Sul-Minas-Rio: a Liga do bem

A criação da Liga Sul-Minas-Rio está incomodando muita gente.

Os presidentes das federações regionais estão agarrados a seus feudos. Estão com medo de perder força, perder poder.

Ninguém abre mão do poder sem espernear. Há vários exemplos em andamento e não só no futebol.

A CBF, num primeiro momento, não tem nada a perder. Mas parece estar ganhando tempo, porque a iniciativa mexe com interesses diversos.

O fato é que a competição tem respaldo da Lei Pelé.

O polêmico Alexandre Kalil é o presidente da Liga, que teve entre seus idealizadores e incentivadores principais o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, que entrou de cabeça nesse projeto talvez até como resposta ao tratamento que o Grêmio tem recebido da Federação Gaúcha de Futebol através de seu presidente, Francisco Noveletto ‘Primeiro e Único’.

Kalil nega que a intenção da Liga seja confrontar as arcaicas entidades que comandam o futebol brasileiro. “A CBF é milionária, a Liga só vai alterar a vida de quem mama. A CBF não mama nos clubes”, brincou.

– Ninguém quer matar ninguém. O que não aceito é um presidente de Federação bater no peito e dizer que não vai acontecer. É uma questão de sobrevivência, a gente não quer tomar nada de ninguém”, completou o ex-presidente do Atlético Mineiro em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo desta terça-feira, dia 6.

Segundo Kalil, a “CBF não tem estrutura organizacional e comercial para isso (fazer a liga). Ela não tem tempo nem cabeça. Ela precisa comercializar a Seleção e as coisas dela. Temos que cuidar de nós, é um movimento consequente do aperto em que os clubes estão. Alguém achou que a Copa do Mundo ia salvar o futebol. Não foi uma Copa, foi uma tragédia. Tem um monte de estádio construído (com pouco uso) e ninguém tá preso”.

Aplaudo a criação da Liga. Vejo nela o embrião de uma revolução no futebol brasileiro.

Posso estar sendo otimista demais, até porque tem o exemplo do Clube dos 13, que acabou falindo porque não havia essa união que parece existir agora, e que é enfatizada com entusiasmo por Kalil. “Eu nunca vi tanta união entre os clubes. Além de ser muito progressista, o movimento é, antes de tudo, generoso. Sabemos que um clube é maior do que o outro, mas ninguém está lá para engolir ninguém. O que a gente tem que pensar é ‘o que aconteceu nos últimos anos para tamanho atraso do futebol brasileiro?”, questionou.

Na base desse movimento legítimo de libertação, estão, claro, as milionárias e desproporcionais cotas de TV pagas a Corinthians e Flamengo em relação aos demais clubes.

A nova competição está prevista para 2017.

Aqui entre nós, não sei se essa proposta dos clubes de Rio, MG, RS, PR e SC resiste a um eventual equilíbrio maior nas cotas que possa ser proposto pela rede detentora dos direitos de transmissão para neutralizar essa ação revolucionária.

Seria uma pena!