Sul-Minas-Rio: a Liga do bem

A criação da Liga Sul-Minas-Rio está incomodando muita gente.

Os presidentes das federações regionais estão agarrados a seus feudos. Estão com medo de perder força, perder poder.

Ninguém abre mão do poder sem espernear. Há vários exemplos em andamento e não só no futebol.

A CBF, num primeiro momento, não tem nada a perder. Mas parece estar ganhando tempo, porque a iniciativa mexe com interesses diversos.

O fato é que a competição tem respaldo da Lei Pelé.

O polêmico Alexandre Kalil é o presidente da Liga, que teve entre seus idealizadores e incentivadores principais o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, que entrou de cabeça nesse projeto talvez até como resposta ao tratamento que o Grêmio tem recebido da Federação Gaúcha de Futebol através de seu presidente, Francisco Noveletto ‘Primeiro e Único’.

Kalil nega que a intenção da Liga seja confrontar as arcaicas entidades que comandam o futebol brasileiro. “A CBF é milionária, a Liga só vai alterar a vida de quem mama. A CBF não mama nos clubes”, brincou.

– Ninguém quer matar ninguém. O que não aceito é um presidente de Federação bater no peito e dizer que não vai acontecer. É uma questão de sobrevivência, a gente não quer tomar nada de ninguém”, completou o ex-presidente do Atlético Mineiro em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo desta terça-feira, dia 6.

Segundo Kalil, a “CBF não tem estrutura organizacional e comercial para isso (fazer a liga). Ela não tem tempo nem cabeça. Ela precisa comercializar a Seleção e as coisas dela. Temos que cuidar de nós, é um movimento consequente do aperto em que os clubes estão. Alguém achou que a Copa do Mundo ia salvar o futebol. Não foi uma Copa, foi uma tragédia. Tem um monte de estádio construído (com pouco uso) e ninguém tá preso”.

Aplaudo a criação da Liga. Vejo nela o embrião de uma revolução no futebol brasileiro.

Posso estar sendo otimista demais, até porque tem o exemplo do Clube dos 13, que acabou falindo porque não havia essa união que parece existir agora, e que é enfatizada com entusiasmo por Kalil. “Eu nunca vi tanta união entre os clubes. Além de ser muito progressista, o movimento é, antes de tudo, generoso. Sabemos que um clube é maior do que o outro, mas ninguém está lá para engolir ninguém. O que a gente tem que pensar é ‘o que aconteceu nos últimos anos para tamanho atraso do futebol brasileiro?”, questionou.

Na base desse movimento legítimo de libertação, estão, claro, as milionárias e desproporcionais cotas de TV pagas a Corinthians e Flamengo em relação aos demais clubes.

A nova competição está prevista para 2017.

Aqui entre nós, não sei se essa proposta dos clubes de Rio, MG, RS, PR e SC resiste a um eventual equilíbrio maior nas cotas que possa ser proposto pela rede detentora dos direitos de transmissão para neutralizar essa ação revolucionária.

Seria uma pena!

 

Grêmio joga mal, mas arranca empate fora

Foi uma das mais pobres atuações do Grêmio neste ano. Mesmo assim, arrancou um empate por 0 a 0 diante do Cruzeiro, que melhorou como equipe sob o comando de Mano Menezes.

Então, se num jogo em que praticamente não levou perigo ao goleiro Fábio, e se levasse ele defenderia, simplesmente porque ele sempre defende tudo quando enfrenta o Grêmio, ainda assim conseguiu não perder, é um feito. ‘Sirvam novas façanhas de modelo…’

A verdade dura e honesta é que o Grêmio mereceu perder. Jogou mal. A defesa vazou, o meio-campo nada criou e o ataque morreu à míngua.

Como explicar uma atuação tão deprimente? Penso que não há um motivo apenas. Começo por considerar que o time está de ressaca pela eliminação na Copa do Brasil; passo pelo desgaste físico e emocional; e chego ao ponto que todos nós antecipamos já faz tempo: o Grêmio tem um time titular muito forte e competitivo, mas não tem um banco capaz de suprir à altura titulares em várias posições. Na maioria delas.

Chegou a hora de pagar essa conta. 

Comecemos pelo goleiro. Os reservas até dão conta do recado, mas não são Marcelo Grohe. A diferença é pequena se considerarmos que um gol sofrido por vacilo do substituto é pouca coisa.

Lateral-direito: Gallardo, ele mesmo é contestado. Que é o reserva dele? Deixa assim.

Zagueiros: a dupla Geromel/Erazo é muito boa. Aliás, Geromel mostrou contra o Cruzeiro o quanto ele fez falta nos jogos recentes. Thyere e Bressan são zagueiros jovens, por enquanto apenas medianos. 

Lateral-esquerda: gosto de Marcelo Oliveira. É flagrante que ele está sentindo o peso de tantos jogos. Antes ele marcava e saía para o ataque com a mesma eficiência. Não mais. O reserva Hermes é bonzinho, mas apenas isso. Um time para ser campeão não pode ter muitos jogadores medianos e bonzinhos.

Meio-campo. Edinho tem se destacado. Ele mesmo cresceu, mas até na comparação com Wallace, que decaiu. É evidente a falta de Maicon. Mas será Maicon tudo isso? Não faz muito tinha gente querendo vê-lo fora do time. Bem ou mal, Maicon faz falta, dita o ritmo, mas só sua ausência não explica o que está acontecendo com o meio-campo.

Chegamos ao trio de criação: Giuliano é único que manteve um nível bom, mas ele não não consegue carregar Luan e Douglas, que disputam para ver quem está sendo mais ausente e ineficiente.

Ataque: Pedro Rocha, é lógico, sente falta de mais bolas enfiadas, jogadas que aproveitem sua velocidade.

Aí, entram os outros. Fernandinho entrou no começo do segundo tempo. Ele também decaiu muito nos últimos jogos. Neste, no Mineirão, ele foi de uma nulidade irritante. Um cone teria melhor rendimento.

Por falar em cone, Bobô entrou e teve uma conclusão boa, de média distância, que Fábio defendeu sem maior esforço. Depois, nada mais faz. Diferente de Fernandinho, recebeu poucas bolas. Mas as que recebeu em nada resultaram de positivo.

Diante disso, prevejo muita dificuldade nos jogos seguintes. A não ser que Roger Machado aproveite a folga e consiga, com o seu preparador físico, ajeitar o time para a reta final do Brasileirão. Ele há de conseguir, porque já mostrou ser muito competente. 

O objetivo continua sendo garantir presença no G-3. 

INTER

O Inter segue em sua escalada por uma vaga à Libertadores de 2016. Não é fácil, porque são vários candidatos.

Venceu o Sport de Falcão, que mereceu perder porque nada jogou. Torço pelo Falcão, que conheci como setorista do Inter na década de 70. Agora, não sei se esse jeito intelectualizado e sério dele funciona nos vestiários.

Houve um gol muito polêmico de Lisandro. O juiz validou, é o que importa. 

Agora, imagino que a torcida colorada nem se preocupe com o futuro do time agora. Afinal, ela não cansa de repetir que não comemora vaga.

Claro que é só da boca pra fora…

Ronaldinho: será mesmo que valeu a pena?

Não bastasse a eliminação da Copa do Brasil diante de um time inferior, é duro deparar em seguida com entrevista do sr. Assis Moreira, aliás figurinha fácil sempre que o mano famoso se encontra desempregado, e agora descendo a ladeira feito carrinho de rolimã sem freio.

O material publicado no clirbs (reprodução de entrevista à rádio Gaúcha) tem como destaque a seguinte frase do irmão/empresário/procurador/conselheiro/sócio:

‘Queria uma relação melhor com o nosso clube do coração’.

Sério, quase chorei. 

Transcrevo o que li por uma questão de preservação da minha saúde, não poderia conviver com essa declaração sem a compartilhar com os amigos – uma espécie de terapia.

Leiam, mas o façam perto de um vaso sanitário, porque a vontade que dá, na verdade, é de vomitar. E de chorar, sim, mas de raiva:

– Falar do Grêmio é sempre complicado porque todos sabem toda gratidão que nós temos e a importância que o clube tem na nossa vida. Não temos nenhum problema com o Grêmio. Naquele momento (no final de 2010 e início de 2011), algumas pessoas tomaram decisões e nós não ficamos. Não sei se isso um dia vai se solucionar, mas a gente tem a consciência tranquila de que fizemos tudo dentro da lei. Nunca fizemos nada que não fosse correto. Gostaria que essa relação com o Grêmio, que é o nosso clube do coração, fosse muito melhor. A gente paga o preço alto por ter tomado decisões – disse Assis.

Vou destrinchar rapidamente o texto acima, frase por frase:

Frase 1: ‘Falar do Grêmio é sempre complicado porque todos sabem toda gratidão que nós temos e a importância que o clube tem na nossa vida.’ 

Que o Grêmio foi importante na vida da família toda é inegável. Só quem demonstrou reconhecimento foi a própria família, que não vacilou em demonstrar toda sua ‘gratidão’ ao deixar clube pendurado num pincel.

Frase 2:  ‘Não temos nenhum problema com o Grêmio’.

Nem pode ter problema com o Grêmio. A família Assis Moreira só pode ser grata ao clube que sempre a amparou e apoiou. O Grêmio é que tem problema com a família AM.

Frase 3:  ‘Naquele momento (no final de 2010 e início de 2011), algumas pessoas tomaram decisões e nós não ficamos.’

Essa é uma história nebulosa. O fato é que houve um leilão. O sr Assis Moreira conduziu tudo ao seu jeito e atingiu seu objetivo. Penso que o Grêmio foi usado, e acabou tento mais sorte que juízo.

Frase 4:

‘ Não sei se isso um dia vai se solucionar, mas a gente tem a consciência tranquila de que fizemos tudo dentro da lei’.

 

Evidentemente que foi tudo dentro da lei – só considero que faltou ética e respeito ao clube que dizem amar -, tanto no episódio recente como naquele que realmente importa, o de 2001, que acompanhei muito de perto como repórter do Correio do Povo. Sobre ter a consciência tranquila, isso até o mais frio assassino tem. Aí é uma questão de psicopatia.Vejam esta definição: “Para os psicopatas as pessoas são coisas, objetos que servem para satisfazer seus interesses. 

Frase 5:

‘Nunca fizemos nada que não fosse correto’.

Obviamente, uma frase que não corresponde à realidade. Não existe quem NUNCA tenha feito tudo certo, o que me induz a supor que uma frase tão taxativa é antes de tudo uma defesa prévia, um escudo, uma muralha.

Frase 6:

‘Gostaria que essa relação com o Grêmio, que é o nosso clube do coração, fosse muito melhor’.

Sem dúvida. A família gostaria de poder frequentar à Arena em paz, sem medo de hostilidades. Como se fosse sua casa. Poder ir ao brique da Redenção, passear no Gasômetro, essas coisas simples da vida. A família gostaria de ser querida, acarinhada. O filho famoso sairia pelas ruas sem proteção, porque estaria sempre cercado de fãs, sorrindo um sorriso de verdade, aquele que ele tinha na infância e em seu período no Grêmio, o único em que ele realmente foi amado por uma torcida. Um amor que naquele momento o torcedor gremista acreditava ser mútuo. Sr. Assis Moreira, quem apanha não esquece. A atitude de 2001 nunca será esquecida pela imensa maioria da torcida gremista.

Frase 7:

‘A gente paga o preço alto por ter tomado decisões’.

Ainda bem que o líder da família AM está consciente ao menos disso. Todos nós colhemos o que plantamos.

Conclusão:

Deve ser muito triste ter fama e montanha de dinheiro, mas não contar com a simpatia -pelo contrário- de grande parte de sua aldeia justamente agora que os aplausos diminuem e a bola já não o trata com a veneração e o respeito de outros tempos. O futebol que era alegria, se tornou um fardo.

Faltou uma pergunta nessa entrevista com o sr Assis Moreira:

Será que valeu a pena colocar o dinheiro tão acima de outros valores?

 

Agora, foco total apenas no Brasileirão!

E assim vamos nós, acumulando frustrações.

O Inter caiu diante do Palmeiras. Foi valente, jogou muito mais do que se imaginava, mas caiu.

Na Arena, quase lotada, milhares de vozes não foram suficientes para manter o Grêmio na Copa do Brasil, a competição a ser vencida depois do fracasso no Gauchão do Noveletto.

Pior do que ser eliminado dentro de casa por um time inferior ao nosso é não ter a quem culpar.

O técnico Roger Machado armou o time da melhor maneira possível, inclusive iniciando com Pedro Rocha, apesar de pressões para começar com Bobô.

O time talvez tenha sentido o peso da responsabilidade de 14 anos sem título nacional. Começou muito mal, com passes errados em excesso, afobação, nervosismo.

O Grêmio teve mais posse de bola, mas não soube o que fazer com ela e, principalmente, como fazer com que ela chegasse à rede.

O Fluminense, claramente, jogou no erro do Grêmio. E na qualidade de Fred.

No comentário anterior, eu escrevi o seguinte:

“Fred não é mais aquele de outros carnavais, mas se a bola sobrar pra ele é gol. Todo cuidado é pouco”.

Fred é aquele centroavante aipim que todos querem, apesar de estar com seu prazo de validade quase vencido.

Foi uma bola só, um gol.

Cruzada da direita, a bola caiu entre Erazo e Thiere. Fred saltou e cabeceou sem chances para Grohe.

No segundo tempo, Bobô, que acabou entrando, teve umas três ou quatro chances em bolas pelo alto, mas ele é um aipim sem grife. Cada cabeceio seu é um refresco para a zaga adversária.

Ainda assim, foi dele o gol de empate, numa bola que aparou e bateu forte no canto direito, um golaço.

O gol deu um novo alento ao torcedor e também ao time. Mas o segundo gol não veio.

O Fluminense soube se defender desde o começo. Depois do gol, mais ainda. 

Sabe aquele golzinho perdido no jogo de ida? Pois é, ele fez falta.

O Grêmio caiu muito mais por suas limitações ofensivas do que por mérito do Fluminense, que, além de tudo, decidiu trocar de treinador há poucos dias e, de quebra, livrou-se de um peso morto às vésperas do jogo.

Decididamente, os deuses do futebol abandonaram o Grêmio nesses dois jogos.

Resta agora manter o time no G-3 do Campeonato Brasileiro. E, como é o que restou, torcer para que os mesmos deuses do futebol larguem de mão do Corinthians, que já tem proteção suficiente no futebol brasileiro.

Quem sabe, como diria Baltazar, Deus não está reservando algo melhor para nós? 

Milagres acontecem, até no futebol!

INTER

O Inter foi valente. Foi guerreiro como tem sido o Grêmio. Por pouco não conseguiu eliminar o Palmeiras depois de estar perdendo por 2 a 0. Chegou ao empate e logo em seguida levou o terceiro gol.

Mérito do técnico Argel, que ganhou uma sobrevida no Inter. 

Roger faz mistério para enfrentar o Flu

Depois de um treino secreto para o jogo desta quarta contra o Fluminense, o técnico Roger, como normalmente acontece em suas entrevistas, foi muito feliz  ao comentar a saída de Ronaldinho do clube carioca.

– Ele não é mais fato do jogo.

Uma frase curta, direta e definitiva. Ronaldinho não interessa. Não faz parte do jogo e, ao que tudo indica, não é mais fato do futebol.

Fatos do futebol são jovens como Luan e Wallace, convocados para dois amistosos da seleção sub-23. É o técnico Dunga, que anda batendo boca com seu ex-amigo Romário, desfalcando o Grêmio. Desse jeito, não há grupo que resista. Vale o mesmo para o Inter, que fica sem Valdívia e Vitinho.

Felizmente, Roger conta com esses dois talentos para superar o Fluminense na Arena e dar um passo importante rumo ao título da Copa do Brasil. Se passar pelo time carioca o Grêmio estará a 360 minutos de comemorar mais uma Copa do Brasil.

Por isso é importante que a torcida compareça e apoie o time. O Fluminense tem uma equipe de qualidade e, como se sabe, é um dos queridinhos da CBF. A Arena lotada inibe – um pouco – qualquer tentativa de favorecer o adversário.

Mas o que interessa é bola rolando. Geromel segue fora. É um prejuízo. Com isso, joga Thyere, zagueiro da casa, com bom potencial. Vamos ver como irá se sair, ao lado de Erazo, contra o malandro Fred, que gosta de rasgar camisa de zagueiro e de dar entradas mal-intencionadas no adversário, como fez em Marcelo Grohe no jogo de ida.

Fred não é mais aquele de outros carnavais, mas se a bola sobrar pra ele é gol. Todo cuidado é pouco.

Maicon é outro que não deve jogar, mas não ficarei surpreso se ele entrar em campo. O time do Grêmio é bastante conhecido pelos adversários. Em princípio, o que Roger teria para esconder? Ele promete anunciar o time apenas minutos antes do jogo. Isso pode significar que ele ainda espera por Maicon.

Se existe alguma chance de Maicon jogar, ele precisa jogar.

O Grêmio vai precisar de seus melhores jogadores para vencer. Nunca esquecendo que empate por 1 a 1 em diante dá Fluminense. 

Se é pra poupar alguém que isso seja feito no Brasileirão, nunca na Copa do Brasil. Claro que Maicon não deve jogar se não estiver em plenas condições, até para não correr o risco de perdê-lo por mais tempo.

Roger aproveita também para fazer um misterinho na frente. Joga Bobô ou Pedro Rocha?

Já cansei de defender que o guri deve sempre sair jogando. Foi com ele que o time conseguiu suas melhores atuações, entre elas – não canso de repetir – a que resultou nos 5 a 0.

Agora, se Roger começar com Bobô é porque tem seus motivos.

Tem como não respeitar uma decisão de Roger? Por tudo que já fez, Roger merece minha total confiança.

A flauta de André Lima e o time sem Douglas

A vitória do Grêmio sobre o Avaí, na Arena, fica marcada pela grande atuação de Giuliano e seus dois gols, o golaço de Maxi Rodriguez – até não sei se ele já fez algum gol comum – e a comemoração de André Lima.

Claro, nada mais importante que a vitória em si, os três pontos que mantêm o clube no G-3, posição consolidada a partir do empate do Palmeiras que somou apenas um ponto ao empatar com o São Paulo, numa falha ridícula de Rogério Ceni. Agora, são seis pontos de vantagem. Dois atrás do Atlético e 9 distante do Corinthians, virtual campeão.

Quer dizer, o Grêmio fica ainda mais tranquilo para enfrentar o Fluminense quinta-feira, pela Copa do Brasil, que é como se sabe, a única chance de título nesta temporada, e um título nacional que lavaria a alma gremista, tão torturada desde 2001. Portanto, será uma noite para lotar a Arena.

Voltando ao jogo de sábado: estou em dúvida para escolher o melhor momento. Uns apontam os dois gols de Giuliano, resultado de entrosamento e qualidade técnica individual na hora da conclusão; outros ficam com o gol de pura arte marcado por Maxi; e tem ainda o André Lima.

Reserva no Avaí, esse centroavante aipim de carteirinha, entrou para dar um susto no Grêmio ao descontar no segundo tempo, quando o jogo estava em 2 a 0. O susto durou pouco porque 12 minutos depois Maxi faria o 3 a 1.

O que restou do susto foi a comemoração de André Lima, autor do primeiro gol na Arena. Ele comemorou de forma contida, mas com os braços erguidos, rígidos, sinalizando com as mãos os 5 a 0 do Gre-Nal. 

Confiram esse momento de inspiração tricolor do camisa 9: 

http://globoesporte.globo.com/futebol/times/avai/noticia/2015/09/pacotao-do-avai-guerreiro-imortal-polemico-pneu-furado-e-cotovelo-alto.html

É claro que essa ‘ousadia’ de André Lima faria desabar sobre ele a fúria de alguns analistas esportivos da praça, sempre tão leves e descontraídos quando a gozação é protagonizada por jogadores colorados. Houve até quem indicasse um psiquiatra ao jogador, conforme pode ser conferido no cornetadorw.

Então, só por esse aspecto, o que irritar um pessoal que deveria exaltar esse tipo de brincadeira que não agride nem ofende ninguém, é que eu escolho como o grande lance do jogo o gesto de André Lima, que nunca escondeu sua simpatia pelo Grêmio. 

VIDA INTELIGENTE

O principal ensinamento do jogo contra o Avaí é que há vida inteligente no time sem Douglas.

A Nasa vai anunciar nesta segunda-feira uma descoberta espetacular sobre Marte. Já se especula que há sinais de vida inteligente no planeta. Em Marte eu não sei, mas o Grêmio sem Douglas tem vida inteligente.

O Avaí vinha de três vitórias, não era uma galinha morta. Mesmo assim, o Grêmio fez o que tinha de fazer, e ao natural, sem dor. No primeiro gol, Giuliano recebeu dele, Pedro Rocha, um passe precioso.

No segundo, uma enfiada de Edinho, que está revelando no Grêmio qualidades inimagináveis. Então, a vitória foi encaminhada sem maiores percalços, indicando que é possível vencer sem o maestro.

Por fim, o golaço de Maxi Rodriguez, bem ao seu estilo. Um drible pra dentro e um chute colocado em diagonal, alto o suficiente para encobrir o goleiro. Uma pintura que Iberê Camargo assinaria.

FRITURA

O técnico Argel está passando por um processo de fritura em pouca banha. A imprensa criou o mito de que o Inter tem o melhor grupo do país. Os resultados foram desmentindo essa afirmativa. Entre recuar em sua conclusão, precipitada e apaixonada, melhor fritar treinador, preparador físico, o que vier pela frente.

A bola da vez é Argel. E é como uma montanha russa. Se vence uma, já se mira o G-4 – até pouco tempo havia quem acreditasse em G-e e até no título. Se perde, aí nada presta, porque frustra uma expectativa criada pela própria imprensa, ou parte dela, a de sempre e por demais identificada.

A derrota diante do Santos na Vila Belmiro é algo mais do que natural. O Santos dificilmente empata ou perde na Vila. Não seria o Inter, desfalcado de titulares de peso e sem reservas à altura – que talvez nunca fardariam em outra circunstância -, é que quebraria essa invencibilidade santista. 

Mas nada disso importa. Sobrou para Argel.

 

Que Roger Machado preserve sua própria obra

A turma do ‘pontinho fora’ está sorrindo de orelha a orelha. O empate contra o Fluminense por 0 a 0 pode ter sido festejado com soquinhos rápidos no ar, sob a mesa. ‘Voltamos vivos’, devem ter dito, em coro, extasiados.

Eu já fui dessa turma. Larguei neste ano. Roger armou um time que me devolveu a confiança, a convicção de que é possível vencer qualquer adversário fora de casa sem mudar a forma de jogar, talvez com um ou outro cuidado a mais. Mas nunca abdicar de buscar a vitória, os três pontos, o que deixa o pessoal do ‘pontinho fora’ em pânico.

Eu sei disso porque eu era assim. Roger Machado afastou de mim o medo. Só espero que agora, depois de conseguir esse milagre de alavancar a auto-estima dos gremistas e devolver a confiança na conquista de título – não apenas de vagas como se fosse um motorista dando voltas no centro de Porto Alegre em busca de um lugar para estacionar -, o técnico tricolor, revelação do ano, não coloque tudo a perder com essa insistência em preterir Pedro Rocha em nome sei-lá-de-que.

Questão de ordem: Pedro Rocha não é nenhum craque, mas provou, dentro das quatro linhas, que com ele o time joga MUITO mais. O guri foi titular no Gre-Nal dos 5 a 0 – não me estendo pra não chorar de emoção de novo -, e jogou também contra o Atlético Mineiro naquela vitória apoteótica. Fora outros jogos. 

Fernandinho entrou bem em alguns jogos e até mereceu a tentativa de Roger de começar com ele. Fernandinho não foi mal, mas foi inferior ao Pedro Rocha.

A tentativa com um atacante tipo aipim como o Bobô, mesmo flexível, não acrescentou nada ofensivamente. Contra o Fluminense, então, nem se fala. Bobô teve pelo menos um lance para justificar sua presença como homem de área. Bola cruzada da linha de fundo, da direita, ele dentro da pequena área, próximo à primeira trave, tentou cabecear, mas a bola roçou sua testa e sumiu da área. Bobô fez o certo, mas mostrou que, assim como o Braian, não é um atacante de sorte.

O Fred, que por momentos parece uma tia velha, não perde esse tipo de gol. Fred, além de bom, tem estrela. Bobô pode ser bom, mas não tem estrela, o que explica os poucos gols que marcou em sua carreira.

Bobô merece novas oportunidades, claro, mas nunca para começar o jogo para não descaracterizar o formato de time que Roger Machado criou e agora, como um artista genial e excêntrico, quer destruir a própria obra.

PROJEÇÃO

O Grêmio foi superior tatica e tecnicamente ao Fluminense. Foi mais equipe, no sentido completo da palavra. Mereceu vencer, embora tenha criado pouco. O Fluminense por vezes parecia um time pequeno correndo atrás da bola.

O Grêmio é muito favorito na Arena. Mas sem salto alto.

INTER

O Inter escapou de perder. O Palmeiras desperdiçou um pênalti.

O técnico Argel perdeu jogadores importantes e tem sido obrigado a colocar jogadores jovens e desconhecidos da torcida e da maioria dos analistas esportivos.

A tendência é eliminação da Copa do Brasil. 

Mas no futebol tudo pode acontecer.

CONVOCAÇÃO

Sócios gremistas, favor comparecer à Arena domingo. Assembleia de associados vai definir mudanças importantes no clube.

Eu estarei lá pra trocar umas ideias.

Confiram:

http://www.gremio.net/news/view.aspx?id=18845&language=0

 

 

Grêmio arma time para brigar pelo título da CB

Planejamento ou coincidência? O fato é que o Grêmio volta a contar com seu time titular – com exceção de Geromel – justamente na Copa do Brasil, a competição a ser vencida.

O zagueiro Thyere é o único reserva, a não ser que Marcelo Grohe, que não treinou, sinta alguma dor minutos antes do jogo. Aí, entra Bruno Grassi, com Léo no banco. Tiago, preservado depois do massacre sofrido, ficou em Porto Alegre.

Ouso dizer que o Grêmio que entra em campo nesta quarta-feira é resultado de planejamento. E só não é força máxima mesmo porque Geromel realmente não tem condições. Nada de coincidência, portanto.

Fica claro, ao menos pra mim, que Maicon poderia ter voltado contra o Palmeiras, mas o Grêmio está determinado a fechar a temporada com um título. E este, como venho dizendo faz tempo, só pode ser o da Copa do Brasil.

Agora, o planejamento inclui também uma participação muito boa no Brasileirão, sempre mirando o título, mas com foco realista numa vaga à Libertadores. Sabiamente o Grêmio não abriu mão de nenhuma das competições, mas chega um momento em que é preciso fazer escolhas.

Com vaga praticamente consolidada no G-4, com boas chances de continuar no G-3, o Grêmio deixa muito claro que seu maior objetivo agora, sua prioridade, é um título. 

Ninguém na Arena quer comemorar vaga, espécie de prêmio consolação para quem não vence de verdade.

A meta é festejar um título de campeão para uma retumbante e histórica retomada da Goethe.

O TIME

Então, se Grohe puder mesmo jogar, o time terá:

Grohe, Galhardo, Thyere, Erazo e Marcelo Oliveira (quer dizer, um sistema defensivo muito mais confiável).

Wallace, Maicon, Douglas e Giuliano (uma meio-campo que impõe respeito);

Luan e Fernandinho (por mim, jogaria o Pedro Rocha, mas Roger deve ter seus motivos).

ROGER

Ao contrário do que foi especulado de forma absurda, o técnico Roger Machado tem total apoio e confiança da torcida gremista – nem poderia ser diferente.

Qualquer afirmação que coloque em dúvida a frase acima é completamente desprovida de fundamento, pra não dizer coisa muito pior e impublicável. 

 

É injusto responsabilizar individualidades na derrota do coletivo

Se alguém espera de mim um texto incriminando o jovem goleiro Thiago e o zagueiro Bressan pela derrota por 3 a 2 diante do Palmeiras, sábado, em SP, melhor parar a leitura por aqui. 

Os dois erraram? Sim. Erraram como muitos outros em vários lances. O problema é que um goleiro quando erra normalmente é gol do adversário. Vale quase o mesmo para o zagueiro. 

Irritado com o gol sofrido, o torcedor em geral costuma ignorar completamente o outro lado. Despreza o fato de que talvez – apenas isso, talvez – o adversário tenha feito uma bela jogada, seja o drible, o lançamento, o cruzamento, a conclusão perfeita. Foi, aliás, o que fez o Palmeiras em todos os seus gols, mostrou muita qualidade na construção e no acabamento.

Então, eu não vou sair por aí pregando a degola desses dois jogadores, até porque considero isso uma profunda injustiça.

Eu também fiquei irritado quando Thiago – que muita gente queria como titular dizendo até que o Grêmio poderia negociar Grohe – saiu mal no primeiro gol. Ele vacilou uma fração de segundo e perdeu o tempo da bola, chegando tarde para evitar o cabeceio do zagueiro Vitor Hugo.

Em outros lances, Thiago foi decisivo, fazendo defesas difíceis. Mas isso não é lembrado pelos caçadores de culpados. 

Os mesmos que exigem a cabeça de Thiago – detonando o patrimônio do clube – costumam repetir que o titular da seleção brasileira também sai muito mal da goleira. Com um pouquinho menos de paixão e achômetro, não será difícil perceber que a grande maioria dos goleiros daqui e e da China saem mal nessas bolas alçadas com peso e no meio do caminho entre o goleiro e o atacante, tendo ainda um monte de gente disputando essa mesma bola ou simplesmente jogando o corpo para um dificultar o trabalho do outro.

No segundo gol, um cabeceio forte do atacante Barrios, que recebeu uma bola na medida para o seu cabeceio, às costas de Bressan. Mas onde estava o lateral-direito nesse lance?

Questão de desentrosamento. É complicado jogar com um sistema defensivo – goleiro, zaga e volantes – muito desfalcado. Thiago, Bressan, Lucas Ramon e Moisés, todos eles jogadores médios e/ou em afirmação.

Nessa condição, é inevitável que ocorram problemas de posicionamento e de entrosamento (um deixa pro outro, por exemplo). Tinha reservas demais, e disso se aproveitou o Palmeiras, que tem o melhor ataque do campeonato. Quer dizer, uma defesa desfalcada contra o ataque mais eficiente.

Houve, ainda, o gol do ótimo Rafael Marques, após falha na saída de bola de um dos titulares. Erazo deu uma bola curta, enforcada, para o pobre do Moisés, e acabou armando um ataque mortal.

Atribuo tudo isso ao excesso de reservas no mesmo setor, o que acaba determinando problemas táticos e individuais. Quem jogou ou joga futebol sabe o quanto é importante ter confiança no companheiro que está ao seu lado, principalmente entre os dois zagueiros e o goleiro.

O lado bom do jogo foi Luan, que brilhou em meio ao pânico estabelecido no sistema defensivo.

Se serve como consolo, não tenho dúvida de que o Grêmio com Geromel e Grohe teria vencido o Palmeiras.

Agora, como se sabe, num campeonato longo como o Brasileirão é preciso grupo, e grupo com qualidade também nas peças de reposição.

É por isso que nunca acreditei que o Grêmio pudesse disputar o título. O Grêmio superou minhas expectativas mais otimistas.

A RODADA

O Corinthians, que bateu o Santos em grande jogo, é o virtual campeão. Apenas o Atlético Mineiro ainda ameaça. O Atlético, com Victor sensacional, bateu o Flamengo, que andava se assanhando e caiu na realidade. 

O Grêmio perdeu para um adversário direto na luta por vaga no G-3. O Palmeiras aproveitou-se do time desfalcado do tricolor e venceu o jogo de seis pontos. Está a quatro pontos do Grêmio.

O negócio agora é tentar garantir ao menos o G-4 e focar muito na Copa do Brasil. O problema ainda é que o Fluminense vem com técnico novo. Saiu o ‘estudioso’ Enderson. Teve gente que defendeu sua contratação pelo Grêmio não faz muito. Futebol é mesmo dinâmico.

Enquanto isso, o Inter mantém sua instabilidade. Conseguiu ficar apenas no empate com o Figueirense em pleno Beira-Rio. E olha que por pouco não perdeu.

Já prevejo balanço de fim de ano na imprensa contabilizando os pontos perdidos pelo Inter em jogos ‘vencíveis’. É sempre assim, porque o Brasileirão é assim. Os pequenos sempre surpreendendo aqui e ali.

Apesar do empate, o Inter segue na disputa do G-4.

Jogar sempre pelos 3 pontos, na Arena ou na Lua

As ‘verdades definitivas’ do futebol não resistem, muitas vezes, à próxima rodada.

Vejamos o São Paulo, que saiu da Arena endeusado, elogiado por ter uma grande equipe, e com um técnico que havia dado ‘um nó tático’ em Roger.

Quem acompanha minimamente o SP do colombiano Juan Osorio sabe que o time não é tudo isso. Osorio, muito menos, é um treinador em que se possa apostar muitas fichas. Na verdade, duvido que o ‘treinador que superou Roger’ dure muito tempo.

Depois da vitória sobre o Grêmio, obtida muito mais pelos próprios erros do Grêmio não por virtudes do adversário, eis que na rodada seguinte o festejado – pela mídia gaúcha e alguns torcedores distraídos – São Paulo sucumbiu em casa diante da Chapecoense, agora treinada por Guto.

Terá Guto aplicado um ‘nó tático’ no SP, ou o SP, a exemplo do Grêmio, teve aquele dia ‘não’, em que tudo tudo dá errado?

O fato é que o São Paulo foi vaiado ainda no intervalo e o técnico Osorio deu entrevista criticando as torcidas brasileiras, comparando-as com as europeias. Uma comparação despropositada, sinal de alguém que está sentindo a batata assar. Desespero mesmo.

Outro que vinha sendo festejado é o Flamengo. Levou um laço do Coritiba diante de 70 mil eufóricos e deslumbrados flamenguistas. E tudo começou com um pênalti cometido com a mão por Pará. Gol de Kleber. É da vida, é do futebol.

SP e Flamengo patinaram, permitindo a aproximação do pelotão de trás e se distanciando do Grêmio, que é o que interessa. O Grêmio está cada vez mais consolidado como dono de uma das vagas à Libertadores. 

Por isso, cresce em importância o jogo contra o Palmeiras, outro clube que busca essa vaga, mas sem qualquer esperança de título, diferente do Grêmio, que ainda pode sonhar, e sonhar não custa nada como dizem meus amigos gremistas que não deixam o ‘fusquinha dos que seguem acreditando em título no Brasileirão’.

Depois da alentadora vitória sobre o Atlético Paranaense, em Curitiba, o empate neste sábado em SP não deixa de ser um bom resultado, ainda mais se vier acompanhado de outros resultados favoráveis.

Mas, ainda que o RW me coloque no grupo dos sindicalistas de ‘um pontinho só’, quero dizer que esse Grêmio do Roger, mesmo com desfalques importantes, tem potencial para jogar SEMPRE pelos três pontos.

Seja na Arena, seja na Lua.

GAÚCHO DA COPA

Pior que a ridícula decisão de não fazer um minuto de silêncio a esse personagem mundial é a defesa que alguns setores fazem desse desatino juvenil de um dirigente colorado.

A posição do presidente da FGF, como não poderia ser diferente vindo de quem vem, é deplorável.

Foi um erro, assuma-se o erro, e que se tente minimizar o estrago com uma homenagem no jogo contra o Figueirense.

O Gaúcho da Copa era gremista, mas era antes de tudo um mascate de nossas tradições, de nossa cultura, do nosso futebol, e isso inclui o próprio Inter.