Dida e a lua-de-mel de Grohe

Uma confissão: eu já me preparava para secar o Dida no ‘jogo contra a pobreza’ quando o Grêmio se antecipou a um eventual fracasso do veterano goleiro.

Ficaria muito complicado anunciar a contratação se Dida tomasse um frango, que talvez pudesse ser o primeiro da Arena. Ficaria nos registros para todo o sempre: o primeiro frango da Arena foi de um ex-goleiro da seleção Brasileira, Dida.

Imagino o constrangimento do diretor anunciando Dida após uma situação como essa.

Atenta, a direção deve ter pensado nisso e preferiu garantir o negócio, se livrando do que poderia ocorrer à noite.

Não chega a ser falta de confiança plena em Dida, mas acidentes acontecem, principalmente com os goleiros. Nem o melhor goleiro fica sem engolir seus frangos ao longo da carreira.

Esse anúncio – que ainda não aconteceu no momento em que escrevo – antes do jogo evidencia que o Grêmio estava mesmo muuuuuito a fim de contratar Dida.

E Dida, que estaria vindo com uma remuneração três vezes superior a do titular Marcelo Grohe (claro que aí está embutido o aluguel do ‘passe’), não vem para ser reserva.

Dida vem para ser titular. Mas o tempo vai se encarregar de reconduzir Marcelo Grohe ao posto que hoje ocupa. Porque Grohe, hoje, é melhor que Dida.

Talvez aos 25 anos Dida fosse melhor que Grohe. Até acho que era. Mas não tenho certeza. Sei que hoje Grohe é melhor, e não é inexperiente.

Não tem a experiência de Dida, mas é superior em outros quesitos, como agilidade, por exemplo. Outro aspecto: quem tem melhor visão? Um sujeito com 40 anos já começa a sofrer alguma perda nesse aspecto. Jogo noturno, iluminação difusa, sombras e claridades. Sei não.

Grohe, que casou na sexta-feira e deve estar em lua-de-mel não merece receber essa notícia broxante, sem duplo de sentido…

É difícil apontar algum erro grosseiro de Grohe desde que assumiu o lugar do Grande Victor. Por isso, é difícil entender a contratação de um goleiro em final de carreira e na iminência de se tornar um quarentão.

Pela diferença de idade, Dida poderia ser pai do reserva Matheus, que pelo jeito vai demorar a ter sua oportunidade.

Agora, como vai reagir Grohe? Ele atingiu um determinado status no futebol que não pode mais passar para a reserva assim sem mais nem menos.

Ao mesmo tempo, Dida de titular tendo uma sombra com Grohe.

Não sei, mas sou capaz de apostar que Grohe, que se valorizou muito no Brasileirão, pode ser negociado.

Com isso, torna tranquila a titularidade do preferido de Luxemburgo, Dida, claro, e abre caminho para Matheus e outros.

Mas sempre restará uma dúvida: e se Dida começar a sentir o peso dos anos?

Melhor dar um aumento significativo de salário para Grohe e ficar com ele. É mais sensato.

IDEIA MALUCA

De tanto ouvir e ler que a Arena não é uma conquista, mas um grandioso problema para o Grêmio, estou chegando à conclusão que o melhor é continuar com o Olímpico. Hélio Dourado tinha razão.

Ficamos no Olímpico e demolimos a Arena.

Acho que aí acaba a secação.

Tite, Cássio e a entrevista do Koff

Acordei mais cedo, fiz um chimarrão e fui para frente da TV. Antes, havia ligado o rádio. A Guaíba ignorou a decisão do mundial. Estranho. Será porque era o Corinthians? No horário, o Mendelski relembrando a Jovem Guarda, Deny e Dino cantando O ciúme. Desliguei.

Na TV, optei pela Band, pela emoção do corintiano Neto e do Luciano do Vale.

Assisti ao jogo com frieza, sem qualquer emoção.

Não torci, mas queria que o Corinthians não vencesse.

Torcia pelo Cássio, de quem sou admirador desde seu início no Grêmio, e pelo Tite, o treinador que venho sugerindo ao Grêmio há cada começo de temporada.

Mas não podia torcer por um clube tem que como seu maior torcedor, e benfeitor, um sujeito chamado Lula Inácio.

Não podia torcer por um clube que herdou do governo federal um moderno estádio de futebol enquanto o Grêmio teve que entregar os dedos, os aneis e a alma para ter a sua Arena, a majestosa Arena.

Além do mais, como torcer por uma clube que a TV empurra em canal aberto a cada rodada e que ganha muito mais verba que os demais clubes – exceção do Flamengo -, e que, portanto, se encaminha para ser favorito em todas as competições disputadas no país?

Como torcer por um clube que agora está comemorando o bi mundial graças a tão valorizada – pelos colorados – Fifa, que validou um título ‘mundial’ obtido pelos paulistas num torneio caça-níquel, numa final com o Vasco? Pelamordedeus! E tem gente que gosta de adicionar Fifa ao seu ‘campeão do mundo’…

Realmente, colocando na balança, não poderia mesmo ficar ao lado do Corinthians. Mas também não torci contra. Não tenho como explicar isso, o que eu posso fazer?

Mas, agora que o título mundial – este realmente um título mundial que merece e deve ser festejado pelos corintianos como tal – foi conquistado, fico contente pela consagração do Tite, um profissional sério e competente, que conseguiu ser campeão com uma equipe sem grandes estrelas.

O Corinthians não tinha, por exemplo, um cara como Renato Portaluppi. Nem um cara do nível de Gabirú, o herói do título obtido pelo Inter e que muito orgulha a nação vermelha.

O Corinthians é um time homogêneo. Nota oito, em média, em todos os setores. Mas que tem pelo menos dois jogadores nota 10:

Cássio e Paulinho. O goleiro da Seleção Brasileira não pode ser outro. Não tem pra ninguém.

E Paulinho é o mais titular do meio-campo.

Depois, tem alguns jogadores nota 9, como o Émerson e o Danilo, que fez uma partida simplesmente espetacular técnica e taticamente. Outro do mesmo nível: Guerrero, uma aposta de Tite. Outro que eu gosto: Chicão.

O restante são jogadores médios, dos quais Tite conseguiu extrair o máximo.

No time do Chelsea, que poderia ter largado na frente não fosse a barreira chamada Cássio, não vi nenhuma de suas estrelas milionárias brilharem. Até agora estou procurando o festejado Oscar.

Não era pra ele, titular da seleção na gestão Mano, assumir o jogo, chamar pra si a responsabilidade, se ele é tão talentoso como apregoam seus fãs? Sumiu.

Então, parabéns ao Tite, que deveria ser o treinador da Seleção, e ao Cássio, o melhor goleiro brasileiro.

A ENTREVISTA

Muito boa a entrevista da ZH com o Fábio Koff. Reveladora do que realmente pensa o novo presidente gremista.

Resumindo: se essa entrevista tivesse ocorrido antes da eleição, Odone seria reeleito.

Koff deixou muito evidente sua satisfação com a Arena, mas não tapou o sol com a peneira, deixando claro que não foi um bom negócio para o clube esse contrato com a OAS.

Mas a Arena está aí, e é preciso agora tirar o máximo proveito do seu potencial.

ELEIÇÃO

A oposição venceu a eleição para alteração no Conselho Deliberativo. Os sócios votaram e manifestaram sua insatisfação com a diretoria, reeleita sem passar pelo crivo dos torcedores. Dos 150 nomes, 112 são de oposição.

Os números apontam que Luis Antônio Lopes e Piffero teriam vencido a disputa, que acabou decidida no CD.

GOLEIROS

Cássio é hoje o maior nome oriundo da fábrica de goleiros do Grêmio, que tem o Marcelo Grohe, o Fernando Prass e outros que não lembro agora. O clube deve parar de pensar em contratar goleiro, e apostar nos da casa.

O dinheiro que seria destinado a um Dida, por exemplo, pode servir para reforçar o time em outras posições, quem sabe um lateral direito para colocar na reserva o preferido de Luxemburgo?

Paixão: transferência que vale seis pontos

Concluída a novela “Em busca de um treinador”, protagonizada por Giovani Luigi – tem nome de ator de bang-bang italiano, tipo Django e O Dólar Furado -, com a contratação mais do que festejada pela mídia do ex-treinador da Seleção Brasileira, Dunga, o Inter está confirmando Paulo Paixão.

Se Dunga ainda é um técnico que precisa provar, embora os indícios de que tem tudo para dar certo, a transferência de Paixão neste caso é como jogo de seis pontos: soma três ao Inter, retira três do Grêmio.

Há uns oito anos aconteceu a mesma coisa: Paixão trocou o Olímpico pelo Beira-Rio. O Inter passou a acumular títulos.

Paixão parece ser aquele sujeito altamente qualificado, e também altamente pé-quente.

Lamento muito a saída de Paulo Paixão. Mas eu mesmo já havia comentado aqui que ele não renovaria com o Grêmio seja pelo salário que fosse.

Um profissional de tamanha envergadura não se acomoda, não aceita ser o número 2. Até questionei sobre o que ele pensaria a respeito do ‘pijama training’ tão ‘vestido’ pelo treinador Luxemburgo. Nenhum repórter teve essa curiosidade. Pena.

DUNGA

Dunga fez um bom trabalho na Seleção. Seu maior mérito, a meu ver, foi ter acabado com a bagunça, com a indisciplina, e ter sufocado o clima de festa que envolvia os jogadores.  Armou um time à sua imagem e semelhança: mais compenetrado e aplicado taticamente, do que talentoso. Até por falta de jogadores mais qualificados.

Agora, trabalhar num clube é diferente. Na Seleção, o técnico convoca os jogadores que quer, dentro do perfil desejado; no clube, o técnico indica, e muitas vezes não é atendido plenamente. E aí precisa trabalhar com o que tem.

A questão das relações humanas também é diferente. O vestiário é diferente. O convívio no clube é constante, dia após dia, um ano inteiro. Na Seleção, Copa do Mundo, é tiro curto. Basta mobilizar para esse período e tudo bem. Foi o que fez Felipão, que recuperou Ronaldo para ser campeão do mundo. Ronaldo gostaria de continuar trabalhando com Felipão por mais tempo? Duvido.

Dunga começou bem. Como bem começou Falcão. Lua-de-mel com a mídia, que hoje parece um poodle, mas que pode se transformar num pitbull com facilidade. Falcão que o diga.

Mas não há mistério no futebol: venceu está bem, perdeu vai pra casa.

LUXEMBURGO

O mesmo vale para Luxemburgo, que teve seu nome gritado tão forte no Olímpico que não restou outra saída ao Fábio Koff. Teve que manter um treinador que não ganhou nada este ano, e que não vem ganhando nada há tempo, mas que realmente fez um trabalho bom no Grêmio.

O que eu vejo de mais positivo em Luxemburgo ter continuado é que a partir daí o Grêmio conseguiu manter Zé Roberto.

Luxemburgo é uma grife. Elano só veio para o Grêmio em função disso. Outros jogadores de alto nível também irão avaliar proposta do Grêmio com mais atenção só pelo fato de poderem trabalhar com Luxemburgo.

Não sei se há no futebol brasileiro outro treinador com esse prestígio perante os boleiros.

Um prestígio que chega aos gabinetes.

Não entendo por que fazer pré-temporada em Londrina. Foi decisão de Luxemburgo.

A direção acatou. Mas continuo sem entender.

REFORÇOS

Willian Jose e Alex Telles são boas contratações, oxigenação no vestiário. Willian é um atacante muito bom. Não entendi por que o São Paulo o liberou.

Alex Telles foi destaque no Caxias. Pelo pouco que lembro dele, trata-se de um lateral com jeito de ala, que ataca com velocidade e tem drible fácil.

Um espetáculo chamado Arena

Espetacular! Parece uma nave espacial, uma gigantesca nave espacial.

Foi o que pensei quando fiquei frente à frente com a Arena depois de uma caminhada de dois quilômetros acompanhado de centenas de torcedores, todos seguindo à risca do glorioso hino composto pelo mestre Lupicínio.

Nesse trajeto, da Farrapos até a Arena, percebe-se a rua está sendo alargada, o que facilitará e muito o fluxo de veículos.

Os moradores da região, gente muito humilde, aproveitaram para faturar uns trocados vendendo bebidas e improvisando estacionamentos, a um custo de 30 reais para cima.

A caminhada não é muito fácil, porque não existe calçada na maior parte do trecho, e sim chão batido, esburacado e com elevações. Facilitou, tropeça.

Diante do monumento azul, outra missão: descobrir como e por onde entrar. Muita gente estava nessa situação, apesar de tudo muito bem sinalizado.

Depois de uns 15 minutos, consegui entrar. Eram umas 19h30. Pergunta daqui, pergunta dali, entrei, sem querer, na área que dá acesso aos vestiários. Ah, muita segurança em todos os lugares, além de funcionários de todo o tipo, dezenas deles.

Pessoal de imprensa atento para fazer entrevistas. Eis que vejo o Baidek. Esse é um dos poucos jogadores com quem mantive uma certa amizade nos tempos de setorista. Ele me vê e me reconhece, mesmo sem a cabeleira e a barba de guerrilheiro tupamaro. Nos abraçamos. A Eduarda Streb se ofereceu para tirar uma foto, que saiu meio borrada.

Perguntei  ao Baidek se ela traria reforços. Ele respondeu que sim, mas não revelou nomes. Falei que fazia a cerveja 1983, e ele riu, contando que esse é o milhar final do seu celular, cujo número todo guardei para obter informações mais adiante.

Bem, segui em frente em minha busca. Até que um funcionário me disse que eu deveria pegar o elevador e descer no segundo andar. Insisti que queria ir de escada, mas ele repetiu que seria melhor de elevador.

Aqui um aparte: sou pé frio com algumas coisas, elevadores, por exemplo.

São vários elevadores. Abre-se a porta de um deles, que logo fica lotado. ‘Entro ou não entro”, pensei, pesando os prós e os contras, o peso excessivo, elevador novo, sei lá, não queria ficar trancado. Entrei.

Encontro naquele cubículo a Eliana Camejo, dona da empresa de comunicação contratada pelo Grêmio. A ascensorista aperta o botão, o elevador sobe um pouco e… Para!

Escuridão total. Falta de energia elétrica.

Elevador lotado, lotado mesmo. A ascensorista, nervosa, diz: ‘Sem pânico’.

Pronto, falou a palavra que não poderia ser pronunciada: pânico.

Ela repetiu: “Estou apertando o botão do pânico, mas não está funcionando”.

Junto de mim, uma baixinha, ofegante, diz:

– Estou passando mal, estou passando mal.

Outra mulher diz que está sentindo falta de ar. “Não tem ventilação?”, alguém pergunta.

Não, não havia ventilação. Fiquei preocupado: elevador lotado, sem ventilação e, conforme havia observado, sem fresta para entrar ar. “Se demorar vai ter gente desmaiando, gente agitada e o ar será consumido mais rapidamente”, pensei, e aí falei:

– Pessoal, tá cheio de gerador aí fora, muita calma que a luz já vem.

Mal terminei de falar, a luz voltou. O elevador desceu e todos saíram rapidamente dele rumo às escadas.

Finalmente cheguei ao setor da imprensa, um enorme saguão, repleto de equipamentos, garçons servindo canapés, refrigerante, sucos e água de coco. Maravilha. Estava com a garganta seco e precisava me recuperar do susto.

Reencontro velhos colegas. Um deles o Júlio Sortica. Por ‘culpa’ dele que me tornei repórter esportivo. Éramos colegas na faculdade. Ele já trabalhava na Folha da Tarde. Um dia, quase no final do curso, ele me disse que estava indo para a Zero Hora e que abriria uma vaga. Fui lá e ganhei a vaga.

Esse é o Júlio Sortica, com quem tirei uma foto ao lado de outro grande parceiro que não via há tempo, o Flávio Valente.

Perguntei ao Flávio onde ficava o acesso ao campo, estava ansioso para ver a Arena por dentro. “Não brinca que tu ainda não foi lá ver. Vem, que eu quero filmar esse momento”.

Filmar? Ele só podia estar brincando. Aí, ele sacou uma câmera pra registrar a minha reação. Quando finalmente entrei na Arena, já quase lotada, meu queixo caiu.

Demorei alguns segundos pra me recuperar. Um espetáculo.

– Está aí uma puta arena!

Nisso, vem o David Coimbra, que também entra no ‘filme’ do Flávio Valente. Ele vai colocar o vídeo no youtube.

O local onde ficou o pessoal da imprensa é realmente especial. Seria como a social em miniatura do Olímpico, só mais próxima do gramado. Cadeiras estofadas, conforto, visibilidade excelente.

A sensação é de que está num estádio europeu. Que um lugar assim tão maravilhoso não poderia estar no Brasil de tão majestoso, moderno, diferente de tudo o que existe hoje em termos de estádio de futebol no país.

Com essa Arena avassaladoramente espetacular não será muito difícil esquecer o Olímpico.

É o presente e o futuro se sobrepondo ao passado inexoravelmente.

Depois, veio show, sensacional. Emocionante.

Por fim, o jogo. De onde eu estava podia ver a expressão dos jogadores claramente, de tão próximos. Tive a impressão de estar numa quadra de futebol sete, mas com onze de cada lado.

Uma pena a grama não estar completamente assentada. Sulcos foram abertos várias vezes. Nada que o tempo não resolva. Além disso, o gramado foi prejudicado pela falta de chuva.

Gostei do time do Hamburgo, tem qualidade, toca bem a bola. Mas quem saiu na frente foi o Grêmio, golaço de André Lima, o primeiro gol da Arena.

O Guerreiro Imortal, de quebra, comemorou imitando o Kidiaba. Renovo o contrato dele por mais cinco anos.

Vou tentar entregar uma Kidiaba  pra ele.

O Hamburgo empatou, muito por culpa de Luxemburgo, que fez substituições demais. Será que ele não sabia que o Grêmio precisava vencer seu primeiro jogo na Arena? Por que fragilizar tanto o time? Para dar chance aos outros?

Pelamordedeus!

O Hamburgo empatou. Felizmente, Marcelo Moreno salvou a pátria tricolor fazendo o gol da vitória no finalzinho, aproveitando cruzada de Marquinhos.

O Grêmio começou vencendo na Arena, que mostrou ser um poderoso aliado em função de sua acústica, A vibração da torcida é amplificada, e da proximidade com o gramado.

O ELEVADOR

No intervalo fui conferir os outros andares da Arena, que vai até o sexto andar, onde ficam as cabines de rádio e TV.

Passei pelo lounge, um espaço enorme, pouca luz, decoração chique, serviço de bar. Fica junto aos camarotes do lado oeste. Não sei se tem também do outro lado.

Fui até o sexto andar, pelas escadas, claro.

Pra descer, decidi encarar um elevador. Entrei com mais duas pessoas. Elas pediram para descer no segundo andar. Eu ia até o primeiro.

O elevador parou e as pessoas desceram. Ficamos eu e a ascensorista. Adivinhem. Ela acionou o botão, o elevador se mexeu e… parou. E não foi por falta de luz.

Ela acionou o tal botão do pânico várias vezes. Ela estava em pânico.

Mas deu certo. Chegamos ao primeiro andar. Eu me despedi da moça desejando-lhe ‘boa sorte’ e dizendo que nesses elevadores eu não entro mais e lamentando pela situação dela.

– Não lamente, porque eu também não entro mais nesses elevadores, estou indo embora – garantiu, olhando para um outro funcionário que se aproximava.

– Estou cansada. Este elevador está com problemas e eu não entro mais nele.

Luxa e sua seleção brasileira do passado

O quase quarentão Dida realmente está nos planos do Grêmio. Diria até que já está contratado.

Não sei exatamente o que Dida fará. Treinador de goleiros? Pode ser.

Mas desconfio que Luxemburgo – só pode ser indicação dele – quer Dida para ser titular. Dida até que fez boa campanha na Portuguesa. Eu disse Portuguesa, de onde veio outro que havia feito boa campanha, o Marco Antônio.

Com todo o respeito, quem tem Marcelo Grohe não precisa de Dida, nem para banco de reservas.

Quem tem um Matheus esperando uma chancezinha só, antes deveria testar o garoto para ver se ele tem condições de ser reserva do titularíssimo Grohe.

Uma sequencia de jogos é o mínimo que Matheus merece. Ou algum outro goleiro da base.

Taffarel, Danrlei e o grande Émerson, aquele que teve a perna fraturada quando se encaminhava para ser o melhor goleiro do país, começaram novinhos, com espinha na cara.

Se vier o Dida assim na mão grande, carteiraço, o que vai ser dessa gurizada boa que está aparecendo na base? Qual o estímulo, o incentivo?

Ou será que Luxemburgo não confia em Marcelo? Seria um absurdo, outro absurdo.

Não sei se vocês sabem, mas eu sou metido a psicólogo de boteco.

Tento entender o Luxa:

Ele quer tanto voltar à Seleção Brasileira que, em não conseguindo, traz a Seleção, mesmo a do passado, até ele.

Tempos atrás ele tentou o Alex, lembram? Trouxe o Gilberto Silva e o Elano. Não sei se o Fábio Aurélio dá pra considerar.

Facilita, ele recupera o Rivaldo.

Onde é que eu fui parar.

ARENA

O www.botecodoilgo.com.br foi finalmente reconhecido como um veículo de comunicação. Ganhou uma credencial para assistir à inauguração da Arena.

Confesso que não estava entusiasmado para ir, mas agora, com essa surpresa que recebi ontem, a dois dias da festa, sinto-me obrigado. E irei com prazer, orgulhoso. Pena que não posso levar a 1983 ou a Olímpica.

Nem tudo é perfeito.

Farei um relato dessa experiência.

CONFIRAM a foto da credencial no facebook/ilgowink.

Liga Boteco do Ilgo no Cartola: Resultado Final

O Brasileirão chegou ao fim, e com ele a nossa famosa liga do Cartola FC.

Os 3 primeiros colocados não garantem vaga na Libertadores. E sim prêmios muito melhores:

  • O primeiro colocado leva um kit com 4 long neck e a gloriosa camisa 1983.
  • O segundo colocado: duas 600 ml ou 3 long neck.
  • O terceiro: uma 600 ml ou duas long neck.

E os 3 primeiros da Liga Boteco do Ilgo foram:

1 – ARB FBPA, do cartola Alisson
2 – Equipe Cooler, do cartola Pedro Trindade
3 – Rafael N-M-T, do cartola R.M.S

Parabéns a todos os participantes!

Aos ganhadores, aguardo contato por e-mail: ilgowink@gmail.com

NOS ACRÉSCIMOS

Não foi desta vez que o meu time no Cartola, o ToutPuissant Alfredo, levantou a tão almejada taça de campeão. Ficamos na quadragésima segunda posição, de um total de 78 participantes.

Mudança de fotografia e a novela Dunga

Sempre há um aspecto positivo em toda a desgraça.

Que o empate – derrota – no Gre-Nal foi por demais frustrante e revoltante, não há dúvida. Pelo resultado em si, absolutamente inaceitável diante das circunstâncias extremamente favoráveis, como pela consequência, que é a perda da vaga direta na Libertadores e, diante disso, antecipação do início da temporada para um confronto decisivo.

O empate escancarou mais uma vez a confusão metal que acomete o treinador Luxemburgo em decisões e, principalmente, a falta de qualidade da equipe.

Se o Grêmio tivesse vencido, seria ótimo, mas a vitória acabaria encobrindo as deficiências do time, mesmo que parcialmente.

O lateral Pará poderia deixar o campo considerado por muitos solução para a lateral-direita. Confesso que começava a ficar impressionado com o crescimento de Pará. Ele não é mau jogador, mas o clássico deixou mais do que evidente que Pará pode ser no máximo o segundo reserva da lateral-direita.

No Gre-Nal, Pará cansou de receber bolas livre pela direita. Não conseguiu fazer uma jogada sequer, e sempre que tentava o drible o fazia em diagonal para o meio, pra alegria dos marcadores vermelhos.

A dupla de área saiu-se bem. Mas é fundamental a contração de um grande zagueiro, um jogador com liderança e imposição, que não permita que um D’Alessandro tenha faniquitos perto da área.

Na esquerda, o melhor a fazer é valorizar o Anderson Pico para fazer algum dinheiro e com ele contratar um lateral-esquerdo mais estável e confiável. Júlio César parece que tem um problema mais sério de lesão e Fábio Aurélio…

o meio de campo é um problemaço. Fernando deve sair e Souza dificilmente será contratado. Se um dos dois ficar, melhor. Se os dois saírem a situação complica bastante. O tempo para contratações é escasso e a concorrência acirrada.

Nas meias, Elano e Zé Roberto precisam ficar. Zé Roberto tem sido muito assediado. O sinal amarelo está aceso.

Na frente, Marcelo Moreno e Kleber. São necessários mais dois atacantes de nível similar, de preferência mais jovens.

André Lima e Leandro seriam reservas dos reservas. Leandro até poderia ser emprestado para o Náutico, Bahia, Figueirense…

O que me parece muito claro é que o Grêmio que começará a temporada já com uma decisão será bastante diferente desse que empatou domingo.

Se nada de anormal acontecer, os lesionados se recuperarem e os bons não forem embora, a mudança da fotografia será pequena. Vejamos:

Marcelo Grohe
LATERAL-DIREITO
Werley
ZAGUEIRO
Júlio César
Fernando
Souza
Elano
Zé Roberto
Marcelo Moreno
Kleber

Agora, pelo jeito, será difícil manter os melhores. E aí será preciso agir rapidamente para reforçar o time sob pena de começar o ano de maneira desastrosa.

DUNGA

Dunga estaria pedindo um salário de técnico de ponta. Coisa de 600 mil reais por mês pra cima. Ora, Dunga não passa de uma aposta. Uma aposta com razoável chance de dar certo.

Ah, mas treinou a seleção brasileira, vão lembrar seus fãs da imprensa e fora dela.

E até foi bem, só perdeu no essencial.

Dunga tem o direito de pedir o que quiser, mas ele não pode ser considerado um treinador de ponta.

Hoje, ouvi o Leonardo Meneghetti, meu ex-colega no CP e hoje homem poderoso da Band, defendendo o salário de 600 mil para o Dunga, já que não é possível contratar Luxemburgo, Abel, Muricy ou Felipão.

Quer dizer, nivelou Dunga a quatro técnicos renomados, com vasta experiência e muitos títulos.

Dunga, por enquanto, é um Osmar Loss com mais sorte como treinador, já que começou pelo topo.

Sol na cara e frustração no adeus ao Olímpico

Despedida do Olímpico: família unida.

Revivi neste domingo um pouco do martírio que foi a maior parte da década de 70.

Peguei sol na cara durante mais de três horas, como acontecia naquela época em que eu cursava jornalismo mas não pensava em trabalhar como repórter esportivo. Com duas diferenças: estava no setor das cadeiras centrais e não na arquibancadas; e desta vez coloquei protetor solar no rosto, que não existia naqueles anos.

No mais, foi tudo muito parecido. Calor insuportável, a longa e torturante espera pelo início do jogo.

Mal podia imaginar que a tarde ficaria ainda pior. Eu costumo repetir uma frase de minha autoria: “Dê graças a Deus que a situação está ruim, porque ela pode piorar”.

E piorou. Agora, além do calor, o sol na cara, a dificuldade para ver o jogo e identificar os jogadores naquela distância – sou um cara acostumado com a TV -, havia o futebol do Grêmio. Tão ruim que se nivelou ao do Inter.

Retrocedo algumas horas: ao meio-dia, participei de um programa na Rádio Guaíba. Foi no Barranco, com direito a petiscos e água e refri. Ao meu lado, o vitorioso Rafael Bandeira dos Santos.

Quando o Ernani Campello pediu que eu falasse sobre minha expectativa em relação ao Gre-Nal eu resumi: “Só espero que o Luxemburgo não volte a me decepcionar numa decisão, porque em todas este ano ele cometeu equívocos que custaram caro ao Grêmio. Espero que ele faça a coisa certa e não invente”.

Penso que não preciso comentar muito a respeito da participação de Luxemburgo no jogo. De um modo geral, ele foi bem, mas cometeu, a meu ver, um erro grosseiro – e de novo em decisão.

Elano é um jogador consagrado como um meia que articula, que marca – e até já jogou de volantes -, que volta para compor o sistema defensivo, que se aproxima ao ataque com facilidade vindo de trás, e tudo o que vocês já conhecem, que o mundo conhece, e que o próprio Luxemburgo conhece.

Por isso, é inaceitável que Elano tenha jogado tão adiantado, esperando a bola de costas na maioria das vezes, uma bola que seria melhor trabalhada se ele, Elano, estivesse em sua posição habitual.

O Grêmio perdeu um grande articulador, um homem decisivo, um craque, e ganhou um atacante meia-boca, talvez até pior que o Leandro, ou do mesmo nível.

Então, o que se viu foi um primeiro tempo angustiante para o torcedor, principalmente para aqueles milhares que, como eu, enfrentavam o sol na cara e sensação térmica superior a 40 graus.

No segundo tempo, o Grêmio foi agraciado com a expulsão de Muriel, após uma conclusão de Elano. O goleiro colorado interceptou a bola, que em direção à goleira, fora da área. Isso aos 3 minutos.

Senti um alívio naquele momento, já que o jogo estava mesmo enroscado. ‘Agora vai’, pensei.

Não adiantou muita coisa, mas ao menos o Inter já não me assustava. Dez minutos, Damião foi expulso por agredir Saimon com uma cotovelada.

Como disse o RW, o da corneta, Damião já é o jogador mais violento da dupla Gre-Nal neste ano. Lembrem-se daquele lance antológico em Santa Cruz do Sul.

Bem, agora é só sair pro abraço. Que nada. O Inter se fechou, armou uma muralha na grande área. Elano, que deveria ser recuado para articular com qualidade e meter a bola naqueles espaços diminutos, continuou esperando passes do genial Léo Gago, ou do Souza ou do Fernando. Quando entrou Marquinhos o Grêmio começou a achar espaços e criou duas ou três situações, uma delas com uma bela defesa de Renan.

Aí, o sr Saimon voltou a mostrar que tem um probleminha de descontrole emocional. Agrediu o técnico Osmar Loss, que deu uma de varzeano ao chutar a bola pra longe. Deu um tumulto, troca de tapas e pontapés. Era tudo o que o Inter precisava naquele momento em que o Grêmio iniciava uma pressão. Saimon e Loss foram expulsos.

Depois, o episódio do foguete, que aparentemente saiu das sociais. Lamentável. O torcedor que fez isso deve ser identificado e banido do clube.

Então, tínhamos ali o Grêmio ajudando o Inter em sua missão de estragar a festa de despedida do Olímpico e, de quebra, impedir a vaga direta à Libertadores.

Para coroar o festival de aberrações que foi o segundo tempo, o juiz Heber Roberto Lopes, decidiu terminar o jogo antes de completar os minutos de acréscimo que ele havia definido. Enfiou a bola debaixo do braço e foi pra casa.

Está aí um sujeito que faria um favor ao futebol brasileiro se largasse a arbitragem.

Ato mais patético do que esse só mesmo esse dos jogadores colorados correndo alegres em direção ao recanto colorado no estádio, como se tivessem vencido o jogo, ou porque realmente acreditaram que havia estragado a festa.

Tiraram um pouco do brilho, mas às custas de atitudes anti-desportivas que na realidade só maculam a história desse grande clube.

No final, 0 a 0, um resultado frustrante, mas que não impediu a festa maravilhosa da torcida nas cadeiras e nas arquibancadas, com uma grande avalanche de paixão e de amor ao Olímpico Monumental.

Ah, a vaga direta nas Libertadores escapou, mas, como cantava a torcida gremista provocando os colorados que deixavam o estádio escoltados pela BM:

– Li-ber-ta-do-res, Li-ber-ta-do-res.

Será com o Luxemburgo, tudo bem. Nada é perfeito. Mas quem sabe com o presidente multicampeão ao lado, de conselheiro e consultor, ele volte a ser o Luxemburgo vitorioso de outros tempos?

Por via das dúvidas, só vou ao estádio agora se ficar no sombra. O sofrimento sempre é menor.

Olímpico, companheiro e testemunha de fortes emoções

O Olímpico me lembra um domingo de sol na cara no tempo em que não havia a arquibancada superior, e ninguém falava em protetor solar.

Corriam os anos 70, quer dizer, se arrastavam. A cada ano, mais um título colorado, mais uma frustração. Mais uma dor no peito, como uma medalha com a agulha rasgando a carne.

Sou um sobrevivente dos anos de chumbo. Sobrevivi ao massacre colorado, que empilhou títulos regionais e conquistou três brasileiros, e ainda saí ileso dos efeitos maléficos do sol em excesso.

Quando comecei a viver o Olímpico, vindo de Lajeado – eu e o meu amigo Ricardo Marmitt -, eram anos terríveis. Era o tempo de Loivo, o “Coração de Leão’, como narrava Milton Jung ao microfone então imbatível da rádio Guaíba.

Admito que raras são as imagens que preservo daquele tempo de dinheiro curto como a esperança de um título naquele tempo de dominação vermelha.

Uma delas é quase um pesadelo: Loivo, aguerrido como sempre, rouba uma bola na linha do meio de campo e corre rumo à área, pela esquerda, em diagonal. É perseguido por zagueiros furiosos.

O goleiro sai até o risco da grande área. Era o momento colocar o pé embaixo da bola e buscar o gol por cobertura. Loivo chutou no corpo do goleiro. No corpo de goleiro!

Não me lembro quem era o adversário, menos ainda o resultado. Só não esqueço a minha irritação com esse lance. Xinguei Loivo e suas futuras gerações, sobrando até para o Milton Jung, com quem tive a honra de trabalhar alguns anos depois.

Comecei a descobrir ali, naquele dia distante do início da década de 70, que eu, um guri pacato vindo do Interior, que me associara ao Grêmio mais pelas piscinas do que pelo futebol, tinha um lado animal que até então desconhecia.

Foi esse mesmo animal que escapuliu quase num final de Gre-Nal, Olímpico lotado, o sol fritando os miolos. Quarenta e poucos do segundo tempo, O a O, a bola é lançada na área gremista e ele – vocês sabem a quem me refiro – salta mais alto que todo mundo e cabeceia para a rede. Gol. Gol de Escurinho, claro.

Não lembro quem era o goleiro, quem eram os zagueiros, só me lembro que um torcedor colorado se ergueu à minha frente, uns quatro lances de arquibancada na geral, e vibrou. Foi uma vibração contida, que ele em seguida tentou disfarçar. Mas era tarde.

Meu radinho de pilha, que naquele tempo custava caro, já estava voando na direção dele, que logo foi cercado por meia dúzia de gremistas e levou uns cascudos pra aprender a se comportar no meio da sofrida torcida adversária.

Perdi o jogo, perdi o radinho.

Mas nem tudo era só sofrimento. Em 1977, quando eu ainda cursava jornalismo na Ufrgs, a série de títulos que o Inter empilhava chegou ao fim. E o fim começou com Oberdan desembarcando e afirmando, sereno e ameaçador, que a partir daquele momento ninguém mais faria gols de cabeça no Grêmio. “Quem manda na área sou eu”, repetiu.

O Inter, com seus dois títulos nacionais, finalmente foi batido. Iúra, que está na minha seleção de todos os tempos, lançou André Catimba pela meia esquerda. Gol. Foi minha primeira grande emoção no futebol.

O próprio Olímpico parecia vibrar ao ritmo de sua torcida, como se torcida e estádio fossem um só.

Por pouco não invadi o campo antes do final como fizeram centenas de gremistas tão ou mais sofridos que eu.

Aquele 25 de setembro marcou a minha primeira grande alegria no Olímpico Monumental.

Depois, vieram outras, como as vitórias que levaram o time a conquistar o Brasileiro de 1981 contra o São Paulo – que tinha a metade da seleção brasileira – em pleno Morumbi, golaço do grande Baltazar. Comando do estrategista Ênio Andrade.

Nesse período eu já trabalhava como repórter esportivo na Folha da Tarde, onde ingressei no final de 1978, quando me desliguei do quadro social do Grêmio.

Carrego comigo a convicção de que contribuí para essa conquista memorável que abriu o caminho do mundo para o Grêmio. Mostrei um loirinho endiabrado do time junior ao distraído técnico Orlando Fantoni, o ‘titio Fantoni’, que gostou da dica e investiu no ponta Odair.

Ao lado de outros setoristas gremistas da época fiz campanha para que a gurizada da base jogasse em lugar dos ‘estrangeiros’ Uchoa e Dirceu, por exemplo. Com isso, apareceram Paulo Roberto, Casemiro, Paulo César e outros.

Em 1983, o ano mais glorioso do Grêmio: Libertadores e Mundial de Clubes. Eu estava sendo ressarcido com juros e correção monetária de todo o sofrimento da década de 70.

Enfim, o Olímpico faz parte da minha história, da minha vida. Ali vivi momentos de alegria e de tristeza; de realizações e frustrações. Situações que se intercalam como acontece na própria vida de cada um.

Hoje, quando olho para esse gigante de concreto fico com dificuldade para entender como algo tão majestoso, tão… olímpico, precisa desaparecer.

Um dia, naquele lugar, serão erguidos prédios muito altos, tão altos que darão a impressão de que tocam as nuvens, mas eu tenho a sensação de que nunca os verei realmente.

Acredito mesmo que, até o último dos meus dias, sempre que eu passar pela ‘rótula do Papa’ ainda estarei enxergando, com absoluta nitidez, tendo ao fundo o azul das manhãs mais radiantes, o velho Olímpico Monumental, companheiro e testemunha de algumas das mais fortes emoções que senti ao longo da vida.

Avalanche ameaçada

Empunhando uma resolução editada em outubro – sim, há pouco mais de um mês – a Brigada Militar e o Corpo de Bombeiros decidiram colocar água no chopp do Grêmio, e justamente na semana Gre-Nal.

As duas instituições, ambas de alto nível de respeitabilidade, não poderiam anunciar em hora mais inoportuna essa decisão de impedir a manutenção do espaço destinado aos avalanchistas.

Querem obrigar o Grêmio a colocar cadeiras na área da avalanche, que para quem não sabe é aquele movimento que faz um grupo de torcedores a cada gol tricolor.

Para quem não sabe ou se faz de desentendido, a avalanche já é uma marca registrada do Grêmio em território nacional. Uma ação invejada por uns e outros, alguns mais distantes e, principalmente, alguns próximos.

‘Isso é coisa de colorado’, ouvi de um gremista ao telefone logo que surgiu a notícia da iniciativa de BM e do Corpo de Bombeiros. Minutos depois já circulava na internet uma foto do comandante da BM fardado de colorado.

É claro que ele não agiu assim por ser colorado. Afinal, ocupa um cargo importante e não pode basear decisões sobre segurança pública em função de cor clubística. Se não me engano, foi o mesmo oficial que liberou o Beira-Rio em escombros para receber público. Mas é só uma coincidência, claro. Se ele não visse condições, com certeza teria interditado o estádio do seu clube. Com certeza.

Particularmente, acho a tal avalanche uma temeridade. E confesso que fiquei surpreso quando soube que haveria um espaço destinado a ela na Arena. Mas pelo que sei até hoje não aconteceu acidente durante essa manifestação de torcedores.

O que causa estranheza é que as duas entidades não tenham questionado o clube e a OAS há mais tempo sobre esse setor sem cadeiras. E que tenham agido somente agora, a duas semanas da inauguração da Arena, e a poucos dias do último jogo do Olímpico.

A BM e o CB estão contribuindo para esquentar ainda mais o clima na semana Gre-Nal.

O fato é que mais de 90% dos estádios de futebol da Europa seriam interditados pela BM e pelo nosso Corpo de Bombeiros com base na resolução recém editada e que não se resume à questão de acomodação de torcedores.

Agora, a mesma Justiça que liberou o Beira-Rio em obras para jogos de futebol vai dar ganho de causa ao Grêmio. Ou não?

Outra coisa: espero que a BM e o CB atuem com igual rigor em relação a inúmeros prédios públicos de alta circulação de pessoas e que não oferecem a mínima segurança.

Espero, também, que igual determinação ocorra para proteger os cidadãos nas ruas.

A comunidade agradece.

MONTILLO

Seria um grande reforço. O negócio envolve Marcelo Moreno. Troco agora.

ARBITRAGEM

Heber é complicado. Dá medo, mas medo pros dois lados. Ainda assim, prefiro ele a um árbitro gaúcho.