Como Julinho, Loss merece uma chance

Por que não Osmar Loss? O Grêmio não está apostando num iniciante (em equipe profissional de clube grande)?

Então, cabe ao Inter continuar seguindo os passos do Grêmio, como a criança conduzida pelas mãos do pai.

No programa Cadeira Cativa, na Ulbra TV, ontem, eu defendi a efetivação do interino Loss como titular depois que ele conseguiu virar o jogo em Floripa. O Inter perdia por 1 a 0, ele colocou Andrezinho, que em seguida empatou. Final: 3 a 1 para o Inter.

O que mais se pode exigir de um treinador? E por que Loss conseguiu o que Julinho Camargo, mais experiente, não soube fazer na véspera contra o Figueirense? Simples, material humano.

O time do Inter é superior ao do Grêmio, um pouco superior, mas é. Loss no lugar de Julinho também ficaria no 0 a 0, ou não?

Eu sou contra pagar salário milionário pra técnico de futebol, e também para jogadores, claro, mas principalmente para esses entregadores de camisa.

Se de fato a preferência colorada é Cuca, é melhor apostar em Loss. Cuca a gente sabe até onde ele vai. Loss é uma incógnita, mas custa menos. Se bem que os cartolas normalmente gostam de pagar caro pelos treinadores.

Fosse eu dirigente colorado, ficaria mesmo com Loss, seguindo de novo os passos do Grêmio.

Nem que seja para manter a rotina.

SAIDEIRA

Victor é titular e Marcelo Grohe reserva. Cresça e apareça. Marcelo me surpreendeu. Não gostava dele. Mas evoluiu e hoje é um grande goleiro. Goleiro é uma posição complicada. Quando se pensa que está seguro, ele vacila.

Goleiro precisa de tempo, como uma boa picanha no espeto.

Goleiro é a única posição no futebol em que tempo de serviço vem em primeiro lugar.

Victor tem excelentes serviços prestados. Vacilou algumas vezes, mas sempre voltou a corresponder. Salvou o Grêmio dezenas de vezes.

Essa polêmica só serve para preencher espaço na mídia e para satisfazer colorados ansiosos em defenestrar mais um ídolo gremista.

GORJETA

Alguém sabe onde foi parar o promissor Bergson? E por que ele foi mandado para longe?

O triste futebol do Grêmio

O Grêmio já não me irrita, não me decepciona, não me revolta.

É triste dizer isso, mas o Grêmio me entristece. Apenas isso, me entristece.

O Grêmio me entristece porque já não tenho esperança sequer de conquistar uma vaga para a Libertadores de 2012.

O Grêmio me entristece porque li que o dirigente remunerado contratado há poucos dias concluiu que o grupo é bom e que não precisa de reforços.

O Grêmio me entristece quando vejo o presidente Odone dizendo que o time mostrou evolução contra o modesto time do Figueirense, que teve 11 escanteios a favor contra dois do tricolor. E me entristece ainda mais quando o sr. Antônio Vicente Martins ousa dizer que o clube está disputando o título brasileiro.

Quando terminou o jogo contra o Figueirense me senti como o goleiro Marcelo Grohe, de novo o melhor do time: aliviado. Grohe passou o tempo todo fazendo cera nas reposições, principalmente no final. 

Grohe que salvou o time no último minuto após pênalti idiota cometido pelo experiente Gilberto Silva.

Do outro lado, o goleiro Wilson, que salvo engano fez apenas uma grande defesa, num chute de Douglas ainda no primeiro tempo.

No segundo, o Grêmio quase não entrou na área do adversário. Seu melhor lance ofensivo foi quando Mário Fernandes, de ótima atuação, se projetou e chutou desviado.

Pouco para um time que apresentou ‘evolução’.

Vulnerável na defesa, confuso e descordenado no meio campo e inexistente no ataque. Este o Grêmio que vibrou com o ZERO contra o Figueirense. Este o Grêmio de toda a temporada.

O Grêmio não tem lateral-esquerdo realmente eficiente (nem Lúcio); não tem um meia pela esquerda que realmente satisfaça (Escudero, repito o que escrevi, se falasse português estaria disputando posição no Avaí); e na frente André Lima é muito dependente de um companheiro criativo. Nem Miralles nem Leandro estão conseguindo ser esse jogador.

Vejo que André Lima e Douglas são órfãos de um Jonas, um atacante de boa técnica, criativo e alguma lucidez e inteligência pra jogar. Douglas sofre com isso. Falta parceria. Por isso ele decaiu tanto, a ponto de eu, seu admirador, pedir a sua cabeça.

Por fim, o treinador. Julinho Camargo não responsabilidade alguma pelo fraco  futebol da equipe. Agora, acho que ele foi conservador e nada criativo em suas substituições. Trocou seis por meia dúzia.

Saiu Escudero, entrou Lúcio; saiu Leandro, entrou Miralles; saiu Douglas, entrou Marquinhos.

Ele poderia ter ousado mais Mas não o critico, porque é um técnico em regime probatório. Ele sabia que só não poderia perder para o Figueirense. Julinho precisa de tempo. Para isso, contou com a ajuda de Marcelo Grohe, que salvou o time, o técnico e a direção no final.

Julinho talvez ainda não tenha consciência plena, mas ele precisa mais do que de tempo. Precisa de time.

Renato no ano passado fez milagre (tinha Jonas). Julinho também precisará ser milagroso, mas sem um Jonas (e outros jogadores, claro) fica mais difícil.

É triste.

Gre-Nal pra ver quem faz pior

Está em disputa um Gre-Nal inédito no futebol gaúcho: qual a pior direção?

Os dirigentes da dupla parece que se esforçam para cometer desatinos. Uma direção tenta superar a outra.

O Inter, apesar de tudo, já garantiu um título no ano. O Grêmio vai terminar sapateiro. Poderíamos instituir o “Título Zero” para outorgar ao tricolor.

Os dois clubes nunca tiveram tanta coisa em comum.

Vejamos os dois presidentes:

Odone teve de aceitar um treinador que não queria.

Luigi teve de aceitar um treinador que não queria.

Na primeira oportunidade, se livraram de Renato e de Falcão.

O problema é que não era o melhor momento.

Renato ainda estava com moral diante da torcida, que esperava para ver o que ele faria tendo Gilberto Silva, Miralles e André Lima à disposição. Por isso, sua saída causou comoção e revolta.

Falcão, que assumiu com a promessa de que receberia reforços, foi demitido quando já havia superado um momento crítico e contava com o apoio de maior parte da torcida, e ainda por cima após um jogo em que não teve dois ou três titulares importantes. A torcida colorada considerou sua demissão injusta. Por isso, a revolta, a comoção colorada.

O Grêmio acenou com Cuca. O Inter acena com Cuca. Índice de rejeição absurdo nos dois casos.

O que fez o Grêmio? contratou um técnico com índice de rejeição zero, um profissional correto e que há muito esperava uma grande chance. Comovida, a torcida gremista aceitou, até porque as alternativas escorregadas pela direção para a mídia eram assustadoras. Tática do bode na sala.

O Inter imita o Grêmio. Mais uma vez, diga-se. Colocou o bode, digo, o Cuca na sala. Agora, está liberada para trazer quem quiser, menos o Roth, claro.

Então, não duvido que também aposte num treinador ainda sem máculas, mas também ainda não devidamente testado, como Julinho Camargo.

Diante do que está sendo colocado pelos cartolas dos dois clubes, prevejo um segundo semestre pleno de profundas – e amargas – emoções para gremistas e colorados.

Vamos ver quem vence esse triste Gre-Nal marcado pelo despreparo, arrogância e total ausência de planejamento. 

SAIDEIRA

Novo vice de futebol colorado assume dizendo que Inter pode disputar a Copa Audi ainda sem um técnico titular.

Novo diretor remunerado do Grêmio diz que se ele fosse dirigente do Fluminense também não liberaria Marquinho, por que o considera muito bom jogador.

E assim vai a dupla…

Moedor de ídolos

O Beira-Rio é um gigante. Um moedor gigante de ídolos. Primeiro, Dunga, que até acionou o Inter na Justiça. Agora, o Falcão. Ah, também Carpegianni foi fritado em uma meteórica passagem como técnico colorado.

Quem não leu o meu tópico anterior, escrito após os 3 a 0 do SP, eu repito:

“No vexame anterior, derrota por 1 a 0 para o Ceará também no Beira-Rio, Falcão balançou. Agora, três derrotas seguidas, culminando com essa goleada, projeto que Falcão entra na categoria de técnico ‘prestigiado’, ou seja, basta um sopro para ele ser demitido”.

Pois é, o sopro aconteceu. E foi tão forte que arrastou o ex-poderoso Siegman. Quem frequenta o boteco vai lembrar o que escrevi quando Siegman foi efetivado como comandando do futebol colorado. Eu escrevi que era um erro.

Quando Falcão foi contratado, afirmei que era outro erro, um erro ainda maior. E o responsável por esse erro? Siegman, que contrariou o próprio presidente Giovani Luigi. 

Luigi toma as rédeas do clube, em especial do vestiário. Quem imaginou que ele seria um presidente manipulável, um frouxo, se quebrou. Não sei se ele está certo em promover essa mudança, mas está mostrando firmeza e convicção de que o trabalho de Falcão levaria no máximo a uma vaga à copa sul-americana.

Mas há comentários no sentido de que Luigi é apenas um instrumento de Fernando Carvalho, com forte presença do empresário Sonda, dono de alguns jovens da base colorada e investidor festejado no Beira-Rio.

Mas nada está tão ruim que não possa ser piorado. E até nisso o Inter imita o Grêmio. Primeiro, contratou um ídolo afastado dos campos há quase duas décadas para seguir o exemplo de Renato no Gremio. Não satisfeito, duas semanas depois da demissão de Renato, faz o mesmo com o seu ídolo.

Para fechar o ciclo: o Inter agora vai investir também em um ‘novato’, com perfil semelhante ao de Julinho Camargo?

Ou vai apostar mesmo em Cuca, conforme boatos que circulam na internet?

Se vier Cuca, faço outra previsão: o Inter vai brigar pra não cair.

Já o Grêmio, em breve, não mais do que seis semanas, estará de novo em busca de um treinador.

Torço por Julinho, como já escrevi aqui, mas não vejo nele condições de se manter no cargo por muito tempo. Até porque o time montado pela direção gremista não ajuda.

Domingo de vexames e a minha paranóia

Sempre que um jogador bate pênalti chutando por cima, muito alto, quase colocando a bola pra fora do estádio, não consigo deixar de pensar que foi de propósito, por querer, nunca por ruindade e/ou nervosismo.

Foi assim quando Roger, o da Débora Secco, mandou a bola nas nuvens em seu tempo de Corinthians. Foi negociado em seguida.

Tive o mesmo pensamento quando Borges cobrou pênalti contra o Inter e mandou a bola na última fileira da arquibancada superior. É outro que logo foi afastado do clube.

É coisa de paranóico, eu sei, mas é mais forte do que eu.

Agora, como evitar esse pensamento obscuro quando dois jogadores da seleção de futebol mais festejada do planeta cobram pênaltis lá no ‘quinta andar’ como diziam os narradores de antigamente?

Hoje, o Brasil se superou: quatro cobranças, três para fora e uma com defesa do goleiro, aliás, que baita goleiro esse do Paraguai.

Houve quem culpasse o gramado, o mesmo gramado em que estavam os jogadores paraguaios, com a diferença que estes foram mais felizes nas cobranças. Resultado: Brasil eliminado da Copa América, seguindo o caminho da Argentina, a anfitriã.

Pode ser mesmo pura paranóia, mas que é estranho é estranho.

Agora, por que cobrar pênaltis para fora de propósito? Para prejudicar o Mano? Ou apenas para voltar mais cedo pra casa? Por que as duas seleções mais fortes foram eliminadas tão prematuramente, e ao mesmo tempo?

Confesso que não tenho a resposta. Deve ser nóia mesmo. Tudo bem, posso conviver com esse distúrbio.

MANO

A eliminação brasileira foi um crime. O Brasil foi muito superior ao Paraguai, que se limitou a marcar e a bater. Só o Brasil parecia interessado em jogar futebol, buscando o gol a todo instante. Foram muitas as situações de gol e as oportunidades desperdiçadas.

Fica difícil falar em imperícia dos atacantes. Prefiro enaltecer o goleiro paraguaio Justo Villar. Ele fez defesas fantásticas. Entre elas, uma em que Pato dominou e concluiu de cima, à queima roupa. Villar salvou com as pernas.

Não gosto do Mano Menezes. Mas ele fez a sua parte. Armou bem o time na defesa e o seu ataque criou bastante, apesar da forte retranca do adversário.

Foi a melhor atuação do Brasil na Copa América. Era jogo para vencer ao natural pelo que fez a Seleção e pelo que deixou de fazer o Paraguai, que abusou das faltas sob o olhar conivente do juiz.

No final, Brasil e Argentina morrem abraçados. Um vexame.

INTER

Por falar em vexame, o Inter caiu por 3 a 0 no Beira-Rio. O São Paulo manteve uma disputa equilibrada com o Inter. O resultado até é dilatado demais pelo que aconteceu, mas o Inter nunca conseguiu se impor. O SP, assim, bateu nos nossos dois representantes.

No vexame anterior, derrota por 1 a 0 para o Ceará também no Beira-Rio, Falcão balançou.

Agora, três derrotas seguidas, culminando com essa goleada, projeto que Falcão entra na categoria de técnico ‘prestigiado’, ou seja, basta um sopro para ele ser demitido.

Julinho e Renato: comparações desnecessárias

O pior período para trabalhar na imprensa esportiva (leia-se futebolística) é quando não há jogos da dupla Gre-Nal no meio da semana. Ainda bem que pelo menos um deles joga amanhã, e ainda tem a seleçao hoje.

O pessoal nas redações vai à luta por matérias que preencham espaços na programação de rádio e Tv, nos jornais, na internet. Os colunistas, então, ficam quase desesperados. É um tal de estender assuntos, o que vulgarmente chamamos de encher linguiça.

Todo mundo fica mais criativo, e mais apelativo por vezes.

É o momento de ir atrás de notícias. Se não encontrar, que se esquente e ou se valorize algo que num período normal não mereceria mais que uma nota de rodapé.

É aí que pode aparecer um time do interior, um torneio de juniores ou juvenis, alguma rasgação de seda, uma puxação de saco. Qualquer coisa é válida para preencher aquela página em branco diante do editor.

– Ó, amanhã tem uma página e meia de Grêmio – diz o chefe.

– Bah, não pode ser meia página? Tamos mal de matéria, nem treino tem hoje… – retruca o setorista.

– E a criatividade, e a criatividade? – encerra o chefe.

Lá vão os repórteres. É aí que podem surgir notícias de contratações tiradas da cartola; investigação sobre questões administrativas e financeiras, como boatos sobre atraso salarial, folha de pagamento inchada. É hora de ouvir pessoas da oposição, ampliar a questão da Arena, da reforma do Beira-Rio.

Não fosse o jogo do Inter nesta quinta a situação seria ainda mais terrível. Pelo menos um da dupla joga durante a semana.

É um momento propício a todo tipo de onda. O leitor acha que o repórter está levantando determinado assunto mais cabeludo por ser gremista ou colorado; ou que está enchendo a bola de determinado profissional também por ser gremista ou colorado. Nada disso. É falta de assunto mesmo. Os espaços precisam ser preenchidos.

É nesses períodos que muitas vezes aparecem as melhores reportagens, com os repórteres sendo obrigados a sair do ciclo jogos domingo-quartas-domingos, que inclui comentários antes, durante e depois de cada jogo. Com isso, resta pouco tempo para ir atrás de novas informações.

Tudo isso para escrever sobre o que está acontecendo nesta semana. Prestem atenção. Tem cada matéria forçada!

De repente, por exemplo, a gente percebe que Julinho Camargo é o melhor técnico do planeta. Um gênio que muda o jogo no intervalo (curioso, já li isso sobre tantos técnicos que depois evaporaram). Sem ele, Falcão não é ninguém, é um enganador. E como o Grêmio sobreviveu sem Julinho? O cara é um estrategista, uma inteligência superior a serviço do futebol.

Como é que ninguém da crônica esportiva havia se dado conta disso antes de ele ter seu nome anunciado pelos doutos do futebol gremista como sucessor de Renato?

É um mistério. Será que somos tão incompetentes? Como é que a gente não percebeu tamanho talento aqui tão perto?

 Agora, o que me deixa indignado é que na ânsia de exaltar Julinho, alguns jornalistas estão denegrindo e diminuindo o trabalho de Renato.

Julinho pode ser destacado, mas por que atingir Renato? Por que a comparação?

Na coluna do Zini, na ZH, um tópico me deixou indignado. Nele, o colunista escreve que a direção gremista já notou que Julinho trabalha mais forte que Renato. E “ainda tem método de trabalho bem definido”.

Ora, que eu saiba ninguém trabalha mais forte que o Celso Roth, também um técnico com “método de trabalho bem definido”.

É engraçado que esse tipo de comentário não tenha surgido quando Renato tirou o Grêmio do grupo do rebaixamento e o levou ao topo no Brasileirão passado.

Será que ele trabalhava mais e tinha mais método de trabalho?

Julinho merece todo o apoio, é um sujeito que trabalhou muito para receber essa oportunidade, mas não é justo que queiram diminuir o trabalho de Renato como técnico do Grêmio só para enaltecer seu substituto. Renato não merece e Julinho não precisa disso.

SAIDEIRA

Recebo informação do botequeiro Felipe Neri sobre grave denúncia publicada pelo Wianey. confira:

http://wp.clicrbs.com.br/wianeycarlet/2011/07/11/odone-e-a-torcida-em-rota-de-colisao/?topo=13,1,1,,,2

Grêmio sai do sufoco

O placar de 2 a 0 esteve presente nos jogos da dupla Gre-Nal neste final de semana. No sábado, o Inter foi batido por 2 a 0 pelo Vasco, interrompendo sua séria de vitórias; ontem, o Grêmio alcançou o que precisava: vencer para poder respirar, sair do sufoco e dar tempo para Julinho Camargo trabalhar e acertar o time.

A vitória foi fundamental, mas ignorar o modo como ela aconteceu é um erro que pode custar caro mais adiante. O Coritiba foi superior no primeiro tempo e merecia ter feito ao menos um gol. Um gol que não aconteceu por causa de Marcelo Grohe, que teve uma tarde do nível das melhores atuações do titular Victor.

Marcelo Grohe era o único obstáculo de Marcos Aurélio que correu livre leve e solto desde o meio de campo, após falha grosseira de Neuton (jogador que admiro muito). A torcida emudeceu. Um gol naquele momento seria uma calamidade. Mas Marcelo fez uma defesa salvadora, sinalizando que ali atrás era com ele, e que bastava o ataque fazer a sua parte, ou seja, atacar.

Penso que ali o time começou a ter vergonha na cara para jogar com ímpeto, mais bravura e mais emoção. No intervalo, Julinho corrigiu o posicionamento do time, que ficou mais firme atrás e passou a acertar mais os passes no meio e os lances ofensivos, com Douglas mais preciso e Douglas mais arisco, infernizando a zaga.

Escudero, que a mim não agrada porque parece acionar uma usina nuclear para acertar uma jogada, até que foi bem. Foi dele, aliás, o chute que resultou na única defesa difícil do goleiro do Coritiba, um chute rasteiro no canto direito, após jogada de Leandro.

Gilberto Silva, que fazia sua estreia perante a torcida, deu mais tranquilidade ao time. E foi além disso.

No futebol, as vitórias acontecem por caminhos estranhos, tortuosos, imprevisíveis. O primeiro gol é uma prova disso.

O zagueiro pela direita, Mário Fernandes, pegou um rebote pela ponta esquerda de ataque, e cruzou com a precisão que faltou aos jogadores mais habituados a isso, um cruzamento forte, saindo da zaga e indo ao encontro dos jogadores que atacavam. Um cruzamento perfeito, a la Valdomiro Vaz Franco. E quem apareceu? Gilberto Silva, um volante de contenção.

Tenho a impressão que foi o primeiro gol que vi Gilberto Silva marcar em sua carreira (é claro que ele marcou outros, mas poucos, sem dúvida).

Então, um gol inusitado, quase mágico, para furar o bloqueio do Coritiba.

Depois, quando o time paranaense ameaçava o empate, André Lima, de atuação ruim (justificável pela longa parada), teve categoria para receber a bola rolada por Leandro e que Douglas deixou passar, enganando a marcação, e colocar no canto.

Sobre Douglas: ele esteve mais interessado. Como todo o time, cresceu no segundo tempo. O ideal seria encontrar um esquema que não fosse tão refém de um jogador como ele.

Os melhores: Marcelo Grohe, Leandro e depois Gilberto Silva.

Resumindo: o Grêmio foi mal no primeiro tempo, muito mal. Ouvi os torcedores preocupados no intervalo falando nas emissoras de rádio. No segundo, e aí crédito para Julinho, que estreava diante da torcida, o time melhorou, mas deixou claro que precisa evoluir muito para ambicionar uma vaga na Libertadores. Se melhorar mais um pouquinho, afasta a ameaça do rebaixamento, mas precisa melhorar esse pouquinho. Título eu descarto completamente. Aí, só milagre.

O mesmo vale para o Inter. Não vejo futebol nos dois clubes para brigar pelo título, até porque o Corinthians está disparando e não dá sinal de que irá cair.

O polêmico dirigente remunerado e a 1983 na série 'Gre-Nal é Gre-Nal'

O Grêmio empilha gente para trabalhar no futebol. Agora, além de Antônio Vicente Martins e seus dois diretores, mais Alexandre Faria, que será o único remunerado.

Em sua última gestão, o presidente Paulo Odone contratou para essa função o Mário Sérgio…

Alexandre vem de dois trabalhos, digamos, polêmicos. No Atlético Mineiro e no Fluminense. Em ambos os resultados não foram dos melhores. Só por esse aspecto fica difícil entender a sua contratação.

Ele assumiu no Atlético no ano do centenário do clube, em 2008, dia 20 de maio. Foi apresentado junto do técnico Gallo, o que podemos considerar que atenua sua responsabilidade pelo fracasso que se seguiria. A não ser que ele tenha indicado o técnico, o que, neste caso, aumenta sua responsabilidade.

Curiosidade: trabalhava no Atlético como auxiliar o Marcelo Oliveira, hoje vice-campeão da Copa do Brasil pelo Coritiba, e que estará no Olímpico neste domingo.

Recordar é viver: Marcelo Oliveira é o nome que sugeri no meu twitter para o lugar de Renato Portaluppi.

Cinco meses depois, no dia 20 de outubro, a imprensa mineira anunciou:

“O Atlético-MG demitiu nesta segunda-feira o diretor de futebol Alexandre Faria e o gerente das categorias de base Felipe Ximenes. A decisão foi tomada por Afonso Paulino, ex-presidente do clube, que, apesar de ser conselheiro, está assumindo poderes no departamento de futebol. Paulino alegou que Alexandre Faria também atua como empresário de jogadores e que, portanto, não teria a idoneidade necessária para comandar o futebol alvinegro”.

– Não estamos falando em momento algum que ele tenha cometido, com a venda ou compra de jogadores, alguma irregularidade. O que nós entendemos é que um agente de futebol não pode ser diretor de futebol – disse Afonso Paulino, que criticou também o trabalho na base, o que resultou na demissão de Felipe Ximenes, o mesmo que o Grêmio tentou contratar.

Em entrevista à Rádio Itatiaia, reproduzida pela Gazeta Press, Alexandre Faria rebateu:

– Obviamente que uma pessoa ser agente de jogador e diretor de futebol é algo absolutamente inconcebível. Então, é mais uma acusação falsa que ele faz, que ele vai ter que provar que eu sou agente, pois eu não sou.

É preciso destacar que o Atlético Mineiro vivia um momento complicado, em campo e fora dele. Estava sem presidente. E havia uma eleição marcada para pouco mais de uma semana.

No Fluminense, o trabalho de Alexandre Faria também deixou a desejar. O time escapou por pouco do rebaixamento. Ele foi contratado em dezembro de 2008, antes de Parreira. O time começou muito mal no Brasileiro. Parreira caiu e entrou … Renato Portaluppi, que não conseguiu reerguer o time na competição. Alexandre caiu dia 2 de agosto de 2009. Renato  um mês depois, com o Fluminense na lanterna.

Nos quase oito meses de Alexandre Faria como coordenador de futebol, o Fluminense conquistou 15 vitórias, 12 empates e teve 15 derrotas.

Ao deixar o clube, Alexandre deixou uma carta aos torcedores. Destaco uma frase:

–  Na vida, trabalhamos para obter resultados. No futebol, precisamos de resultados imediatos para poder trabalhar.

COLETIVA

Na coletiva de hoje no Olímpico, em sua apresentação à imprensa, Alexandre Faria tratou de não revolver o passado. Ao ser perguntado sobre as acusações de ‘picaretagem’ no Atlético Mineiro, ele deu uma volta, e ficou por isso mesmo. Eu esperava que ele refutasse com veemência. Mas ele preferiu um discurso mais ameno, algo como ‘dizer não dizendo’.

Então, estamos assim: uma aposta num treinador inexperiente em time profissional de ponta e uma aposta num diretor remunerado com um currículo recente ruim, sem os tais “resultados imediatos” tão necessários para seguir trabalhando.

Será que ele pensa que aqui não precisará de resultados imediatos? Aqui, os resultados são pra ontem.

PREVISÃO

Ouvi um comentarista esportivo dos mais conceituados afirmar que o jogo contra o Coritiba é fácil, coisa para fazer 5 a 0. Só pode ser para colocar pilhar no adversário.

O Coritiba por detalhes não foi campeão da Copa do Brasil. Ficou 20 e tantos jogos invicto. Tem um time entrosado, muito diferente do Grêmio, onde a maior parte dos jogadores está se conhecendo agora, na metade da temporada. Prevejo jogo muito difícil. Na verdade, se o Grêmio conseguir um empate estará de bom tamanho, apesar da necessidade urgente de recomeçar a vencer.

SERIADO NA RBS

É neste sábado, depois do Jornal do Almoço, a estreia da série Gre-Nal é Gre-Nal. A cerveja 1983 estará nas mesas do bar onde se desenrola o primeiro episódio. A gravação foi no Konka. O botecodoilgo tava fechado na hora, ehehe.

As sombras da zona de rebaixamento

O Grêmio até que jogou bem. Levou 2 a 0 do Cruzeiro, um resultado normal e aceitável, em outras circunstâncias.

O que me assusta é que o Grêmio jogou bem e mesmo assim perdeu. Teve mais escanteios, mais posse de bola, ficou boa parte do jogo no campo do adversário, mas não fez o essencial: o gol.

O Cruzeiro foi mais objetivo. Uma objetividade que o Grêmio teve com Renato Portaluppi no Brasileirão passado, e que raramente repetiu nesta temporada, com o mesmo treinador.

Além de um toque de bola pouco produtivo, o Grêmio teve contra si dois chutes de muita felicidade do argentino Montillo, que assumiu a artilharia do campeonato. Montillo, dois chutes, dois gols.

Quando essas coisas acontecem fico assustado, quando tudo dá certo para o adversário… Já vi esse filme, seguidamente demais para o meu gosto. Percebo as sombras da zona de rebaixamento se aproximando do Olímpico.

É evidente que o time mostrou melhor posicionamento em campo. Pareceu mais organizado, embora o meio-campo tivesse jogado junto pela primeira fez. Mas isso atribuo ao experiente Gilberto Silva, que formou boa dupla com Fábio Rochemback, apesar do desentrosamento natural.

Marquinhos também teve boa movimentação, mas sem encontrar seu melhor espaço no campo ofensivo. Já Escudero explicou por que Renato o escalou poucas vezes. Falasse português, estaria jogando no Cerâmica.

Na frente, Leandro foi o grande destaque. André Lima ainda está fora de sua melhor condição, falta de ritmo. Mas não vai jogar muito mais do que jogou contra o Cruzeiro.

Se o Grêmio tivesse vencido, os oportunistas de plantão diriam que foi graças ao Julinho Camargo. Assim como não teve responsabilidade na derrota, Julinho não teria mérito maior em caso de vitória.

Se Renato tivesse continuado, contando então com Gilberto Silva para colocar ordem na casa, duvido que conseguisse resultado melhor. Até porque do outro lado estaria Montillo em noite iluminada.

Então, é preciso esperar pra ver se Julinho Camargo conseguirá armar um time mais equilibrado e mais agudo no ataque. Se eu já era cético antes do jogo desta noite, mais agora ao ver que o único atacante realmente de qualidade da equipe é um guri de 18 anos.

GANGORRA

Enquanto o Grêmio patina em campo e afunda no campeonato, o Inter consegue sua terceira vitória seguida no campeonato. Sofreu para vencer o lanterna, mas venceu, e isso é o que importa. De nada vale jogar bem, ser superior ao adversário em boa parte de um jogo, se o resultado não aparece no placar.

O Inter teve ao menos esse mérito. Somou mais três pontos e agora está na ponta de cima da tabela. Oscar, que Falcão um diz relegou a um segundo plano, voltou da seleção para salvar o time.

O sucesso do Inter agrava ainda mais a situação do Grêmio. Afinal, a gangorra Gre-Nal é permanente, e eterna.

Já o Atlético Paranaense justificou porque é lanterna. Renato terá muito trabalho para recuperar o time.

Se conseguir, vou gostar de ouvir e ler seus críticos, esses que se uniram e deram respaldo para que Paulo Odone provocasse seu pedido de demissão às vésperas de contar com alguns reforços.

VOLVER

Se o presente é este, amargo e cruel, e o futuro aponta para dias mais cinzentos que o céu depois da erupção do vulcão chileno, nada como um recuo no tempo.

A realidade me obriga a voltar ao passado. Recebi hoje um e-mail com o link para algo que eu, traído pela memória, julgava ser obra de ficção, mas não, o lance realmente existiu.

Renato cruza, Jardel marca. Depois, Jardel ainda faz outro gol, um golaço. Ele mesmo admitiu posteriormente que tentou cruzar e a bola foi lá junto de onde a coruja dormia no tempo em que ainda era traquilo ir aos estádios de futebol.

Confiram. Ah, impróprio para colorados ranzinzas e invejosos.
http://globoesporte.globo.com/videos/bau-do-esporte/v/bau/1549591/