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O Gre-Nal e o cuidado com as palavras

O Grêmio bateu o Fluminense por 1 a 0 com toda a justiça. O Inter, como se previa, penou em Chapecó e, também com justiça, foi batido por 1 a 0.

Não assisti aos jogos porque, pra variar, fiquei sem energia elétrica em função da chuva forte que castigou Porto Alegre mais uma vez.

Vi os compactos. Pela amostragem, fica clara a superioridade gremista. O mesmo em relação à Chapecoense, com direito a um showzinho extra do D’Alessandro.

O argentino, aparentemente, se esforçou para ser expulso e ficar fora do Gre-Nal.  O discurso do ‘vestiário fechado’ não pode ser aplicado a esse Inter, que chega aos frangalhos para o clássico de domingo.

Muito diferente do Grêmio. O time de Roger, que renovou contrato por dois anos – outra medida acertada do presidente Romildo Bolzan -,  vai para o Gre-Nal como favorito, apesar do fator local e de todas as dificuldades que as forças públicas impõem à torcida tricolor para ter acesso ao estádio.

É jogo para somar três pontos, mas sempre respeitando o adversário. Afinal, Gre-Nal é Gre-Nal, e vice-versa. Tudo pode acontecer.

Por exemplo, Vitinho, que errou todos os chutes na Arena Condá, pode acertar um logo de saída, e aí a situação complica.

Respeito ao rival, seja qual for, é o primeiro passo para vencer.

Agora, o presidente Romildo não precisava dizer que assina embaixo por um empate. Sei, é um discurso politicamente correto, e não tenho dúvida de que o Grêmio vai jogar para vencer. É preciso aproveitar este momento ruim do colorado.

Os gremistas, a bem da verdade, esperam outra goleada, sonham com isso. Os colorados temem o pior. 

Por isso, repercute mal em boa parte da torcida essa ‘humildade’ do presidente gremista, sugerindo que ficaria feliz com um empate.

Não ficaria, não. Romildo é torcedor e também quer a vitória na casa vermelha.

Mas, acima de torcedor, ele é o presidente do clube. Qualquer frase mal posta no sentido de enaltecer o favoritismo do Grêmio dará munição a certos setores, que saberão tirar proveito de alguma escorregada verbal do presidente para incendiar o vestiário rival e inflamar a torcida ‘red’, criando um clima ainda mais belicoso.

Este é um momento em que as palavras devem ser bem pesadas antes de lançadas ao ar.

Afinal, não existe maior grenalização do que o próprio Gre-Nal.

FRED

Fred quase fez outro gol de cabeça no Grêmio, dentro da Arena. Seria o segundo em dois jogos seguidos. A bola bateu na trave. Foi talvez o único susto que a torcida sofreu no jogo.

Destaco esse lance porque vi um absurdo: Ramiro marcando Fred. Sim, o gremista mais próximo de Fred nesse lance era o Pequeno Grande Volante, que Roger chama de Pequeno Gigante.

De todos os jogadores do Grêmio o único que decididamente não está apto a disputar bola pelo alto com Fred é Ramiro.

 

O técnico da casa e a influência dos velhos amigos

O problema de ser um técnico da casa é o número de pessoas que se acha no direito de telefonar a todo instante pra sugerir escalações, esquemas de jogo e dar dicas sobre isso ou aquilo.

Foi o caso de Felipão recentemente, em seu retorno ao Grêmio. Não tenho dados objetivos, mas imagino que os canais auditivos de Felipão ficaram congestionados durante o curto período de sua passagem. E não duvido que isso até traga algum benefício, mas estou convencido que atrapalha mais que ajuda.

Na China, sem ninguém de fora pra palpitar, Felipão está feliz, ele e seu fiel escudeiro, o Murtosa. Sem ninguém pra incomodar, eles foram campeões. Mas não duvido também que alguém aqui da aldeia não mantenha contato seguidamente para sugerir alguma contratação.

São pessoas que se acham no direito de se meter na vida dos outros. É como aquele cunhado indigesto e inconveniente que quase todos nós temos.

Depois de Felipão, temos agora o Roger.

 

Só imagino o que deve ter de gente buzinando em seu ouvido desde que ele foi contratado para o desafio de sua vida pós-jogador.

Quando pensou por sua própria cabeça, Roger armou um time competitivo a partir de uma base deteriorada emocionalmente e sem grandes individualidades realmente afirmadas e inquestionáveis.

O time de Roger cresceu, mas a falta de perícia nas conclusões acabou assanhando uns e outros. Foi aí que os ‘amigos do prata da casa’ começaram a fazer valer os seus direitos de velhos conhecidos dos tempos do Olímpico.

A todo instante tinha alguém para sugerir ou cobrar a presença de um centroavante, um sujeito alto e espadaúdo para resolver o problema da falta de gols, e dos gols perdidos porque o time não tinha um camisa 9 de carteirinha.

Confesso que eu mesmo cobrei uma solução para essa deficiência do time, sugerindo principalmente mais treinamentos de chute a gol.

Nunca, porém, defendi mudança de esquema com a entrada de um centroavante ‘aipim’. Gosto de um time com muita mobilidade, com os jogadores se deslocando, atacante e defendendo, desmanchando os losangos, os triângulos e os quadrados. Claro, tudo dentro de uma lógica, de uma organização e de uma orientação superior, a vinda do treinador, de preferência sem interferência dos velhos amigos.

Aí, de tanta insistência veio o Bobô. Uma boa opção para o segundo tempo, nada além disso. Poderia ser pior, porque havia a ameaça de Leandrão ser contratado como solução para o ataque gremista. 

O problema é que Bobô, talvez por interferência externa, acabou titular. Fosse um Ricardo Oliveira valeria a pena mudar o esquema. Roger embarcou nessa canoa furada e o Grêmio afundou no segundo turno do Brasileirão.

O velho esquema está sendo retomado.

Desconfio que o técnico Dunga andou padecendo do mesmo mal. Deixou Douglas Costa, grande destaque do futebol europeu no momento, no banco de um aipim, um aipim tido exportação, mas um aipim. Se deu mal.

Dunga recuou rapidamente e já no jogo seguinte, em Salvador, iniciou com o eterno gremista Douglas Costa.

Foi o nome do jogo. Salvou Dunga da degola.  

Fim do aipim no Grêmio e pelo jeito também na seleção, pelo menos desde o início.

AIPIM ARGENTINO

Por falar em aipim, tiro o meu chapéu para o Barcos. É um grande marqueteiro. Seu nome aparece no noticiário da mídia gaúcha quase todos os dias.

O que me parece uma campanha para colocá-lo de volta no Grêmio.

Só que me faltava, um aipim argentino.

Falta de jogos, excesso de boatos

Dez dias sem jogo da dupla é um perigo. 

É o período em que os repórteres saem à cata de notícias e, quando não as encontram, improvisam. Exercitam a criatividade.

Escrevo com autoridade. Já passei por isso.   

Assim como surgiu a ‘informação’ de que o São Paulo estaria interessado no técnico Roger, do nada brotou a ‘informação’ de que mais três casos de doping seriam revelados nos próximos dias.

As duas ‘informações’ têm algum fundamento. Por isso, prosperam. Principalmente a que envolve Roger, já que o clube paulista ficou sem treinador.

A outra já é mais delicada. As pessoas pisam em ovos para falar sobre o assunto, mas algumas sempre que o fazem lembram o ineditismo de três casos de doping em duas semanas envolvendo o mesmo clube e as mesmas substâncias. 

Em cima dessa informação, surgiu outra de que o Vasco da Gama acompanha muito de perto esse episódio. Entraria como parte interessada no processo. Mas essa é outra ‘informação’ mais próxima de boato do que de um fato.

Já o caso de Roger é de dar vergonha. O blog cornetadorw publicou um tuíter em que é mencionado que um setorista do São Paulo desmentiu a ‘notícia’ e ainda acrescentou que ela partiu da imprensa gaudéria.

É o tipo de coisa que só serve para tumultuar. E, claro, preencher vazios no noticiário esportivo.

Em cima do boato, o fato: o SP quer Cuca. Segunda opção: Paulo Autuori.

É isso: muitos dias sem jogos de Grêmio e Inter atiçam a imaginação.  

MAZEMBE DAY

Vem aí o Mazembe Day, 5 anos.

Reserve já suas Mazembier e Kidiaba.

Fair play, doping e a ética relativa

Os jogadores Nilton e Wellington Martins foram flagrados no antidoping. Suspensão preventiva para os dois.

O Inter sai ileso, é a legislação. Se a legislação tem furos em outras áreas, sendo por demais permissiva e por de menos punitiva, por que no futebol seria diferente?

O que fica é mais um episódio chamuscando a imagem colorada, ao menos no resto do país. Aqui, como já aconteceu com o caso do fair play pisoteado por Argel contra a Ponte Preta, tudo é muito relativo, e a imagem do Inter segue intacta.

Estarrecido, ouvi defesas candentes, apaixonadas, da atitude de Argel e de seus comandados. 

Fico imaginando um lance parecido acontecendo no Gre-Nal. Imagino o técnico Roger, suspeitando que o jogador colorado está fingindo pra ganhar tempo ou anular uma jogada de contra-ataque (também tem isso), imitar Argel e mandar o time não devolver a bola e partir ao ataque.

Seria muito divertido ouvir esses mesmos sujeitos – profissionais sérios e respeitados – analisando o lance. Seria outra abordagem, sem dúvida.

Há um texto sobre o assunto muito interessante e didático, de autoria do sociólogo Peter Berger, que, se vivesse na terra da grenalização, teria material farto para muitos outros artigos:

A relatividade da Ética

 
O sociólogo Peter Berger escreveu um livrinho delicioso chamado de “Introdução à Sociologia”.

Um dos seus capítulos tem um título estranho: “Como trapacear e se manter ético ao mesmo tempo”.

Estranho à primeira vista, porque logo se percebe que, na política, é de suma importância juntar ética e trapaça.

Para explicar, ele conta uma causo:

“Havia uma igreja batista numa pequena cidade dos Estados Unidos,não maior do que o Bairro Manejo. Os batistas, como se sabe, são um ramo do cristianismo muito rigoroso nos seus princípios éticos.

Havia na mesma cidade uma fábrica de cerveja que, para a igreja batista, era a casa de Satanás fedorento.

O pastor não poupava a fábrica de cerveja nas suas pregações.

Aconteceu, entretanto, que, por razões pouco esclarecidas, a fábrica de cerveja fez uma doação de 500 mil dólares para a dita igreja.

Foi um auê celestial!

Os membros mais ortodoxos da igreja foram unânimes em denunciar aquela quantia como dinheiro do Diabo e que não poderia ser aceito.

Mas, passada a exaltação dos primeiros dias, acalmados os ânimos, os mais ponderados começaram a analisar os benefícios que aquele dinheiro poderia trazer: uma pintura nova para a igreja, um órgão de tubos, jardins mais bonitos, um salão social para festas, uma piscina para os batizados.

Reuniu-se então a igreja em assembléia para a tomada de uma decisão democrática e cristã.

Depois de muita discussão registrou-se a seguinte decisão no livro de atas:

“A Igreja Batista Betel resolve aceitar a oferta de 500 mil dólares feita pela Cervejaria na firme convicção de que o Diabo ficará furioso quando souber que o seu dinheiro será usado para a glória de Deus.”

 

Grêmio: derrota passa pelo juiz e por Roger

Perder para o Sport em Recife nunca foi nenhuma tragédia. Raros são os que vencem lá. Agora, há derrotas e derrotas.

A do Grêmio por 1 a 0 começa pelo juiz Heber Roberto Lopes. Mas não termina nele. Passa também pelo Roger Machado.

Heber deixou Luan apanhar o tempo todo. No lance em que Luan levou cartão amarelo por reclamação, o jogador recém havia sofrido uma falta a dois metros da grande área, que o juiz não deu. Minutos depois, Luan vencia uma disputa pela direita e o juiz, que é o maior localista do Brasil, marcou falta do gremista. Na cara do bandeirinha, que fez de conta que nada viu. Luan protestou, e com razão.

Heber quase não marcou faltas a favor do Grêmio. E isso mina o emocional dos jogadores. Mas Heber é assim, sempre foi assim.

Por isso ele foi tão rápido para expulsar Pedro Rocha, que vinha sendo agarrado e o juiz nada marcava. Até que o guri deu um safanão e o adversário valorizou. Se Heber tivesse assinado a falta que PR vinha sofrendo, a história seria outra.

Portanto, a meu ver, Heber foi decisivo na derrota.

Depois, tem o Roger. Não aguento mais ver o Fernandinho entrar como salvador da pátria. Ele nunca salva nada. Imagino que seja uma tentativa de colocar esse jogador – de custo elevado para o clube, obra do sr Rui Costa – na vitrine.

O problema é que Fernandinho quanto mais aparece mais se desvaloriza.

Por que não colocar Maxi Rodriguez ou outro meia no lugar de Douglas, que, aliás, fez uma partidinha de doer? Ficou tempo demais em campo.

No mais, o Grêmio teve condições de vencer em dois ou três lances. O goleiro Felipe fez duas defesas sensacionais.

Grohe, apesar da maior insistência do Sport, fez apenas uma grande defesa. 

Foi um jogo parelho, que o Grêmio poderia ter vencido ou ao menos empatado. 

Ah, o melhor do jogo: Giuliano.

 

Argel não respeitou o fair play

O técnico Argel pisou no bola. Um jogador da Ponte mandou a bola para fora. Havia um companheiro lesionado. Na reposição, cabia ao Inter cumprir o ritual do fair play. Argel aparece gesticulando para o time avançar. Faltavam poucos minutos para o final.

O time adversário esperava a gentileza do Inter, como é comum no futebol.

O fato é que o Inter foi pra cima e chegou ao gol após uma sequência de passes, iniciada com a Ponte desmobilizada por instantes.

O Inter ganhou os três pontos. Mas saiu de campo com sua imagem arranhada.

A mídia do centro do país já se manifesta condenando a atitude colorada.

Em compensação, boa parte da mídia abaixo do mampituba se mostra conivente.

“Não está na regra”, dizem uns e outros, pisoteando a ética.

Uma pena. A paixão está superando a razão.

Por enquanto, fiquem com as imagens desse momento pouco edificante. Confiram também o cornetadorw, que publica excelente material sobre o assunto.

http://globoesporte.globo.com/rs/futebol/brasileirao-serie-a/noticia/2015/11/inter-e-ponte-encerra-em-confusao-e-atletas-trocam-empurroes-no-vestiario.html

Informação ou especulação, eis a questão!

Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade, já ensinava Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler.

Eu só faço um reparo nessa frase plena de sabedoria, ainda mais nessa época em que a (des) informação se alastra como fogo no capim seco das redes sociais: não é necessária tanta repetição.

Por isso, antes que vire verdade dois boatos que andam circulando, declaro:

– o Grêmio não fixou teto salarial, nem em R$ 160 mil, nem em R$ 200 mil, números que foram divulgados irresponsavelmente nos últimos dias. Irresponsável porque se trata de um absurdo. Fosse verdade, o que o Grêmio faria se lhe fosse oferecido Lucas Lima por 500 mil mensais? Rejeitaria porque há um teto ridículo, incabível no futebol? Claro que não. Portanto, vamos parar com essa lorota, porque revela no mínimo o amadorismo de quem a divulga. Nem cogito de haver má intenção na divulgação dessa bobagem.

– tem gente usando espaço na mídia para afirmar que a direção do Grêmio procura jogadores para algumas posições. Qualquer observador de futebol sabe que o Grêmio tem carência em algumas posições. Então, a partir da observação, pode-se deduzir que o clube realmente pesquisa no mercado nomes que possam acrescentar qualidade ao time. Mas daí a dizer que a direção passou essa ‘informação’ vai uma larga distância. Fico preocupado porque esse tipo de desinformação -com ares de informação passada por algum dirigente barriga fria – chega aos ouvidos dos atuais titulares, que podem ficar incomodados, resultando daí, talvez, revolta e/ou instabilidade emocional, com reflexo em seu rendimento na reta final do Brasileirão. Quem ganha com isso?

Vale o mesmo para o Inter. A direção diz que Argel fica em 2016. É um dirigente que veio a público afirmar isso. Ninguém acredita, claro, mas é a posição oficial do clube. O que não impediu que toda a mídia gaúcha fosse atrás de Muricy Ramalho, nome prioritário no começo do ano e também depois da queda de Aguirre. Ouvi Muricy dizer o seguinte, ontem, numa emissora de rádio:

– Olha, não me lembro de ter dado tanta entrevista num só dia como agora.

Apesar da posição oficial do clube, de que Argel fica seja qual for o resultado final no Brasileirão (acho que ninguém acredita nisso, mas é a palavra oficial e ela deve ser considerada), a realidade é que a imprensa já especula até valores. Muricy estaria pedindo – numa suposta negociação já iniciada – nada menos do que 900 mil reais por mês. Um absurdo, mas ele não quer ficar abaixo de D’Alessandro e Alex, por exemplo. O Inter estaria oferecendo uns 600 mil reais. Números absurdos para a nova realidade da economia brasileira e do futebol verde-amarelo.

Concluo dizendo que é importante, e ético, separar o que é informação do que é especulação, muitas vezes até fundamentada em alguma informação passada nos bastidores. Atribuir a uma especulação ares de informação é um ato que fere o bom jornalismo, e em nada dignifica a prática, pelo contrário.

 

A tarde iluminada de Roger e as calculadoras frenéticas

O técnico Roger Machado teve uma tarde gloriosa. Os dois jogadores que entraram no decorrer do jogo, Éverton e Bobô, fizeram os gols da vitória por 2 a 0 sobre o Flamengo. Mas o primeiro acerto de Roger foi começar com Moisés e Marcelo Oliveira como volantes, abandonando esquisitices como iniciar com Schuster ou recuar Giuliano, como chegou a ser treinado. 

A dupla fez um ótimo trabalho defensivo, aliviando Geromel e Erazo, e, claro, Marcelo Grohe, um espectador privilegiado, porque o Flamengo raramente levou perigo.

Ofensivamente, porém, os dois ficaram abaixo dos titulares, o que é natural e estava previsto. Por isso, o Grêmio teve tantas dificuldades no primeiro tempo. É preciso considerar, ainda, que o trio Douglas, Giuliano e, especialmente, Luan, não estava bem. 

Tudo melhorou no segundo tempo. Moisés, de atuação firme e estimulante, passou a aparecer mais na frente, assim como Marcelo Oliveira, criando opções para o trio de armação e confundindo a marcação flamenguista.

Douglas aproveitou um momento de vacilo do sistema defensivo do Fla, até ali impecável, descobriu Luan pela meia esquerda, livre para correr e invadir a área. Luan ficou frente a frente com o goleiro, esperou o suficiente para a chegada de Éverton. Saiu um passe perfeito. Éverton, que recém havia entrado no lugar de Pedro Rocha, de atuação apagada, mandou para a rede.

O gol fez justiça ao time que dominava, mas que não conseguia concluir. 

O sol que iluminou o domingo clareou também o caminho do Grêmio rumo aos três pontos. Guerrero foi expulso por um lance infantil, parece até que queria ir mais cedo para o vestiário. A bola não chegava nele. Ou talvez por que quisesse mostrar-se solidário aos festeiros afastados pelo técnico Osvaldo de Oliveira, que, agindo corretamente em termos de disciplina, deu uma mãozinha para o Grêmio.

Com um jogador a mais, o Grêmio teve mais facilidade para controlar o adversário e também para explorar contra-ataques. Foi assim que veio o segundo gol, o gol da tranquilidade.

Marcelo Oliveira, jogador que admiro desde que chegou, mostrou que manda bem também como volante. Foi dele o lançamento preciso, na medida, para Bobô mostrar duas virtudes de um goleador: frieza diante do goleiro e técnica para mandar a bola para a rede. 

Bobô, um centroavante de carteirinha, deu razão a todos que defendem sua entrada no time apenas no segundo tempo. Roger, portanto, não pode se iludir. Deve seguir começando com um atacante pelos lados, Pedro Rocha ou Éverton. Pelo menos até que Bobô prove ser opção melhor, empilhando gols como faz Ricardo Oliveira no Santos. Até lá, Bobô é uma boa alternativa para entrar no decorrer do jogo.

LUTA PELO VICE

O principal, o que realmente interessa, é o resultado. A vitória por 2 a 0 mantém o Grêmio no G-3 faltando apenas cinco rodadas. E agora a três pontos do vice, o Atlético, goleado em casa pelo imbatível Corinthians do mestre Tite.

O futebol alegre e impetuoso do Atlético de Levir Culpi também não resistiu ao futebol pragmático de Tite, campeão brasileiro de 2015.

LUTA POR VAGA

Depois do fracasso no Serra Dourada, onde perdeu por 2 a 1 de virada, imagino que as calculadoras frenéticas vão entrar em ação durante a semana, projetando as chances do Inter em relação à vaga na Libertadores.

Só espero que parem de sonhar que ainda podem ultrapassar o Grêmio no Brasileiro.

Punição de festeiros equilibra o jogo

O pulso firme da direção do Flamengo, o que é atípico, pode dar uma mãozinha para o Grêmio no jogo deste domingo na Arena.

Se o Grêmio tem desfalques importantes, o time carioca não fica atrás.

Os jogadores Alan Patrick, Everton, Marcelo Cirino, Paulinho e Pará foram afastados. Flagrados em meio a uma ‘confraternização’ com mulheres e cervejas após o treino de terça-feira – eles levaram colchões para o caso de pernoitarem – num sítio que pertenceu ao funkeiro Mr. Catra, eles estão queimados com a direção e com a torcida.

Como o Flamengo é o Flamengo, não duvido que os festeiros sejam perdoados e joguem. Mas a tendência é mesmo de que eles fiquem de fora. Estão treinando em separado.

Marcelo Cirino, baita atacante, está lesionado e não jogaria mesmo. Já os outros quatro estavam à disposição do Osvaldo de Oliveira. 

Com isso, penso que o Grêmio assume o favoritismo. Ainda mais se a torcida for tolerante e paciente com o time, que não terá Wallace e Maicon. E muito provavelmente Luan, lesionado.

É muita qualidade fora do time. O pior é que as alternativas não inspiram confiança.

Se Luan não jogar, acho que poderia entrar Maxi Rodriguez. Habilidade e controle da bola não lhe faltam. O problema é que ele parece não resistir mais do que 45 minutos. Mesmo assim, ele é a melhor opção para Luan no momento. Sem contar o fato de que Maxi já fez belos gols no Flamengo. Dá liga.

Melhor que Maxi para substituir Luan só mesmo Lincoln. Quem sabe?

Sou contra deslocar Giuliano para volante. Perde em qualidade na armação e perde defensivamente. Melhor escalar Marcelo Oliveira ao lado de Moisés. Hermes entraria na esquerda.

É a alternativa menos ruim. Começar com Schuster e Moisés, que andaram treinando no time titular, é quase um suicídio.

Agora, confio no técnico Roger. Tenho certeza que ele armará o melhor time possível para esse jogo tão importante.

ÚLTIMA CHAMADA

Vamos dar força ao nosso amigo RW, unha encravada no dedão de um certo dirigente da praça.

Voto popular Jornalista web item 10
Ricardo Wortmann cornetadorw
http://revistapress.com.br/v15/?page_id=13

 

 

‘Truvisca no fedor que o beque faz contra’

Se o Grêmio jogasse com os titulares contra o Flamengo, domingo, não tenho dúvida de que venceria e conquistaria os três pontos, embalando para confirmar o G-3 e a vaga direta na Libertadores/2015, ambição de muitos e conquista de poucos.

Aqueles que desdenhavam de vaga em Libertadores dizendo que não torcem por vagas, mas por títulos, hoje estão aí desesperados por uma vaguinha até na pré-Libertadores, usando a calculadora alucinadamente.

O problema do Grêmio agora é interromper a tendência de queda. Se não for possível reverter, que ao menos mantenha o percentual de 50% de aproveitamento no segundo turno e conquiste nove pontos dos seis jogos que restam. Imagino que isso será suficiente para confirmar presença no G-3. Mas não tenho muita certeza disso.

Essa meta seria fácil de atingir, mas as lesões seguem atormentando o técnico Roger Machado. A notícia de que Maicon fica fora do time por um mês, ou seja, na reta final da competição, é péssima.

Maicon, ponto de equilíbrio da equipe, já fez muita falta em boa parte deste returno.

Considerando que Edinho, também lesionado, e Wallace, suspenso de novo pelo terceiro cartão amarelo, também estão fora, fica claro que o jogo na Arena passa a ser de alto risco.

O Flamengo não faz boa campanha, mas tem uma equipe de qualidade. E tem Paolo Guerrero, que a qualquer momento pode desencantar.

Felizmente, é possível que a dupla de área titular seja confirmada. Depende do Flamengo a liberação do zagueiro. Em troca, o Grêmio libera Pará. Por mim, Pará pode jogar, mesmo que Erazo não seja liberado.

Se Erazo não jogar, mais um sério problema. Thyere até que foi bem contra o Vasco, mas seria um reserva a mais num time que já terá problemas para montar um meio de campo confiável.

O meio de campo. Está aí o grande desafio de Roger Machado. Moisés parece confirmado. Não acredito que Roger ouse começar também com Schuster. Seria quase um suicídio. É preciso colocar alguém mais experiente e qualificado por ali. No caso, Marcelo Oliveira, entrando Hermes na lateral-esquerda.

De qualquer modo, será um meio de campo sem o potencial daquele que vem sendo usado, inclusive com Edinho como opção.

Incrível, mas os três volantes principais estão fora de um jogo tão importante.

Os deuses do futebol que deram uma forcinha em alguns jogos entraram em férias.

Felizmente, Luan, ao que tudo indica, estará de volta para completar o setor ofensivo com Douglas e Giuliano. Completando o time, Pedro Rocha ou Éverton.

Bobô só como alternativa para a hora de desespero, a hora do vai que dá. Aquela hora em que o técnico grita para que joguem a bola pra área de qualquer jeito: “Truvisca no fedor que o beque faz contra”.

LIBERTADORES

Vejo com alguma perplexidade um pessoal projetando o time para a Libertadores. Sugestões de contratações e dispensas.

Isso me espanta e me preocupa.

É a tal da carroça na frente dos bois. Espero que no Grêmio esse tipo de pensamento não ocorra.

Primeiro, vamos garantir a vaga direta. Depois, a gente conversa.

Mas se quiserem continuar sonhando, tudo bem. Quem sou eu pra vetar sonhos?