Futebol brasileiro: fundo do poço é mais abaixo

Se alguém imagina que o fundo do poço do futebol brasileiro é a goleada de 7 a 1 da Alemanha, sinto informar que ainda há mais espaço para descer.

O fiasco na Copa do Mundo, dentro de casa, foi apenas um sinal.

Falava sobre isso com uns amigos dias atrás. Previ que o Brasil talvez ficasse de fora da Copa do Mundo de 2018. Claro, é difícil, quase impossível, assim como 0s 7 a 1 eram inimagináveis. Até que aconteceram.

Argumentei que o futebol está muito nivelado, que há várias seleções competitivas na América do Sul e que todas elas jogam com muito mais garra, mais disposição, mais vontade e determinação do que a nossa – digo, essa da CBF.

Argumentei mais: como se sente um jogador consagrado, milionário, que suou para chegar aonde chegou, quando percebe certas coisas no mínimo curiosas. Por exemplo, um diretor de futebol que até bem pouco tempo era empresário de futebol? Segundo Romário, ainda é.

Será que esse jogador ainda tem disposição para vestir a amarelinha?

E se ao entrar no vestiário depara com um guri que recém começou no futebol e, mesmo sem mostrar grandes atributos, vai sentar ao seu lado porque um treinador viu nele qualidades que ninguém mais percebeu?

Esse mesmo jogador, diante de tantas notícias sobre corrupção no futebol e na cúpula da CBF, realmente irá jogar com o empenho que se exige hoje para superar seleções inferiores tecnicamente, mas superiores em vontade?

Será que esse jogador vai ter orgulho de vestir a camisa que já foi honrada e dignificada por tantos jogadores em tempos não tão distantes?

E mais, será que a camisa verde-amarela ainda exerce fascínio entre essa gurizada que surge num dia e no outro já está embarcando para ganhar milhões na Europa e adjacências?

Hoje, vestir a amarelinha nem é mais condição para um jovem promissor ajeitar a sua vida e a da geração seguinte.

São questionamentos que fiz nesses dias que antecederam ao jogo desta noite contra o Chile.

Depois dos 90 minutos, com vitória dos chilenos por 2 a 0, estou convencido de que o meu temor não é infundado.

O futebol brasileiro ainda não chegou ao fundo do poço.