Biteco, a melhor opção para Elano

Enquanto o Gauchão segue sem novidades, com o Inter vencendo com autoridade o Santa Cruz e o Grêmio batendo o Caxias sem maior esforço, fico no aguardo daquilo que realmente me interessa em termos de futebol: a próxima rodada da Libertadores.

É uma ideia fixa, uma obsessão. O que realmente interessa em 2013 é o tri da Libertadores. O resto é secundário. É lógico que se acontecer uma tragédia, o Gauchão crescerá de importância e o Campeonato Brasileiro ganhar ainda maior dimensão.

Hoje, o que importa é a Libertadores. E aí, pairando no ar, permeando conversas nos botecos, nas ruas e nos programas esportivos, prevale a questão que faz arder o cérebro dos gremistas: quem irá substituir Elano contra o Fluminense?

Estou convencido de que nem mesmo Luxemburgo sabe a resposta.

Conservador como todos os treinadores, ele tende a escalar Marco Antônio – toc-toc-toc, batendo três vezes na madeira -, que tem sido praticamente seu jogador número 12 ou 13. Vira e mexe, eis MA em campo.

Foi assim contra o Caxias. Tem sido assim com Luxemburgo. Portanto, nada mais lógico do que supor que MA é a possibilidade maior para o lugar de Elano.

Até não duvido que ele já tenha se decidido por MA, e que essa história de três atacantes não passe de uma tentativa de confundir nós todos, mas principalmente colocar dúvidas na cabeça de Abel Braga.

Não gostei da experiência com três atacantes contra o Caxias. Acho que ninguém gostou. Nem Luxemburgo.

A goleada de 3 a 0 sobre o Fluminense no primeiro turno foi facilitada pela decisão de Abel em começar o jogo com três atacantes. O Grêmio, a partir daí, ganhou o meio de campo e encaminhou a vitória.

Penso que assim como venceu fora, o Grêmio pode perder para o Flu. São duas grandes equipes, embora considere o Grêmio levemente superior no momento, mas uma supremacia que pode desmoronar em detalhes como esse: iniciar com três atacantes.

Outra alternativa é escalar três volantes. Entre jogar faceiro e mais fechado, fico com a segunda opção. Até levando em conta que Cris ainda não correspondeu. É um zagueiro que precisa de maior proteção. Então, poderia entrar Adriano como primeiro volantes, ficando Fernando e Souza com mais liberdade para apoiar.

O fato é que Luxemburgo está numa enrascada: se escalar três atacantes e perder, colocando em risco a classificação, será atacado por armar um time ‘faceiro’; se optar por três volantes e perder, será chamado de retranqueiro, de covarde, ‘onde já se viu jogar com três volantes em casa?’.

Agora, as duas opções são melhores do que começar com MA. Para Luxemburgo, se ocorrer uma derrota – três batidas de novo na madeira -, ele virá com o discurso pronto de que procurou manter a estrutura e blá-blá-blá. As críticas não serão tão contundentes.

Afinal, dirão alguns, em especial os cronistas esportivos colorados, que já estão defendendo o MA, é só prestar atenção.

“Não é culpa de Luxemburgo se a direção não contratou mais um meia de qualidade”, dirão em coro.

Realmente, não contratou, mas está na hora de Luxemburgo investir na gurizada da casa. E quem desponta no momento é Guilherme Biteco.

O guri voltou a jogar bem contra o Caxias. Marca relativamente bem, joga com personalidade, tem ótima técnica, criatividade, ousadia para o drible e uma excelente bola parada.

Biteco tem condições de substituir Elano com muito mais vantagem do que MA.  Se é para manter a estrutura, o esquema 4-2-4, meu voto vai para Biteco, o ‘filho de Zé Roberto’.

Só tem um probleminha: ele não está inscrito na Libertadores. Nem ele nem o Bertoglio, que seria outra opção muito melhor que MA.

Damião e Jean Pierre: o reencontro um ano depois

‘A mesma praça, o mesmo banco, as mesas flores, os mesmos jardins’.

É o que comecei a cantarolar nesta manhã cinzenta de domingo, relembrando Ronnie Von e seu sucesso da década de 60.

‘A praça’ me veio à mente ao ver que Leandro Damião e o juiz Jean Pierre irão se reencontrar de novo em Santa Cruz, no estádio dos Plátanos, palco de um dos lances mais grosseiros que vi no futebol nos últimos anos e que passou batido, ficou de impune, combinando, aliás, com o que acontece na sociedade brasileira como um todo.

Aqui, a impune grassa como erva daninha, como fogo em palha seca. Por que seria diferente no futebol?

Em março do ano passado, Damião acertou um violento e inusitado pontapé pelas costas no lateral do Santa Cruz, Márcio Goiano, se não me engano.

Foi um lance na risca do meio de campo, junto à lateral, sem qualquer perigo para o Inter. Nem contra-ataque era.

Foi uma agressão covarde, injustificável, ainda mais partindo de um jogador normalmente tranquilo como é Leandro Damião. Nesse lance, Damião revelou um lado obscuro, o lado escuro do mal.

Jean Pierre, próximo do lance, presenteou o goleador colorado com um cartão amarelo.

As imagens descrevem melhor o que aconteceu.

Até o Batista ficou escandalizado. Confiram:

Brasil: já não estamos com essa bola toda

Nos meus últimos anos de CP, jogo da Seleção Brasileira sobrava pra mim. Quer dizer, eu era obrigado a ver o jogo e depois escrever sobre ele.

Lembrei disso ontem, quando ouvi o Rui Carlos Ostermann comentando o jogo Brasil x Itália.

Conclusão: o cara vai ficando velho e sobra para ele a Seleção.

Quem me acompanha há mais tempo, sabe que eu não me interesso pela seleção. Isso significa que não deixo de fazer outras coisas para assistir a qualquer jogo da Seleção.

Quer dizer, jogo contra a Argentina desperta minha atenção.

Conheço muita gente assim, que não liga pra seleção brasileira, ainda mais em amistosos.

Agora, esse jogo contra a Itália, na volta de Felipão, me atraiu.

Minha conclusão depois dos 2 a 2: o Brasil parece distante de ter uma equipe para a Copa do Mundo.

O Mano Menezes fez experiências demais. Não conseguiu nem definir uma base, nem um esquema confiável e realista.

O Mano escalava a seleção como quem acredita que o Brasil ainda é imbatível, que tem que ir para cima dos adversários, que o outro time é que precisa nos marcar. Enfim, essas bobagens que resultam em fracasso.

Para minha surpresa, e decepção, vi o Felipão seguindo a mesma cartilha, que parece ditada pela TV Globo com seu ufanismo tradicional e pernicioso, simbolizado em Galvão Bueno.

Felipão seguiu Mano e escalou um time faceiro, três atacantes para enfrentar a forte Itália.

Felipão calçou salto-alto. Sucumbiu ao oba-oba. Esqueceu que já não tem Rivaldo e Ronaldo.

Essa de escalar três atacantes foi demais. Ainda se fossem três grandes atacantes. Neymar, tudo bem, mas Hulk e Fred?

Não vejo um atacante da estatura técnica do Neymar hoje no futebol brasileiro. Há vários bons atacantes, goleadores como o Fred, o Damião, mas ambos não têm nível para titularidade. O Pato, se conseguir recuperar o brilho de seu início, seria uma saída.

Portanto, com essa carência, insistir com três atacantes é burrice, irresponsabilidade ou loucura, como diria o Gerdau.

A primeira providência de Felipão deve ser reconhecer que estamos numa safra modesta, sem grandes astros.

A partir daí ele deve começar a Seleção. Armar um time mais operário, com três volantes, dois que saibam chegar ao ataque com velocidade e técnica.

Eu começaria, a título de exemplo, com Fernando, ladeado por Paulinho e Hernanes. Mas há outros desse nível, como Ramires e Lucas, ex-Grêmio. Depois, Kaká ou Oscar. Quem sabe os dois juntos, sacando o camisa 9, já que não existe nenhum realmente digno de ser titular.

Enfim, o primeiro passo para armar uma seleção competitiva e capaz de ser campeã da Copa das Confederações e do Mundial é admitir que já não estamos com essa bola toda.

O IRA e a agenda positiva da AG

Se alguém prestar atenção verá como é forte e constante a participação publicitária da Andrade Gutierrez na mídia gaúcha. Ao mesmo tempo, chama a atenção – ora, que coincidência! – o número de notícias positivas sobre a obra no Beira-Rio.

A AG, bombardeada no período de negociação com o Inter, agora é boazinha, de acordo com o que leio e ouço.

Dia desses saiu na imprensa que os custos da reforma chegariam a 70% acima do valor inicial, que era de 200 milhões.

Aconteceu o mesmo com a Arena.

A diferença é que a OAS é uma bruxa malvada: cobrou do Grêmio essa elevação.

Já a AG, de demônio passou a a anjo. Não, anjo é pouco. É um querubim, categoria angelical mais próxima de Deus.

Estaria a empreiteira, por força de um contrato muito bem urdido pelo genial presidente do Inter, comprometida a pagar sozinha toda essa despesa adicional. Uma merreca , coisa de 150 milhões.

A informação não repercutiu e muito menos foi questionada, mesmo por aqueles que gostam muito de se deter em contratos entre empreiteiras e clubes de futebol.

Ninguém investigou. Ficou por isso mesmo. Temos, então, que uma empreiteira, das mais poderosas do país, segundo a mídia gaúcha, assinou um contrato altamente prejudicial e lesivo a seus interesses.

Acredito que esse contrato irá um dia aparecer, assim como apareceu o do Grêmio com a Arena.

Tenho certeza que neste momento há jornalistas em busca desse documento espetacular, histórico, que irá provar como uma grande empreiteira perdeu tanto dinheiro numa obra.

Penso que, a ser verdade, o presidente Giovani Luigi – que eu conheço desde os meus tempos de repórter geral da TV Bandeirantes – tem a obrigação de escrever um livro contando toda a história desse grande e insuperável negócio.

Começaria pelo pau que ele levou no início de tudo quanto é lado, passando pelo apoio de poderosas forças políticas, até concluir com esse contrato inigualável que deveria servir de modelo para outras instituições.

Imagino o título do livro, ideia que dou graciosamente:

O dia em que uma empreiteira perdeu dinheiro.

ARENA

Três fatos inquestionáveis na minha opinião:

– a Arena é um espetáculo;

– o contrato com a OAS tem aspectos danosos ao Grêmio;

– o movimento IRA – Inimigos Raivosos da Arena – nunca irá dar trégua.

DAVID x GOLIAS

O jornalista David Coimbra, um cara que admiro e considero muito, está duelando contra o seu Golias, um inimigo ameaçador.

Mas não invencível.

Já superei situação parecida, um Golias talvez menos perverso, mas também preocupante.

Nesses momentos, além de confiar na ciência, é preciso acreditar em forças superiores, ter fé.

David da bíblia teve fé e derrubou o poderoso gigante Golias com uma singela funda.

Para isso, o pequeno David contou com a torcida, a reza, a energia positiva de muita gente.

Acho que o mesmo pode acontecer agora.

Até porque estou louco pra ver o que ele vai escrever depois de passar por essa.

Vamos lá, força David.

Precisamos de ti, cara.

Meu encontro mais recente com David Coimbra. Ele parecia tão radiante quanto eu, que não conseguia tirar o sorriso do rosto:

Arena ainda sob o signo da inveja e do rancor

Quando a ideia da Arena foi lançada e ganhou corpo eu trabalhava no Correio do Povo.

Na mesma época, se não me engano logo depois, o Inter discutiu de colocar o Beira-Rio abaixo e erguer novo estádio, uma Arena.

O Inter optou pela reforma. O Grêmio seguiu em frente.

Já naquele momento surgiram manifestações  contrárias ao projeto. Manifestações oriundas de várias vertentes, tanto azuis como vermelhas. Algumas porque queria a Arena no Olímpico, outras simplesmente por inveja e ciúme, e isso tanto de gremistas como de colorados. Principalmente de colorados.

Pensei que com o passar do tempo, com a obra nascendo no banhadão do Humaitá – que é como eu chamava o local porque sempre achei que o melhor lugar seria a área onde está o Olímpico – os gritos contrários se transformariam em murmúrios e depois… Silêncio.

Ledo engano. Ou engano do Ledo.

Quanto mais a obra se erguia rumo ao céu azul de Porto Alegre, iluminando a paisagem da cidade e atraindo olhares dos motoristas que passavam ao lado, mais se avolumava o coro dos invejosos e dos despeitados.

É claro que nem todas as vozes eram movidas por sentimentos tão baixos. Havia aqueles que percebiam no projeto uma série de questões que poderiam complicar a vida do Grêmio.

Mas até esses, os críticos do bem, foram jogados no saco onde rangiam os dentes os invejosos, os secadores, independente de serem gremistas ou colorados, ou ainda filhos de uma alface com um repolho, quer dizer, nem gremistas nem colorados como garantem que são alguns cronistas esportivos.

Entre esses críticos, gente que queria ver o circo pegar fogo; além de um pessoal que realmente apenas queria alertar visando o melhor para o clube.

Como se não bastasse tanta energia negativa irradiada para a Arena, logo vieram as forças públicas. Entidades que enxergavam na Arena eleita a melhor de 2012 no mundo defeitos que desprezavam – e seguem desprezando – em outros estádios, prédios públicos, etc.

Com a inauguração precipitada, os Inimigos Raivosos da Arena ganharam fôlego para continuar no combate à majestosa nova casa do Grêmio.

A briga entre ‘gremistas’ na inauguração foi um deleite para os Inimigos Raivosos da Arena – doravante chamados de IRA. O incidente, insignificante diante da grandeza do espetáculo e da relevância histórica do momento, ocupou largos e generosos espaços na mídia.

A cereja do bolo foi a avalanche que derrubou a proteção fajuta erguida pela empreiteira e feriu alguns torcedores. Teve gente que deve ter alcançado um orgasmo triplo, ou múltiplos orgasmos, embora eu mesmo nunca tenha chegando a esse estágio na minha vida.

Assim vai a Arena, aos trancos e barrancos, sobrevivendo aos secadores, aos invejosos, aos rancorosos.

Lutando ainda contra os representantes de órgãos públicos que aplicam na Arena em suas incursões fiscalizatórias um rigor que não se percebe em outros locais públicos.

Não satisfeitos, exigem na Arena o que permitem que ocorra em outros estádios de futebol, como a instalação de cadeiras em todos os locais, mesmo sabendo que em muitos dos mais modernos estádios de futebol do mundo há espaço para que torcedores fiquem em pé.

Seria difícil explicar tudo isso se não estivéssemos no Rio Grande do Sul. Terra onde as coisas mais estranhas e absurdas acontecem em função, muitas vezes, de uma rivalidade que chega a ser doentia.

A Arena, o novo cartão postal de Porto Alegre, em outro Estado seria festejada por todos.

Aqui, é vítima de permanente ação danosa do IRA. Até quando?

A PROPÓSITO…

Essa é a instituição que exige cadeiras em toda a Arena:

http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2012/05/25/pm-e-bombeiros-discordam-do-mp-e-garantem-que-estadio-beira-rio-e-seguro.htm …

As dificuldades de ser gremista

Depois de sobreviver aos anos de chumbo, a famigerada década de 70, eu pensei que estava pronto para superar qualquer dificuldade e enfrentar qualquer desafio.

Hoje, percebo que minhas forças estão se esgotando. Fosse participar de uma daquelas provas calhordas do BBB, eu sucumbiria facilmente.

Sobrevivente dos anos 70, quando o Inter foi tri brasileiro depois de acumular uma atordoante série de títulos regionais, então muito valorizados, eu imaginava que depois de festejar o Brasileiro de 1981, nunca mais viveria pesadelo semelhante aqueles anos de Figueroa, cotoveladas e cia.

Foi nessa época que comecei a trabalhar como repórter esportivo – ironia, saí da arquibancada do Olímpico para ser setorista do Inter. Lembro que uma de minhas poucas alegrias foi uma rara vitória sobre o Inter, com atuação mágica do ponta Zequinha, um dos jogadores mais habilidosos que vi.

Lavava a alma, mas logo vinha outro golpe.

É mais ou menos assim neste século. Algumas alegrias esparsas, isoladas como uma flor no pântano que é essa fase já tão longa de vitórias vermelhas.

Nunca me perfilei entre aqueles gremistas que acreditaram que com a Arena tudo passaria a ser diferente.

Acompanhei, incrédulo e maravilhado, o entusiasmo de gremistas caminhando do Olímpico à Arena, como uma peregrinação de fiéis rumo à salvação.

O abraço emocionado no Olímpico. No jogo de despedida eu estava lá, mesmo acreditando que ainda haveria mais jogos no velho estádio.

Manifestações de amor, de paixão, de esperança.

O fato é que os últimos acontecimentos reafirmam uma antiga convicção que tenho:

– Nada está tão ruim que não possa piorar.

A Arena, que seria a redenção, o paraíso, por enquanto parece mais o inferno.

Ouvi relatos revoltantes de torcedores que não conseguiram ou tiveram dificuldades para ingressar na nova casa no sábado.

Um torcedor teve ataque de fúria, tentou forçar a entrada, foi contido e acabou acertando um soco num funcionário. Foi detido e encaminhado ao Jecrim.

Outro, também do Interior, chegou a exibir um volume de cédulas a um porteiro para entrar. Acabou entregando seu ingresso ao filho de uns 12 anos, pedindo que o funcionário encaminhasse o guri ao local determinado.

– Por favor, leve o menino. Eu já conheço a Arena, ele não. Eu fico aqui escutando o jogo pelo rádio -, conformou-se.

Esse tipo de coisa não pode acontecer. E pelo jeito vai continuar acontecendo enquanto uma empreiteira estiver administrando esse aspecto tão sensível da relação clube/torcedor.

Mas o pior mesmo é essa questão de fluxo de caixa. Uma situação que precisa ser resolvida o mais rápido possível.

Então, o que resta ao gremista é o bom momento do time, que apesar da instabilidade dá esperança de uma campanha vitoriosa na Libertadores.

O time está bem e tem tudo para melhorar.

O problema mesmo é o seu entorno, que fornece munição aos secadores de todas as instâncias.

Antonini: revelações preocupantes

Os raios de sol que clareiam este domingo – pelo menos no horário em que escrevo – ajudaram também a iluminar um pouco o nebuloso caso Arena.

Eduardo Antonini deu entrevista à rádio Gaúcha no final da manhã.

Foi esclarecedor, e também preocupante, para não usar adjetivos mais assustadores.

Há tempos estou convencido de que houve muita mentira e/ou meias verdades quando o projeto Arena/Implode Olímpico começou a ser ‘vendido’.

Dizia-se, por exemplo, que o custo de manutenção do Olímpico era muito elevado e que seria reduzido drasticamente na Arena. Olha, assim à distância, me parece exatamente o contrário. Mas isso é um detalhe, que só lembro agora a título de exemplo de quanta coisa foi dita e omitida durante todo esse processo.

Antonini, principal executor do projeto, sucedido depois por Adalberto Preis, começou dizendo que ‘é preciso pensar daqui para a frente’, e esquecer o passado.

Mas como ignorar o passado se tudo o que está acontecendo agora é resultado do que foi feito nesses anos todos?

Revelação importante: não há aditivo para esse processo de migração que custa aos cofres do Grêmio 41 milhões de reais por ano.

Segundo Antonini, o contrato estabelece que a OAS deve ser indenizada por qualquer desconto ou benefício que o Grêmio der ao associado.

Assim, em maio de 2012, foi apresentada ao Conselho Deliberativo a solução para a migração, que é a que vigora hoje e que praticamente deixa o clube sem fluxo de caixa.

Não houve votação porque não era tema para votação, segundo Antonini, citando decisão nesse sentido do presidente do CD, Raul Régis.

Agora a novidade, ao menos para mim: essa solução para “acomodar sócio” tem prazo de validade: um ano. Depois, pode ser alterada. Pode ser encontrado outro mecanismo para ressarcir a OAS. Menos mal.

Seria o caso de antecipar essa alteração.

Antonini disse que os problemas estão acontecendo porque é um ano especial, com “despesas extraordinárias que apertam o caixa”.

Ninguém havia alertado de que isso poderia ocorrer. Era tudo maravilhoso, um sonho, um novo tempo. Está provado que o caminho ao paraíso é coberto de pedras e espinhos, além de armadilhas e falsos atalhos.

Sobre os 65% do faturamento que devem voltar ao caixa – após deduzidas despesas -, Antonini fez a revelação mais importante e bombástica:

Nos primeiros sete anos – aí ele falou algo sobre o período de custos relativos ao financiamento – grande parte do dinheiro sai como despesa, restando pouco para o clube.

Sete é um número cabalístico. Sempre me faz lembrar a Bíblia com ‘os sete anos de vacas magras…’

Quando se ‘vendia’ a história dos 65% que voltam ao clube, ninguém esclareceu esse detalhe ‘insignificante’ de que o retorno se dará bem mais adiante.

Agora entendo a preocupação, quase desespero, que tomou conta da diretoria atual.

Não tenho dúvida, contudo, que Fábio Koff e seus companheiros saberão encontrar uma saída para essa enrascada. Aliás, é PRECISO encontrar uma saída.

Eduardo Antonini encerrou assim a sua entrevista: precisamos encontrar uma solução para oxigenar as finanças.

Temos, então, que a pílula realmente não é tão dourada  como se dizia.

GERDAU

O empresário Jorge Gerdau criticou o governo Dilma pelo excesso de ministérios e secretáriass, 39, um recorde talvez mundial. Afinal, é preciso acomodar a companheirada e os novos ‘amigos’:

– É burrice, irresponsabilidade ou loucura.

Acho que a definição cabe também para todo esse processo envolvendo OAS e Grêmio.

Há quem diga que cabe mais um adjetivo em toda essa história da Arena…

Arena da discórdia e o afago da FGF em Dunga

Ao ser expulso no jogo contra o Esportivo, o técnico Dunga denunciou publicamente que haveria uma armação da arbitragem contra ele e, não satisfeito, agachou-se para falar ao microfone à beira do campo algo assim: “Vocês querem nos f…, não posso reclamar?”.

Toda essa bronca num jogo em que a arbitragem não marcou uma bola recuada com os pés para o goleiro colorado e ainda por cima assinalou impedimento num lance que resultou em gol do Esportivo.

Eu fico imaginando o que Dunga não faria se esse recuo de bola fosse de um zagueiro do Esportivo para o seu goleiro. E o gol anulado equivocadamente fosse do Inter.

O fato de Dunga ser punido ou não nada significa para mim. Tanto faz, tanto fez. O que me deixa revoltado é que Dunga foi “penalizado” com o pagamento de 15 cestas básica numa decisão administrativa. Escapou de julgamento e para todos os efeitos continua sendo primário.

Tudo isso realizado num gabinete da Federação Gaúcha de Futebol.

Penso que os próximos acordos desse nível, que eu não vou adjetivar,  deveriam ocorrer a bordo de um navio no Caribe, regado a espumante, camarões e lagostas.

ARENA

Li o contrato do Grêmio com a OAS. Peguei o material no site do Correio do Povo. Li tudinho. Confesso que foi um saco.

Mas o pior de tudo que no final ficou faltando o principal: o aditivo negocial.

Espero que o ‘gremista’ que escancarou os documentos ao meu ex-colega Hiltor Mombach faça o serviço completo e entregue o aditivo que estabelece detalhes do negócio.

Gostaria, também, que algum colorado do nível desse ‘gremista’ divulgue o contrato do Inter com a Andrade Gutierrez para equilibrar o Gre-Nal da trairagem.

Nenhum crítica ao jornalista, que está no seu papel: vai atrás e sempre encontra um barriga fria.

Só espero que ele esteja se esforçando também para ter acesso ao misterioso contrato da reforma do Beira-Rio.

Voltando ao contrato gremista. Não vou me estender porque algumas coisas foram alteradas através de aditivos.

Agora, quero deixar claro que o contrato da forma como está não seria por mim aprovado, caso eu fosse conselheiro do clube.

Está dito ali, no tópico 3.9.1, que a renda dos jogos, tanto na Arena como fora dela – a parte que cabe ao time visitante em algumas situações – fica todinha com a superficiária, um braço da OAS no negócio.

Pelo que tenho lido e ouvido parece que não é mais assim, que o Grêmio fica com 65% dessa receita. Aí eu fico pensando como a OAS foi boazinha em ceder. Mas alguém conhece empreiteira boazinha? Ela deve ter obtido algo em troca para atenuar essa ‘perda’.

No item 5.2.1, está a ordem: o Grêmio deve ter o seu centro de treinamento.

Treinos na Arena só eventualmente, mas com cuidado para não estragar o gramado. É sério, está ali no item 5.2.2

Ufa, alívio: no item 5.3 está registrado que o Grêmio terá acesso livre às suas instalações administrativas, museu, etc.

Mais adiante, está definido que o Grêmio tem preferência para aquisição da parte de sua sócia no empreendimento.

É isso que a direção gremista está tentando: comprar a parte da OAS.

O problema é que a empresa não aceitar negociar a sua parte. É o que afirmou hoje, após reunião demorada no Olímpico, o diretor da OAS, Carlos Eduardo Paes Barreto.

–  No estudo montamos uma empresa gestora de estádios de futebol e multiuso. Ela também vai gerenciar a Fonte Nova e da Arena das Dunas. Por isso, não consideramos a possibilidade de repassar o estádio. Estaremos em conjunto com o Grêmio por 20 anos -, destacou o dirigente.

A OAS se mostra inclinada, aparentemente, a reavaliar algumas questões, como o repasse de 42 milhões anuais que o Grêmio deve fazer para abrigar seus sócios na Arena.

Agora, uma coisa é certa: empreiteira nenhuma entra em qualquer negócio para perder.

Por isso, prevejo chuvas e trovoadas nessa relação.

A saída é mesmo comprar a Arena, sabe-se lá como. A OAS não quer, mas o contrato prevê que isso pode ocorrer contra a vontade de uma das partes, contratando-se uma empresa para avaliar o valor a ser pago.

MAICON

Pará não é um mau jogador. Ele é razoável. Ele se empenha, se doa em campo, parece um gremista que pulou da arquibancada para o campo. Mas tem limitações técnicas, que ficam expostas principalmente quando o espaço fica pequeno. Ele fica sem saber o que fazer, e toca a bola para o lado ou para trás. De vez em quando, entrega nos pés do adversário, como aconteceu no segundo gol do Caracas.

Tudo isso pra repetir que o Grêmio precisa de um lateral-direito com mais qualidade. A notícia é que Maicon deve mesmo ser liberado pelo Manchester City. Ele não aprovou lá.

Concordo que mais urgente é a contratação de um grande zagueiro, mas que Maicon viria em boa hora, viria.

Derrota surpreendente e as mudanças de Luxemburgo

Até mesmo contra adversário mais frágeis, como é esse time do Caracas, é preciso ficar atento, sempre esperto, compenetrado.

Qualquer vacilo pode resultar em gol. Para um lado ou para outro.

E quando a chance de gol surgir, é preciso aproveitá-la. Porque outra talvez não venha.

É por aí que começo a explicar a derrota inacreditável por 2 a 1 para esse time do Caracas, que tem alguns bons jogadores, mas que de um modo geral é modesto e deveria ser batido sem muito estresse.

O Grêmio não soube aproveitar as poucas chances que conseguiu criar. Por outro lado, deixou furos para o Caracas aproveitar.

O Grêmio saiu na frente com Elano, de cabeça, após cruzamento de André Santos.

Na realidade, o time de Luxemburgo não fez muita coisa ofensivamente. Teve mais posse de bola, mas quase não levou perigo ao goleiro venezuelano.

O empate aconteceu quando um jogador se distraiu, pensando talvez na namorada, na cerveja da comemoração pela vitória, ou no que faria com o prêmio pela vitória.

Estou me referindo a Vargas, que parecia marcar o juiz quando o meia Peña pegou o rebote na meia lua da grande área para bater forte, rasante, marcando o gol. Peña pegou a bola sem ser incomodado. Inexplicavelmente, não havia ninguém de azul diante da área. O venezuelano estava sozinho.

Vargas, pelo que percebi, é quem deveria ter ficado naquela área do campo. É inaceitável que um adversário pegue  rebote sem qualquer marcação na linha frontar à goleira. Inaceitável.

No segundo gol, na intermediária do campo inimigo, Pará lançou mal a bola, que foi interceptada por um adversário, que puxou o contra-ataque.

Por infelicidade plena do Grêmio, conjunção astral negativa, quem apareceu para marcar o atacante venezuelano foi Marco Antônio, que, como todos sabem, menos Luxemburgo, é inútil como armador e mais ainda como marcador. Marco Antônio foi driblado facilmente, Febles chegou ao fundo e cruzou, após passar por Werley, que foi muito frouxo na jogada.

ATENÇÃO caro leitor: no parágrafo acima há um erro grosseiro: Marco Antônio não participou desse lance, até porque sequer estava em campo. Mantenho o texto errado até pra mostrar que não é só o Luxa que erra.

Foi tudo muito previsível. É óbvio que o cruzamento sairia para quem estivesse chegando na primeira trave.

O experiente Cris, talvez por cansaço, não foi capaz de prever o lance e fazer a antecipação. Dida não conseguiu evitar o  gol, que acabaria sendo o da vitória do Caracas, que vinha de uma goleada na Arena.

A responsabilidade de Luxemburgo pela derrota começa aqui: por que sacar Fernando, que era o melhor do sistema defensivo? A entrada de Wellliton foi correta, mas poderia ter saído, por exemplo, o Pará. Ou o Souza, que não fez boa partida.

A mim está mais do que evidente que Luxemburgo não gosta de Fernando.

Dois minutos depois, aos 29, saiu Elano, que é simplesmente o jogador que tem a melhor ‘bola parada’ da Libertadores.

Elano cansado, com estiramento, dor de cabeça, unha encravada, hemorróidas em flor e furúnculo, é mais útil que Marco Antônio. Sempre que Marco Antônio entra, sinto que o fim está próximo e é inevitável.

A mim está mais do que evidente que Luxemburgo gosta, e muito, do Marco Antônio. Poderia testar o Guilherme Biteco, o Misael, o Matheus Biteco, mas insiste com um jogador que já provou ser apenas razoável.

Minutos depois, entra Willian Jose no lugar de Vargas. Aí percebi que Luxemburgo estava desesperado.

O torcedor tem direito de se desesperar e pedir um centroavante no lugar do goleiro, mas o treinador precisa manter a serenidade para tomar a melhor decisão.

Luxemburgo, ao menos para mim, já mostrou que quando bate o desespero, ele troca mal.

Diante da derrota para um time que havia goleado recentemente, o Grêmio vê sua situação complicar. Antes do jogo, o pensamento era lutar pelo primeiro lugar.

Agora, o Grêmio volta a pensar como no início da competição: se chegar em segundo já está muito bom.

O que interessa é classificar.

Apesar de tudo, ainda acho que o Grêmio pode terminar em primeiro. O Fluminense está em má fase. Tem titulares lesionados. É um adversário que pode ser superado na Arena.

Depois, o Huachipato, que em sua casa parece jogar pior.

CASTIGO

E pensar que o Grêmio entregou o título do primeiro turno do Gauchão para dedicar-se de corpo e alma a esse jogo contra o Caracas.

Perdeu o jogo na Libertadores, entregou o título do turno do Gauchão para o Inter.

A metade da laranja e os mensageiros do apocalipse

O Inter fez a sua parte: bateu o São Luiz com autoridade.

Depois, uma comemoração efusiva, diria até que um tanto exagerada diante da importância do título, que na verdade é um meio título, a metade da laranja.

Mas é meio caminho andado para conquistar um outro campeonato gaúcho.

Nos últimos anos, o Inter ao menos tem se mostrado competente para vencer o Gauchão. Bem ou mal, é um título. Que até não tem a dimensão e a relevância de outros tempos, mas é uma conquista.

O Grêmio nem isso tem conseguido. Tem comemorado vagas para a Libertadores, vagas que joga na lata de lixo por absoluta incompetência.

Ao menos agora o clube é comandado por um dirigente que realmente sabe armar um time capaz de vencer a Libertadores, diferente de seus antecessores.

Só faltou um pouco mais de empenho e vontade de buscar o título regional. O Grêmio optou por abrir caminho para o Inter conquistar o primeiro turno.

Priorizou demais a Libertadores, que deve mesmo ser priorizada, mas havia condições de armar um time misto capaz de brigar pelo título.

O Grêmio desistiu. O Inter aproveitou.

O tempo dirá se a escolha gremista foi a mais acertada.

O JOGO

O São Luiz começou bem. Foram uns dez minutos, não mais do que isso. Depois, só deu Inter, que dominou o meio de campo com D’Alessandro atuando como maestro. Até o criticado Josimar apareceu bem.

Mas o destaque mesmo foi Damião, autor de dois gols.

Com a goleada de 5 a 0 fica claro que todo o time jogou bem. O gramado embarrado em alguns pontos foi superado com técnica e organização.

A diferença entre Inter e São Luiz ficou expressa no placar.

ARENA

Sempre que eu quero receber uma abordagem negativa sobre a Arena, leio o que estão escrevendo determinados colunistas.

São sempre os mesmos. Nos últimos dias eles estão muito atuantes.

Poderiam falar sobre o bom momento do time, mas preferem atacar a Arena. Se repetem, não se cansam.

Eles seguidamente dão vez e voz a quem tem alguma coisa para ‘revelar’ sobre o contrato com a OAS, a obra, o prejuízo do Grêmio, etc.

Eles se preocupam muito com a estabilidade econômico-financeira do Grêmio. E essa preocupação aumenta proporcionalmente ao sucesso do time em campo. Mas isso deve ser apenas coincidência.

São os mensageiros do apocalipse.

Fico pensando no que eles irão escrever se o Grêmio for campeão da Libertadores na Arena lotada.

Vai doer demais!