A flauta de André Lima e o time sem Douglas

A vitória do Grêmio sobre o Avaí, na Arena, fica marcada pela grande atuação de Giuliano e seus dois gols, o golaço de Maxi Rodriguez – até não sei se ele já fez algum gol comum – e a comemoração de André Lima.

Claro, nada mais importante que a vitória em si, os três pontos que mantêm o clube no G-3, posição consolidada a partir do empate do Palmeiras que somou apenas um ponto ao empatar com o São Paulo, numa falha ridícula de Rogério Ceni. Agora, são seis pontos de vantagem. Dois atrás do Atlético e 9 distante do Corinthians, virtual campeão.

Quer dizer, o Grêmio fica ainda mais tranquilo para enfrentar o Fluminense quinta-feira, pela Copa do Brasil, que é como se sabe, a única chance de título nesta temporada, e um título nacional que lavaria a alma gremista, tão torturada desde 2001. Portanto, será uma noite para lotar a Arena.

Voltando ao jogo de sábado: estou em dúvida para escolher o melhor momento. Uns apontam os dois gols de Giuliano, resultado de entrosamento e qualidade técnica individual na hora da conclusão; outros ficam com o gol de pura arte marcado por Maxi; e tem ainda o André Lima.

Reserva no Avaí, esse centroavante aipim de carteirinha, entrou para dar um susto no Grêmio ao descontar no segundo tempo, quando o jogo estava em 2 a 0. O susto durou pouco porque 12 minutos depois Maxi faria o 3 a 1.

O que restou do susto foi a comemoração de André Lima, autor do primeiro gol na Arena. Ele comemorou de forma contida, mas com os braços erguidos, rígidos, sinalizando com as mãos os 5 a 0 do Gre-Nal. 

Confiram esse momento de inspiração tricolor do camisa 9: 

http://globoesporte.globo.com/futebol/times/avai/noticia/2015/09/pacotao-do-avai-guerreiro-imortal-polemico-pneu-furado-e-cotovelo-alto.html

É claro que essa ‘ousadia’ de André Lima faria desabar sobre ele a fúria de alguns analistas esportivos da praça, sempre tão leves e descontraídos quando a gozação é protagonizada por jogadores colorados. Houve até quem indicasse um psiquiatra ao jogador, conforme pode ser conferido no cornetadorw.

Então, só por esse aspecto, o que irritar um pessoal que deveria exaltar esse tipo de brincadeira que não agride nem ofende ninguém, é que eu escolho como o grande lance do jogo o gesto de André Lima, que nunca escondeu sua simpatia pelo Grêmio. 

VIDA INTELIGENTE

O principal ensinamento do jogo contra o Avaí é que há vida inteligente no time sem Douglas.

A Nasa vai anunciar nesta segunda-feira uma descoberta espetacular sobre Marte. Já se especula que há sinais de vida inteligente no planeta. Em Marte eu não sei, mas o Grêmio sem Douglas tem vida inteligente.

O Avaí vinha de três vitórias, não era uma galinha morta. Mesmo assim, o Grêmio fez o que tinha de fazer, e ao natural, sem dor. No primeiro gol, Giuliano recebeu dele, Pedro Rocha, um passe precioso.

No segundo, uma enfiada de Edinho, que está revelando no Grêmio qualidades inimagináveis. Então, a vitória foi encaminhada sem maiores percalços, indicando que é possível vencer sem o maestro.

Por fim, o golaço de Maxi Rodriguez, bem ao seu estilo. Um drible pra dentro e um chute colocado em diagonal, alto o suficiente para encobrir o goleiro. Uma pintura que Iberê Camargo assinaria.

FRITURA

O técnico Argel está passando por um processo de fritura em pouca banha. A imprensa criou o mito de que o Inter tem o melhor grupo do país. Os resultados foram desmentindo essa afirmativa. Entre recuar em sua conclusão, precipitada e apaixonada, melhor fritar treinador, preparador físico, o que vier pela frente.

A bola da vez é Argel. E é como uma montanha russa. Se vence uma, já se mira o G-4 – até pouco tempo havia quem acreditasse em G-e e até no título. Se perde, aí nada presta, porque frustra uma expectativa criada pela própria imprensa, ou parte dela, a de sempre e por demais identificada.

A derrota diante do Santos na Vila Belmiro é algo mais do que natural. O Santos dificilmente empata ou perde na Vila. Não seria o Inter, desfalcado de titulares de peso e sem reservas à altura – que talvez nunca fardariam em outra circunstância -, é que quebraria essa invencibilidade santista. 

Mas nada disso importa. Sobrou para Argel.