VOLVER

Se o presente é este, amargo e cruel, e o futuro aponta para dias mais cinzentos que o céu depois da erupção do vulcão chileno, nada como um recuo no tempo.

A realidade me obriga a voltar ao passado. Recebi hoje um e-mail com o link para algo que eu, traído pela memória, julgava ser obra de ficção, mas não, o lance realmente existiu.

Renato cruza, Jardel marca. Depois, Jardel ainda faz outro gol, um golaço. Ele mesmo admitiu posteriormente que tentou cruzar e a bola foi lá junto de onde a coruja dormia no tempo em que ainda era traquilo ir aos estádios de futebol.

Confiram. Ah, impróprio para colorados ranzinzas e invejosos.
http://globoesporte.globo.com/videos/bau-do-esporte/v/bau/1549591/

Mano e a sua ânsia de agradar

O técnico Mano Menezes parece preocupado em provar que é o oposto de seu antecessor, que deixou o cargo de treinador da Seleção carregando o estigma de retranqueiro.

Dunga foi criticado duramente por convocar volantes em excesso, mas principalmente por não levar dois talentos que surgiam: Neymar e Ganso. O segundo acabou se lesionando antes da Copa, mas nunca foi lembrado pelo treinador.

Eu mesmo critiquei a convocação de Dunga e o modo de armar o time.

Aí chegou Mano, todo simpático com a imprensa (ao contrário de Dunga), sempre acessível, e já largando com um time ofensivo. Claro, Ganso e Neymar no grupo, e mais do que isso, agora como titulares.

Com o tal ‘quarteto maravilha’ formado por Robinho, Ganso, Neymar e Pato, e apenas dois volantes para marcar, era previsível um futebol agressivo, sempre em cima da zaga rival, criando chances e mais chances, e marcando uma profusão de gols.

Afinal, são quatro jogadores dos mais talentosos, mesmo descontando que Robinho está em decadência há algum tempo.

Mas o time ofensivo mostrou contra a ‘poderosa’ Venezuela que não é diferente daquele ‘retrancado’ de Dunga na Copa do Mundo, que ainda teve contra si adversários de maior gabarito.

Não se trata de uma defesa de Dunga, que realmente cometeu alguns equívocos em sua convocação, mas o tempo está provando que a atual geração não é essa ‘brastempo’ todas que muitos apregoam.

Alexandre Pato, por exemplo, tem nas mãos, mais ainda nos pés, a oportunidade que sempre esperou de afirmar-se como titular do ataque, o dono da camisa que já foi de Ronaldo e Adriano. Mas, afora alguns momentos de brilho, deixou a desejar, como todos os seus companheiros.

O melhor da Seleção a meu ver foi Lucas, ex-Grêmio, que marcou e correu muito para cobrir os espaços amplos que o time ofereceu aos venezuelanos, que, se fossem um pouco melhores, teriam vencido a partida. Gostei também do Lúcio, um zagueiraço.

Fora isso, só decepção. Ganso foi burocrático, mesmo descontando que volta de lesão. Neymar muito alegre, faceiro, mais inclinado a aparecer do que a ser útil para o time.

Falta ao time de Mano um volante: Fábio Rochemback. Um jogador capaz de marcar e organizar o meio de campo. Ibson seria outro nome interessante. Ganso, pelo jeito, ainda é muito imaturo para assumir tanta responsabilidade sozinho.

O fato é que Mano, na ânsia de mostrar que é diferente de Dunga para agradar a imprensa do centro do país, está na realidade se violentando como treinador. Afinal, Mano sempre gostou de um esquema mais fechadinho e menos faceiro. Em outras palavras, mais equilibrado, como deve ser.

JULINHO

O novo treinador do Grêmio começou a trabalhar. Prevejo que seu prazo de validade é curto, mas torço por ele. Até porque um eventual fracasso colocará o Grêmio de novo em situação delicada no Brasileirão.

Por outro lado, a saída de Julinho Camargo do Inter servirá para Falcão mostrar que, ao contrário do que dizem os fofoqueiros e corneteiros de plantão, é ele mesmo quem arma e organiza o time.

Vamos ver. Temos muitas emoções pela frente.

Uma carta fora do baralho

Vou torcer pelo Julinho Camargo. Afinal, é um sujeito trabalhador, mais de 20 anos no futebol, sempre à espera de uma grande oportunidade. 

Agora, não acredito que ele vá dar certo como treinador do Grêmio. Sua experiência com treinador de equipes profissionais é quase zero.

Com tanto tempo de futebol é lógico que aprendeu alguma coisa, muita coisa, não duvido disso.

Ele deve ter suas qualidades para ser lembrado pelos doutos do futebol tricolor. O problema é que durante os cinco anos em que Julinho trabalhou na base gremista ninguém as percebeu, ao menos a ponto de cogitar seu nome para assumir o time principal. E oportunidades para isso não faltaram.

Por falar em cogitação, Julinho era uma carta tão fora do baralho que ninguém sequer murmurou seu nome. E quem o fizesse, num bar, numa roda de samba, numa redação de jornal, num velório ou num aniversário, seria logo taxado de louco. Ou de colorado querendo afundar o Grêmio.

O curioso é que agora, depois do baque inicial que todos sofreram, leio alguns articulistas de respeito referendando a contratação do auxiliar de Falcão. Não falta sequer um ‘tem o perfil vencedor do Grêmio’.

Uma coisa é vencer nas categorias de base, outra muito diferente é subir e trabalhar com as cobras criadas pronta pra dar o bote, gente malandra, com estrada e normalmente sem a mínima vontade de assimilar novos conceitos, ensinamentos, porque pensam que já sabem de tudo.

Ouvi a entrevista coletiva de Julinho. Percebi que parecia intimidado, o que é até aceitável diante das circunstâncias, mas não senti muita firmeza. Acho que ele será atropelado no vestiário.

No artigo anterior escrevi que a direção gremista usava a tática do bode fedorento na sala, lançando vários nomes detestados pela torcida, para mais adiante anunciar o rejeitado Celso Roth, mas que acabaria sendo recebido com alívio.

Não veio Celso Roth, mas veio aqueles que muitos consideram (como o meu amigo Francisco Coelho) um filhote do Roth.

Vou torcer pelo Julinho Camargo, até porque seu fracasso vai colocar o Grêmio no caminho da segundona, e agora não dá mais para chamar Renato Portaluppi, como aconteceu no ano passado.

Vou torcer pelo Julinho. Mas convencido de que foi um erro monumental dessa direção, um erro que pode custar muito caro.

Como dizia o velho Dino Sani: o futebol é mesmo uma caixinha de surpresas.

Depois dessa, só mesmo uma Kidiaba, escura e encorpada, para atenuar o frio e esse misto de indignação e perplexidade.

Inter ensina, Grêmio não aprende

O Inter está para perder seu goleador (Damião). E o que faz o Inter? Traz outro atacante para o lugar (Wellington Paulista, que gosta de fazer gol no Grêmio).

O Grêmio perdeu seu goleador no começo do ano, às vésperas da Libertadores sempre tão sonhada. E o que fez o Grêmio? Nada.

É um exemplo simples, objetivo, claro, que ajuda a explicar por que o Inter deste começo de século é muito superior ao Grêmio.

A qualidade dos dirigentes está fazendo a diferença. Mudam alguns nomes, a estrutura permanece, a filosofia se solidifica. Os resultados aparecem, mesmo que a médio ou longo prazo.

O Inter superou uma crise causada pela derrota diante do Ceará em pleno Beira-Rio e conseguiu se recuperar. Antes disso, festejou o título gaúcho na casa do Grêmio.

O Inter somou duas goleadas seguidas. O Grêmio, dois resultados negativos, com atuações constrangedoras.

A balança do futebol gaúcho eleva o Inter, rebaixa o Grêmio.

Enquanto a direção colorada saboreia seu momento de paz, que talvez nem dure muito tempo, a direção gremista, depois da precipitada demissão do técnico Renato Portaluppi, tateia no escuro em busca de um treinador.

– Estamos construindo um perfil -, disse o vice Antônio Vicente Martins, que teria sido eleito presidente do clube em 2008 não fosse a intervenção de Fábio Koff (que eu e muita gente criticou). AVM, o candidato de Paulo Odone, acabou perdendo para Duda Kroeff.

Quer dizer, a atual direção chegou ao meio do ano sem um ataque de respeito, condizente com a grandeza do clube, e também sem um perfil do técnico que deseja. Vai ‘construir’ um perfil.

E assim vai o Grêmio…

TREINADORES

São muitos os nomes, mas no final vai dar Celso Roth. Eles colocam o bode na sala: Cuca, que recentemente agrediu Renteria e caiu diante do Once Caldas em pleno Mineirão.

Diego Aguirre? Por favor…

Depois outro bode: Dunga (da onde alguém tirou que o coloradíssimo Dunga seria bem recebido pela torcida?).

De nome em nome, todos desprezados pela torcida, o Grêmio acabará ficando com aquele que todos sabem de quem estou falando.

Mas esse também tem elevado índice de rejeição. Ocorre que o tempo vai aparando arestas, a repulsa diminui…

Foi assim que Paulo Odone fez com Renato: não deu um ataque e deixou o tempo se encarregar do resto.

Esperasse mais uma rodada, com os reforços na mão, Renato talvez começasse a vencer de novo, e aí já não daria mais para demitir o ídolo.

Ruim com Renato, pior sem ele

Não tenho bola de cristal, mas o próximo treinador do Grêmio não ficará até o final do Brasileirão.

Por que? Eu pergunto e explico: os técnicos disponíveis são perdedores de carteirinha ou alguma aposta. A frase que abre este post só perde a validade se for contratado o Felipão, o Tite, ou o Muricy. Não necessariamente nesta ordem.

Cogitam no nome de Diego Aguirre, técnico do Peñarol. É um bom nome se ele puder trazer consigo toda a garra que caracteriza o futebol uruguaio e injetá-la em jogadores como o Douglas, por exemplo. Ele não vai fazer isso, porque é impossível. Portanto, se vier, será um desastre.

Adilson, Cuca e ele, Roth, estão disponíveis. Dando sopa como se diz por aí. Parece que Odone admira muito o Cuca. Não duvido, mas não consigo entender como é que alguém possa admirar o Cuca.

Sei que a direção não me lê, pois se me lesse teria contratado alguém para o lugar de Jonas lá em fevereiro, e não teria disputado a Libertadores com Lins e Viçosa no ataque. Mesmo assim, dou a minha sugestão:

Marcelo Oliveira, técnico do Coritiba. Não é um nome queimado diante da torcida e uma aposta com alguma chance de dar certo em função do excelente trabalho que fez com um time mediano.

Para encerrar, aquilo que tenho dito há muito tempo se confirmou: a direção queria ver Renato longe do Olímpico. Só começou com ele a temporada com medo da torcida, já que Renato havia levado o time à Libertadores.

Com a saída de Jonas, principal nome do Grêmio e até hoje sem substituto à altura (Miralles pelo que vi joga menos que o Jonas), e com a lesão de André Lima, Renato foi obrigado a jogar com jogadores de time de segunda divisão.

Criticam o Renato por insistir com Lins e Viçosa. Mas quem no grupo é melhor? Leandro, sim, mas ele se lesionou. Além disso, ficou claro contra o Avaí que é um guri que precisa de tempo para seu futebol amadurecer. Deve ir entrando aos poucos para não ser queimado.

Então, a direção conseguiu o que queria: transformar Renato de quase unanimidade em um treinador questionável.

Sou da seguinte opinião, diante da carência de treinadores:

Se é ruim com Renato, pior sem ele.

Lanterna esquentou a noite no Olímpico

O ‘Mazendaço’, citado no artigo anterior, aconteceu. O lanterna esquentou a noite fria no Olímpico.

O Avaí fez o que se previa: ficou fechado atrás e explorou contra-ataque. A defesa se impôs ao ataque gremista, o meio-campo manteve marcação dura e o ataque foi ágil e veloz. Teve ainda a felicidade de marcar o primeiro gol no começo.

E aí começam os problemas: a zaga deixou o adversário cabecear livremente, sem pressão, para fazer 1 a 0. A falha maior foi de Mário Fernandes, que teve condições de interceptar o cruzamento, mas ficou parado olhando.

Mário Fernandes só pode jogar como líbero num esquema de três zagueiros, ou de lateral-direito. Fora isso, é reserva.

Rafael Marques a meu ver é titular. Até porque vira e mexe está salvando o time. Tem garra, tem brio, capacidade de indignação e alguma qualidade. Não fosse ele, com seu gol no minuto final, a noite seria trágica.

Gabriel não jogou nada. Bruno Colaço fez o possível, considerando sua juventude e limitação técnica.

No meio, Willian Magrão foi quase uma calamidade. Pior que ele apenas o  Douglas. Mesmo considerando que o meio estava congestionado, eles poderiam jogar melhor. Magrão ao menos teve vontade.

Douglas tem um agravante: foi expulso quando o Grêmio buscava o empate, deixando o time também com dez jogadores. A expulsão não foi por uma falta, uma disputa de bola. Foi por reclamação ostensiva e descabida.

Renato deve aproveitar e armar um time que não precise mais desse jogador. Se não souber fazer isso, que peça as contas.

Ah, na entrevista coletiva, Renato chamou Douglas de craque. Aí fica difícil.

F. Rochemback foi de novo o melhor do time, o melhor em campo. Agora, precisa se controlar. Agrediu um adversário quase no final, naquele esforço gigantesco em busca da reação. Já tinha o amarelo e poderia ter sido expulso. Foi na cara do bandeirinha que anulou dois gols do Grêmio, sendo que ambos os lances foram absolutamente discutíveis. Ele decidiu os dois contra o Grêmio.

Ainda sobre a arbitragem: Mário Fernandes escorregou e caiu com a mão sobre a bola, lance involuntário que alguns colorados da crônica esportiva estão querendo dizer que foi pênalti.

O pênalti sobre Escudero, que entrou bem diante do horror que era o time, pode não ter existido. Mas não dá pra condenar o juiz, que errou para os dois lados.

Leandro e André Lima lutaram. Sentiram a falta de ritmo. Além disso, o espaço para eles era restrito demais. Sempre com dois ou três marcadores.

Miralles entrou muito bem. Mostrou que é um jogador de atua pelos lados, mas que aparece para concluir.

Não há dúvida que o time tende a crescer. Ainda mais com Gilberto Silva e mais um atacante de qualidade.

A partir daí é tudo com Renato. Cabe a ele mostrar que o desempenho que teve no Brasileirão do ano passado, quando tirou o Grêmio do atoleiro, não foi casual e fortuito, como acreditam seus críticos.

Mazendaço e 'o Sala'

O presidente do Avaí fala em demissão em massa se o time não começar a ganhar; o capitão do time, Marcinho Guerreiro, bateu de frente com o técnico Gallo (dois jogos, duas derrotas), e está afastado. O Avaí é lanterna, com apenas um ponto conquistado.

O Grêmio enfrenta esse clube em crise no Olímpico nesta quarta, às 19h30. Está aí um jogo traiçoeiro.

Se o Grêmio vencer, não terá feito mais que a obrigação. Situação similar a do Inter contra o Figueirense, domingo. Se empatar ou se perder…

O jogo pode ser um divisor de águas para o time de Renato Portaluppi, que, abusando de seu lado fanfarrão, promete que o torcedor que for ao Olímpico sairá satisfeito. Ele não tem como prometer isso só porque terá a volta de André Lima e talvez a estreia do Miralles. Os dois voltam de lesão, estão sem ritmo de jogo e com entrosamento zero.

Mas Renato está tão feliz em poder contar, finalmente, com atacantes de verdade – a primeira vez desde a saída de Jonas e a lesão de André Lima – que já promete coisas que estão fora de seu alcance.

De certo mesmo, é que será uma noite muito fria. Mas uma noite que pode esquentar se Renato não conseguir armar sua equipe de maneira adequada para enfrentar um adversário ferido e que vem disposto a reagir no Brasileiro. É bom não esquecer que o Avaí foi eliminado nas semifinais da Copa do Brasil pelo atual campeão, o Vasco. O time catarinense merece, portanto, mais respeito.

Afinal, não queremos um ‘mazendaço’ no Olímpico.

O SALA

É assim mesmo no masculino. O Sala de Redação fechou 40 anos. O programa não é mais o mesmo.  Lembro-me vagamente dos primeiros programas, comandados por seu idealizador, Cândido Norberto. Paulo Sant’Ana começou a se projetar ali, ele que já se destacava em programas de debates como o Conversa de Arquibancada, na antiga TV Piratini. Gesticulava muito, falava com entusiasmo de seu Grêmio. Dava pau nos árbitros do Gauchão, e sofria com o Grêmio naquele início dos tenebrosos (para nós gremistas) anos 70.

Pouco tempo depois, surpresa!, ganhou uma coluna na ZH. Foi uma bomba. Afinal, ele não era jornalista. Era um torcedor alçado à colunista. Um estranho no ninho. Um dia ele largou em sua coluna o time de cada jornalista esportivo. O pessoal queria o fígado dele. Nessa época eu sequer havia começado o curso de jornalismo. 

Sant’Ana tornou-se o principal nome do programa Sala de Redação. Muitos colorados foram escalados para enfrentá-lo. Um a um, foram caindo pelo caminho. Sem Sant’Ana, o programa perdeu muito de seu brilho, mas segue com a minha sintonia. Com respeito aos demais participantes, o programa cresce e se ilumina quando ele reaparece, o que é cada vez mais raro.

O Sala, agora, perdeu o ‘Professor’, que está pendurando as chuteiras. Não por vontade própria. Ele ainda terá alguns espaços no rádio e no jornal. Infelizmente, é assim. A fila anda. Nada é para sempre. Mas é inegável que o jornalismo esportivo gaúcho perde qualidade sem o mestre Ruy Carlos Osterman.

O ciclo de ouro do rádio-esportivo gaúcho está chegando ao fim. Antônio Augusto, Armindo Antônio Ranzolin, Lauro Quadros, Pedro Carneiro Pereira, são nomes que recordo agora rapidamente. 

Outros nomes surgiram nesse meio tempo, ‘cascudinhos’ que cresceram e juntaram-se aos ‘cascudos’, e agora os substituem. Mudam os nomes, mas o importante é que o rádio gaúcho continua vibrante e digno.

Derrota projeta semana tensa no Olímpico

Os volantes Fernando e Willian Magrão foram os atacantes mais efetivos do Grêmio. Foram eles que tiveram as duas chances mais claras de gol do time, ficando cara a cara do goleiro e chutando como se fossem Herreras. Quer dizer, no corpo do goleiro Renan.

Depois, o gol. Não, não foi de um atacante. Foi um zagueiro, o desprezado Rafael Marques. Foi um gol casual, pura sorte, a mesma que resultou no segundo gol do Botafogo, um pouco antes do apagão.

Não, não estou me referindo ao apagão do time gremista, que repetiu o primeiro tempo melancólico do jogo contra o São Paulo. Informo pra quem não sabe: faltou luz no Engenhão.

Mais uma vez, o time sentiu a falta de atacantes de qualidade. Atacantes que possam fazer a diferença, ou ao menos causar preocupação aos zagueiros adversários.

Quase posso ver os zagueirões que enfrentam o Grêmio rindo entre si quando deparam com o Lins, o Viçosa, o Roberson. Gente promissora, mas que hoje não tem condições de vestir a camisa titular do Grêmio.

Lembro que aos 14 minutos do primeiro tempo vi o Grêmio trocar quatro ou cinco passes no campo de ataque. Até ali, só dava Botafogo.

Estaria enfrentando o Barcelona? Não, era apenas o modesto Botafogo, que só não marcou gols mais cedo porque esse ‘Barcelona’ não tem Messi, tem Herrera.

Hoje, qualquer adversário se transforma em Barcelona contra o Grêmio, que se encolhe, se defende como pode,  se esgarça todo para conseguir chegar na frente, onde invariavelmente seus atacantes vão perder a bola.

E quando esse time ainda tem um jogador expulso de forma imbecil, aí a derrota se torna inevitável. Fernando, um jovem e eficiente volante, já tinha cartão amarelo, mas isso não impediu que desse um tranque forte, na cara do juiz, num guri magrinho, pernas finas, endiabrado, o Cidinho, que recém havia entrado. Cidinho, guardem esse nome.

E assim vai o Grêmio, sempre esperando pelos atacantes que não tem desde o começo da temporada.

Parece que tudo isso é para abalar a imagem de vencedor de Renato perante a torcida.

Enquanto isso, crescem os rumores sobre a queda de Renato Portaluppi. Mais que isso, tem gente torcendo contra Renato, como se ele fosse o grande responsável por esse time que está aí. Surgem especulações.

Adilson, o capitão América, o queridinho de boa parte dessa direção que não fica ruborizada em ver o time jogando sem ataque desde fevereiro, caiu no Atlético Paranaense.

Ah, não gostam do Adilson? Ou do Cuca? Quem sabe, então, o Celso Roth, que está aí, à espreita?

SAIDEIRA

O Inter desemcabulou em casa. Bateu o Figueirense de goleada, 4 a 1. O time catarinense havia sofrido apenas dois gols no campeonato. Tinha a defesa menos vazada.

Por isso, é importante valorizar a vitória, principalmente os três pontos.

É claro que o time continua com problemas, mas uma vitória no dia em que o Grêmio voltou a perder sempre alcança uma dimensão maior.

A tensão agora passa para o Olímpico.

FECHANDO A CONTA

Quarta-feira, no Olímpico, contra o Avaí, Renato poderá contar, finalmente, com uma dupla de ataque digna de clube grande: Miralles e André Lima devem jogar.

Os dois nunca jogaram juntos. Ambos estão voltando de lesão. Ainda assim, afirmo: vão jogar mais, muito mais, do que esses que estão aí se fardando e entrando em campo só porque não há nada melhor no clube.

Renato x direção: quem perde é o clube

No confronto entre Renato e a direção, perde o Grêmio.

A direção não quer Renato, mas não tem coragem de demití-lo. Isso parece estar cada vez mais claro para todos que acompanham futebol, especialmente para os gremistas.

Montou um time sem atacantes para figurar (a quem prefira o verbo disputar, mas não é meu caso) na Libertadores, e começou o Brasileiro com um ataque de time da segunda divisão que luta para não cair pra terceira.

Posso estar enganado, mas essa estratégia suicida foi para tirar a paciência de Renato, forçando-o a pedir as contas.

Sei que parece um desatino pensar assim, mas já vi tanta coisa estranha que não duvido de mais nada.

A cobrança pública por reforços, feita por Renato com aquele seu jeito meio brincalhão, meio debochado, mas colocando o dedo na ferida, escancarou esse conflito no clube.

Antônio Vicente Martins respondeu forte, não economizando ironias, referindo-se a Renato como ‘presidente’, deixando claro que o técnico se mete em tudo.

Não, Renato não quer ser presidente. Quer apenas um time com atacantes dignos de vestir a camisa de um clube de ponta, que deve sempre, SEMPRE, entrar numa competição em condições de brigar pelo título.

O Grêmio não pode, sob qualquer hipótese, entrar numa competição como mero coadjuvante, como acontece neste momento.

Renato comete seus erros, não resta dúvida. Mas quem avaliar com serenidade e sem preconceito com o jeito do Renato, verá que a maioria dos problemas decorre da falta de qualidade do time em algumas posições.

Sei que Renato não é unanimidade entre os torcedores. Nunca foi. Menos ainda agora. Mas se ele pedir demissão, quem tem para o lugar? Quem?

Faltam treinadores, sobra gente para assumir o futebol do Grêmio.

Então, que saiam os dirigentes.

Antes que o Grêmio seja mais prejudicado.

FECHANDO A CONTA

Um exemplo do desespero de Renato: ele testou no treino de hoje o Lins como único atacante. Tem o guri Leandro voltando. É arriscado começar com ele.

Sou da seguinte opinião: se não tem atacante bom, diminua o prejuízo. Jogue com um apenas.

Aliás, diante da carência de atacantes, há tempos preguei aqui esse esquema com 3 zagueiros e 6 no meio de campo. Apenas um maluco correndo na frente.

Num time de futebol de ponta, ainda dá pra jogar com um jogador razoavelzinho. Agora, dois sobrecarregam os demais. 

Não deu certo contra o São Paulo no Morumbi. Mas nesse jogo havia improvisações com resultado calamitoso.

Agora é diferente.  Rezemos.

A voz do dono e o exemplo de Cavenaghi

O vice de futebol do Grêmio pegou pesado. Antônio Vicente Martins decidiu encarar Renato depois que o técnico fixou prazo, publicamente, até esta quinta para receber reforços.

Renato escancarou sua ansiedade, seu desespero, sua sede de reforços. O técnico nada mais fez do que refletir o pensamento da torcida.

Um assessor do futebol chegou a comentar que a direção não trabalha sob pressão, sugerindo que o ultimato de Renato era descabido e inoportuno.

Bem, Renato está trabalhando sob pressão desde que assumiu, em agosto passado, quando o time parecia rumar para a segundona de novo.

Quem não quer trabalhar sob pressão não pode ser jornalista, por exemplo. Nem policial, nem bombeiro, nem bancário, nem controlador de voo, nem piloto. Ou dirigente de futebol.

Se não quer trabalhar sob pressão que volte para a arquibancada. Até seria interessante que a direção ficasse mais próxima da torcida para saber direitinho o que ela pensa de isso tudo.

Os doutos do futebol tricolor saberão o que pensa o torcedor de uma direção que desperdiçou mais uma Libertadores pela imprevidência, falta de planejamento e de competência, imitando a direção passada.

Os que estão no poder hoje criticaram muito os que estavam no poder na Libertadores de 2009. Os que antes pressionaram, hoje não querem pressão.

Não suportam que o treinador extravasse sua tensão, sua preocupação com o rumo da equipe, e o seu próprio.

Renato sabe que a torcida é impaciente e que na hora da derrota quer a cabeça de alguém, mesmo que seja um treinador tão vítima quanto ela torcida.

Uma derrota diante do Botafogo pode criar o clima apropriado para mudanças. Renato disfarça com seu jeito brincalhão, que parece não pensar antes de falar, mas é visível sua insatisfação.

Ele já deu inúmeros recados. Falou de cascudos, cascudinhos e tudo o mais só para dizer que o time precisa de qualidade. Deu força para o grupo que tem, tentou dar moral para quem não tem grande futebol.

Se Renato está aborrecido, com a direção não é diferente. O constrangimento é geral. A cada diz mais me convenço que Renato vive um processo de fritura desde janeiro.

Na entrevista forte que deu hoje, AVM disse que tolerava as manifestações de Renato por considerar o treinador um sujeito bom caráter, que não fala determinadas coisas por mal. Mas deixou a escapar que às vezes tem vontade de rir do que Renato diz.

Será que Renato vai rir quando souber que é capaz de provocar esse tipo de reação de seus comandantes?

Não sei, mas AVM, até hoje sempre tão sereno e tolerante, parecia mais um boneco de ventríloquo.

Parecia a voz do dono.

Faria melhor se dedicasse o tempo gasto na entrevista para buscar os atacantes que sonegou a Renato, ao Grêmio e à torcida desde a saída do goleador da equipe, Jonas.

Tempo para isso ele e seus companheiros tiveram mais do que o necessário.

Talvez estivessem mais preocupados em rir.

SAIDEIRA

Cavenaghi foi digno. Foi à direção e pediu para sair, já que não está sendo aproveitado. Fosse outro, como muitos, ficaria ali, acomodado, só passando no caixa no final do mês. Mas Cavenaghi não é como a maioria.

O ato do argentino me lembrou aqueles ministros japoneses que se matam quando flagrados em falcatrua.

Aqui, os ministros quando descobertos com a mão na botija fazem cara de ofendidos e fica tudo por isso mesmo. Deixam a coisa esfriar e logo estão de volta lépidos e faceiros, e cada vez mais habilidosos para tomar o dinheiro público.