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As prioridades do Grêmio

O Grêmio nitidamente elegeu sua prioridade em termos de reforços.

Primeiro, garantir a renovação de Geromel e Maicon. Com menos esforço, também a de Gallardo, que, bem ou mal, foi um dos melhores laterais do Brasileirão, o que não é pouca coisa.

Gallardo não é o lateral dos meus sonhos, tampouco dos meus pesadelos. Num time ajustado e com melhores valores individuais ele até pode encaixar. Agora, seu custo deve ser compatível com seu futebol.

É importante começar a temporada com uma base definida. Por isso, esse esforço para manter a equipe atual com dois ou três acréscimos de muita qualidade. Jogadores para a titularidade inquestionável, ao menos teoricamente. Na prática, as vezes, um jogador desconhecido dá uma resposta superior ao de uma estrela.

A segunda prioridade parece ser mesmo a contratação de uma liderança dentro de campo. E o nome escolhido é o de Henrique.

O fato de ele ser polivalente contribui para esse interesse, mas o que pesa mesmo, a meu ver, é que Henrique é aquele jogador que tem faltado nos últimos anos ao time. Alguém com voz ativa, capaz de reerguer o moral da equipe nos momentos ruins de um jogo. Alguém capaz de sacudir os companheiros não apenas com gestos e gritos, mas principalmente com o seu exemplo de luta, de garra, de indignação.

O Grêmio não tem um jogador assim. 

A montagem do Grêmio para a Libertadores começa por aí: manutenção da equipe atual, dentro do possível, e a contratação de um líder.

O atacante goleador e o meia talentoso ficam em terceiro lugar na lista das prioridades.

Supremacia gremista tinge Papai Noel de azul

O Grêmio termina o Brasileirão no G-3, posição que ocupou por inúmeras rodadas. Não é, portanto, um intruso na festa dos que irão disputar a Libertadores 2016.

O Grêmio é o campeão de uma competição embutida no Brasileirão: o Torneio Gre-Nal. Não apenas terminou melhor colocado nessa disputa que gremistas e colorados costumam fazer dessa santa rivalidade, como ainda aplicou uma retumbante goleada de 5 a 0. Um placar gravado na mente e no coração de todos. No confronto direto, outra vantagem: nos dois jogos, 5 a 1.

Então, o ano termina mal para os colorados. Isso não os impediu de cantar com toda a emoção depois da boa vitória sobre o Cruzeiro. A tensão era tanta que bastou o anúncio por uma emissora de rádio de gol do Goiás para o estádio explodir. Em segundos, todos murcharam, porque não houve o gol anunciado. 

O Inter lutou bravamente. Argel tem méritos. Por pouco o clube que, segundo seu maior líder, D’Alessandro, não festeja vaga, não ficou com o quarto lugar, posição que leva à fase preliminar da Libertadores. Afinal de contas, seria muito pouco para quem começou o ano sonhando com títulos robustos como a Libertadores e o Brasileirão.

Restou apenas o Gauchão a ser comemorado. O presidente colorado, terminado o jogo, já projetou o ‘hexa de campeonato gaúcho’. Uma pífia tentativa de provocar o Grêmio, que tem coisas mais importantes com que se preocupar. 

O fato é que a frustração foi tanta que alguns veículos de comunicação tentaram e ainda tentam minimizar o sofrimento colorado. Algumas manchetes e textos ufanistas chegaram a ser ridicularizados no centro do país.

Nada supera, porém, o destaque que o clicrbs deu a um ranking privado, que eu sequer conhecia, apontando o Inter como o segundo clube mais vencedor do século 21.

Ranking Torcedores.com: quem são os maiores vencedores do futebol no século 21

Vamos ver o que mais será feito para ajudar o torcedor colorado a superar esse final de ano de envolvimento do clube com doping e, o que é mais significativo, sem uma vaguinha na Libertadores.

Decididamente, o Papai Noel não é vermelho, ao contrário do que pensa o técnico Argel.

Doping: punição amena aos atletas colorados

Só o fato de o Brasil estar atravessando sua maior crise ética pode explicar o que aconteceu no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, órgão ligado à CBF, que, assim como a Fifa, está meio que sem moral para julgar e condenar quem quer que seja.

É possível que os auditores do STJD passem por algum constrangimento diante desse quadro desolador. Pode ser.

Porque não tem explicação a condenação de Nilton e Wellington Martins por apenas cinco meses de suspensão.

Arrisco dizer que esse resultado é quase um estímulo ao doping, aquele mal-intencionado mesmo, com a participação do clube (não se pode afastar a possibilidade de que, eventualmente, algum atleta use estimulante incentivado por algum dirigente ou profissional de comissão técnica, mas, claro, não aqui no RS, onde todos são honestos como se sabe).

Arrisco dizer, ainda, que essa decisão leniente será reformulada pelo pleno do tribunal. A procuradora, que pediu quatro anos de pena, ficou inconformada. E com razão.

O artigo 2, parágrafo 4, do Regulamento de Controle de Dopagem da CBF, repito, da CBF, diz que todo ‘o atleta tem o dever e a responsabilidade de assegurar que não entre substâncias proibidas em seu organismo’. Diz também que não é necessário demonstrar conhecimento, desconhecimento, intenção ou falta de intenção, negligência para se estabelecer uma violação ao RCD da CBF.

Então, não adianta aparecer com mil desculpas. Mas isso foi praticamente ignorado pelos auditores. A penalização para o doping, que ficou muito bem caracterizado, é de no mínimo dois anos. Pode ser chegar à suspensão vitalícia, mas aí em situações muito graves.

O artigo 14 deixa muito claro que o atleta não deve consumir medicamentos, suplementos, etc, de origem duvidosa. Não deve também confiar em bulas e rótulos de medicamentos, suplementos nutricionais, etc.

Se os dois jogadores não sabiam disso, depois de tanto tempo de carreira, é muito estranho.

 

O Inter deveria receber alguma sanção pelo simples fato de não interagir com seus jogadores a respeito de dopagem.

Nilton disse que buscou na internet, ao lado da esposa, informações sobre o que poderia ser consumido, quais as substâncias proibidas. Se tivesse acessado a página da CBF, como eu fiz, teria suas dúvidas esclarecidas.

Mais fácil ainda: consultar os médicos do clube. Bingo!, como diria o Lênio, arguto articulista do blog cornetadorw.

Na verdade, é uma história que não convence.

Por fim, depois de ler as reportagens sobre o julgamento, fiquei sem saber o seguinte:

– qual a marca do tal suplemento?

– onde foi comprado? 

– tem nota fiscal?

– tem comprovante do cartão de crédito ou foi pago em dinheiro?

– a procuradora do tribunal teve o cuidado de comprar duas ou três unidades do mesmo lote do produto para fazer a comparação?

– mais gente teria usado o suplemento, ou apenas Wellington ficou curioso e usou o produto do companheiro?

São perguntas básicas. Meu estoque de questionamentos é extenso, mas fico por aqui.

Afinal, hoje é sábado, e o dia ensolarado me chama para correr um pouco.

Vou aproveitar pra comprar um suplemento nutricional.

Vá que eu encontre um com o estimulante citrato de sildenafila. Mas sem diurético…

 

BRASILEIRÃO

Termina neste domingo o Brasileirão, que morre lentamente desde que o Corinthians tomou larga vantagem sobre os demais clubes.

Continuo defendendo mudança no formato. 

Não é possível ficar rodadas e rodadas torcendo por vaga ou para não ser rebaixado.

A gente merece mais emoção. Ou não? Sei lá.

Libertadores: hora de esticar o elástico financeiro

A fábula de Esopo “A Raposa e as Uvas” volta a se encaixar plenamente no atual momento do futebol gaúcho. Já aconteceu outras vezes, mas agora a historieta cai como uma luva.

Um colunista, do alto de sua responsabilidade, escreveu que a Libertadores é deficitária e sobrevive do glamour. Ou seja, é charmosa. Seria um ‘Charmoso Gauchão’ com grife?

Não lembro de ter lido algo sequer parecido no ano passado quando o Inter classificou-se para essa competição ‘deficitária’.

A vaga na Libertadores foi festejada nas ruas, nos bares, nos lares e nas redações. Normal.

Teria a Libertadores perdido seu encanto em apenas um ano? Ou a dor-de-cotovelo é tão grande que faz qualquer um perder o bom senso?

Lembro-me de outro colunista afirmar que a insossa Copa Sul-Americana era mais importante que a Libertadores porque havia nela, naquele ano, clubes mais fortes e tradicionais. Claro, o Grêmio estava na Libertadores e o Inter na Sul-Americana. No fim, os dois foram eliminados precocemente.

A inveja é uma merda, li certa vez na traseira de um caminhão caindo aos pedaços.

O que dói em muita gente – mesmo em gente compromissada com a ética e a isenção – é que esse torneio que só dá prejuízo é uma baita vitrine.

A Libertadores pode não dar dinheiro, mas é o único caminho para aquilo que o torcedor mais quer: a chance de disputar o Mundial de Clubes.

Ah, mas isso, para a raposa que não alcançou as uvas maduras e suculentas, é um mero detalhe.

GRÊMIO

Por falar na Libertadores, espero que a direção gremista se esforce ao máximo, estique o elástico financeiro o suficiente para formar uma equipe capaz de brigar pelo título. Claro, sem cometer loucuras.

Penso que existe uma base boa o suficiente para superar a primeira fase. E só.

É importante renovar com Geromel e Maicon. O tempo é curto para encontrar principalmente um substituto para Maicon, que encaixou de forma admirável no esquema do técnico Roger. 

Fora isso, entendo que o Grêmio será candidato ao título se contratar três jogadores de alto nível: um zagueiro, um meia e um goleador.

Estou particularmente entusiasmado com a investida por Henrique.

Esse zagueiro, que joga também de volante, é a liderança que falta ao time dentro de campo. No Palmeiras de Felipão, campeão da Copa do Brasil, ele jogou demais. Um guerreiro incansável, um jogador que contagia todo o time com seu entusiasmo e dedicação. Além de bola técnica e vocação para fazer gols de cabeça.

O meia que eu considero o ideal, ou quase isso, é Tiago Ribeiro (ERRATA: ÉVERTON RIBEIRO). Ele chega e Douglas sai. Douglas não pode ser titular nem reserva. Na reserva, ele vai se acomodar e quando Roger precisar dele não obterá a resposta desejada.

Na frente, um goleador. Indico o atacante do Tigres, o francês Gignac.

Desconfio que estou pedindo demais. 

 

 

Grêmio avança rumo ao vice nacional

O time que começou o Brasileirão desacreditado já garantiu presença na Libertadores de 2016, sonho de muitos e realização de poucos.

O Grêmio agora persegue o segundo lugar. Como disse Marcelo Grohe, ironizando, o vice é o ‘primeiro lugar dos últimos’. 

Um passo decisivo nesse sentido foi dado neste domingo na Arena perante 40 mil torcedores. O Grêmio voltou a bater o Atlético Mineiro na competição. Fez 2 a 1 com um percentual de aproveitamento fenomenal dos chutes a gol, confirmando que o time precisa de reforços para o sistema ofensivo se não quiser ser apenas figurante na Libertadores.

Era um jogo de ‘seis pontos’. Na última rodada, domingo, o Grêmio pega o Joinville, fora. Já o Atlético enfrenta a traiçoeira Chapecoense, que já aprontou por demais da conta no Brasileiro. Quem sabe não apronta mais uma.

Se o Grêmio vencer e o Atlético empatar, Grêmio assume o segundo lugar e, se não me engano, embolsa R$ 2 milhões. Não é muito – mais ou menos o dobro do que ganha o sempre prestigiado Rui Costa por ano como dirigente remunerado do tricolor -, mas já é alguma coisa.

Sobre salário de dirigente de futebol, cargo quase tão importante quanto o do presidente, entendo que o pagamento deveria ser por meta atingida, além de um salário básico, mais próximo da realidade do torcedor, que é, no final das contas, quem banca toda essa festa.

Sobre o jogo, o Grêmio voltou a jogar um futebol insuficiente em termos técnicos, mas em comparação com o Gre-Nal foi ao menos mais determinado, mais esforçado, sem esmorecer diante das dificuldades impostas por esse ótimo time mineiro.

O Grêmio abriu o placar com um golaço de Éverton, depois de jogada com Marcelo Oliveira. Éverton fez sua jogadinha de sempre, cortou pra dentro e chutou rasante. Espero que o repertório dele seja mais diversificado. Não um samba de uma nota só.

O empate foi uma bobagem do Geromel, uma bobagem equivalente a do Erazo no Gre-Nal. Aliás, Erazo desta vez não pensou duas vezes para espantar, mandar a bola pra longe ao menor sinal de perigo.

Geromel cometeu um pênalti infantil, inaceitável  para um zagueiro de clube de ponta. Mas ele tem ainda muito crédito. Só fica difícil entender por que ele segurou Datolo de forma tão acintosa.

Aliás, Datolo seria um bom reforço para a Libertadores.

Por sorte, um milagre. Depois de sei lá quanto tempo um gol de falta (gol de escanteio acho que fica pro ano que vem). Luan enganou Victor, metendo uma rasteira no contra-pé do goleiro, que ficou com cara de tacho.

Vale destacar o empenho de Roger e dos jogadores, que exigiram da arbitragem a marcação de falta sobre Ramiro, depois de o auxiliar ter feito uma sinalização equivocada no lance. A arbitragem voltou atrás.

Depois, o Grêmio resistiu à pressão. O goleiro Bruno Grassi, que substituiu Grohe, fez duas grandes defesas, evitando o empate. Antes havia saído mal da goleira, catando borboletas. Felizmente, o cabeceio do zagueiro saiu alto demais.

Do jogo restou a confirmação de que a direção gremista terá muito trabalho para armar um time realmente capaz de brigar pelo título da Libertadores/2016. No mínimo, quatro jogadores para serem titulares absolutos.

Haja dinheiro, competência e criatividade.

INTER

O Inter mais uma vez jogou um balde de água fria no segmento vermelho do Estado. Numa semana empolga, na rodada seguinte, frustra.

Venceu o Gre-Nal e tudo parecia ajustado. Agora vai! Não foi. 

O Inter conseguiu não vencer o Fluminense, que pediu para perder. O time carioca jogou boa parte do tempo com um jogador a menos. Sem contar que estava sem Fred e outros titulares importantes.

Diferente do que aconteceu no Gre-Nal, quando o time de Argel manteve ritmo forte todo o tempo, sábado o segundo tempo foi deplorável em termos físicos, com reflexos no rendimento técnico.

No final, o empate por 1 a 1 saiu justo, mas complicou a vida colorada no Brasileiro, para desespero dos ‘matemáticos’ colorados e suas incansáveis máquinas de calcular.

 

 

A ‘empresa vermelha, colorada’

O boato corria solto nos escritórios, nas ruas, nos becos, nos botecos. Mas ninguém conseguia confirmar a veracidade do que era dito.

O boato era isso, apenas um boato. Já estava virando uma lenda urbana.

Quem haveria de acreditar que numa determinada entrevista o presidente da RBS teria afirmados que a sua empresa seria ‘colorada’, seria ‘vermelha’, expressões usadas por ele.

– Não pode ser, isso não existe -, era a reação de quem ouvia a história pela primeira vez. Mesmo assim, era passada adiante, num ciclo que parecia não ter fim.

Faltava a prova que transformaria o boato em fato.

Pois esse dia chegou. Um garimpeiro de notícias do blog cornetadorw pesquisou e encontrou a tal entrevista.

Tudo verdade. A tal entrevista existe.

Sem entrar no mérito, faço o registro para a posteridade:

http://cornetadorw.blogspot.com.br/2015/11/o-fim-da-mentira-repetida.html

Como dizia Chico Anísio em sua Escolinha do Professor Raimundo:

– Chega de churumelas!

BRASILEIRÃO

O Inter pega um Fluminense desfalcado, parece que só com reservas e alguns novatos.

Lembro que o Corinthians jogou com reservas contra o São Paulo e goleou.

Portanto, não é jogo jogado, como acreditam os colorados otimistas de plantão.

Já o Grêmio pega um Atlético Mineiro motivado para manter o segundo lugar. Certamente, com premiação robusta.

A favor do Grêmio a ausência do Levir Culpi. Time terá técnico interino.

O último a ousar isso foi  o Inter, e a gente sabe como terminou.

Acredito na vitória e na conquista do vice., o que será formidável para um time que começou completamente desacreditado.

Antidoping e os Aflitos

Decidi escrever algumas linhas sobre a Batalha dos Aflitos depois de ler e ouvir colorados da imprensa e fora dela.

Eles mal conseguem disfarçar irritação pela comemoração dos gremistas. No fundo, é uma baita inveja daquele momento épico, único, inigualável.

O Grêmio venceu com sete jogadores em campo, num jogo marcado pela emoção, tanto para os gremistas como para os colorados, que secaram ardorosamente e no final amargaram profunda frustração, mergulhando nas trevas da inveja e do rancor.

Essa comemoração tricolor nada tem a ver com o ‘título da segundona’. Os colorados sabem disso, mas saem por esse lado para fugir à realidade: o Grêmio tem uma capacidade de irresignação incomparável, não se conforma e não admite a derrota. Por isso, luta, luta e luta.

Este é o Grêmio que nem sempre a gente vê, mas é o Grêmio que todo gremista conhece e admira, e não aceita que seja diferente.

É o Grêmio que todos os adversários respeitam. 

É comum o Grêmio ser citado pelos jornalistas de todo o país como referência de equipe aguerrida, incansável e obstinada, que só descansa após o apito final.

Por isso, é um orgulho ser gremista e poder festejar a vitória épica em Recife, enaltecida em todo o mundo. Menos por setores aqui da aldeia.

A inveja é uma merda!

AFLITOS

Por falar em aflitos, é assim que estão os colorados em função dos dois atletas flagrados no antidoping usando a mesma substância – algo inédito no mundo -, três vezes e em menos de 15 dias.

Na terça-feira, a Comissão Nacional do Controle de Doping esteve no Beira-Rio coletando material de todos os jogadores. 

Se forem encontradas as substâncias clorotiazida e hidroclorotiazida mais uma vez, a punição com certeza atingirá também o clube.

A imprensa do centro do país fala em dois anos de suspensão, com rebaixamento de divisão no Brasileiro.

É claro que vai dar em nada. Até porque essa coleta deveria ter ocorrido imediatamente após a contraprova. Não agora, 20 dias depois.

O curioso é que a direção pensou que poderia manter esse procedimento em sigilo. É muito amadorismo.

O papel aceita tudo

Nos velhos tempos das laudas e das máquinas de escrever (Remington e Olivetti, por exemplo) era comum um colega provocar o outro, que insistia em especular nomes de reforços para a dupla Gre-Nal. Dizia, rindo de orelha a orelha:

– O papel aceita tudo.

Hoje, seria ‘a tela branca aceita tudo’.

O que tem de gente lançando nomes de possíveis contratações pelo Grêmio. A maioria dos nomes tem origem em empresários loucos pra faturar algum. Lançam o nome com a ajuda do jornalista, que pensa estar dando um ‘furo’ na concorrência. O dirigente preguiçoso ouve aquilo e, de repente, está mantendo contato com o empresário, que leva consigo, claro, um DVD com lances fenomenais de seu jogador.

Hoje mesmo li um blog em que são citados três nomes, nenhum deles de empolgar, até pelo contrário. Mas os jogadores são referidos num texto que tem como ilustração o presidente Romildo Bolzan. Alguém mais distraído vai imaginar que Bolzan pode ser a ‘fonte da informação’. Nos comentários, gremistas dando pau no presidente.

A matéria fala em Rodinei, este sim com contratação encaminhada. Bom jogador. Depois, cita o zagueiro Felipe Trevisan, do Hannover. Esse jogador vive um período de muitas lesões. Quase não tem jogado. E as informações sobre ele, tecnicamente, não são nada estimulantes.

Por fim, Marcelo Toscano, vice- goleador da série B (o que pra não significa nada, quer dizer, significa que é um jogador de série B, onde com certeza existem opções melhores) pelo América MG. Alguém já ouviu falar nesse atleta, que já tem 30 anos?  Outro Vitinho, não.

Esse tipo de notícia cai como um balde de água gelada na cabeça dos gremistas, que esperam ver um time realmente competitivo para disputar a Libertadores. Mas disputar mesmo, pra valer, com chances concretas de título.

Será a quarta tentativa do esforçado diretor Rui Costa, que, pelo jeito, vai continuar dando as cartas.

SUGESTÕES

Bem, como a tela branca aceita tudo, encaminho minhas sugestões, mesmo sabendo que não serão consideradas.

O Grêmio precisa de titulares de alto nível para duas funções: articulador e goleador.

Investimento pesado apenas para contratar um meia que alie técnica com velocidade e movimentação; e um atacante que se movimente, mas que não fuja da área e tenha grande capacidade de finalização.

Depois, completar o time com um lateral direito mais efetivo que Gallardo;

um zagueiro com mais imposição, um xerife, um cara que faça gols de cabeça, algo raro no Grêmio. Ah, que meta o dedo na cara de algum argentino de voz esganiçada;

um volante com mais pegada, mordedor, que suje o calção, que não tenha vergonha de dar chutão quando necessário e que saiba fazer lançamentos como fazia o Dinho.

O restante pode ser completado com boa parte do elenco atual e o aproveitamento de jovens da base.

 

 

Derrota, mais que goleada, ensina muita coisa

Sempre se pode tirar proveito de um resultado negativo, como foi esse diante do Inter no Beira-Rio. Nem tanto pelo resultado em si, mas principalmente pelo desempenho do time.

O time titular do Grêmio caiu diante do mistão colorado.

Pelo retrospecto recente, era jogo para o Grêmio vencer, não com outra goleada porque os 5 a 0 são tão atípicos quanto os 6 a 1 dos reservas do Corinthians sobre o São Paulo – quem gosta de campeonato de pontos corridos pode festejar esse final deprimente, sem empolgação.

A emoção se reduz a disputa por vaga para isso ou aquilo, já que o título mais uma vez foi decidido a muitas rodadas antes do fim.

O Grêmio jogou mal. Foi um pouco do Grêmio empolgante que a gente viu neste Brasileirão só depois dos 30 ou 35 minutos do segundo tempo. 

Até ali o time foi, digamos, comandado por Douglas. Bem, Douglas não acertou um cruzamento decente nos escanteios e faltas. O que não é nenhuma novidade. A tal metida que deixa o companheiro na cara do goleiro não aconteceu.

Desculpe, aconteceu sim. Foi do Maxi Rodriguez, que deixou o aipim argentino em condições de marcar, mas o chute parou nas mãos do goleiro colorado. Sem dificuldade. 

Maxi me parece um jogador doente, fraco, mas penso que ele poderia ter entrado antes no jogo. No lugar de Douglas. Roger optou por Bobô. 

E é por aí que eu começo a mostrar que um resultado negativo dessa magnitude tem aspectos positivos.

Por exemplo, mostrar quem deve continuar no clube em 2016. Bobô pode seguir em frente. Parece que Tite andou interessado nele. Tite é mágico, talvez consiga transformar Bobô num goleador. 

Além de Bobô há muitos outros. Douglas é um deles. Poderia ser reserva, mas é um risco deixar um jogador como ele no banco.

É claro que não podemos basear essa limpa apenas na atuação deste domingo. Tem o conjunto da obra. A média das atuações. 

Erazo, que eu gosto, falhou no gol colorado, na grande jogada de Dourado pela direita. Ele dividiu com elegância, porque ele é elegante e o jeito de jogar do time comandado por Roger é assim, elegante. Dificilmente dá chutão. Tem ganhar a disputa na técnica e sair jogando com qualidade, bola rente ao gramado. A gente sabe que isso não funciona sempre, principalmente na Libertadores.

Erazo só pode ficar se entender que em Gre-Nal é proibido ser elegante o tempo todo.

Gosto desse estilo implantado por Roger, de muito toque de bola, deslocamentos, é bonito, mas quando o adversário marca os jogadores mais criativos a coisa complica. Por isso que de vez em quando uma bola longa ou um chutão pode cair bem.

Douglas, sabemos, sucumbiu. Luan, idem. Mas Luan ainda teve alguns lampejos apesar da forte marcação, inclusive com sequência de faltas. Douglas, salvo engano, não sofreu falta. Não precisou. 

O melhor do time foi Wallace, inclusive pela entrada forte no argentino provocador ainda no primeiro tempo. Em bom nível o Geromel. Giuliano entrou no jogo apenas no segundo tempo. Roger precisa rever essa ideia de deixar Giuliano tipo um ponta direita. Ele cresce quando começa a aparecer pelo meio, mas isso só acontece quando Douglas sai.

Derrota em Gre-Nal ensina muita coisa. Começa por mostrar que a realidade não é nem nunca foi aquela goleada de 5 a 0.

Agora, se o Grêmio entrasse realmente determinado a vencer, sem pensar no pontinho fora que garantia a classificação, acredito que as coisas teriam sido diferentes. 

Por fim, o Grêmio mais uma vez dando uma mãozinha para o Inter disputar a Libertadores. 

ARGEL

Argel tratou de anular a criação do Grêmio. Conseguiu. Houve algumas pancadas, mas o Grêmio também bateu.

O juiz foi bem. Ouvi o Márcio Chagas pedindo cartão amarelo desde o começo para o jogo não fugir do controle. Casualmente, para jogadores do Grêmio que deram duas ou tres entradas mais fortes no início. Mas nada para cartão amarelo. 

É a mentalidade do técnico gaúcho, assustado com o clássico.

Ricardo Ribeiro foi comedido nos cartões e controlou o jogo. Simples.

Juiz de fora sempre. Até no Gauchão, se for possível.

O Gre-Nal tem tudo para ser de alto risco

Esse juiz, o Ricardo Marques Ribeiro, vai comer o pão que o diabo amassou neste Gre-Nal.

É jogo de altíssimo risco.

Seria pior se o juiz fosse local. Mas bem que o clássico merecia um juiz mais disciplinador, alguém que se imponha e não deixe que determinado jogador metido a juiz apite o jogo.

Um juiz que não permita que o fair play seja pisoteado debaixo de suas fuças como aconteceu na vitória colorada sobre a Ponte Preta, quando o gol da vitória aconteceu 35 segundos depois que a bola não foi devolvida ao adversário.

Nem vou comentar o fato de que nos últimos três anos o Grêmio não venceu um jogo sequer com esse mineiro, conforme estatística publicada no cornetadorw deste sábado. Bem, pela lei das probabilidades, que ainda não foi revogada, se aproxima, então, a primeira vitória gremista com o Ricardo Ribeiro.

Mas o que me faz prever um jogo muito tenso, em que qualquer fagulha pode levar a um incêndio de proporção imprevisível, é que este Gre-Nal tem alguns componentes perigosos.

O primeiro: o Grêmio neste momento é bastante superior ao rival, que joga em casa, mas desfalcado de alguns titulares decisivos como Valdívia. Mas o colorado nem quer saber disso, quer superação, quer vitória.

O segundo: o Inter entra em campo com uma goleada entalada na garganta. A torcida exige uma resposta que talvez o time não tenha condições de dar em função do futebol que vem apresentando, o que pode gerar um ambiente de tensão acima da média de outros clássicos.

O terceiro, e o mais importante: para equilibrar o jogo o Inter talvez tente se impor à força, incentivado e amparado por sua torcida e sob os olhos de um juiz titubeante disciplinarmente. Um juiz que precisará de pulso firme para neutralizar as tentativas de D’Alessandro se apossar do apito. Um juiz que terá de ficar atento às tentativas do time mais fraco no momento de equilibrar o jogo cavando expulsão desde os primeiros movimentos.

Como já dizia Newton, “toda ação provoca uma reação de igual ou maior intensidade, mesma direção e em sentido contrário”.

Enfim, de um lado um time sereno, com um treinador comedido; de outro, um time que joga sob a desconfiança de sua própria torcida e sob comando de um treinador, digamos, explosivo, com o agravante de estar sob forte pressão. 

Espero estar errado e que o Gre-Nal transcorra dentro da normalidade. Se isso acontecer, ganha o Grêmio.