Posts

As ironias do futebol e o tiro no pé de FC

A vida é marcada por ironias. O futebol mais ainda. Estou ali me inscrevendo para o Cartola e deparo com a seguinte informação: Marcelo Grohe e Victor largam como os goleiros mais valorizados, mais caros.

Não é uma ironia, uma ironia fina? O goleiro que praticamente foi execrado por grande parte da torcida do Grêmio está hoje ao lado do seu sucessor como goleiro mais caro do Cartola.

Dois grandes goleiros. Grohe parece ser superior ao Victor, parece, mas o goleiro do Atlético está eternizado como o grande herói da Libertadores de 2013.

Grohe talvez nunca chegue lá, a julgar como andam as coisas no Grêmio, que não consegue festejar nem Gauchão.

Sei de gremistas que não gostam do Grohe. Sério. É só ler comentários de tempos atrás ou dar uma passada no twitter. Não agora, porque os que conseguem ver defeito no Grohe no momento estão atrás da moita. Aos poucos, porém, o goleiro gremista, o jogador que evitou uma goleada domingo, está conquistando também seus críticos. Mas sempre vão sobrar os mais renitentes, que não dão o braço a torcer de jeito algum.

Futebol tem muito disso: as pessoas se abraçam às suas teses e não há fato que as demovam.

Grohe venceu resistências graças aos seus desempenhos em Grenais, justamente o ponto fraco de Victor, infeliz em dois ou três clássicos. Ninguém lembra os outros que também fracassaram. Já as falhas de um goleiro em jogos decisivos, ainda mais em Gre-Nal, ninguém esquece.

Nem os colorados. É o caso do ex-presidente do Inter, Fernando Carvalho. No programa Sala de Redação, talvez ainda eufórico com a conquista do Gauchão, Fernando Carvalho deu munição ao Atlético Mineiro.

O hoje radialista esqueceu por momentos de sua representatividade como ex-presidente vitorioso – uma espécie de oráculo para os colorados –  e disparou um tiro no próprio pé:

– O Victor treme diante da camisa vermelha.

Wianey Carlet e Castiel reforçaram dizendo que o problema do Victor é com D’Alessandro.

Fernando Carvalho se deu conta da mancada e tentou corrigir. É tarde.

Conhecido por usar conteúdos dos meios de comunicação com críticas ao Inter para incendiar o vestiário na véspera de grandes jogos, Fernando Carvalho sabe muito bem o impacto que esse tipo de coisa provoca entre os jogadores. Tentou remendar, mas é tarde.

A história já repercutiu em Belo Horizonte. Sem querer, o mestre dos artifícios para motivar sua equipe acabou, por um instante de soberba, municiando o inimigo para o jogo desta quarta-feira.

São as ironias do futebol.

GRÊMIO

Depois de ler e ouvir análises de gremistas, constato que há quase um consenso que é urgente reforçar (mudar) o time nas seguintes posições:

lateral-direito, meia-esquerda e dois atacantes

INTER

Leio e ouço análises de colorados entusiasmados com os primeiros 30 minutos do Inter no Gre-Nal. Sem tirar o mérito dos atacantes colorados, ouso dizer que essa moleza que Felipão deu com seu esquema ufanista e afrescalhado não irá se repetir tão cedo.  Felipão contribuiu para que o Inter fizesse sua melhor partida no ano, consagrando Diego Aguirre. A liberdade e o espaço que Valdívia teve domingo não irão ocorrer contra o Atlético. É só um alerta para evitar decepção profunda.

Diante das circunstâncias, deu a lógica

A derrota por 2 a 1 me deixou aliviado. Estou irritado, de cabeça quente, claro, mas aliviado. Temi por um desastre.

O Inter poderia ter feito 4 a 0 até os 25 minutos do primeiro tempo. Era tamanha a facilidade para chegar diante de Marcelo Grohe que por um instante lembrei da Alemanha contra o Brasil. O mesmo técnico à beira do campo, perplexo, sem ação.

O Inter chegou com facilidade impressionante, e os dois gols vieram ao natural, ambos em contra-ataques. Havia um clarão no meio de campo, por onde Valdívia, D’Alessandro, Sasch a e até Nilmar transitaram quase sem serem importunados. O trabalho deles foi facilitado porque o sr Leandro Vuaden tratou de amarelar Felipe Bastos logo aos 5 minutos. O melhor marcador de D’Alessandro ficou a perigo. Bom para o Inter.

Insisto no que observei no jogo anterior após a entrada desse talento que é Valdívia. Felipão deveria reconhecer a superioridade técnica do Inter – superioridade que ele faz questão de frisar em suas entrevistas – na prática. Garantir atrás, e sair com mais volume para o ataque. Insisto no que escrevi antes do jogo, eu colocaria Wallace como volante centralizado e Felipe e Maicon como coadjuvantes, congestionando o meio e tirando espaço principalmente de Valdívia, que correu solto pelo gramado a tarde toda.

Repetindo ainda o que escrevi: sacaria de preferência o Braian, que não tem a menor condição de jogar com esse futebol tico-tico implantado por Felipão, com o time tentando penetrar numa defesa fechada em toques curtos e dribles. Com esse toque e essa insistência o Grêmio não faria gol nunca no Inter. O único gol gremista foi numa bola alçada por Douglas, que Rodolpho cabeceou, o goleiro defendeu e Giuliano pegou o rebote.

Bem, o Grêmio teria então três meias/atacantes de boa técnica, aos quais se juntariam os dois volantes mais soltos, além de algumas investidas dos laterais. O Grêmio ganharia em força de marcação e de ataque. Mas agora é tarde.

Escrevo isso para manifestar minha decepção com o técnico Luiz Felipe Scolari, a quem tanto apoiei e continuo apoiando, porque se não está bom com ele, tende a ficar pior sem ele.

O problema é que vejo Felipão com soberba para reconhecer nas atitudes a superioridade colorada que ele exalta nas entrevistas. Se isso não mudar, talvez seja mesmo melhor investir em outro treinador. Vejo Felipão insistindo nesse futebol que é uma caricatura do Barcelona de Guardiola, toque pra lá e pra cá sob o comando do ‘maestro’ Douglas. Repito: foi duro de ver o Grêmio tentando penetrar pelo meio, com toques curtos, que levaram maior perigo a Marcelo Grohe que ao Alison, porque a bola era tomada pelos colorados e jogada para Valdívia e cia arrancarem em velocidade.

No segundo tempo, a história foi um pouco diferente. Continuou esse irritante toque de bola, mas já com Mamute abrindo pelos flancos. O resultado, objetivamente, foi quase zero, porque o goleiro colorado continuou sem ser exigido, com exceção das bolas pelo alto. Ficou claro, ao menos para mim, que o Grêmio só empataria com uma bola jogada para a área.

Nos minutos finais, houve pressão dessa forma, mas aí o sr Vuaden tratou de minimizar ainda mais as chances gremistas. Expulsou Rodolpho injustamente. Foi lance para amarelo. Minutos antes esse juiz deu amarelo para Valdívia, que deu carrinho por trás nas pernas de Luan também na linha lateral, mas do lado oposto. Valdívia amarelo; Rodolpho vermelho. Não mudou grande coisa, mas diminuiu o já escasso poder de fogo do Grêmio.

Então, diante das circunstâncias que prevalecem no futebol gaúcho, deu Inter. Melhor dentro e fora de campo.

COTAÇÃO

Marcelo Grohe o melhor de novo. Matias razoável. A dupla de área fez o que foi possível diante dos atacantes colorados que vinham de frente, com a bola dominada, por força do erro tático e estratégico de Felipão. Marcelo é outro que teve de se desdobrar.

Felipe Bastos flertou com o céu quando acertou aquela bola na trave, mas na sequencia do lance casou com o inferno ao falhar e propiciar o segundo gol colorado.

Maicon foi o que sempre é: um volante elegante, de passes corretos e calção sempre limpo.

Na linha de frente, mais um vez o pior do time. Douglas está encerrando a carreira. Acho que já cumpriu sua missão de dar suporte técnico aos jovens lançados. É um jogador talentoso, mas marcado facilmente.

Luan é aquela coisa: amor e ódio. Na comparação com Valdívia…

Giuliano custou a entrar em campo de novo. Lá pelos 35 do primeiro tempo ele começou a fazer algumas jogadas.

Braian é o atacante dependente de jogadas para ele. Essas jogadas jorravam para Jardel nos anos 90. Não estou comparando os dois, mas as características são semelhantes. É um jogador com limitações técnicas. Pode ser um reserva para entrar faltando quinze minutos num jogo como esse no Beira-Rio, nunca para sair jogando.

Mamute entrou bem, mas pareceu sem arranque em pelo menos dois lances pela esquerda, em que perdeu a bola facilmente. Éverton entrou e pouco acrescentou, até porque teve pouco tempo. Talvez Lincoln fosse uma opção melhor.

No Inter, a dupla de área foi bem, idem o lateral-direito. Os volantes deram conta do recado sem apelar, mas chegando junto como deve ser mesmo. D’Alessandro estava irreconhecível: não chegou perto do juiz. Mas jogou bem. Sasha é um operário com algum talento. Nilmar ajudou Valdívia a infernizar o sistema defensivo gremista. Valdívia, o melhor em campo.

Se Luan tivesse metade da disposição do Valdívia…

Arbitragem: Vuaden exagerou o cartão amarelo para Felipe Bastos logo no começo do jogo, o que ajudou bastante o Inter; Errou ao vermelhar Rodolpho e só amarelar Valdívia em lances muito parecidos, sendo que o de Valdívia foi mais forte. Temos, então, de novo aquela velha história: a balança do apito pendendo a favor do Inter, que, a rigor, deveria ter sido eliminado do Gauchão pelo Cruzeiro, e foi salvo por um homem de preto.

Não é por nada, não, mas espero que em 2016 o Grêmio insista em arbitragem de fora nos grenais.

O poder das arbitragens no futebol atual

Time que é bom mesmo, bom de verdade, passa por cima da arbitragem. É o que sempre ouvi dizer, principalmente de quem costuma ganhar com a ajuda do apito. Ajuda alicerçada em erros humanos, claro, nunca algo intencional.

A arbitragem no futebol é o último reduto da moralidade no país. O caso Edilson Pereira de Carvalho foi um acidente de percurso, um caso isolado.

Não sei se a arbitragem do sr Leandro Vuaden será tão ruim como foi a do primeiro Gre-Nal. Se D’Alessandro continuará ‘contribuindo’ com a arbitragem sem ser importunado, por exemplo. Não sei. As novas determinações da CBF são claras, não admitem árbitros frouxos. (leiam no cornetadorw mais detalhes sobre o assunto)

Não tem essa de árbitro abraçar jogador para que ele não brigue e o árbitro seja obrigado a expulsá-lo de campo. Vamos ver se essa determinação vale também aqui nessa região estranha Abaixo do Mampituba.

O que sei é que o Grêmio não tem o tal time forte o suficiente para passar por cima de erros cometidos pela arbitragem.

O futebol está tão nivelado que as arbitragens estão cada vez mais decisivas. Qualquer decisão pode pesar no resultado.

No Gre-Nal, então, nem se fala.

Assim, sendo mantida a tendência verificada nos jogos do Gauchão até o Gre-Nal do 0 a 0 na Arena, não tenho dúvida em considerar o Inter favorito ao título.

Somando-se a isso, o fator local, estádio lotado de colorados, e ainda a boa qualidade do adversário, projeto que não será neste domingo que o Grêmio irá quebrar o jejum de títulos.

FELIPÃO

Sabe quando a gente compra um produto pensando que vai encontrar uma coisa, e encontra outra coisa bem diferente.

É assim que eu vejo o Felipão, uma coisa bem diferente.

Eu esperava o Felipão da década de 90, início dos anos 2 mil. Temia que viesse o Felipão faceiro da Copa do Mundo, que foi incapaz de armar um time mais robusto taticamente para enfrentar a Alemanha depois de ter perdido 50% do time, Neymar.

O Grêmio precisa neste domingo, mais do que nunca, do velho Felipão, aquele que não transigiu diante da imprensa oba-oba e dos Parreiras da vida.

Quero o Felipão humilde do passado, mas firme e determinado, não esse que por vezes se mostra acometido de soberba, que assistiu Valdívia entrar no Gre-Nal sem tomar qualquer providência.

Espero que neste Gre-Nal Felipão arme o time mais fechado, reconhecendo a qualidade técnica do rival e as circunstâncias que envolvem o jogo.

Espero que ele coloque Wallace no time, mantendo os outros dois volantes. Que saia o menos participativo do meio pra frente: Braian.

Simples. A reversão da tendência pode começar por aí.

Lances da 'arbitragem nota 9'

Quem apanha não esquece. Dizem os colorados que os gremistas só choram, que deveriam parar de atribuir às arbitragens os anos sem título.

Mas como não denunciar erros grosseiros como esses cometidos no Gre-Nal de domingo e que tiveram influência decisiva no resultado de 0 a 0.

Começo pelo lance abaixo. Peguei de uma tuitada do grande Alexandre Aguiar. Douglas leva entrada dura do Rodrigo Dourado, pelas costas. Dourado entra chutando tudo – mais ou menos como o Geromel no quinto árbitro – e ainda empurra o meia gremista com o braço direito. Tudo isso a cinco metros do sr Daronco, o árbitro que alguém definiu como ‘perfeita’, ‘nota 9’, segundo a maioria da imprensa e dos analistas de arbitragem.

Ah, 13 segundos depois aconteceu a falta do Geromel em Valdívia, com a expulsão do zagueiro gremista.

https://twitter.com/alexaguiarpoa/status/592543252655566848/video/1

O segundo lance, que também é difícil de achar, mostra o Valdívia pisando a coxa de Matias Rodrigues, sem bola, uma entrada maldosa, desleal, digna de um rotundo cartão vermelho. O sr Daronco deu o amarelo, fazendo sinal com os dedos que seria pela sequencia de faltas do Inter. Até parece uma ma esperteza, porque se ele pune pelo pisão desleal teria de ser o vermelho, não o amarelo. Talvez sem ter muita convicção da pisada intencional ou não, ele optou por essa saída. A imagem abaixo foi conseguida pelo botequeiro Nelson, nosso velho parceiro, também ele um sobrevivente dos anos 70.

A imagem obtida pelo Nelson já foi publicada no blog do RW:

http://www.cornetadorw.blogspot.com.br/2015/04/lance-do-valdivia.html

Depois dessas imagens ainda querem que a gente não reclame, não proteste?

Domingo tem mais. Tem Vuaden no apito.

Preparem suas máquinas para garantir imagens que jamais serão destacadas pela mídia da forma que merecem.

Inter atinge objetivo: decide em sua casa

Começo a escrever sobre o Gre-Nal contaminado pela leniência da crônica esportiva quando se trata de arbitragens que não prejudiquem o Inter.

O pessoal é mesmo mais tolerante e ataca qualquer um do Grêmio que ouse criticar os senhores árbitros. Felipão, sabendo disso, esquivou-se de comentar a atuação do sr Daronco.

Sobrou para o César Pacheco. Está levando pau até agora o Pacheco. Fosse o contrário, alguém do Inter se sentindo prejudicado, talvez encontrasse mais eco em sua choradeira – é assim que rotulam quem se sente prejudicado e vai aos microfones questionar decisões dos senhores árbitros de futebol.

Já uma cachoeira de lágrimas iniciada em 2005 segue até hoje. Ali não foi o tal ‘erro humano’, que expressão que viceja “Abaixo do Mampituba’. Erros como os dois pênaltis marcados contra o pobre Cruzeirinho do meu amigo Montanha, que resultaram em rápida e ampla defesa dos analistas de arbitragem.

Bem, então não vou comentar a arbitragem do sr Daronco, até porque a crônica esportiva gaúcha em peso decretou que o resultado não passou pelos homens de preto.

O que  eu tinha que escrever sobre o assunto deixei bem claro quando sugeri, modestamente, que o Grêmio reivindicasse arbitragem de gente Acima do Mampituba.

Bem, agora é isso. O próximo será o sr Vuaden, sobre o qual tenho escrito bastante, assim como tem feito há tempos o incansável bebedor de Bardhal B-12, o titular do cornetadorw, que ao que me consta está se mudando para o Congo pela vigésima vez.

Larguei de mão a arbitragem. Por isso, nem vou falar no D’Alessandro…

Sobre o jogo: o Grêmio foi superior no primeiro tempo e também no início do segundo. O diabo é que chegou com perigo algumas vezes, mas não fez uma conclusão sequer que exigisse algum esforço do goleiro colorado.

Já o Inter, com um jogador a mais durante uns 30 minutos, no segundo tempo, foi mais eficiente em suas poucas jogadas ofensivas, mas aí esbarrou em Marcelo Grohe, que evitou a derrota em plena Arena, este é que é a verdade.

Foi um jogo de nível técnico razoável.

No Grêmio, gostei da dupla Felipe Bastos/Maicon. Critico o Maicon, e também o Geromel, pelo erro de chegar junto no argentino intocável Abaixo do Mampituba. Marcelo Grohe e Rodolpho foram bem mais. Os dois laterais foram eficientes, inclusive o Matias. Lá na frente é que a coisa complica. Braian não recebeu uma bola decente sequer. Tudo bem, mereceu sair. Nem esperava muito mais dele.

Decepcionantes foram os três jogadores mais talentosos: Luan, Giuliano e Douglas. Giuliano eu não vi em campo. Luan tentou, mas errou muito mais do que acertou. Douglas teve alguns lances, mas pouco acrescentou. Inclusive nas bolas paradas ele foi mal, aproveitamento zero. Felipão até comentou isso.

Douglas mereceu sair, mas antes dele Giuliano. E até Luan. Assim que Douglas saiu, o Inter perdeu o resto de respeito que tinha pela linha ofensiva e foi pra dentro do Grêmio. Queiram ou não, eles respeitam muito Douglas.

Achei que poderia ter entrado o Lincoln. Era jogo para Mamute, mas ele segue se recuperando depois do atentado sofrido na vitória sobre o Juventude e que sequer resultou em amarelo para o agressor.

No Inter, a dupla de área foi bem. Os demais foram medianos. Até Sasha, tão festejado por setores da crônica, não se destacou. Ainda não consegui ver nesse jogador futebol que justifique os 10 milhões de euros que estaria valendo, segundo especulam. Ah, Valdívia sim, esse desequilibra.

Ficou tudo para domingo. Sinceramente, pelas circunstâncias todas que envolvem a decisão, vejo o Inter com a mão na taça.

Estive na Arena e sou testemunha do comportamento exemplar da torcida gremista, apoiando e incentivando.

O Grêmio não soube tirar proveito dessa imensa força.

A vantagem agora é do Inter, que conseguiu o queria: decidir em sua casa.

Felipão dá seu recado à arbitragem

O melhor da entrevista de Felipão no final da tarde desta sexta-feira não mereceu sequer uma nota de rodapé dos sites, emissoras de rádio e de TV. E duvido que tenha destaque nos jornais de sábado.

Para o pessoal da imprensa, o principal foi o técnico gremista escalar o time do Gre-Nal com dois dias de antecedência, abrindo mão do mistério. Por um lado é bom, por outro, pra quem precisa preencher espaços com esporte, é uma droga, porque acaba com especulações e elucubrações.

Neste aspecto, resta apenas o Inter agora, já que Diego Aguirre dificilmente vai abrir mão desse trunfo. No caso de Aguirre, as opções são muitas e mais variadas. Mas eu acho que ele vai com o time titular, talvez com duas ou três mudanças. Afinal, para quem tem o Atlético Mineiro pela frente na Libertadores, melhor é garantir um troféu agora, por via das dúvidas.

Foi um Felipão pleno de bom-humor, o que não é muito comum, ainda mais numa véspera de Gre-Nal decisivo. Acredito que a alegria de Felipão se deva ao estado de saúde do seu amigo Fábio Koff, que melhorou depois de um momento realmente muito crítico, conforme o técnico destacou em meio ao fogo cruzado. Era um Felipão aliviado, descontraído, como poucas vezes se vê.

Felipão até brincou quando alguém perguntou quem ele gostaria de ver fora do time colorado se tivesse esse poder. Ele respondeu: o goleiro. Gostaria de enfrentar o Inter sem goleiro. Brincou também sobre a escalação do Inter, dizendo que de certo mesmo é que o presidente Píffero não vai jogar.

Felipão, acima de tudo, passou confiança, otimismo.

Ele só se alterou quando comentou sobre Yuri Mamute. E agora eu chego ao que considerei mais importante na entrevista.

Felipão disse que Mamute está fora do clássico porque foi vítima de uma verdadeira agressão no jogo contra o Juventude, na Arena.

– O Mamute levou um pontapé e nem falta foi marcada – protestou o treinador. O pontapé a que se refere Felipão afasta Mamute do primeiro Gre-Nal e talvez do segundo.

O árbitro Jean Pierre, ao desprezar a agressão, conforme destaquei na postagem anterior, segue assim o modelo de arbitragem ensinada pelo Leandro Vuaden, que mesmo sendo reprovado em teste da CBF, está confirmado para apitar o jogo decisivo. Vuaden faz escola. Agressão violenta em jogador do Grêmio pode ser ignorada. Foi assim com Mário Fernandes naquele Gre-Nal de 2012. Ali o Grêmio começou a perder o campeonato. Todos sabem disso, mas poucos fazem questão de lembrar e colocam tudo como ‘choro dos gremistas’.

Nesse aspecto, o único choro liberado é o dos colorados, principalmente os da mídia, que a todos instante lembram o Brasileirão de 2005 e aquele lance do Tinga contra o Corinthians. Ali não houve o tal ‘erro humano’.

Ao destacar esse erro clamoroso de Jean Pierre no lance de Mamute, Felipão deu o recado que lhe importa neste momento: atenção com a arbitragem. É o mestre.

O TIME

Felipão confirmou o time que vem jogado. É o mais natural.

Mas ainda acho que o melhor seria reforçar o meio-campo no aspecto de marcação e virilidade no combate, na disputa de bola.

Não duvido que ele reforce o setor. Afinal, como se sabe, Gre-Nal se ganha é no meio-campo.

ARBITRAGEM

No sábado, ouvi o diretor de arbitragem anunciar Vuaden e Daronco. Na segunda-feira, já se falava em sorteio com a presença de Jean ‘Damião’ Pierre.

Fiquei confuso. No final das contas, deu o que o diretor antecipou. Curioso sorteio.

Repito: o melhor seria arbitragem de fora.

Gre-Nal se ganha no meio-campo

Nunca pensei que fosse dizer isso, mas não dá pra segurar: Ramiro está fazendo falta neste momento. Seria meu titular no Gre-Nal.

Só pra provocar: Ramiro e mais dez.

Não adianta, por mais que eu goste de ver o time atacando, agredindo, encurralando o adversário até o nocaute, gosto ainda mais de ver a minha defesa se impondo, não permitindo situações de gol ao inimigo. Está bem, inimigo não, adversário. Nesses tempos de politicamente correto a hipocrisia campeia e se alastra como fofoca nas redes sociais.

Só de pensar no Grêmio jogando com dois volantes como Maicon e Felipe Bastos penso nos anos 70 e uma frase fica martelando: Gre-Nal se ganha no meio de campo.

Não consigo ver esse quarteto formado pelos dois volantes citados e dois meias como Douglas e Giuliano dominando o setor crucial de um jogo. Contra adversários menores eles deram conta do recado. O teste mais forte será o Gre-Nal de domingo na Arena.

O Inter tem bons marcadores e meias inquietos e habilidosos. Valdívia é capaz de decidir um jogo se não tiver marcação forte, de cima. Sem falar no D’Alessandro, que além de jogar bem atua também como árbitro, ao menos no Gauchão. Lá pra cima ele se comporta. Aqui, parece ter carta branca para fazer o que quiser.

É por essas e outras que defendo um meio de campo mais pesado, mais pegador. Por isso, Ramiro faz falta. Não para enfrentar um Juventude ou um Caxias, mas para esses jogos encardidos, duros, contra um inimigo, digo, um adversário tecnicamente de alto nível. Se não tem Ramiro, há Wallace.

Eu, cagão assumido, começaria o Gre-Nal com Wallace, mas com ordem expressa de jogar apenas no campo de defesa. Nunca ultrapassar a linha do meio de campo.

Felipe Bastos e Maicon seriam os volantes com mais liberdade para avançar, e ambos tem qualidade para isso.

Mas quem sairia? Essa é a questão.

Tenho duas ideias:

primeira, Braian sobra. Luan faria a função mais avançada, jogando mais centralizado, mas abrindo para os lados para permitir o ingresso de Douglas e Giuliano, que também revezariam nessa função de ‘centroavante’.

a segunda hipótese seria começar sem Douglas, de preferência, ou Luan, mantendo Braian. Douglas está indo bem, sem dúvida, mas vejam o nível dos adversários no Gauchão. O problema é que hoje ele é o centro de gravidade do time. Tem muita experiência, e todos nós sabemos que experiência é importante numa decisão. Mas ainda arriscaria começar com Luan, deixando Douglas no banco.

Se Felipão é o Felipão da Copa, com seu esquema faceiro – para o meu gosto – ele vai começar com o time que vem ganhando.

Se ele ainda guarda um pouco do velho Felipão vencedor, vai com um meio reforçado, armado para não levar gol, e a partir daí, com solidez defensiva e objetividade no ataque, construir a vitória.

Que Felipão não esqueça: Gre-Nal se ganha no meio-campo.

Decisão com árbitro de fora. Por que não?

Depois de arrancar um empate em Rio Grande com uma mãozinha do sr árbitro humano, o Inter passeou no Beira-Rio. Venceu por 3 a 1, mas poderia ter feito uns dois ou três gols a mais. Foi um vareio, como a gente dizia nos tempos de pelada em Lajeado.

Deu a lógica. Até porque o Inter é muito superior ao Brasil e o Grêmio ao Juventude. Não preciso mudar uma linha do que escrevi mais abaixo, no sábado, após a vitória gremista.

Valdívia, de futebol moleque e atrevido, está mais participativo, menos fominha em outras palavras. Foi o grande destaque do jogo.

Considerando todos os fatores que envolvem a decisão, incluindo aí o fato de que a arbitragem será mesmo da federação noveletense de futebol, aponto o Inter como favorito ao título.

Além de ter um grupo financeira e tecnicamente superior ao do Grêmio, o Inter tem sido favorecido pelas arbitragens do pessoal Abaixo do Mampituba. São erros humanos, claro.

Erros que se sucedem para os dois lados, mas na grande maioria das vezes a favor do Inter. Talvez até em função de o presidente da federação ser conselheiro colorado. Os árbitros na dúvida pendem para o clube do patrão. Seria algo inconsciente, não planejado, não premeditado, porque estamos falando de pessoas honestas até prova em contrário. Sem que alguém queira, há um tipo de condicionamento.

No final das contas acho que é pura coincidência. O ruim é que essas coincidências acontecem já faz tempo.

Em 2012, depois de perder dois de seus jogadores mais importantes na época, Kleber e M. Fernandes, vitimados por entradas muito duras sem punição compatível ao delito, o presidente tricolor, o sr. Paulo Odone, declarou guerra à federação.

Não adiantou nada, assim como não adianta o protesto feito pelo atual presidente, Romildo Bolzan. Mas, ao menos, fica o registro.

Penso que o Grêmio deveria entrar com um pedido formal de arbitragem de fora. Pior do que está com certeza não vai ficar.

MAMUTE E MÁRIO FERNANDES (texto escrito sábado à noite)

Não pude deixar de lembrar da violência cometida contra Mário Fernandes num Gre-Nal de 2012, arbitragem de Leandro Vuaden – já escalado, com Daronco, para um dos jogos da fase final do Gauchão – quando vi Mamute estirado no campo, se contorcendo de dor, vítima de uma entrada dura, que atingiu a bola, é verdade, mas varreu tudo o que havia pela frente, principalmente o tornozel0 direito do atacante gremista. O jovem atacante ainda tentou jogar, mas durante uma arrancada para tentar o gol o problema se manifestou com mais intensidade.

Recuando no tempo: o lateral do Grêmio vivia seu melhor momento depois de um período de instabilidade. Sofreu uma voadora frontal, caiu, e só voltou a jogar meses depois. O sr. Vuaden sequer deu cartão amarelo para o agressor, um desses zagueiros que saiu do nada para lugar algum. Não há gremista que não lembre dessa violência e, especialmente, da decisão absurda sr. Vuaden, que começou ali a construir a fama de ‘juiz colorado’  entre os gremistas.

Poucos jogos depois desse que vitimou M. Fernandes, foi a vez de Kleber ser violentamente atingido. Kleber que estava muito bem, ficou afastado longo tempo. A direção do Grêmio na época declarou guerra à FGF, fato semelhante ao que acontece agora. Quer dizer, os fatos se sucedem no regional e sempre prejudicando o Grêmio.

Bem, voltando aos tempos atuais. Mamute, que foi ovacionado quando começou a aquecer para substituir Braian Rodrigues, estava vivendo seu melhor momento, depois de um período de muitas incertezas. Mamute se encaminhava para ser titular, já que Braian segue sem marcar, apesar de algumas participações importantes. Mamute conquistou a torcida. Agora, ficará fora no mínimo por alguns jogos. Está fora do Gre-Nal – sim, nada vai tirar o Inter da decisão.

O árbitro Jean ‘Damião’ Pierre, que sequer advertiu o jogador do Juventude, pode ficar marcado como seu colega. Tudo vai depender do tempo que Mamute ficará sem jogar. A entrada do zagueiro do Ju pode não ser sido maldosa, mas foi com força excessiva.

O certo é que Mamute fará falta como uma alternativa interessante, caso se confirme a gravidade da lesão. Estando à disposição, poderia ser até escalado para começar o jogo, como querem alguns.

De minha parte, continuo apostando no atacante uruguaio.

É fato que nos últimos jogos Braian perdeu uma chance de gol por partida. Neste sábado, entrou livre após lançamento de Giuliano – o melhor em campo e autor da belíssima jogada no gol de Luan, o segundo melhor do jogo – e tentou desviar do goleiro, que saiu muito bem, mas um atacante mais habilidoso o teria encoberto. Luan, por exemplo. Não sei se Mamute teria feito gol nesse lance. Mamute provou que é bom, que é útil, mas não parece vocacionado a ser goleador.

Sobre o jogo, o primeiro tempo foi quase impecável. O Grêmio dominou amplamente, criou algumas chances e anulou o ataque do Ju, que teve muita felicidade em marcar um gol, um belo cabeceio do atacante Douglas, quase no final do primeiro tempo.

No segundo, o Grêmio continuou controlando o jogo, mas com dificuldade de criar chances de gol. Méritos do Ju, que soube marcar. Mas o Grêmio insiste em tocar muito a bola pelo meio, onde o adversário congestiona e aperta a marcação.

A entrada de Mamute era para abrir a defesa e dar outra opção de jogada ao time. São raras as jogadas pelos flancos. Marcelo Oliveira tem ido pouco ao fundo. Matias vai mais pela direita, mas seus cruzamentos tem sido tão eficazes quanto eram os de Pará. Está faltando um cruzamento pelo alto, uma bola pesada, para aproveitar melhor o forte de Braian.

O Grêmio exagera no toque curto, mas ao menos fica com maior posse de bola. Resta traduzir esse volume de jogo em gols.

Esse o desafio de Felipão para ganhar o Gre-Nal.

A arte de perder gols

Ainda no primeiro tempo, depois de alguns gols perdidos e outras jogadas equivocadas no acabamento, tuitei que desconhecia a existência de outro time grande com tamanha vocação para perder gols. E não é de hoje.

Quando não é o goleiro que defende, são bolas chutadas para fora ou excesso de preciosismo, a tentativa de fazer o tal ‘gol de craque’, sempre muito importante na hora de elaborar um DVD para o marketing pessoal.

Nesse jogo contra a Campinense o Grêmio se superou. Foram mais de 20 situações de gol, algumas muito claras, tipo “até a minha vó faria’.

A máxima ‘quem não faz, leva’ só não ocorreu porque o adversário realmente tem pouca qualidade e também porque, faça-se justiça, a defesa tricolor tem sido muito eficiente. Contra um adversário mais forte certamente as consequências de tantos gols perdidos seriam outras.

Exagerando, pode-se dizer que apenas Marcelo Grohe não perdeu gol. Todos os outros contribuíram para esse indicativo preocupante.

O gol da vitória – não o da classificação, porque até o empate servia – foi de Douglas. Jogada tramada por Mamute pela esquerda – novamente ele entrou bem no lugar de Braian – com o lateral Marcelo. A bola cruzada caiu nos pés de Douglas, que não perdoou, afastando a urucubaca.

Depois, quando a Campinense se jogava ao ataque com muita disposição, abrindo espaços generosos para ser goleada, Douglas deu lugar a Lincoln. O presente saindo, o futuro ingressando no gramado: Douglas e  Lincoln.

Lincoln ainda tem muito toddynho pra tomar antes de assumir o lugar de Douglas, mas se trata de um projeto de craque e merece ser tratado como tal. Felipão sabe o que está fazendo, sem pressa, com cuidado e zelo.

Então, como um raio fulgurante em meio à escuridão dos gols irritantemente perdidos, eis que a bola sobra para o pé esquerdo de Lincoln.

O guri não pensou duas vezes, meteu o pé e fez 2 a 0.

Era o futuro – nada distante – do Grêmio se manifestando.

Douglas e Lincoln: os autores dos gols. Será coincidência?

Cebolla ardendo nos olhos de uns e outros

O Grêmio faz bem em trabalhar para manter Cristian Rodriguez, o Cebolla.

E mais me convenço disso quando insistem que ele vai jogar apenas uns 30% das partidas até 30 de junho, quando expira seu contrato.

Leio que a relação custo-benefício não é boa.

Poderia fazer uma lista interminável de jogadores com custo-benefício precário. O que percebo é muita preocupação em ver Cebolla longe daqui para depois voltar para um outro clube da capital, que não é o Cruzeiro nem o Zequinha.

Cebolla, a meu ver, jogou muita bola nos 60 minutos de sua estreia. Muita gente pensa assim. Felizmente, a direção do Grêmio tem igual avaliação.

Dane-se o custo benefício.

O que não dá é acreditar que com esse time atual será possível ganhar um título de expressão. Não dá. Não é impossível, mas é improvável.

A lesão de Ramiro, quase festejada por alguns, é péssima para o clube. Ramiro, o Pequeno Grande Volante, estava bem e começava a ser aproveitado na lateral-direita. Aliás, fui dos poucos que sempre defendeu uma série de jogos de Ramiro na lateral, até porque há outros volantes pedindo passagem. É o caso de Wallace.

Então, é preciso um lateral pelo menos mais confiável que Matias. Não sei se não é hora de testar o garoto Raul, isso se ele tiver contrato longo com o clube. Se não, que fique na geladeira.

Penso que será preciso contratar um volante pegador e mordedor como o Ramiro.

Douglas está bem, mas contra adversários de maior envergadura talvez não tenha o mesmo rendimento, que também não é lá essas coisas. O problema é que não existe no grupo alguém superior ao Douglas, considerando-se toda a sua bagagem. Lincoln é o que mais se aproxima da função, mas é muito guri ainda para tanta responsabilidade. De qualquer modo, precisa entrar mais nos jogos.

Luan no momento é o que mais tem condições de substituir Douglas, e tem provado isso em alguns jogos. Isso não impede que se contrate alguém mais rodado, não tanto quanto o Douglas, claro.

Na frente, acredito na rapaziada, ainda mais com Cebolla, mas seria prudente contratar outro atacante, um jogador de área, mas com mais mobilidade que Braian, até como alternativa. Não vejo Mamute com características para isso, embora esteja entrando bem nos jogos.

Assim, o time para buscar um título nacional não pode prescindir de Cebolla, que parece estar ardendo nos olhos de uns e outros.

ARENA

Essa é pra provocar ranger de dentes em parte do RS. O Rodrigo Multicampeão publicou esse comentário no apagar das luzes do post anterior.

O curioso é que a mídia tradicional está desprezando essa notícia.

Vale a pena reproduzir:

No RW ja saiu a pesquisa, mas o link era da Exame. Segue o link do Lance agora.

http://www.lancenet.com.br/gremio/Arena-Gremio-considerada-privado-Brasil_0_1339066208.html

A Arena do Grêmio ganhou o título no conceito de estrutura física, devido a amplitude de espaços internos e externos, conforto, segurança, qualidade dos equipamentos e aspectos da funcionalidade, como treinamento staff, qualidade dos serviços, sinalização. De acordo com a revista, a Arena possui uma área construída incomparável aos demais e é o melhor estádio privado do Brasil.