o Damião. A bola alta pra ele.

Deixaria o guri revelação, o Leandro, no banco, para pegar a zaga velha do Inter um pouco desgastada.

Mas não irei criticar o Renato se ele começar com o Lúcio. Ele e o FR juntos é uma temeridades, porque ambos voltam de lesão e não são mais crianças. Mas se ele entrar é porque o pessoal entende que pode jogar e aguentar 90 minutos.

No caso de Lúcio jogar, eu sacaria um atacante. Aí pode ser qualquer um que não vai fazer diferença. Mas acho que prefiro o Viçosa, que é mais combativo e interessado.

O importante é garantir um empatezinho amigo.

Gostei do esquema armado pelo Renato no Gre-Nal anterior. Com três zagueiros, o Inter não conseguiu levar perigo ao Marcelo Grohe. E fez aquele gol que vai entrar para a história como um dos erros mais grosseiros de arbitragem em todos os tempos. E foi só.

Já o Grêmio nos contra-ataques chegou duas ou três vezes com perigo, apesar de seu ataque de asma.

Sei que muita gente não gostou do retrancão, mas é preciso considerar que dentro do Beira-Rio o melhor que se faz é jogar fechado, esperando e tendo uma saída de bola em velocidade.

Não foi assim que o Penarol venceu o Inter? O problema é que falta qualidade e velocidade aos atacantes do Grêmio.

Bem, eu sei que cada um que está lendo isso pensa de forma diferente, no todo ou no detalhe.

Mas o futebol é assim mesmo. Em cada cabeça, uma sentença.

Aguardo sua ideia de time para o clássico.

SAIDEIRA

Já o Inter eu não tenho dúvida que começa com dois atacantes. Afinal, joga em casa, estádio vermelho. No jogo anterior, foi aquilo. Falcão ficou com medinho e recheou o meio de campo. Dominou, mas quase não ameaçou. Fosse o Roth a começar sem o Rafael Sobis…

Então, Falcão vai começar com Damião e Rafael Sobis. Se bem que o certo, para ser coerente, é ele começar com o Ricardo Goulart, que preferiu ao Sobis e ao Cavenaghi na decisão contra o Penarol.

FECHANDO A CONTA

E pensar que um dia defendi a volta do Traíra porque acreditei que ele realmente tinha interesse em retomar a carreira de jogador de futebol profissional…

Vai levar o Flamengo à falência.

GORJETA

Tem um torcedor do Atlético mineiro que está na Justiça contra o Carlos Simon. Confiram:

“Um erro cometido pelo ex-árbitro Carlos Eugênio Simon contra o Atlético, pela Copa do Brasil de 2007, numa partida contra o Botafogo, pelas quartas de final do torneio, ainda pode render dor de cabeça para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), quatro anos depois. No dia 10 de maio daquele ano, o Galo foi derrotado pelo Alvinegro carioca por 2 a 1 e não teve assinalado por Simon um pênalti claro a seu favor, num lance em que Tchô foi derrubado por Alex dentro da área. O Atlético acabou eliminado da competição nacional e o árbitro, na época, reconheceu o erro”.

Reconheceu, e daí?

COPO CHEIO

Ah, neste sábado, 15h, estarei na rádio Guaíba debatendo o Gre-Nal.