Oscar e o 'Jus Sperniandis' colorado

O TST, no qual o combativo e sempre otimista setor jurídico do Inter depositava suas mais caras esperanças de vitória, sequer analisou o recurso, devolvendo a batata quente para o TRT, em São Paulo. Ao território inimigo, portanto.

O TRT paulista foi quem reativou o contrato de Oscar com o São Paulo. Uma decisão que abalou os profundos alicerces da convicção colorada de que conseguiria levar o jovem talentoso assim, na maior, de graça.

Durante meses a direção colorada passou ao seu torcedor, através de uma imprensa com postura pouco crítica e absolutamente parcial em relação ao caso, que o Inter havia feito uma grande jogada trazendo Oscar sem pagar nada ao SP. Dito assim, era mesmo um grande negócio. A meu ver, uma ação antiética.

Sei de gremistas que invejaram a ação dos dirigentes colorados, reclamando que os do Grêmio não eram capazes de lances parecidos.

Hoje, com outra derrota no tapetão, os colorados estão temerosos. Dizem que o Inter pagou cerca de R$ 4 milhões para ter 50% dos direitos federativos (passe mesmo) de Oscar. Não sei se é verdade, menos ainda para onde teria ido essa fortuna. Provavelmente para Oscar e seu procurador e/ou empresário. No meu bolso é que não foi parar.

O presidente Luigi e sua assessoria jurídica não consideram essa decisão absolutamente contrária aos interesses do clube como uma derrota. Se isso não é derrota, seria o quê?

É mais uma batalha perdida. Não a guerra, claro.

Cabe ao Inter lutar até o fim. É o  ‘jus sperniandis’, expressão latina que não existe de fato, mas muito usada por estudantes de Direito no meio acadêmico, e que significa o livre direito de espernear. Ou algo assim.

Agora, nessa questão, eu torço pelo SP.

Na verdade, torço para que a moralidade, a ética e o respeito prevaleçam em tudo, inclusive no futebol.

Em sua nota oficial, na qual dá prazo de 90 dias para Oscar se apresentar, o SP afirma com muita felicidade:

“Essa não é uma briga entre clubes, nem uma briga do São Paulo com o atleta que admiramos. É uma briga pelo respeito à legislação e às Instituições desportivas”.

Perfeito. Quero frisar que fosse o Grêmio no lugar do Inter pensaria da mesma forma.

Aos colorados peço apenas que imaginem se a situação fosse inversa.

Enquanto os dirigentes entrarem nessa de aproveitar o litígio entre atleta e clube, em alguns casos litígios provocados por espertalhões que querem tirar proveito dessa relação cínica entre os clubes, cada vez mais eles irão perder e procuradores e empresários enriquecer.

A esse respeito, recorro mais uma vez à nota do SP:

“Sem prejuízo, aproveitamos para reiterar nosso respeito e admiração profissional pelo Atleta Oscar, que foi formado nas esteiras do São Paulo Futebol Clube e que acabou sendo colocado, por aqueles que deveriam orientá-lo, no centro de uma lide histórica na qual se discute não apenas o contrato assinado, mas o próprio nível de segurança que os clubes nacionais gozam frente à conduta predatória de terceiros, alheios à relação de emprego”.

Oscar parece mesmo ter sido seduzido por uma conversa de ganhar muito dinheiro em pouquíssimo tempo, mais ou menos o que motivou a famiglia Assis Moreira dez anos atrás.

Na raiz desse tipo de pensamento, no qual se despreza completamente o clube em que o atleta jogou desde criança, está uma questão de caráter.

E é aí que entra a família na vida de um jovem de origem pobre, humilde, que possui um talento especial. Onde estava a família de Oscar quando ele decidiu romper com o SP? Pelo que soube, ele é órfão de pai. Mas e sua mãe, sempre tão importante para qualquer um, principalmente para os mais jovens? Ela está blindada? Não pode falar? Sinceramente, gostaria de saber o que ela pensa.

E isso me conduz o caso Alexandre Pato. Ele poderia ter saído do Inter sem renovar, deixando mal o Inter. Mas eu lembro que seu pai veio a Porto Alegre e renovou, garantindo uma robusta indenização ao Inter, e dizendo que fazia isso por gratidão ao clube que ajudou Pato a se desenvolver profissionalmente.

Bonito, não? Pena que gratidão seja uma palavra tão desgastada quanto a ética.

Assis condenado ao semi-aberto

A família Assis Moreira vive um inferno astral, um inferno que promete ser duradouro.

No caso de Assis, pelo menos cinco anos e cinco meses. É o tempo de reclusão a que foi condenado o chefe do clã em decisão da justiça federal datada de 12 de abril.

Lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Confiram: http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/visualizar_documento_gedpro.php?local=jfrs&documento=7138732&DocComposto=&Sequencia=&hash=8dbe6dd219276cbfd8dc0a0b7dbeb1c2

Ele vai ficar em regime semi-aberto. Quer dizer, terá que dormir na cadeia, não mais em seus aposentos luxuosos.

Aqui se faz, aqui se paga. Nem sempre essa máxima se concretiza, a gente sabe, mas quando acontece é um alívio, de lavar a alma, um consolo, uma esperança de que um dia tudo poderá mudar.

De acordo com o processo 2006.71.00.050282-6, do TRF4, ainda cabe recurso.

Assis já tem outra condenação por crime ambiental, mas que ainda não transitou em julgado. Chumbo grosso.

Vem por aí ainda a CPI na Câmara Municipal, que irá apurar supostas falcatruas que teriam sido cometidas pela Fundação Ronaldinho. Dinheiro público jorrando.

Um botequeiro amigo informa que Assis colocou à venda seus imóveis. Estaria pensando em deixar o país? Não seria o caso de prisão preventiva?

Enquanto isso, o irmão famoso se esbalda em festas, gastando  a fortuna acumulada nos anos de sucesso, parte dela oriunda do caso PSG.

A revista Veja desta semana relata o que ele anda fazendo no Rio.

Festa e festa, quase sem tempo pra jogar futebol.

Vamos ver quanto tempo ainda vai durar aquele sorriso…

Luxa realista após a goleada

O mais confortante e animador da goleada sobre o Ypiranga foi a declaração do Luxemburgo depois do jogo: o time precisa melhorar para conquistar títulos.

O técnico mostra conhecimento, realismo e ao mesmo tempo identificação com a imensa maioria da torcida, que pensa a mesma coisa.

Luxemburgo disse mais: que está no caminho certo, que está ajeitando o time, sinalizando que aos poucos está chegando lá.

Realmente, Luxa está estruturando o time, que se mostra mais encorpado, melhor organizado taticamente. Tudo isso é visível, até por mim que sou rançoso e amargo, conforme alguns botequeiros.

A favor do trabalho do técnico é preciso e justo considerar que ele tem sofrido com alguns desfalques importantes, decisivos até, como é o caso de Kleber.

Mesmo assim, está conseguindo armar um time, conquistando vitórias.

Agora, há dois problemas de peso contra o projeto de Luxemburgo de armar uma equipe capaz de conquistar títulos:

primeiro, o tempo. Não há muito tempo, as decisões estão logo ali adiante, questão de dias. Tanto no Gauchão quanto na Copa do Brasil. Jogadores importantes ainda estão afastados e talvez custem a recuperar a melhor forma.

segundo, a qualidade. Insisto que falta qualidade em algumas posições, duas delas fundamentais, no meio de campo, onde tudo acontece e tudo se define. Léo Gago e Marco Antônio só podem vestir a camisa do Grêmio em jogos contra equipes frágeis como o Ypiranga, que neste domingo ainda jogou extremamente desfalcada. Léo Gago até admito como reserva, mas MA não tem a menor aptidão para aquilo que se exige de um articulador.

Sei que alguns vão rebater essa afirmação dizendo que ele participou de dois lances de gol do Grêmio. A simples lembrança disso tem o poder, para alguns analistas, de apagar tudo o mais no jogo, e isso que ele fez uma de suas partidas menos apáticas. MA é tudo, menos o articulador que o Grêmio precisa para conquistar títulos.

Articulador, para pegar um exemplo muito próximo, é o D’Alessandro. Articulador é o cara que centraliza o jogo, dá ritmo, cadencia e acelera. MA faz isso?

Então, se não existe esse jogador no grupo, que seja escalado o Facundo como a ponta mais adiantada do losango. Estou convencido de que Luxemburgo se encaminha para essa solução, ao menos enquanto não chega um articulador de verdade. MA que vá disputar posição com o Felipe e o Biteco para ser reserva do Facundo.

Os 4 a 0 sobre o Ypiranga confirmaram o surgimento de um titular para a zaga: Werley, que eu já havia elogiado anteriormente, marcou dois gols, e mais uma vez mostrou firmeza e tranquilidade na zaga. É claro, sempre ressalvando a qualidade do adversário. Mas já é um alento.

Alguns apressados criticaram o Miralles. Pois eu gostei. Ele se atrapalhou em um outro lance, mas mostrou presença, vontade, garra e fez algumas jogadas que o credenciam à titularidade ao lado do Marcelo Moreno, e enquanto Kleber não retorna. Depois, quem sabe Miralles pode até formar dupla com Kleber.

Outra boa notícia é que Mário Fernandes está voltando, e que dessa vez dure mais tempo no time. Para isso, será fundamental que em seus jogos não tenha o sr Vuaden como juiz, aquele que não viu a voadora do zagueiro colorado e que resultou nesse longo afastamento do lateral gremista.

Victor falhou em dois lances. Repito, o grande goleiro só erra quando sua falha não causa maiores estragos.

Meu amigo Francisco, gaúcho radicado em Recife, dessa vez nem deu nota para o goleiro em sua cotação, publicada no comentário anterior.

Meu time titular com a volta de MF:

Victor; Mário Fernandes, Werley, Gilberto Silva (na real, prefiro um zagueiro de verdade) e Pará (é o que a casa oferece e aí recupero o tema da falta de qualidade);

Fernando, Souza, Léo Gago e Facundo; Miralles e Marcelo Moreno (que está voltando).

Com esse time dá pra brigar pelo título do Gauchão e figurar entre os quatro melhores da Copa do Brasil.

O bom é que o treinador está consciente disso e trabalha para melhorar, apesar de algumas deficiências na equipe, agravadas pelas lesões.

Bee Gees, Cabral e bairrismo

Ainda ontem ri de uma frase do Cláudio Cabral, no final do programa na rádio Bandeirantes. Não me lembro qual, mas eu ri. Estava no trânsito.

Hoje de manhã, soube de sua morte. Foi assim de repente, não mais do que repente.

Não convivi com o Cláudio, mas sempre o admirei. Frases curtas, inteligentes, humor ácido. Era colorado, mas batia para todos os lados.

Se não era imparcial o tempo todo, era honesto em suas opiniões, e isso é o que importa no jornalismo.

O jornalismo esportivo perde em qualidade. Assim como perdeu com a morte de seu pai, o Cid, outro gigante da crônica esportiva.

Há uma frase maravilhosa do Cid no vestiário do Inter, na sala de imprensa mais exatamente (se é que ela ainda está lá por causa da obras), em que ele diz que nunca revelou publicamente qual o seu clube porque sempre acreditou na inteligência do torcedor. Ele era colorado. Mas também honesto e crítico.

Se eu fosse mais criativo não escreveria que a chuva que cai sobre o Rio Grande é como se o sábado estivesse chorando.

O sábado não chora, mas eu estou triste.

BEE GEES

Há um ano eu me preparei para comprar ingresso para o show de Robin Gibb em Porto Alegre. O show foi cancelado por motivo de doença do músico. Hoje, ele está em coma, perto da morte.

Robin e seus irmãos Barry e Maurice (falecido) fazem parte da minha vida.

O grupo deles, o Bee Gees, foi trilha musical da minha adolescência, mais até que os Beatles.

Para muitos, foi um grupo menor, com músicas simples, fáceis.

Para mim, o Bee Gees foi, e continua sendo, o máximo.

O sábado é choroso, sim. E eu estou melancólico.

Vou parar de escrever para assistir a um DVD dos Bee Gees, que será para sempre uma das trilhas sonoras da minha vida.

PROVINCIANISMO

O caso Oscar escancarou o provincianismo de boa parte da imprensa gaúcha. Não é por coloradismo (em alguns casos, também é), porque haveria a mesma reação se fosse com o Grêmio.

Felizmente, alguns cronistas agora estão admitindo que o SP está no seu direito. Tem mais é que lutar por um jogador que ele revelou.

Tem mais é que cobrar o valor que considera compatível com a qualidade do jogador.

Fosse o contrário, qual seria o comportamento da imprensa gaúcha?

Dizer que Oscar tem direito de trabalhar é correto. Mas ele pode trabalhar também no SP, nada o impede.

Nessa história, só tem um perdedor no momento: o SP.

O Inter desfrutou do talento de Oscar e Oscar conseguiu se projetar a ponto de ser um selecionável.

Já o São Paulo só perdeu.

Facundo e Miralles juntos

Quem escala mal, mexe bem. Foi o que escrevi antes do jogo contra o Ipatinga e foi o que aconteceu no Olímpico, na vitória por 3 a 0.

Luxemburgo desprezou o sinal dos astros que apontavam para um time com Facundo Bertoglio na meia e Miralles na frente, como segundo atacante.

Mas Luxemburgo decidiu começar o jogo com Marco Antônio, um jogador que de tão inexpressivo dentro de um jogo não pode nem ser acusado de ruim. Ele é como aquele cara que vai participar de uma reunião e entra mudo e sai calado. Ninguém percebe sua presença.

No meu tempo de Correio do Povo havia um colega que sumia durante o trabalho e reaparecia quando o jornal estava quase pronto. Nem sempre isso, claro. A gente o apelidou de Gasparzinho, o fantasminha camarada, aquele das histórias em quadrinhos só pra deixar bem claro aos mais jovens.

Pois o MA é um Gasparzinho. Como pode um jogador que entra no time para ser o articulador e a bola quase não passa por ele? Agora, pensador ele é. Parece que passa o tempo todo pensando, mas jogada que é bom, quase nada.

Não fosse o gol de Facundo (a única participação do Gasparzinho) logo no início o jogo seria muito mais difícil do que foi. No segundo tempo, com o Ipatinga ameaçando um gol que complicaria tudo, Luxemburgo decidiu colocar Miralles. Ah, vai sair o fantasminha camarada, pensei.

Que nada, sai o único jogador criativo do time naquele momento, o Facundo. Depois, o argentino disse que estava cansado, embora não parecesse.

Um aparte: o lateral Pará é um perigo. Nos primeiros minutos do segundo tempo, com o Ipatinga levando perigo, ele fez duas faltas desnecessárias perto da área, uma delas frontal. Na segunda, quase o Ipatinga empatou após a bola pipocar na área e o jogador do time mineiro chutar nas mãos do Victor.

Bem, lá pelas tantas, jogo enroscado, Miralles marcou um golaço. Lembrei na hora do que escrevi dias atrás: Eu acredito em Miralles. Alguns torceram o nariz.

Antes de Miralles marcar o gol da tranquilidade, Luxa havia sacado MA e colocado Felipe Nunes.

Coincidência ou não, o Grêmio passou a ser mais incisivo, mas agressivo e criativo. Por fim, o gol de Léo Gago, que se revela um jogador importante taticamente com a vantagem de um chute forte de média distância. Para essa função não tem ninguém melhor no grupo e não tem como contratar. Portanto, Léo Gago é o que temos para o momento.

Agora, é impressionante o que está jogando o Fernando. Estou gostando também do zagueiro Werley. Vamos ver contra atacantes de mais qualidade.

Só espero que Luxemburgo tenha entendido de uma vez por todas: Facundo na meia e Miralles no ataque.

É por aí que o Grêmio pode ao menos fazer uma campanha digna na Copa do Brasil, que, na verdade, começa na próxima fase.

FECHANDO A CONTA

Sim, Victor falhou no gol anulado do Ipatinga. Ele saiu mal, um adversário cabeceou e a bola sobrou para alguém em posição ilegal. É como eu sempre digo: o grande goleiro erra quando sua falha não compromete um título ou uma grande vitória.

Grande Victor!

PITBULL

Um pitbull quase matou uma idosa hoje no bairro Menino Deus. Um policial a salvou atirando no animal, que começava a devorar os cãezinhos da velha senhora.

Aguarda-se para hoje uma passeata (a exemplo da ocorrida na faculdade de Veterinária da Ufrgs) em protesto contra a agressão a mais uma ‘dócil pitbull’.

Luxa ignora o recado dos astros

O técnico Luxemburgo deve ter suas razões para insistir tanto com Gilberto Silva como se o veterano volante fosse um Lugano, um Lúcio. Enfim, um grande zagueiro. Luxemburgo tem mais informações do que nós, que ficamos dedilhando, trocando ideias sem maior compromisso, como se estivéssemos à mesa de um boteco degustando uma cerveja artesanal, um chopp, entre um petisco e outro.

Agora, olhando assim de fora, lembrando o que o volante improvisado na zaga jogou até agora, não consigo entender por que insistir tanto que ele jogue, ainda mais com o nariz necessitando de uma proteção, uma máscara que faz lembrar o Fantomas, aquele das lutas livres de antigamente em que ninguém se machucava de verdade.

Fico imaginando o GS disputando uma bola pelo alto a centímetros de um cotovelo nada amistoso.

Será que o Naldo, por exemplo, não consegue dar conta do recado? Como é que se sentem os zagueiros de verdade, e que não são tão ruins quanto alguns pensam, sendo preteridos por um volante improvisado e ainda por cima descontado?

Respeito o Luxemburgo, sei que ele não é burro e que conhece futebol, mas na minha opinião ele erra feito nessa insistência com o GS.

Entendo também que ele erra ao recolocar Marco Antônio na equipe. É óbvio que o time com MA pode vencer o jogo de amanhã. Afinal, se trata do Ipatinga.

No entanto, temo que Luxemburgo fará lembrar aquela velha máxima do futebol: ele mexeu bem só porque escalou mal. Prevejo que o Ipatinga, fechadinho e nos contra-ataques, irá criar dificuldades que só serão resolvidas quando Luxa alterar o time. E olhe lá.

O destino muitas vezes ajuda o treinador que não consegue enxergar o que está a um palmo do seu nariz. Luxemburgo está tão obcecado com a sua concepção de futebol de que não se ganha sem um ‘pensador’ no meio de campo, que ignora alternativas mais interessantes e efetivas.

Eu também acho importante ter um jogador que ‘pense o jogo’, mas não pode ser qualquer um. Por exemplo, se o tal articulador for um jogador do nível do Marco Antônio ou do Marquinhos, que se busque outra maneira de jogar.

Contra o Caxias, o Grêmio fez 3 a 0 no primeiro tempo ao natural. O adversário é um finalista do Gauchão, e chegou lá batendo o Grêmio que tinha o ‘pensador’, o ‘iluminado’ Marco Antônio para tocar a bola pro lado, sem arriscar um drible para invadir a área, e de vez em quando acertar um passe vertical.

Com Facundo Bertoglio na meia, pensando pouco e agindo rápido, o Grêmio fez um primeiro tempo muito bom, um dos melhores deste ano.

O destino sinalizou para Luxemburgo: esqueça MA, invista no argentino.

Facundo de segundo atacante não é o mesmo do que joga vindo de trás, armando e puxando contra-ataques, com metidas de bola que poucas vezes vi nos últimos jogos do Grêmio.

Luxemburgo pode ter suas razões para escalar MA e adiantar Facundo, sacando Miralles. Mas eu não consigo captar a mensagem.

Pra mim, simplesmente Luxemburgo não soube interpretar corretamento o recado dos astros. Ou o desprezou.

Eu acredito (cada vez mais) em Miralles

Eu acredito em Miralles. Foi o que escrevi na quinta-feira no twitter. Ou na sexta? Foi um pouco antes de ficar sem internet.

Não acredito em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e em muitas outras coisas, mas acredito em Miralles.

Hoje, ele voltou ao time. Eu diria que hoje ele começou sua história no Grêmio.

Eu acredito em Miralles nem tanto pelo que já vi dele, e foi pouco porque pouco ele jogou, mas eu creio nele porque depois de perder Kleber, que fazia a diferença no ataque, e agora Moreno, é preciso acreditar em Miralles.

As chances, as escassas chances do Grêmio na Copa do Brasil dependem muito de Miralles. Se ele não der uma resposta muito positiva agora, já, imediatamente, o Grêmio dependerá basicamente de André Lima no ataque.

Algumas pessoas insistem que Facundo pode ser um segundo atacante. Pode. Um segundo atacante medíocre. Facundo Bertoglio é um meia de muita qualidade. É ali, vindo de trás, lançando e tentando o drible na entrada da área -algo que Marquinhos e Marco Antônio se recusam a fazer por comodismo ou falta de habilidade mesmo – que esse argentino rende mais e se torna um jogador diferenciado.

Contra o Caxias, ele meteu duas bolas formidáveis. Uma para Miralles, que recebeu pela esquerda, cortou para dentro e mandou no canto direito, matando o goleiro do Caxias. Golaço. Um gol parecido com o que ele fez contra o Flamengo e liquidou Luxemburgo e Ronaldinho Carioca. Só que ali ele chutou com a esquerda. O que significa que ele bate bem com as duas.

A segunda bola enfiada magistralmente pelo Facundo foi para André Lima, que até driblou o goleiro.

Então, Facundo é meia e Miralles atacante. Com os dois, o Grêmio ainda tem alguma chance na Copa do Brasil.

Eu acredito em Miralles. Depois do que vi hoje, mais do que nunca.

SAIDEIRA

Outro aspecto positivo do jogo em que o Grêmio bateu o Caxias por 3 a 1 foi que ninguém se machucou, ao menos seriamente. Com a miudinha que se abateu sobre os jogadores mais talentosos do time, e são tão poucos, temia que o pior acontecesse com o Fernando. O guri, que veio da base e teve oportunidade entrando devagar, mas sistematicamente, como deve ser, está cada vez melhor.

Além de lesão, temo que o Mano Menezes o convoque para  a seleção.

GORJETA

Da série ‘Aqui se faz, aqui se paga’: CPI sobre supostas falcatruas no Instituto Ronaldinho, com dinheiro público (federal, estadual e municipal) e prestígio roçando o fundo do poço no Flamengo, com grande parte, ou totalidade, querendo a cabeça daquele que um dia foi o melhor do mundo.

O meia armador e a base gremista

O técnico Luxemburgo estaria enlouquecido porque não tem um articulador, um armador, um ‘camisa 10’.

Esse realmente é um problema, um dos problemas. Quando o Grêmio negociou Douglas, que há algum tempo jogava sem disposição e não cuidava da forma física, se imaginava que viria alguém de nível equivalente. Afinal, com uma Copa do Brasil pela frente…

Mas o que  se viu até agora é esse Marco Antônio, que não ata a chuteira do pé direito de um Douglas compenetrado como aquele do Brasileirão com Renato Portaluppi. Aquele Douglas me serve sempre. Mas aquele Douglas sumiu nas espumas cremosas de chopes bem gelados.

Então, Luxa tentou Alex. Acho que deveria tentar também o Cleiton Xavier, que anda pela Ucrânia. Os dois perto do que há no Olímpico para a função são craques. Se bem que agora é tarde, ao menos para a Copa do Brasil.

Regredindo um pouco no tempo: se havia disposição de negociar Douglas, por que não foi dada uma chance sequer para um meia armador que foi destaque na base gremista, o Pessali.

Admito que nunca me entusiasmei com o Pessali, mas sempre vi nele boas qualidades, que, bem trabalhadas, poderiam revelar um talento para o time principal. Devo admitir, também, que não havia me entusiasmado com o Fernando na base, mas ele subiu e hoje é um dos raros que se salvam nesse time montado pelo presidente Odone – Pelaipe não tem a caneta na mão para fechar negócios, porque se a tivesse o zagueiro Naldo, o legítimo, teria sido contratado.

O Pessali que vi na categoria de junior não é pior que o Marco Antônio que vejo – com espanto e incredulidade – como titular do Grêmio.

Repito, não sou fã do Pessali, mas não consigo entender que ele não tenha recebido chance de jogar no clube que o formou e que, por certo, devotava um carinho especial, algo comum aos guris que cresceram dentro de um clube.

O jogador que sai da base tem o momento certo para ser testado, mas testado de verdade, com um mínimo de jogos. Se for cedo demais, pode se queimar. Se for tarde, é como a fruta colhida no pé além do tempo.

Pessali, hoje perdido em algum clube qualquer, talvez seja como a fruta que amadureceu demais e caiu do pé. É uma pena.

Assim tem sido com muitos jogadores da base gremista. A grande maioria sem condições de figurar num clube de ponta, mas há aqueles que mereciam ser lapidados. Acabaram jogados num canto, esquecidos, até que perdessem a motivação, o entusiasmo, e, o que é pior, a confiança em si mesmos.

Dinheiro jogado fora, patrimônio desvalorizado em troca de investimento em meia dúzia de jogadores medianos, mas com empresários ligeiros e influentes.

É uma pena. É só o que posso fazer, ter pena de tudo isso, e do caminho tortuoso que o Grêmio segue há muitos anos.

Ter pena, lamentar, e escrever assim meio na corrida, quase sem pensar, ainda com o bacalhau do almoço pesando no estômago. Escrever como um desabafo irrefreável de quem mais uma vez vê outra temporada se esvaindo sem qualquer reação do comando gremista.

Retranca salvadora e o empate colorado

Vibrei quando soube que o Luxemburgo havia armado uma retranca para enfrentar o Ipatinga. Não sou retranqueiro, mas não posso ignorar que esse time do Grêmio é muito instável, vulnerável, e não importa a qualidade do adversário. E isso é que é o mais grave e preocupante.

A primeira virtude de um grande treinador é conhecer o que tem na mão. E o que o Luxemburgo tinha na mão era uma equipe fraca. Portanto, ele tratou de reforçar o sistema defensivo, sinalizando claramente que não queria tomar gol, e se fizesse um estaria no lucro.

Deu certo. Léo Gago marcou um golaço, o que talvez faça alguns ingênuos de plantão acreditarem que ele está crescendo e que não precisa contratar um volante melhor para a posição. Bem, o importante é que ele marcou e isso deixa o Grêmio ainda mais favorito a continuar na Copa do Brasil.

Então, méritos do Luxemburgo, que está jogando com o regulamento da Copa do Brasil debaixo do braço. Perfeito.

E, só para confirmar o que venho dito, no Grêmio só os bons se lesionam com média ou grande gravidade. Marcelo Moreno sofreu lesão muscular e fica fora por alguns jogos. Assim, de repetente, o Grêmio não tem mais o seu festejado ataque.

Quer dizer, a situação, que já era complicada, ficou ainda pior.

Se o Grêmio tivesse hoje o Mário Fernandes e o Kleber, seria outro time. Com esse time que aí está, o Luxa tem mais é que se fechar, mesmo que isso faça com que alguns neófitos o chamem de Celso Roth.

Assim, de lesão em lesão, o Grêmio vai desmoronando.

INTER

O Inter me surpreendeu. Mesmo sem titulares importantes, enfrentou o Santos de igual pra igual. O Santos tem mais time. O Inter sabe disso. Por isso, nos primeiros minutos tratou de mostrar armas. Tinga acertou um soco na orelha direita de Juan. Não pegou de jeito. O juiz nem o bandeirinha viram ou não quiseram ver.

Mas foi um bom jogo, parelho. Neymar fez belos lances, mas não foi feliz em algumas conclusões. Muriel foi o melhor do jogo, evitou a derrota colorada.

O centroavante pigmeu foi figura decorativa. Muricy custou a tirá-lo de campo.

No gol de Nei, o goleirinho do Santos fez golpe de vista. Fico imaginando se fosse o Victor ou o Muriel fazendo o mesmo.

AIRTON

Eu tinha uns 10 anos quando vi o Airton jogar. Foi a única vez, no estádio Florestal, em Lajeado. Grêmio venceu por 5 a 0. Anos 60. Estou procurando uma foto onde apareço ao lado do zagueiro e que foi publicada na extinta Folha Esportiva. Curioso, já naquele tempo eu admirava o Airton, mesmo recém saindo das fraldas em termos de futebol. Vou falar sobre isso em breve.

O momento de perder

O Grêmio mais ou menos repetiu o que vem jogando. A diferença é que agora perdeu. A verdade é que o time de Luxemburgo estava vencendo sem convencer, e isso significa que a derrota pode vir a qualquer momento e contra qualquer adversário, mesmo contra um time fraquinho como esse do Pelotas.

O lado positivo é que a derrota aconteceu num momento em que vencer ou perder não muda muita coisa.

Portanto, realmente não me importo com esse resultado negativo. Ainda mais nessa competição que pra mim, em função de onze anos sem título nacional,  não passa de laboratório de testes.

O ruim é que estamos entrando no quarto mês do ano e o Grêmio continua sem um time titular, sem um time convincente, sem um time que levante o astral do torcedor e que permita sonhar com a Copa do Brasil.

Continua faltando um grande zagueiro, alguém inquestionável, que imponha respeito até quando o serviço de alto falante do estádio anunciar seu nome.

E isso me faz lembrar, com muita tristeza, no maior de todos: Airton Ferreira da Silva. Airton nunca foi apenas Airton. Sempre foi um zagueiro com nome e sobrenome como deve ser um zagueiro de verdade: Airton Ferreira da Silva. Ele está doente, muito doente. Pena. Eu só o vi jogar uma vez ao vivo, foi contra o Lajeadense, no estádio Florestal. Eu tinha uns dez anos. Tirei uma foto ao lado dele. A foto foi publicada na Folha Esportiva. É uma lembrança que tenho dele nesse momento difícil.

Mas voltando à dura realidade do futebol atual: falta um volante que bata quando tem que bater e que jogue quando tem que jogar. Nem precisa jogar tanto assim, basta ficar na frente da zaga e cobrir os laterais.

Falta um articulador de qualidade, criativo, talentoso, que mostre ao Marquinhos, ao Marco Antônio e todos os demais como se mete uma bola numa área povoada de adversários.

Sem esses três jogadores o Grêmio não irá a lugar algum, nem à final desse segundo turno do Gauchão.

Contra o Pelotas, o Grêmio levou o gol aos 2 minutos, quando a zaga ainda está sonolenta, talvez distraída. Ninguém pode ser responsabilizado por esse gol, nem o Victor que alguns amigos querem ver pelas costas e que, cegos pela intolerância, nunca enxergam as defesas milagrosas que ele faz.

Se Victor tem que sair, quem pode ficar?

Hoje, eu vi apenas um jogador diferenciado em campo: Fernando. Depois, o Souza. Em terceiro, pelo esforço, Facundo.

No segundo tempo, Edilson se destacou. E quando Edilson se destaca é porque o nível está rasteiro demais. Hoje, entre Gabriel e Edilson, fico com o segundo para enfrentar o Ipatinga.

Este sim um jogo em que perder é um verbo que não pode ser admitido, mas que, sem dúvida, é possível de ser conjugado por esse time que não entusiasma ninguém.

FECHANDO A CONTA

A zaga ‘reserva’ do Grêmio não foi melhor nem pior que a ‘titular’. O Pelotas teve poucas chances de gol, menos do que outros times anteriormente contra a tal zaga titular.

Isso mostra que o não existe uma zaga titular de verdade. Eu penso assim.

O Grêmio teve maior volume de jogo, como costuma acontecer, mas segue com problemas no penúltimo passe, no último passe. O time jogou grande parte do tempo nas imediações e dentro da área do Pelotas. E não conseguiu fazer um golzinho sequer.

No primeiro tempo, o goleiro do Pelotas quase não trabalhou. No segundo, principalmente, no final, ele se destacou. O Pelotas cansou e o Grêmio foi pra cima no abafa.

O Beto Almeida soube armar seu time. Como sempre.