Dr. Roth e o paciente na UTI

Com a chegada do ‘dr Roth’, o Grêmio deixou de respirar por aparelhos.

Com um ou dois treinos, muitos palavrões e xingamentos, e alguns ajustes no posicionamento e na postura, o novo técnico gremista deu nova cara ao time. O empate com o Palmeiras é um resultado para ser comemorado, sem muita euforia, mas um paciente de UTI precisa acima de tudo de contar com o tempo a seu favor para recuperar a vitalidade, a energia.

É importante registrar que o Grêmio manteve uma disputa equilibrada com o time de Felipão. Roth acertou a marcação, e para isso Adilson foi fundamental. Grande atuação desse jogador tão depreciado por boa parte da torcida. Se Adilson tivesse um pouco mais de técnica estaria na Europa, não aqui num time que entra ano passa ano namora a segundona. Então, Adilson merece, isso sim, todo apoio, até porque é um dos raros que realmente parece jogar por amor ao clube.

O jogo mostrou que o maior problema continua sendo o ataque. Talvez Brandão ajude a melhor a coisa, talvez. O goleiro Marcos praticamente não trabalhou. No lance mais perigoso do ataque, Leandro tentou encobrir o experiente goleiro, que defendeu brincando.

Agora, o time tem uma deficiência crônica no setor esquerdo. Lúcio, para mim, é um jogador que quebra o galho na meia, e que não pode ser titular da lateral-esquerda. Quando vejo Lúcio sempre imagino o que não seria o Grêmio com um jogador mais lúcido e inteligente nessa função. Lúcio tem a seu favor a velocidade, a aplicação tática, mas joga pouco para ser titular de uma posição tão importante num time que em tese sempre briga pelo título.

Já a lateral-esquerda merece um tratado. O último que deu uma resposta positiva, sem contestação, foi Roger. Faz tempo… Bruno Colaço é um lateral razoável, quebra o galho, mas quando o nível de exigência aumenta ele parece diminuir de tamanho. O mesmo se dá com Lúcio.

É possível que Roth consiga fazer com que esses jogadores, num esquema mais organizado, com funções bem definidas, rendam mais, subindo de produção com o restante da equipe. Mas insisto que falta qualidade por ali. Agora, melhor Lúcio na meia do que o Escudero, ótimo para entrar no final e agitar na frente. E só.

Agora, Douglas. Ele fez um bom primeiro tempo. Parecia mais ligado, mais interessado. No segundo, quase não foi visto. Pegou pouco na bola, parecia se esconder. Errou passes. Mas é possível que Roth faça com que ele repita o futebol dos últimos meses do ano passado.

Dr Roth não é milagreiro, mas ele sabe curar preguicite aguda.

CRUZEIRO E A ARBITRAGEM

O Inter, mesmo com um time misto, conseguiu somar três pontos. A vitória por 3 a 2 chegou em boa hora, porque mantém o time perto da zona da Libertadores.

Agora, não tem como sonegar o fato de que a arbitragem foi cruel com o time do Joel, que, aliás, mantém o veterano e cansado Gilberto trocando passes numa zona morta de campo, praticamente deixando o time com um a menos em campo.

No último lance em que correu mais, Gilberto, do alto de sua experiência, fez falta em D’Alessandro, e o juiz deu pênalti. A falta foi fora da área, mas o argentino acabou desabando dentro da área com o experiente Gilberto sobre suas costas. Mal colocado, o juiz deu pênalti, que até é discutível.

O Inter foi melhor no primeiro tempo. No segundo, o Cruzeiro foi superior, mas sem muita objetividade. O time mineiro marcou um gol em bela jogada tramada. Mas o bandeirinha conseguiu ver impedimento e anulou o gol. Um erro grave.

Depois, pênalti claro pela direita na área do Inter, que o juiz ignorou solenemente. Bom para o Inter, que outras vezes foi prejudicado. Quando o juiz erra a favor, o costuma acontecer mais  com Corinthians e Flamengo, é preciso desfrutar o momento, porque logo ali adiante pode vir a conta.

O Interino Osmar Loss foi criticado pela torcida no final.

Tudo indica que o Inter vai apressar a contratação de um novo treinador, que deve mesmo ser Dorival Jr, finalmente demitido do Atlético Mineiro.

Boa essa profissão de treinador de ponta. Quando mais fracassa, mais ganha dinheiro, com a indenização e com o novo contrato.

GORJETA

Celso roth, diferente de outros tempos, mudou o time no segundo tempo não para se resguardar, mas para tentar surpreender o Palmeiras. Será influência de Renato Portaluppi? Só acho que ele poderia ter colocado Miralles mais cedo, mas não no lugar de Leandro, e sim no de André Lima. Talvez com maior movimentação na frente o time conseguisse criar mais jogadas de gol.

Roth, primeiro acerto da direção

Com a autoridade – que outorgo a mim mesmo – de quem antecipou tudo o que aconteceu com o Grêmio nos últimos anos contando apenas com um profundo conhecimento de futebol e inigualável capacidade de análise – e nenhuma modéstia -, é que venho declarar que a contratação de Celso Roth é o primeiro acerto da atual direção.

Eu, um crítico ferrenho do referido treinador, devo reconhecer que o momento do time exigia um treinador com o perfil de Roth. Antes dele, claro, eu preferiria Felipão, Muricy ou Tite, mas como isso hoje é impossível, me conformo com Roth.

O que se quer de Roth é o mesmo que era cobrado de Renato Portaluppi no ano passado: escapar da segundona. O que vier a mais, é lucro. E isso Roth, com esse grupo de jogadores, tem condições de atingir.

Com Julinho Camargo o time seguiria ladeira abaixo, como um carrinho de lomba dos meus tempos de guri, sem freio.

Se a diretoria capitaneada pelo sr Odone se precipitou ao demitir Renato, errou ao contratar Julinho, acertou agora com Celso Roth.

Aliás, a contratação de Pelaipe seguida da contratação de Roth é algo que antecipei aqui há meses, ao perceber que estava em andamento um processo de fritura, lento e gradual, de Renato e dos homens do futebol. 

Hoje, o presidente do clube trabalha com quem sempre quis trabalhar desde que se candidatou.  E quero frisar que é assim que deve ser: o presidente (no futebol, na política, etc) trabalhar com quem tem afinidade e em quem confia, caso contrário acontece o que acabou de ocorrer no Grêmio.

Portanto, Celso Roth chega em boa hora. Ele, Pelaipe e o onipresente empresário Jorge Machado, agora com força total, para o bem e para mal. Espero que mais para o bem.

Sei que há muita rejeição ainda ao Roth, mas muito inferior ao que se percebia nas outras vezes em que foi contratado. Tanto é verdade que o próprio treinador destacou isso na entrevista de retorno ao clube.

Roth manifestou sua alegria ao verificar que na internet e nos programas de rádio havia muita gente elogiando sua contratação, ao contrário de situações anteriores. Roth ficou feliz, e até sorriu, sinal de que todos, mesmo os de coração mais duro e de carranca permanente, querem mesmo é ser amados.

SAIDEIRA

No treino desta manhã no Olímpico, Mário Fernandes se lesionou. Adilson vai jogar em seu lugar. No meio, FR, GS, Lúcio, Leandro (numa função parecida com aquela que defendi aqui e que remete para Taison) e a volta de Douglas. Na frente, o lobo solitário André Lima. Esquema parecido com o que utilizava no Inter.

Concordo com a proposta de Roth para enfrentar Felipão e cia. Concordo também com a permanência de Victor, contrariando alguns botequeiros precipitados.

SAIDEIRA

Inter também segue mal no Brasileiro. A derrota para o Fluminense escancarou de novo os problemas do time, a começar pelo isolamento de Damião. Aliás, Damião, sempre tão humilde, mostrou as unhas depois do jogo ao criticar a falta de jogadas pra ele. O correto seria conversar sobre isso no vestiário. Mas agora ele é um cara valorizado, um jogador ambicionado por grande clubes do planeta.

A derrota vai resultar no retorno do técnico Loss ao quase anonimato no clube. Loss teve sua chance, e assim como Julinho, a deixou escapar.

Acho que agora o Inter imita o Grêmio, de novo, e traz um técnico rejeitado, Cuca.

PROVOCAÇÃO

Para evitar o rebaixamento do Grêmio o ideal seria mesmo é repatriar Renato. Mas Renato está muito ocupado em salvar o Atlético Paranaense, e está conseguindo para desespero de seus corneteiros.

Grêmio jogou no seu limite

A torcida do Grêmio vaiou e protestou após o empate com o Atlético Mineiro. Se a vaia foi dirigida ao time, foi uma baita injustiça.

O time correu, se entregou, mostrou aquela velha garra. Jogou no seu limite. Mas no futebol é preciso também qualidade.

Não se pode exigir que alguns jogadores joguem aquilo que não conseguem por absoluta incapacidade. Neste jogo não houve má vontade, mas apenas incapacidade.

Então, se há alguém a ser vaiado, este é quem fez as contratações.

Concordo com vaias para a direção, mas não para o time. O Grêmio jogou no seu limite. Não tem como jogar mais do que jogou esta noite no Olímpico.

O torcedor precisa aceitar que este é o time do Grêmio que o sr Paulo Odone e seus companheiros montaram.

Paulo Pelaipe chegou querendo dar uma melhorada. É difícil, o mercado está restrito. Brandão é a alternativa que ele encontrou. Não dá mais pra esperar. Que venha o Brandão.

André Lima vai perder o lugar. Ele não consegue ganhar uma bola nem pelo alto e muito menos pelo chão. Quando a bola é cruzada, ele está em outro lugar. Sempre.

Jonas é tão bom que conseguiu fazer de André Lima um goleador, um jogador querido pela torcida. Sem Jonas, ele voltou ao normal. Um atacante limitado, muito dependente.

Miralles corre muito, alterna bons lances com jogadas bisonhas. Ele está começando, se adaptando. Merece crédito. Mas pra mim é um clone do Herrera. Uma contratação equivocada, mais uma.

Escudero aciona uma usina nuclear para acender um palito de fósforo. E pensar que tinha gente criticando o Renato por não escalar esse jogador…

Aliás, a cada jogo que passa fica comprovado que Renato era o menos culpado pela campanha ridículo do time. Mas seus críticos não se manifestam agora. Ficam em silêncio.

Com Renato, o Grêmio estava a oito pontos do líder e a 12 pontos da zona de rebaixamento. Mais ou menos isso. Como é que está agora, sem ele?

Repito o que escrevi quando ele saiu: ruim com Renato, pior sem ele.

Julinho Camargo: critiquei sua contratação. Mas torci e torço por ele. Um sujeito trabalhador, conhecedor de futebol. O desafio é grande demais para quem nunca treinou um time de ponta. Minha previsão é de que ele não fecharia agosto. Acho que mais uma vez vou acertar, infelizmente.

Enquanto isso, com tantos erros acumulados, o Grêmio se encontra de novo diante do fantasma do rebaixamento. Já virou hábito, rotina.

O bode está no meio da sala. Agora, até Celso Roth será aceito, ainda com rejeição, mas já nem tanta.

Outra coisa: vamos parar de detonar o Victor. Ouvi um comentarista gritar que Victor mais uma vez falhava, referindo-se ao segundo gol do Atlético. O mesmo comentarista silenciou diante de defesas salvadoras de Victor.

É preciso respeitar o histórico desse jogador. Victor é um dos poucos que se salvam nesse time. Vamos garantir os bons e detonar os ruins. Não fosse Victor, o Atlético teria vencido.

O Grêmio pouco criou em termos ofensivos. Já o Atlético entrou fácil na área gremista. Rafael Marques e Lúcio tiraram duas bolas de cima da linha. Só esse dado já mostra como o time está ruim. Falho na defesa e absolutamente incompetente no ataque.

Lamento pelo Julinho, que está recebendo a grande oportunidade de sua vida profissional, e que largou um bom emprego no Inter. Ele arriscou, tentou. Confiou demais no seu taco. Não analisou direito o time que ele ele treinar. Infelizmente, não deve resistir muito tempo.

E o pior de tudo, é que duvido que outro treinador possa fazer muito mais. A não ser que Pelaipe reforce o time com pelo menos dois titulares.

Mas seja quem for (e deve ser o Roth), já será lucro se evitar o rebaixamento. A história se repete.

Pelaipe, o salvador

Começou bem o Pelaipe. Começou prometendo um centroavante, um atacante de área, um goleador. Desde fevereiro alerto sobre a falta de qualidade no ataque gremista, e aí está a raiz do fracasso na Libertadores e agora no Brasileiro.

É intrigante o fato de os homens do futebol não tenham visto isso, ou se viram, inaceitável a omissão.

O futebol é para quem é do ramo. Pelaipe já mostrou que conhece. Foi ele quem trouxe Jonas, por exemplo.

Pelaipe chega para consertar o estrago. Se conseguir, será o Renato Portaluppi de 2011. Com ele, Julinho Camargo tem mais condições de dar certo.

É claro que o resultado precisa vir já contra o Atlético Mineiro. Caso contrário, volta Roth (eta filme que não sai de cartaz).

Sei de muita gente que não gosta de Pelaipe. Há boatos de que ele é desonesto. Ninguém prova, são acusações vazias, difamações. Muitos dos boatos surgem do nada, não tem origem. Ninguém assume. Mas muitos levam adiante de forma irresponsável e cruel.

No passado ele teve problemas com a Justiça, mas pagou sua conta. Sei de alguns que tiveram problemas até mais graves e continuam impunes.

O passado do cidadão Pelaipe, portanto, não está em discussão.

O que interessa é o dirigente Pelaipe, um sujeito acostumado a lidar com os boleiros.

Pelaipe chegou para arrumar a casa e evitar o rebaixamento do Grêmio.

Se ele também fracassar, o que é possível diante da herança que herdou, temo pelo pior.

Mas gostei do discurso inicial de Pelaipe. Levo fé.

Ronaldinho e a demissão de AVM

Perder é sempre ruim, mas perder com passe e gol de Ronaldinho é insuportável.

Enquanto Adilson, heróico, se desdobrava para não deixar Ronaldinho se divertir, vi, perplexo, o goleiro Victor dar um presente para o inimigo número 1 dos gremistas.

Victor, que tantas vezes salvou o time, sepultou qualquer possibilidade de reação ao se atrapalhar todo com a bola, que acabou de graça nos pés de R Ronaldinho.

Victor tinha muito crédito. Perdeu tudo num lance ridículo, inaceitável para um goleiro do seu nível.

O mais grave é que naquele momento, metade do segundo tempo, o Grêmio fazia uma partida valente, desprovida de qualidade técnica e tátrica, mas vibrante, interessada, determinada na luta pela bola.

Até acho que o Grêmio não chegaria ao empate, porque apesar dsaa vontade faltou lucidez nos lances finais, faltou aquele penúltimo toque para deixar um companheiro e condições de marcar.

A destacar que o Grêmio evoluiu em relação a si mesmo. Só espero que isso não se deva unicamente ao fato de o adversário ser o festejado Flamengo, o que sempre aumenta a motivação de qualquer equipe.

Confesso que não consegui ver o jogo como eu gostaria. Estava numa padaria/café, a Pane Mio, um lugar muito legal em Jaguarão.

A Tv era de 32 polegadas. Sempre havia alguém passando na frente, ou alguém pedindo um café, uma broa, um pão de queijo fumegante.

Enquanto o Grêmio brigava para conseguir um resultado honroso, havia gente despreocupada, só pensando em comer e beber. Amaioria nem olhava pra tela.

Eu deveria ter feito o mesmo.

Ver R Traíra correndo como um louco, motivado pra vencer seu ex-clube, e depois sair festejando como se nunca tivesse jogado no Grêmio, dá uma sensação desagradável. Seria melhor não ter visto.

DEMISSÃO

Antônio Vicente Martins largou o osso. Correta e digna a atitude dele. Pediu desligamento do futebol depois de ver que seu trabalho está levando o Grêmio para o fundo do poço. Antes dele, o Cidade Dias.

É antes de tudo uma demonstração de gremismo. Diferente de outros que ocuparam o cargo, acumularam fracassos, e ficaram agarrados gritando daqui não saio daqui ninguem me tira.

Vamos ver agora quem entrar no lugar.

Aposto uma 1983 Belgian Ale que vai dar Pelaipe.

SAIDEIRA

O Inter, com toda a sua ambição de brigar pelo título, repete sua rotina dos últimos anos o Brasileiro: deixa de somar pontos em jogos dentro de casa e contra adversários de porte modesto.

O empate por 0 a 0 contra o Atlético Goianiense foi um duro golpe no torcedor que enfrentou a tarde fria e a chuva miúda na expectativa de ver o time subir na competição.

Se o Grêmio está mal, pedindo para ser rebaixado de novo, o Inter está com time para lutar no máximo por vaga na Libertadores.

Quem tem medo de Ronaldinho Gaúcho?

Quem tem medo de Ronaldinho ‘Traíra’ Gaúcho?

Eu não, mas por via das dúvidas estou me exilando no território dos campeões da América.

Quando o Grêmio estiver enfrentando o Flamengo no Maracanã neste sábado, eu estarei na fronteira comprando uns vinhos. Vinhos e as minhas cervejas (1983, Kidiaba e Mazembier) têm sido o meu refúgio nesses tempos de dor e mágoa.

De vez em quando apareço no Box 21 ou no BierMarkt, mas sempre mantendo prudente distância do Olímpico, que virou salão de festas dos adversários.

Se der, vou assistir ao jogo. Aliás, não medirei esforços para ver esse duelo tão aguardado:

Grêmio frente a frente com RG, que está jogando melhorzinho depois que entrou no ar o ‘disque dentuço’.

RG nem foi ao julgamento ontem. Não tenho dúvida que fez isso para mostrar descaso com os auditores e assim ser punido.

RG tem medo, ou apenas vergonha, de enfrentar o clube que ele abandonou em troca de dinheiros, muitos dinheiros.

Felizmente, o tribunal carioca, conforme era previsto, colocou RG em campo. Ele e o Thiago Neves. Melhor assim.

Se o Grêmio escapou de perder para o Figueirense e penou para empatar com o América Mineiro, tanto faz o adversário.

O risco de fracasso é maior que o de sucesso com esse time.

Agora, parece contraditório, acredito que o Grêmio tem condições de surpreender o badalado Flamengo. Aliás, sempre é mais fácil vencer equipes festejadas em excesso, ainda mais se forem cariocas, sob o céu estrelado, ou não, do Rio. Pena que o jogo não é no Maracanã. Estaria ainda mais confiante.

Para vencer, ou até empatar, o técnico Julinho terá de armar um time compactado, com pegada forte no meio de campo, e duas ou três alternativas para escapar em contra-ataque.

A ausência de Douglas contribui para isso. É providencial essa amigdalite no jogador que deixou o campo sob vaias e visivelmente irritado com Julinho. Santa amigdalite.

Espero que Julinho coloque Adilson ao lado de Gilberto Silva, FR. com Marquinhos mais liberado.

Na frente, André Lima e um velocista, de preferência Leandro. O guri parece viver uma crise existencial, o que é natural para quem surgiu como um furacão e hoje não é mais que uma brisa. Só jogando é que ele vai superar essa fase, reencontrar o equilíbrio psicológico. Futebol ele tem de sobra.

A lamentar apenas que o Grêmio não tem um xerifão na área, alguém pra colocar o dedo na cara do RG e dizer, cuspindo fogo:

– É hora de ajustar as contas.

Estarei no Uruguai, mas não posso perder esse jogo. Esperei muito tempo por esse momento.

Grêmio: uma análise, uma contribuição

O vice-presidente de futebol Antônio Vicente Martins está perdido. Posso estar enganado, mas é isso que ele me passa a cada entrevista.

Ele não sabe por que o Grêmio repete a campanha do ano ano passado no Brasileirão. Se ele sabe, não o demonstra.

Depois do empate com o América Mineiro, agora um adversário direto na luta para não cair, AVM jogou parte da responsabilidade sobre Renato, que seria responsável pela indicação de alguns jogadores.

Os jogadores indicados este ano por Renato, salvo engano: Miralles, Gilberto Silva e Rodolpho.  

Alguém questionou esses nomes anteriormente?

Mas isso é o que menos importa: o dirigente é quem decide se contrata ou não. O técnico indica, o dirigente contrata se quiser. Não é ele quem manda?

Bem, se ele não manda, que se demita, dê lugar a outro gremista também tão decidido a ajudar o time do coração.

Tenho dúvidas se AVM manda alguma coisa. Pelo que sei, ele e seus companheiros do futebol não aceitaram o pedido de demissão de Renato ainda no vestiário após empate com o Avaí. Teriam sido, então, atropelados pelo presidente Paulo Odone, que os deixou falar na coletiva e depois foi lá e fez aquela lambança que culminou na saída de Renato.

Aquele era o momento de se impor. Ou cair fora.

Cesar Cidade pediu o boné ontem. Alega questões particulares. Dos três, talvez fosse o melhor. Os melhores são os primeiros a sair quando tolhidos em sua capacidade de decisão.

Se é para dizer amém, melhor voltar para a arquibancada. Eu penso assim. Mas sei que tem gente que gosta de ficar agarrado ao poder de qualquer jeito, mesmo que isso possa resultar em prejuízo ao seu clube.

Ah, é preciso considerar a divisão de cargos no clube pelos movimentos que venceram a eleição.

Se sair um representante de tal grupo, o substituto deve ser da mesma corrente ‘partidária’.

Competência e preparo para determinado cargo é o que menos importa.

É assim que funciona nos governos. Infelizmente, é isso que acontece hoje nos clubes, ao menos na dupla.

Hoje, AVM deu entrevistas dizendo que é possível repetir o ano passado. Sim, tanto é possível que a história de fracasso está se repetindo. Resta saber se é possível repetir a segunda parte da história, aquela que começou com a chegada de Renato ‘salvador’ Portaluppi.

Quem será o Renato agora? Julinho?

Quando Julinho foi contratado eu escrevi que era um engano, um erro, que torceria por ele, mas que não vinha nele condições de assumir um cargo tão importante numa situação tão complicada. Levei umas chineladas em função dessa minha descrença.

Continuo torcendo por ele, até porque se ele fracassar as consequencias serão desastrosas.  Não é uma questão de conhecimento de futebol. A questão é comando de vestiário.

Tivesse Julinho o respaldo de dirigentes fortes, com voz de comando, ele teria melhores condições de vencer.

Mas a impressão que tenho é que Julinho Camargo está só. É uma impressão extraída dos fatos envolvendo os homens do vestiário, o presidente e o futebol do time.

Renato prescindia desse apoio, e isso ficou muito claro o tempo todo. Renato estava mais afinado com os homens da gestão anterior, e disso ninguém tem dúvida. Talvez seus resultados no Brasileirão 2010 tenham muito a ver com essa relação mais afetiva.

Como o momento é de contribuir, deixo aqui minhas sugestões principais:

– como não dá pra mudar a presidência, que se mude o futebol, colocando no comando um dirigente que se imponha e que purifique o ambiente se o vestiário estiver contaminado como parece estar;

– se continuar esse pessoal, que se contrate um treinador com perfil de xerifão do vestiário, alguém com autoridade, mas ao mesmo tempo habilidoso para fazer com que os jogadores joguem por ele pelo menos o tempo necessário para afastar o fantasma do rebaixamento. 

Alguém aí falou Celso Roth?

É a parte que nos resta nesse latifúndio.

O que está ruim sempre pode piorar

Não vi e não gostei. Sou um gremista de pouca fé. Assumo. Pensei em ir ao Olímpico. Ver o time de perto, o que não fiz uma vez sequer este ano.

Sempre que penso em ir a algum jogo do Grêmio me vejo penando na arquibancada como na década de 70, quando ir ao Olímpico era certeza de frustração e raiva.

Não fui. E também não vi o jogo pela TV. Mas ouvi boa parte do jogo pelo rádio. Ouvi depoimentos de torcedores, todos chateados, alguns desesperançados, desiludidos, raivosos. Outros simplesmente conformados, tristes.

Como não ficar triste? A direção contratou os jogadores que julgava necessários e suficientes para enfrentar a Libertadores e o Brasileirão. Eles estão todos aí.

ESTE é o time do Grêmio.

Cheguei a pensar que Renato Portaluppi com os reforços de Gilberto Silva, Miralles e André Lima pudesse recolocar o time nos trilhos. Foi eliminado antes pelos doutos dirigentes do Grêmio.

Hoje, já não sei: Renato talvez não conseguisse mais do que Julinho Camargo.

Nunca saberemos. O que se sabe é que Julinho teve vários dias para ajustar o time, treinar algumas jogadas, mas o Grêmio não decola.

Talvez um técnico mais experiente conseguisse um melhor resultado. Talvez. Mas para mim está claro que falta qualidade na frente.

Fora deficiências em mais duas ou três posições.

Quando Leandro entrou no lugar de Douglas, algo que gostaria de ver desde o início conforme escrevi aqui para uma mudança radical na estrutura de meio campo, pensei que a situação fosse melhorar.

O gol de empate saiu logo em seguida. Miralles, após cruzamento de F. Rochemback, de novo o melhor. Minutos depois, Miralles foi expulso. Já haviam dito que ele é chegado num cartão. Está aí a prova. Quem o contratou sabia disso.

(Agora, como é que Viçosa foi emprestado se esses que estão jogando não são tão melhores do que ele?)

No jogo contra o glorioso Figueirense, o presidente Paulo Odone afirmou no final que o time havia apresentado evolução sob o comando de Julinho, isso depois de Marcelo Grohe evitar a derrota no final ao defender um pênalti numa partida em que os catarinenses sempre foram superiores.

O que ele tem a dizer depois de empatar com o poderoso América Mineiro no Olímpico? Não vou esperar para concluir este texto. Cansei de rolando lero.

Odone continua sendo alvo principal dos torcedores. Ele já mandou Renato embora. Seu próximo passo será mudar o comando do futebol. Trazer de volta Pelaipe.

Depois de Pelaipe, Celso Roth.  

E assim vai o Grêmio. Mais um ano perdido.

Mas é sempre bom não esquecer: o que está ruim sempre pode piorar.

SAIDEIRA

Inter conseguiu o terceiro lugar na Copa Audi. A gurizada que entrou deu boa resposta contra os titulares do Milan. Empate por 2 a 2, e vitória nos pênaltis pelas mãos do goleiro Renan.

O título era o grande objetivo. Apesar de ser um torneio amistoso, um título resultaria num DVD, com certeza.

Não veio o título. Nem a lanterna.

Copa Audi e a vez de Miralles

Até mesmo o gremista mais fanático precisa reconhecer que ser convidado a participar de um torneio ao lado de três dos clubes mais poderosos do planeta é uma honra.

Por isso, os colorados têm razão em sua euforia.

Já aos gremistas, agoniados com essa história, além do despeito, coube brincar com o erro impresso nos ingressos ou nos convites. Saiu Porto Alegre, não Internacional.

É um descuido dos organizadores. Um desrespeito a um clube latino-americano, um intruso na festa dos europeus. 

Já tive meu nome trocado muitas vezes, o que em se tratando de Ilgo não é muito difícil. Estou tão acostumado com isso que já não me importo quando me chamam de Ingo, Hiltor, Hildo, etc.

Agora, trocar Inter por Porto Alegre é negligência, descaso. E também ignorância da organização.

Aos gremistas, esse erro caiu na hora certa. Depois disso, e melhor do que isso, só mesmo um fracasso colorado na Copa Audi para atenuar o fato de o Inter ter ido, não o Grêmio, ou qualquer outro clube do Brasil.

Pois o Inter foi eliminado da disputa do título. O time foi valente. tomou um vareio no primeiro tempo. No segundo, beneficiado com as inúmeras mudanças do time do Barcelona, que há havia começado com apenas três titulares, conseguiu manter uma disputa mais digna.

Caiu nos pênaltis, o que é um consolo. Damião, o melhor jogador do Inter no jogo, autor do gol de empate no finalzinho, desperdiçou.

Amanhã, o Inter disputa o terceiro lugar. Se perder, será o lanterna. E aí a festa gremista estará completa.

Mas não rende uma cerveja chamada Copa Audi.

SAIDEIRA

Enquanto o Inter projeta seu nome, o Grêmio tenta reencontrar o caminho das vitórias, mais do que isso, o equilibrio entre defesa, meio de campo e ataque.

O jogo contra o América Mineiro é daqueles em que se joga obrigado a somar três pontos. Responsabilidade que aumenta diante da situação gremista na tabela de classificação. Por isso, a bola queima no pé, existe ansiedade para resolver logo, e se o gol não sai bate o desespero. A torcida se irrita…

Já vi esse filme.

O Grêmio precisa vencer, e a torcida precisa ajudar.

Agora, chega de brincadeira: Miralles, contratado para preencher a lacuna aberta por Jonas (que aliás volta a Seleção para irritação de seus secadores), precisa começar o jogo. A dúvida entre ele e Leandro é inaceitável.

Miralles precisa jogar até para sabermos se podemos ainda ter esperança nesse time, ou se a hora é mesmo de rezar.

Sugestão num dia primaveril

Os boletins dos setoristas apontam que Julinho Camargo projeta um salto – para cima – na tabela de classificação com uma série de vitórias em casa e empates fora.

Não poderia ser de outra forma. É preciso pensar positivamente.

Mas isso me faz lembrar uma velha história da seleção. O técnico Vicente Feola dava seu discurso no vestiário como o Brasil venceria uma determinada seleção, acho que a Rússia (poderia pesquisar no google, mas esse domingo primaveril me convida a sair de casa).

Falava, falava e falava. Até que Garrincha o interrompeu (não sei se é verdade porque eu não estava lá, ao contrário do que dizem meus ‘amigos’ que garantem que eu vi a fundação do Grêmio).

– Mas professor (será que naquele tempo os boleiros chamavam os entregadores de camisa de professor?), nós já combinamos tudo isso com o time deles?

Na verdade, eu duvido que Julinho consiga fazer esse time jogar. A não ser que Miralles jogue muito mais do que já jogou; que Gilberto Silva seja mais combativo na disputa de bola e suje o calção de vez em quando; que Julinho não freie tantos seus laterais como fez contra o poderoso Figueirense; que Douglas, e agora FR, não entregue tanto o jogo pro adversário; que André Lima receba mais bolas em condições de finalização; e que Leandro seja melhor aproveitado.

Só por essa lista feita às pressas, em menos de dois minutos, já dá pra perceber que estou com pouca esperança.

Agora, um ‘choque de gestão’, como dizem os economistas, talvez ajude o time a subir na tabela, invertendo essa assustadora tendência de queda que eu pressinto.

Quem sabe Julinho Camargo não abre mão do tal ‘cabeça pensante’, do tal articulador que precisa carimbar todas as bolas e facilita a marcação do adversário que sabe que a bola sempre, sempre, vai passar por ele? Sim, ele a quem me refiro é o Douglas, um jogador estilo anos 60, muita técnica, mas que anda lento e pouco eficiente na distribuição (muito, diga-se, por falta de qualidade técnica e intelectual na frente e de laterais que se soltem com rapidez).

Douglas no banco, uma vezinha só. Ou duas. É pedir muito?

No lugar dele, quem? Leandro. Eu já escrevi que o Leandro pode jogar como o Taison na conquista da Libertadores. Um atacante que recebe a bola no meio de campo e vai pra cima da defesa com velocidade e drible.

Na frente, em princípio, Miralles e André Lima. (Bah, não adianta, não leva fé nessa dupla, e aí não há treinador que resolva.)  

O meio de campo ficaria com Gilberto Silva centralizado, FR mais pela direita e Lúcio pela esquerda. Conforme, Adilson para dar mais pegada na marcação.

Penso que o time ganharia em velocidade e poder de fogo. Não sei se daria certo. O que eu sei, é que o time atual não está dando certo e vejo pouca chance de que realmente possa atingir a meta fixada por Julinho.

Bem, é só uma ideia. A outra ideia, é rezar.

SAIDEIRA

Enquanto o Grêmio tenta se ajeitar, o Inter vive um momento de glória. Só o fato de participar da Copa Audi já é uma honraria. Agora, seria preciso esclarecer que o nome do clube é Internacional, não Porto Alegre, conforme li num folheto de divulgação. O Inter vai desfalcado contra o Barcelona, que por sua vez também não terá jogadores importantes, a começar por Messi.

GORJETA

Morre Amy Winehouse. Tanta cantora ruim, tanto cantor ruim e a voz que se cala é a dessa cantora magnífica. Pena.