Enquanto os cascudos não chegam…

Com Renato não tem lero-lero. Sobre Douglas ter proporcionado dois contra-ataques perigosos do Bahia, Renato revelou o que diz aos jogadores a esse respeito.

– O Douglas tem muita qualidade. Sempre digo pro pessoal ficar ligado quando ele está com a bola porque alguma coisa vai sair, inclusive contra-ataque.

E é a mais pura verdade. Se Douglas abusa do toquezinho de calcanhar quando o jogo está encrespado, imagine vencendo o Bahia no Olímpico. É mais forte do que ele essa tendência a dar uma enfeitada.

Sou admirador do Douglas. Sem ele, o time perde muito. Agora, com a chegada de Marquinhos ele tem uma sombra. Vacilou, tem substituto à altura, sem a mesma técnica, mas com outras qualidades, como maior disposição para a marcação, o combate.

O mais importante da tarde no Olímpico foi a vitória. Esse time do Bahia não é bobo. Ameaçou fazer gol várias vezes. Numa delas, Jobson ,um jogador habilidoso e rápido, deixou o Souza livre para marcar. Souza foi lento, tentou driblar em vez de chutar e acabou desarmado quase dentro da pequena área.

Se Souza foi vacilão, a zaga gremista foi esperta, atenta. E esteve assim durante a maior parte do tempo. Gostei da gurizada na defesa, com destaque para o Mário Fernandes, jogador de seleção brasileira, que o Mano não me leia ou que não fique olhando muito aqui pro Sul.

Neuton está confirmando o que eu sempre vi nele: lateral-esquerdo dos melhores. Bem trabalhado, é outro que será convocado pelo Mano, infelizmente. Saimon esteve em bom nível ao lado do Rafael Marques, também de boa atuação.

FR foi de novo exuberante. Gostei do Escudero. É uma opção interessante. Mas ainda precisa jogar muito mais para ser titular.

Na frente, o Lins me surpreendeu com o passe para Viçosa fazer o segundo gol. De resto, é um atacante limitado. Já o Viçosa tem muito potencial. Com tranquilidade e auto-confiança, pode se tornar um goleador.

Enfim, Renato está conseguindo somar pontos mesmo sem uma dupla de ataque realmente confiável e uma zaga de maior respeito.

E tudo isso sem todos os cascudos.

SAIDEIRA

Falcão perdeu o medo e armou um Inter mais agressivo, com Oscar e DAlessandro juntos no meio de campo.

O time jogou mais solto. Zé Roberto, pelas boas jogadas, Oscar, pelos dois gols, foram o destaque dos 4 a 2 sobre o América Mineiro.

O Inter soube aproveitar bem o fato de o jogo ter sido em campo neutro, sem aquela pressão da torcida adversária.

É claro que Falcão não irá repetir essa formação contra adversários de maior porte, porque os técnicos de modo geral são medrosos

Falcão poderia seguir o exemplo de Renato, que é mais ousado e atrevido, independente do adversário.

Falcão tem o que aprender com Renato

Falcão, com toda a sua experiência como comentarista de futebol, deveria ser mais habilidoso que o Renato no trato com a imprensa.

Os dois são afáveis com a imprensa. Tratam os jornalistas com respeito, com consideração. E não fazem mais do que a obrigação, mesmo que um ou outro possa fazer perguntas mais embaraçosas, maliciosas ou repletas de terceiras e quartas intenções.

Cabe ao entrevistado mostrar jogo de cintura para sair das enrascadas.

Por exemplo, Falcão foi ingênuo ao afirmar que o atual time colorado não tem condições de brigar pelo título. Ele não disse nada de mais, falou a verdade, mas falou uma verdade que deve ficar restrita ao vestiário.

A meu ver, pegaram pesado demais com Falcão.

Hoje, na coletiva de imprensa, Falcão mudou seu modo de tratar os ex-colegas, que em breve voltarão a ser colegas de novo. Foi mais lacônico nas respostas. Antes falava como se estivesse ainda na Globo, mas sem o Galvão Bueno do lado, porque este não deixa ninguém falar muito.

O Falcão de hoje quase me lembrou o Chico Spina. Eu era setorista do Inter em 1979. Os repórteres detestavam entrevistar o Chico. Ele respondia sim, não, talvez, quem sabe. E o repórter ficava ali com o microfone na mão esperando que o Chico desenvolvesse mais.

Falcão não chegou a tanto, claro. Essa fase dele passa, porque está na natureza do Falcão ser assim verborrágico. Ele sempre foi bom de entrevistas como jogador, e aperfeiçoou esse dom na imprensa.

Enquanto isso, o Renato mantém o seu estilo, meio brincalhão, meio sério, tanto nas horas boas como nas ruins. 

Falcão parece sempre mais racional, Renato mais emotivo.

Hoje, ao ser questionado sobre as chances do Grêmio no Brasileirão, Renato, com a vantagem de conhecer o que houve com seu colega, foi esperto, deu um drible na imprensa.

– Isso é vocês que podem dizer.

Eu não estava lá, mas se o Renato me perguntasse o que eu penso, responderia que as chances do Grêmio estão aumentando consideravelmente.

Primeiro, porque não há nenhum grande time despontando. O Santos é o melhorzinho, mas se vencer a Libertadores terá outras preocupações.

Segundo, porque a direção gremista está reforçando o time. Deveria ter feito isso em janeiro para a Libertadores, mas, enfim, nada é perfeito.

Victor; Gabriel, Mário Fernandes, um xerifão castelhano e Neuton (Lúcio;

Gilberto Silva, F. Rochemback, Marquinhos e Douglas;

Leandro e Miralles – ou Miralles e André Lima –

Temos aí um time capaz de brigar pelo título. É claro que Miralles ainda precisa confirmar, e há necessidade de mais um atacante de muita qualidade.

Se Renato escorregasse na casca de banana como Falcão, ele com certeza responderia que é preciso qualificar mais o time.

E, a exemplo de Falcão, estaria absolutamente certo.

Mas isso não é coisa que um treinador possa dizer publicamente sem que o mundo caia sobre sua cabeça.

Pelo menos é assim aqui nesta terra onde tudo é tratado na ponta da faca.

Pelo visto, Renato tem o que ensinar a Falcão.

Dagoberto: boato agita meio esportivo

A notícia de que o Inter estaria tentando contratar Dagoberto causou alvoroço. Ninguém sabe de onde saiu a informação, mas o fato é que mexeu com colorados e gremistas.

Dagoberto é sonho antigo de nove entre dez gremistas e colorados. Eu mesmo sugeri sua contratação quando o Grêmio perdeu Jonas.

Com o Grêmio o São Paulo até negociaria, mas duvido que faça negócio tão cedo com o Inter.

Afinal, como negociar com um clube que tirou do Morumbi uma das maiores promessas do SP, o jovem Oscar?

Então, quando ouvi que o Inter estaria mesmo tentando Dagoberto, ainda por cima em alta no SP, duvidei. Para reforçar a onda alguém divulgou que um dirigente, Chumbinho, teria viajado à capital paulista.

Para dar mais credibilidade à ‘informação’, lembraram de um velho interesse do SP pelo Guinazu, que inclusive chegou a assinar um pré-c0ntrato com o clube paulista.

Dizem ainda que o SP teria proposto, no começo deste ano, a troca pura e simples de Dagoberto pelo volante argentino. Fosse verdade, seria uma insanidade da direção paulista. Um crime contra o patrimônio. E pior: que o Inter teria rejeitado a troca.

Quer dizer, absurdo dos absurdos.  Mas a onda virou marola.

No final da tarde um dirigente do São Paulo colocou um ponto final na história. A negativa foi enfática. Nada de negociar Dagoberto, principalmente com o Inter.

O dirigente fez uma revelação: o Grêmio também havia tentado Dagoberto, isso há uns três meses.

Essa informação mostra que a direção tricolor não estava tão distraída e sonolenta quanto se imaginava. Se Dagoberto, naquele momento brigado com o técnico Carpegiani, viesse, a campanha gremista na Libertadores seria outra, muito diferente.

Agora, assim como o Grêmio, se o Inter realmente investiu na contratação de Dagoberto, agiu corretamente, porque é o jogador que completaria o ataque colorado.

Assim, gremistas e colorados seguem sonhando com Dagoberto. Quem sabe no final de carreira…

SAIDEIRA

O advogado Carlos Josias, ex- dirigente e ex-c0nselheiro do Grêmio, ingressou com uma petição no TJD gaúcho sobre racismo no Beira-Rio. A ação é fundamentada num texto do Siegman em seu blog, há uns dez dias.

Siegman, como se sabe, denunciou o Grêmio por racismo recentemente. Uma denúncia feita em termos muito agressivos, conforme escrevi aqui.

Vejam o que escreveu o dirigente colorado, comprovando que manifestações racistas acontecem em todos os lugares:

Tenho orgulho de ser gaúcho, mas não há dúvidas de que o nosso estado convive com uma banalização do racismo. Já vi manifestações racistas até mesmo nas cadeiras do Beira-Rio. Algo tem que ser feito. Um cidadão que assiste a uma manifestação racista deveria chamar um policial, denunciar e exigir a prisão em flagrante do ofensor.

O golfe de Alice e os ídolos do futebol

O astro do rock, o homem que parecia ter pacto com o demo, que fazia shows com sangue, cobra, e tudo mais que pudesse impactar e chocar o público, foi flagrado nesta terça-feira jogando golfe no requintado Country Club, junto das ‘elite’, como diria um certo ex-presidente.

Alica Cooper é mais uma prova do quanto as pessoas podem mudar com o tempo. O roqueiro ‘maldito’ é hoje um senhor de 63 anos, que talvez faça shows com pinceladas de terror, mas já não assusta ninguém, não escandaliza, ainda mais aqui neste Brasil de tantos escândalos.

Mas Alice Cooper sempre será um símbolo, uma legenda, um ícone, com admiradores por todo o planeta.

Fosse ele um ex-jogador de futebol, consagrado e festejado, talvez passasse por situações desconfortáveis como as que assombraram Renato recentemente e Falcão agora.

Renato, o ídolo, o craque da maior conquista tricolor, foi vaiado e, dizem, até chamado de burro. Poucos dias depois chegou a vez de Falcão, o craque dos anos 70, o Rei de Roma. O ídolo que a direção colorada na ânsia de imitar a experiência gremista tirou das cabines dos estádios para a beira do campo, onde as emoções são mais agudas e a remuneração robusta, mas onde se paga um preço alto em caso de fracasso.

Renato vive essa realidade há mais tempo, de modo contínuo. Falcão retoma a carreira de técnico depois de longo tempo.

Renato está com ritmo de jogo, conhece as manhas do vestiário no futebol do século 21; Falcão perdeu a embocadura. Tenta adequar-se à rotina pantanosa do vestiário, onde tem mais gente querendo puxar o tapete do que nas equipes de transmissões esportivas.

Quando ele foi contratado escrevi que era um equívoco. Um equívoco dele e do Inter. Falcão é inteligente e ainda pode dar a volta por cima, mas acho que entrou em contagem regressiva.

Em breve deverá juntar-se a ‘los invictos’, forma como o técnico campeão do mundo pela Argentina, Cesar Menotti, se referia aos cronistas esportivos. Já não será vaiado e, talvez, nem chamado de burro.

Falcão poderá, então, praticarem paz o seu esporte preferido, que não é o golfe do vovô roqueiro, mas o tênis.

A resposta da gurizada gremista

Uma das coisas que me gratificam no futebol é ver os guris da base entrando no time e correspondendo.

O Grêmio conseguiu uma vitória muito importante hoje em Curitiba. Venceu o Atlético Paranaense na Arena, onde é sempre muito difícil o resultado positivo, com Mário Fernandes, Saimon, Neuton e Fernando.

São quatro jovens buscando seu espaço. Além deles, mais Lins e Viçosa. Quer dizer, o time começou com seis garotos, provando que o discurso de ter jogadores experientes aos quilos é pura conversa. É preciso talento, e, em igual proporção, bravura, determinação, vergonha na cara.

O Grêmio mais uma vez fez uma partida triste ofensivamente, mas alguém realmente esperava mais desse ataque que Renato foi obrigado a escalar? 

Renato finalmente descobriu que não adianta ter um esquema ofensivo sem atacantes. Então, tratou de se resguardar, marcar forte, para não tomar gol. E só então especular um golzinho. É o que venho escrevendo há tempos: se é difícil fazer gol, que sejam aumentados os cuidados defensivos. Renato demorou a entender isso.

A vitória por 1 a 0, gol contra, soa como goleada diante do que se projetava diante dos desfalques. Renato foi obrigado a trazer de volta Rafael Marques, que não sei por que estava afastado.

Victor voltou a ser o grande goleiro que todos nós conhecemos.

É evidente que o time precisa de qualidade, e de experiência, mas como é bom saber que a gurizada quando chamada dá uma resposta tão positiva.

SAIDEIRA

Na gangorra que move o nosso futebol, o Grêmio começa a ficar por cima do Inter.

A derrota em casa para o Ceará não tem explicação. Falcão foi vaiado, o time não jogou bem. E era o time titular.

O argentino D’Alessandro jogou pouco, segundo li e ouvi. Dirigentes do Inter disseram que ele poderia jogar mais.

Não esperem isso depois do castigo e da humilhação imposta por Falcão ao argentino num treinamento na semana passada.

D’Ale não perdoa. Tite que o diga.

Quando Falcão foi contratado eu escrevi que era e um erro, e dei minhas razões. É só conferir no arquivo do boteco.

Mais do que entender de futebol, táticas, estratégias e tudo mais, é preciso ser um especialista em relações humanas. Lidar com jogador de futebol não é fácil. Administrar um grupo de boleiros é complicado.

A meu ver Falcão não tem essa condição.

Depois que eu soube que ele estava ensinando o beabá do futebol nos treinamentos da semana a cobras criadas como Guinazu, Bolívar e outros, senti que o fim está próximo. Boleiro velho não suporta isso.

Falcão entrou em contagem regressiva.

Preparação física e seus mistérios

De preparação física só conheço, e malimal, a que diz respeito a mim. Sei meus limites no levantamento de copos, por exemplo.

Sobre futebol, vejo só o resultado do trabalho que é feito. Não adianta o time correr 90 minutos se a cada jogo aparece alguém com lesão muscular.

São muitos os jogadores lesionados no Olímpico.

Culpa da preparação física? Imagino que sim. Pode ser trabalho em excesso. Muita exigência. Talvez aqueles que sentem dor muscular não se treinem adequadamente, não fazem os exercícios como manda o figurino.

Romário, por exemplo, era displicente nos treinos. Mas estava quase sempre em campo, fazendo gols e se lesionando pouco.

Cada jogador tem o seu limite, mínimo e máximo. Cabe ao preparador físico definir isso.

O Flávio Oliveira fez um excelente trabalho no Brasileiro de 2008, quando o Grêmio fez aquela campanha fantástica, especialmente no primeiro turno. No segundo turno caiu. Teve a preparação física responsabilidade nessa queda, ou foi apenas questão técnica, tática?

Sinceramente, não sei.

Só sei que quando um guri como o Leandro aparece com lesão muscular juntando-se aos mais velhos, que se revezam no departamento médico, minha preocupação aumenta.

Algo precisa ser feito. As causas de tantas lesões precisam ser encontradas.

A comparação com o Inter não vale. O Inter jogou algumas partidas com seu time B ou C no Gauchão. Os titulares treinaram mais tempo antes de entrar na roda-vida dos jogos.

SAIDEIRA

Carlos Alberto treina afastado grupo. Nessa inhaca, não seria o caso de conversar com ele? O clube está pagando os salários, e não é pouco dinheiro.

FECHANDO A CONTA

Por falar em conta, o Conselho Fiscal colorado não aprovou as da direção anterior. Pelo que soube, a rubrica ‘diversos’ só perde para as despesas com o futebol, há detalhes que precisam ser explicados.

No fim, não vai dar em nada. Assim como vai acontecer em mais esse escândalo envolvendo um integrante do alto escalão do partido que um dia se arvorou de detentor da ética, detratando todos os outros, os mesmos aos quais hoje está aliado.

Sobre o caso Palocci, parte 2, vale a pena ler artigo do Augusto Nunes, no qual ele faz um paralelo entre o ex-presidente do FMI e o petista.

Mapa astral e a reação dos cartolas

Crescem os rumores de que o Grêmio está acertando a contratação do Ibson. Se for confirmada, será um grande reforço, uma grande jogada da direção.

Além de qualificar o time, será um golpe no guru colorado, Fernando Carvalho, um apaixonado pelo ex-jogador do Flamengo.

Confesso que sou fã do Ibson, um jogador de múltiplas qualidades. Mas é melhor não sonhar, porque a realidade é outra, e tem sido cruel nesta década.

Sempre que falo nesta década, me lembro de uma previsão do astrólogo Bruno Vasconcelos, a quem eu consultava a cada final de ano sobre como seria a temporada seguinte para a dupla.

Fiz isso durante uns 15 anos no Correio do Povo. Alguns coleguinhas chegaram a cogitar, venenosamente, que eu mesmo é quem fazia as previsões, já que conheço um pouco de astrologia.

O Bruno, que faleceu há três anos, previu que o Inter reviveria a partir de 2005 o mesmo período de vitórias da década de 70. E citava um fenômeno astrológico que ocorre a cada 30 anos e que aparecia forte no mapa astral colorado.

Acertou na cabeça. É só conferir nas páginas do CP, sempre na virada de cada ano.

Já o Grêmio segue seu inferno astral. Culpa dos astros? Os astros têm influência, mas não tanta.

A responsabilidade maior é dos homens que ano após ano dirigem o Grêmio sem o devido cuidado, sem a competência necessária.

Não podemos ignorar o passado, mas acho que está na hora de dar um voto de confiança à essa direção. Pode não ser a melhor – como não foram quase todas desde 1996-, mas é o que temos para o momento.

Eu percebo uma movimentação interessante dos dirigentes nessa hora de renovação do time. Houve sabedoria no caso Borges, buscando preservar o jogador para um negociação.

Gosto dos nomes contratados e ou cogitados. Sou favorável ao aproveitamento da gurizada da base, mas depois de mais um fracasso rotundo na Libertadores, é preciso armar um time com qualidade e experiência para brigar pelo título do brasileirão, mas sempre aproveitando os jogadores criados no Olímpico.

Se não veio o tri da Libertadores, que venha o tri do Brasileirão.

SAIDEIRA

CBF parece que vai mesmo abrir a janela já no dia 15 de junho. Corrige assim essa bobagem de janela em primeiro de agosto. Sempre tem um idiota de plantão para azucrinar a paciência da gente. Felizmente, prevalece o bom senso.

SAIDEIRA 2

Lucas eleito o melhor jogador do Liverpool na temporada. Quando ele começou a aparecer no Grêmio escrevi uma coluna no CP, na condição de reserva que assume a posição do titular Hiltor, definindo o Lucas como craque. O conceito de craque pra mim é amplo, envolve marcação, combatividade, força, velocidade, além de técnica refinada. Posso ter exagerado, mas Lucas é uma estrela do futebol mundial. Fico feliz com essa escolha e com o seu sucesso no exterior.

Derrota na estreia é um alerta

Foi uma das piores atuações do Grêmio nesta temporada. Talvez a pior. Foi um dia ‘não’, mas que pode se repetir se não forem tomadas providências urgentemente. 

O dia ruim aconteceu parte por falta de qualidade em algumas posições, parte por mérito do técnico Tite, que tratou de cuidar da movimentação de Douglas e F. Rochemback.

Praticamente todas as jogadas passam por eles, que erraram mais passes do que de costume. FR esteve irreconhecível nesse quesito, que é o seu ponto mais forte.

Com isso, as jogadas de ataque ficam prejudicadas. Ao mesmo tempo, o adversário se aproveita e arma contra-ataques.

Adilson errou menos passes do que eles, podem conferir.

Hoje, penso que qualquer atacante de área teria dificuldade pra jogar no ataque gremista.

As bolas ‘paradas’ cairam todas nas cabeças corintianas. Cruzamentos de linha fundo foram raros e ruins, com exceção de um ou dois lances.

Acho que Renato exagera quando fala em falta de jogadores experientes, cascudos. Talvez ele repita isso para não tocar no essencial e assim atingir o grupo: falta mesmo é qualidade.

O Grêmio tem problemas na zaga e no ataque. Hoje, teve problema também no meio de campo. Resultado: vitória do Corinthians por 2 a 1. Se o Corinthians tivesse um time melhor, teria vencido mais facilmente.

Na semana retrasada, no programa do Reche na Ulbra TV, onde talvez eu vá amanhã de novo, eu declarei que com o time atual, vejam bem, time atual, o Grêmio lutaria para não ser rebaixado.

A atuação deste domingo de sol confirma que essa é uma tendência.

Quando o Grêmio perdeu Jonas e deu sinais de que não contrataria um substituto eu escrevi aqui que o time não iria longe na Libertadores.

A lesão de André Lima piorou ainda mais a situação.

Restou Borges. O Borges que deixou o time na mão contra o Universidad em pleno Olímpico; o Borges que chutou um pênalti decisivo contra o Inter cinco metros acima da trave.

Este Borges foi reclamado hoje por parte da torcida e da crônica esportiva.

Borges tem futebol para ser titular DESTE time do Grêmio? Claro que tem. Mas o Grêmio que eu quero é um capaz de brigar pelo título de campeão, e não há lugar para Borges de titular nesse time.

E Borges na reserva é um fator de complicação, como já mostrou no São Paulo, quando reclamava da titularidade de Washinton e quando entrava não fazia nada para justificar um lugar no time.

Por mim, Borges até ficaria para a reserva, apesar dos dois episódios acima. Seria o reserva imediato de um atacante goleador que talvez possa ser o Miralles. Mas Borges não aceitaria isso por muito tempo.

Acho que Borges pensa ser o Romário.

A melhor dupla de ataque do Grêmio desde o ano passado foi Jonas e André Lima, que entrou aproveitando lesão providencial e salvadora de Borges. A partir dali, o time subiu na tabela, saiu da zona de rebaixamento e conquistou vaga na Libertadores, o que acabou resultando em nada, como se viu, pela inoperância da direção.

Cabe a esta direção, que ainda não se justificou, arrumar a casa. Um grande zagueiro (pelo menos um), um lateral-esquerdo, um meia e dois atacantes titulares já terão grande valia.

Se ela dedicar ao time a mesma atenção destinada a fazer oba-oba em cima da Arena, o Grêmio vai melhorar, e muito.

SAIDEIRA

Acho que fui mal no Cartola. Meu time é o Todo Poderoso Alfredo (que é o nome do meu cardeal, o pássaro).

Talvez seja como o Grêmio, segundo Renato, falta mais experiência.

Época de tiroteio na crônica esportiva

Esta é uma época boa de trabalhar na crônica esportiva. É nome de jogador voando pra tudo quanto é lado.

É época do chute. Eu cansei de chutar. Diante do menor indício, lá estava eu tascando mais um cogitado na lista tanto do Grêmio como do Inter.

Às vezes, se eu gostasse de um jogador para reforçar o Grêmio e sabia que havia carência na posição, lançava o nome nas páginas do jornal. Sem o menor constrangimento.

Foi assim, por exemplo, com Paulo Egídio, um ponta-esquerda dos melhores que já vi. Lancei seu nome do nada. A ideia repercutiu no Olímpico e poucos dias depois ele estava contratado.

O Dener. Tenho participação na vinda do Dener, um dos melhores jogadores que já vi. Melhor que o Neimar. Na minha opinião, claro.

Um empresário me bateu que o Dener poderia sair facilmente da Portuguesa, a Lusa como gosta de dizer o meu amigo Chico Izidro.

Entrei em contato com o presidente da época, Fábio Koff. Ele gostou da ideia e disse que ia investir na vinda do Dener.

É claro que o Correio do Povo deu a notícia com exclusividade.

É, portanto, uma época de tiroteio, metralhadora giratória. Tem gente que atira tanto que só pode acertar. E aí sai cantando marra. “Viu? Dei um furo na concorrência”.

É a obsessão pelo furo. Cansei de dar furo na Zero Hora. Levei alguns, é verdade, mas um número insignificante.

Nesta manhã, entra o apresentador na rádio Guaíba, enfatizando que eram 9 horas e 8 minutos. Repetiu o horário. Parecia o ex-deputado aquele.

E chama o repórter Igor Póvoas, que anuncia a contratação do argentino Miralles pelo Grêmio. Não sei se outra emissora deu antes, acho que não.

Mas o furo em rádio é complicado. Na outra emissora o sujeito pode entrar minutos depois e anunciar que é em primeira mão. E fica por isso mesmo. Ele sabe que largou atrás, mas o ouvinte não tem como saber. Então, ficam os repórteres no ar destacando o ‘furo’.

Miralles parece ser um bom reforço. O Grêmio precisa urgentemente de dois atacantes titulares.

Felizmente, Borges está indo embora. É a garantia de que não teremos mais pênalti batido nas nuvens.

Se for embora numa troca pelo Marquinhos, melhor ainda.

No ano passado, quando o Grêmio contratou todos os jogadores ruins do Avaí, e desprezou Marquinhos por exemplo, eu lamentei. Gosto do estilo do Marquinhos. Pode substituir Douglas ou jogar ao lado dele.

A direção do Grêmio começa a se mexer. E isso é positivo. Pena que não fez isso antes da Libertadores.