As ironias do futebol e o tiro no pé de FC

A vida é marcada por ironias. O futebol mais ainda. Estou ali me inscrevendo para o Cartola e deparo com a seguinte informação: Marcelo Grohe e Victor largam como os goleiros mais valorizados, mais caros.

Não é uma ironia, uma ironia fina? O goleiro que praticamente foi execrado por grande parte da torcida do Grêmio está hoje ao lado do seu sucessor como goleiro mais caro do Cartola.

Dois grandes goleiros. Grohe parece ser superior ao Victor, parece, mas o goleiro do Atlético está eternizado como o grande herói da Libertadores de 2013.

Grohe talvez nunca chegue lá, a julgar como andam as coisas no Grêmio, que não consegue festejar nem Gauchão.

Sei de gremistas que não gostam do Grohe. Sério. É só ler comentários de tempos atrás ou dar uma passada no twitter. Não agora, porque os que conseguem ver defeito no Grohe no momento estão atrás da moita. Aos poucos, porém, o goleiro gremista, o jogador que evitou uma goleada domingo, está conquistando também seus críticos. Mas sempre vão sobrar os mais renitentes, que não dão o braço a torcer de jeito algum.

Futebol tem muito disso: as pessoas se abraçam às suas teses e não há fato que as demovam.

Grohe venceu resistências graças aos seus desempenhos em Grenais, justamente o ponto fraco de Victor, infeliz em dois ou três clássicos. Ninguém lembra os outros que também fracassaram. Já as falhas de um goleiro em jogos decisivos, ainda mais em Gre-Nal, ninguém esquece.

Nem os colorados. É o caso do ex-presidente do Inter, Fernando Carvalho. No programa Sala de Redação, talvez ainda eufórico com a conquista do Gauchão, Fernando Carvalho deu munição ao Atlético Mineiro.

O hoje radialista esqueceu por momentos de sua representatividade como ex-presidente vitorioso – uma espécie de oráculo para os colorados –  e disparou um tiro no próprio pé:

– O Victor treme diante da camisa vermelha.

Wianey Carlet e Castiel reforçaram dizendo que o problema do Victor é com D’Alessandro.

Fernando Carvalho se deu conta da mancada e tentou corrigir. É tarde.

Conhecido por usar conteúdos dos meios de comunicação com críticas ao Inter para incendiar o vestiário na véspera de grandes jogos, Fernando Carvalho sabe muito bem o impacto que esse tipo de coisa provoca entre os jogadores. Tentou remendar, mas é tarde.

A história já repercutiu em Belo Horizonte. Sem querer, o mestre dos artifícios para motivar sua equipe acabou, por um instante de soberba, municiando o inimigo para o jogo desta quarta-feira.

São as ironias do futebol.

GRÊMIO

Depois de ler e ouvir análises de gremistas, constato que há quase um consenso que é urgente reforçar (mudar) o time nas seguintes posições:

lateral-direito, meia-esquerda e dois atacantes

INTER

Leio e ouço análises de colorados entusiasmados com os primeiros 30 minutos do Inter no Gre-Nal. Sem tirar o mérito dos atacantes colorados, ouso dizer que essa moleza que Felipão deu com seu esquema ufanista e afrescalhado não irá se repetir tão cedo.  Felipão contribuiu para que o Inter fizesse sua melhor partida no ano, consagrando Diego Aguirre. A liberdade e o espaço que Valdívia teve domingo não irão ocorrer contra o Atlético. É só um alerta para evitar decepção profunda.