O importante é pontuar, mas…

Esta aí uma rodada que deixa gremistas e colorados na sua, sem ligar para o resultado do outro. O Grêmio venceu o Avaí, o Inter venceu o Atlético Mineiro. A dupla bateu dois pobres diabos que se arrastam no campeonato, dois condenados ao rebaixamento, esperando apenas a guilhotina desabar sobre seus pescoços.

O que importa, porém, é que ambos somaram três pontos, o que deve ser saudado com entusiasmo.

Um olhar um pouco mais apurado sobre os jogos vai apontar que Grêmio e Inter continuam instáveis, inconfiáveis.

O Inter precisou da ajuda da arbitragem. Normalmente as arbitragens são contra os gaúchos, mas não é o caso agora. Fabrício estava em posição de impedimento quando a bola foi desviada pela zaga. O auxiliar marcou. O juiz deu gol. Os dois conversaram, o juiz confirmou o gol.

Quando um time namora a segundona, tudo dá errado. Sei disso por experiência própria. Mas coitado do Atlético. É um dos clubes mais endividados do país, e agora segue rumo à segunda divisão.

O Inter sentiu a falta de Damião. Com ele a vitória seria mais tranqüila. Jô é bom jogador, mas perdeu chances que Damião não desperdiçaria.

Enquanto isso, o Grêmio segue com seu futebol tão objetivo quanto discurso do José Dirceu explicando o mensalão, pura enrolação.

Confesso que não gostei quando vi que Roth decidiu manter o mesmo time que vinha jogando. Ele acenou com mudanças (Miralles e Brandão no ataque), mas recuou. Ou não recuou, estava apenas despistando. Na verdade, acho que ele pipocou.

Aliás, escrevi no comentário anterior que se ele não pipocasse pra André Lima, começaria o jogo com Brandão, que me parece ter melhor afinidade com a bola. Mas é só uma impressão. Gostaria de ver esse centroavante em dois ou três jogos seguidos como titular. O mesmo em relação a Miralles.

Os gols do Grêmio foram fortuitos. O primeiro começou com bola roubada por Marquinhos. Mário Fernandes pegou a defesa desarrumada, invadiu a área e chutou com o pé esquerdo para fazer o gol. Teve muita sorte, porque o chute foi fraco e o goleiro quase pegou. Ao lado do Mário, Douglas estava completamente livre. Imaginem se não sai o gol…

Aos 30 segundos do segundo tempo Douglas empatou, após pegar um rebote da defesa do Avaí, que é muito fraca. Era um lance de Escudero, que jogou melhor do que contra o Vasco.

Depois disso, em vez de apertar e aproveitar que o Avaí foi pra cima, o Grêmio exagerou de novo na troca de passes, foi lento e, pior, preciocista em vários lances que poderia resultar no terceiro gol.

O Avaí descontou e por pouco não empatou.

Time ruinzinho é assim: basta ter uma vantagenzinha que já fica se achando o Barcelona. Se o Avaí fosse um pouco melhor, teria evitado a vitória gremista.

O importante é que o Grêmio está cada vez mais distante do grupo de baixo na tabela e mais próximo de confirmar presença na sul-americana de 2012. E já está de bom tamanho.

MAZEMBE DAY

Não sei se vocês notaram, mas no alto da página tem um banner sobre o inesquecível 14 de dezembro de 2010. A ideia é que cada gremista conte onde estava e o que estava fazendo nesse dia histórico, principalmente na hora do jogo em que o Mazembe bateu o Inter por 2 a 0.

Não importa quantas linhas, o que interessa é que cada gremista escreva porque não podemos deixar esse fiasco colorado cair no esquecimento.

Quem sabe a sua história não entra num livro?

As verdades 'definitivas' do futebol

As verdades do futebol nunca são definitivas. Nem esta frase resiste muito tempo.

Há uma semana, o Grêmio despontava como um candidato ao entrar no grupo da Libertadores. Não faltou até quem sonhasse com o título.

Hoje, depois de duas surras aplicadas por clubes cariocas, já tem gente de joelhos rezando e fazendo promessas para o time reagir e mandar pra longe a ameaça de rebaixamento.

No lado do Inter a situação não assusta, mas o torcedor colorado já sabe que terá de ficar mais um ano na fila por um título do Brasileirão. Antes dos dois empates seguidos, o pessoal estava faceiro. Agora, com a lesão de Damião, o futuro é sombrio. Até a vaga pra Libertadores ficou distante.

Mas tudo o que estou escrevendo agora pode ser usado contra mim se os dois times vencerem dois ou três jogos seguidos. É difícil, mas não impossível.

Na semana passada, escrevi que o Grêmio poderia deixar de ser coadjuvante para se tornar protagonista no Brasileiro. Hoje eu sei que o máximo de protagonismo que esse time montado pelos dirigentes do futebol tricolor, com respaldo de seu presidente, pode ter é na ponta de baixo da tabela.

A única esperança que vejo agora é Brandão entrar e mostrar que é muito melhor que André Lima, e que Miralles mostre de uma vez o futebol que justifique sua contratação por três anos.

Se esses dois, que ainda não jogaram uma partida inteira, mostrarem serviço, o Grêmio contará, então, com o ataque que não tem desde a saída de Jonas.

O Grêmio tem o segundo pior ataque do campeonato. Quem me lê sabe que cheguei a ser cansativo ao repetir, desde fevereiro, que o problema do time era basicamente a má qualidade de seus atacantes.

Lembro que na época critiquei muito o atual goleador do Brasileirão, hoje convocado pra seleção.

Se alguém se der ao trabalho de pesquisar, verá que Borges cometeu alguns jogos terríveis. Perdeu gols que ele dificilmente perde. Olhando para o passado recente desse jogador no Olímpico, e comparando com o que ele vem fazendo pelo Santos, mais fica reforçada minha impressão de que ele fez de tudo para ir embora, até jogar mal de propósito, cobrar pênalti como quem bate tiro de meta e dar cotovelada absolutamente inaceitável, provocando sua expulsão.

É a impressão que tenho e que vou guardar até o fim dos meus dias.

Esta, sim, é uma frase que eu considero definitiva.

Grêmio perde por falta de ataque

A pobreza ofensiva do Grêmio é a maior responsável por essa derrota ridícula para o Botafogo. O time carioca estava pedindo para perder, e perder de goleada. Durante a maior parte do tempo o Grêmio teve o controle do jogo, dominou o meio de campo e chegou com facilidade na frente.

O Grêmio foi como as ondas do mar, que avançam com força, levando tudo pela frente, para acabar minguando na areia. O Grêmio murchou quando chegou na grande área do Botafogo.

André Lima, que cresceu um pouco com a entrada de Júlio César, voltou à sua cruel realidade de centroavante limitado, cuja maior virtude parece ser como zagueiro nas cobranças de escanteio na área gremista. André Lima sem dois laterais (ele deve sentir uma bruta saudade do Jonas) que metam bola na área a todo instante é uma calamidade como centroavante. Brandão, com menos tempo de jogo, já fez mais do que ele.

Se Roth não pipocar, Brandão começa o próximo jogo.

Agora, no tópico anterior, eu destaquei a falta que Júlio César faria. Esse rapaz, o Bruno Colaço, é um jogador limitado. Ele até marca bem, é esforçado, mas ofensivamente ele é fraco. O Grêmio sentiu muito a falta de Júlio César.

E também a de Mário Fernandes (a seleção brasileira comprovadamente faz mal para alguns jogadores). Mário em nenhum momento tentou a jogada individual quando nas proximidades da área, e essa é uma forte característica sua. Foi burocrático, indiferente. Não ousou.

Outro que jogou como se fosse um escriturário foi o Escudero. Normalmente, ele pega a bola e parte pra cima. Em meia dúzia de vezes ele chegou a dois metros da área e em vez de tentar o drible até pra cavar um pênalti ou uma falta optou para abrir a jogada para Colaço. Quer dizer, Escudero se escondeu, não teve coragem para arriscar.

Roth errou ao mante-lo em campo, preferindo sacar Maquinhos.

Um dos raros lances de ousadia e criatividade foi protagonizado por Douglas, no final do primeiro tempo, quando ele pegou a bola em frente a grande área, tocou na frente e foi derrubado. Lance pra cartão amarelo que o juiz manteve no bolso. Douglas foi o que mais ousou, mais arriscou. Mas ele sozinho não ganha jogo.

Celso Roth fez a sua parte. O Grêmio teve o jogo sob controle. A marcação foi boa, Victor quase não trabalhou. O time chegou com facilidade na frente. Mais do que isso um técnico não pode fazer. Por exemplo, tem como André Lima ser mais do que é? Colaço jogar mais do que joga? Escudero ser mais objetivo e preciso nos passes?

Perder faz parte, mas perder com gol de Loco Abreu?

Por fim, repito o que escrevi durante o jogo no twitter: o ataque (ou a falta dele) já derrubou Renato, derrubou Julinho e agora pode derrubar até o Celso Roth.

Só não derruba o responsável maior por tudo isso.

Inter só empata e ainda perde Damião

Pior que o empate contra o Figueirense por 1 a 1, foi a lesão de de Leandro Damião.

Com Damião, o Inter ainda teria chance de recuperação, buscar os dois pontos perdidos em Santa Catarina contra um time modesto.

Sem Damião, o Inter cai na vala comum dos times que buscam vaga na Sul-Americana de 2012. Sem Damião, ingressar no seleto grupo que irá disputar a Libertadores na próxima temporada é apenas um sonho, um delírio.

O Inter sem Damião não é melhor que o Grêmio. Já escrevi inúmeras vezes, desde fevereiro, que Damião fazia a diferença entre as duas equipes.

Enquanto o Grêmio não tinha e continua sem ter um goleador, o Inter contava com o melhor deles, um atacante raro, valioso. Um camisa 9 completo, com luz própria, capaz de decidir os jogos mais complicados. Um jogador, que além de tudo, nunca se lesionava, apesar das chuteiras ferozes dos zagueiros rivais.

Pois agora Damião está fora. Vai deixar o Inter órfão de seu talento por uns quatro jogos ou cinco jogos. O Inter vai depender de Jô, que não é mau atacante, mas é apenas o Jô, longe de ser um Damião.

Assim, tudo se encaminha para que Grêmio e Inter se encontrem na Sul-Americana. Na melhor das hipóteses.

É isso. É o que resta para nós torcedores de Grêmio ou Inter.

BOTAFOGO

Quem tem medo de Loco Abreu? Quem tem medo de Herrera? Eu.

Quando se chega a esse estágio de temer um jogo contra essa dupla é porque a coisa está feia. Antes do jogo contra o Vasco, eu enfrentaria o Botafogo no Olímpico com um jogador a menos, e ainda teria certeza da vitória.

Depois dos 4 a 0 desmoralizadores, porém, tudo me parece assustador.

Um resultado negativo logo mais e estaremos de novo nos defrontando com o fantasma do rebaixamento.

Júlio César, grande trunfo na reação gremista, está fora. Perda irreparável. Bruno Colaço é um jovem esforçado, mas limitado ofensivamente.

Na frente, um vazio, um saco sem fundo.

André Lima, se receber a bola em condições, até faz os seus gols, mas sem Júlio César fica ainda mais difícil.

Aliás, andré Lima é um fenômeno: é considerado muito bom pelo alto, seria a sua maior virtude.

Mas alguém lembra quando ele fez seu último gol de cabeça?

Bem, o que importa é que o Grêmio precisa vencer, e vencer jogando bem.

1983: tipo belga e novo visual

Atordoado com essa crise que atinge o Grêmio há vários anos chego a ter vontade de refugiar-me num lugar sem internet, sem jornais, sem rádio ou TV.

Enfim, nada de informações sobre futebol, Lulla, corrupção, mensalão, Detran, impunidade, pagode, RG Traíra, etc.

Depois de muito matutar, concluí que o melhor mesmo é ficar por aqui e encarar a realidade, por mais dura e cruel que possa ser, com o Damião empilhando gols e o Grêmio em sua via crucis que parece infinita.

Mas entre os meus pensamentos de sumir do mapa por uns tempos, imaginei como seria a vida num convento, num mosteiro.

A imagem de um mosteiro  me levou aos monges trapistas. Que, por sua vez, me remeteram aos mosteiros belgas que produzem cerveja, uma cerveja especial, cor de cobre, com um aroma e um sabor capazes de amenizar os efeitos de qualquer goleada que o Grêmio possa sofrer (desde que não seja em Gre-Nal) e suportar discurso e entrevistas do Lulla.

Hoje, são quase 180 mosteiros trapistas pelo mundo. Mas apenas sete deles continuam fazendo cerveja, coisa de séculos. Desses, seis são belgas.

Vai daí que decidi fazer uma cerveja belga, bem ao estilo das cervejas feitas pelos monges da ordem trapista.

É uma cerveja tipo belga, de alta fermentação, elaborada com maltes belgas e lúpulos selecionados.

Apresento, então, a Belgian Ale, que reforça a linha de cervejas 1983, agora com novo visual. O rótulo é criação do publicitário Adriano Snel, que, obviamente, é gremista.

Ah, a cerveja ficou tão boa que até já abandonei a ideia de virar um eremita ou um monge trapista.

Vou ficar por aqui esperando o Grêmio dar a volta por cima ou o mundo terminar. O que vier primeiro.

A corneta da minha rua

Se o Grêmio afundou em São Januário e fez a alegria dos colorados; o Inter repôs um sorriso (um tanto constrangido, é verdade) no rosto dos gremistas ao, mais uma vez, não se impor dentro de sua própria casa.

Tem uma corneta na minha rua. Ela estava silenciosa desde ontem. Permaneceu assim todo o primeiro tempo do jogo no Beira-Rio, mas logo no início do segundo tempo a corneta renasceu. Um barulho ensurdecedor – o seu dono mora ao lado da minha casa – para comemorar o gol de empate, marcado pelo ótimo zagueiro Émerson, que marca bem e seguidamente está fazendo seus gols.

O Inter teve bola na trave e pênalti perdido, chutado por Kléber. Alguém consegue explicar por que Damião não é escalado para bater pênaltis?

O time do Dorival Jr perdeu grande chance de entrar no G-5, mas desconfio que cedo ou tarde isso irá acontecer. Sobre o título nacional, não tenho dúvida de que o clube segue na fila.

E lá se vão 32 anos…

Do tempo em que a gente era feliz

O pessoal do www.gremiolibertador.com prestou bela homenagem ao Mazaropi, um multicampeão gremista.

Ah, foi destaque também no Vasco, de onde veio.

Eu era setorista do Grêmio na época. Inclusive apareço no vídeo, logo no início, no dia da chegada dele.

Estou ‘irreconhecível’: barbudo, cabeludo, de jaqueta clara. Quando o Maza sobe a escada pra entrar em campo, eu estou logo atrás, a direita dele.

Bons tempos. Eu era feliz e não sabia.

Confiram o vídeo. Podem chorar (de saudade e de tristeza pelos dias atuais), não é proibido.

http://grem.io/O8b

Grêmio desaba diante do Vasco

O Vasco estava num dia iluminado. Teve um aproveitamento de quase 100% nas situações de gol, enquanto o Grêmio voltou a apresentar seu maior problema neste ano: a falta de um ataque mais criativo, mais agudo, mais eficiente.

No primeiro tempo, o Grêmio até que chegou com perigo. Criou algumas situações, manteve uma disputa equilibrada no São Januário. Mas, ao final de dolorosos 90 minutos, só o Vasco fez gol: quatro gols.

Foi um balde de água fria na ascensão gremista no Brasileirão.

Sinceramente, eu esperava um time mais fechado atrás para enfrentar esse time do Vasco, que é muito bom. E que fica melhor ainda se o seu adversário ataca e dá espaço para os contra-ataque. Éder Luís, um velocista, agradece. Foi dele, aliás, o cruzamento para o primeiro gol. Diego Souza, outro que rende mais com espaço e marcação distraída, também gostou. Gostou tanto que quase entrou com bola e tudo no segundo gol vascaíno.

A linha de três meias que vinha dando certo sucumbiu. É preciso reconhecer que o Vasco fez uma marcação perfeita, muita aplicação de todos os jogadores. Um time solidário, combativo e com alguns jogadores de boa qualidade.

O Vasco estava iluminado. Mas o Grêmio contribui com toda essa luz ao pretender jogar de igual para igual.

O Vasco, no Olímpico, seria muito mais cauteloso. Jogaria atrás e exploraria contra-ataque, até porque tem jogadores para isso. É assim que eu esperava o Grêmio, ainda mais sob o comando de Celso Roth.

Roth armou e time como se fosse Renato, de maneira ousada, atrevida. Poderia dar certo, claro. No futebol, tudo é possível.

Mas o mais sensato seria Roth agir como Roth.

Não gostei das alterações. O time perdendo por 3 a 0 e ele coloca mais um volante. Deveria ter feito isso antes de começar a partida. Não depois de estar com dois gols no lombo. Entraram Adilson e Leandro, que, decididamente, parece ter desaprendido.

Douglas e Escudero não estavam bem, a exemplo da maioria da equipe. Acho que ele deveria ter mantido Douglas. Roth talvez só quisesse não levar mais gol.

Como castigo, o Grêmio levou mais um gol, pra cair de quatro. Quer dizer, Roth não melhorou a marcação e conseguiu piorar o que parecia impossível, o ataque.

A entrada de Gabriel, então, entra na galeria dos absurdos que podem sair da cabeça de um técnico.

ATENÇÃO – WINK BEER INFORMA:

Saiu novo lote da 1983. Corram, porque com o calor não há cerveja que chegue, ainda mais uma tão especial.

Reféns da Copa

Vocês pensam que é só gente graúda quer quer faturar com a Copa do Mundo?

Que nada. Os miseráveis também querem a sua parte, que é infinitamente inferior ao que estão embolsando e ainda vão embolsar os patrões das empreiteiras e políticos, num primeiro plano, e, mais abaixo, em alguns casos nem tanto, barões da imprensa e das agências de propaganda, entre outros.

Todo esse pessoal contratado para erguer estádios, que em alguns casos ficarão vazios depois, quer entrar na festa. E com toda a razão. São carpinteiros, pedreiros, ajudantes de pedreiros, ajudantes de ajudantes. Enfim, esse pessoal que fica no máximo com as migalhas do banquete.

Na Arena do Grêmio eles chegaram a paralisar. Em outros estádios ocorreu a mesma coisa. Em Minas, os operários decidiram parar nas obras do Mineirão, justo no dia da visita da presidente Dilma. Quer dizer, ela que já anda muito ocupada em afastar os ratões que recebeu de herança de seu antecessor ainda tem que passar por isso.

Aliás, a Copa é outra herança maldita do falastrão.  Milhões de reais estão sendo subtraídos da saúde, da educação, da segurança para ajudar a financiar estádio de futebol por todo o País. O dinheiro público colocado pra erguer o estádio do Corinthians é um acinte, uma afronta.

Então, os caras que trabalham de sol a sol, que fazem o trabalho sujo e pesado, também querem um dinheirinho a mais. Eles observam os patrões falando em milhões pra cá, milhões pra lá, e pensam que uma parcela dessa montanha de dinheiro possa respingar em seus minguados bolsos.

E vai ser assim até 2014. O governo federal ficou recém das empreiteiras. Alguns clubes também.

Não tem como interromper obras agora. È preciso terminar o que começou. Por isso, a qualquer momento a empreiteira pode pedir mais um aditivo, um complemente nos recursos. E sempre coisa de milhões. Na ponta de baixo, bem de baixo, os operários da construção civil se perguntando: ‘E o nosso?’

Estamos a mil dias da Copa.

A farra recém começou.

Os matemáticos e os favoritos do Brasileirão

Os matemáticos do futebol estão com as calculadoras, digo, as barbas, de molho. Andam cabisbaixos, tristões.

O Brasileirão despreza a matemática. O virtual campeão de hoje, com 90% de chances de título, pode ficar até sem vaga na Libertadores.

O virtual rebaixado de repente renasce e acaba ficando até com vaga na Sul-Americana.

No Brasileirão vale a velha máxima gaudéria: não tá morto quem peleia.

Os exemplos são muitos. O Grêmio do ano passado lutava para não cair. Aí, despencou do céu o São Renato, que não apenas tirou o Grêmio do poço da desmoralização eterna como o colocou na Libertadores. Tivesse chegado três ou quatro rodadas antes perigava ficar com o título.

São Renato. Hoje, não são poucos os que o apedrejam. Futebol é assim. A santidade não resiste a resultados ruins.

O futebol, por outro lado, é capaz de santificar o demo, o mais horrível dos seres. Odiado por todas as torcidas. Alvo de chacota e ovos podres.

Celso Roth é um exemplo. No ano passado, levou o Inter ao título da Libertadores. Depois, mergulhou o clube nas profundezas do inferno ao ser eliminado pelo Todo Poderoso Mazembe.

A torcida gremista que gritava ‘fica Roth’ para provocar os colorados, hoje não aceita perder Roth, o santo da hora.

Futebol é assim. Tem sua lógica ilógica.

Dentro desse raciocínio, que pode ser resumido na antológica e definitiva frase ‘futebol é dinâmico’, ouso afirmar que até o Grêmio tem chance de conquistar uma vaga na Libertadores – não que isso signifique grande coisa a julgar pelo que tem feito dela seus dirigentes.

Teoricamente, o Grêmio, com um jogo a menos, poderia estar com 33 pontos (tem 30), à frente do Coritiba e atrás do Palmeiras, que tem 34. E a apenas 4 pontos do Fluminense, o quinto colocado.

Hoje, vejo apenas dois clubes como praticamente garantidos no grupo que irá disputar a Libertadores: Corinthians e São Paulo. Os dois figuram desde o início no G-4. O Time do Tite ficou de fora apenas na primeira rodada. Depois, assumiu a liderança, que mantém há bastante tempo. O SP nunca saiu do G-4.

Esses dois estão na Libertadores de 2012, não tenho dúvida disso. O SP ainda tem a vantagem de contar em breve com Luís Fabiano.

Todos os demais não conseguem manter-se muito tempo. O Flamengo do ‘disque-dentuço’, por exemplo, chegou a brigar pela liderança e agora soma derrotas.

O Botafogo teve seu momento, mas caiu na real quando levou 5 do Coritiba. Já o Fluminense entrou numa fase de vitórias. O ameaçado Abel começa a mostrar serviço. O Vasco anda assanhado, mas já tem lugar garantido na Libertadores porque é o atual campeão da Copa do Brasil.

Considerando o potencial dos times, com uma pitada do meu desejo, constato que as vagas restantes (duas ou três) vão ficar, pela ordem de favoritismo, com:

Flamengo, Fluminense, Inter e Grêmio. Não levo fé no Botafogo nem no Palmeiras.

O Gre-Nal da última rodada pode decidir quem vai e quem fica.

E o título? Acho que fica com o Corínthians. Afinal, quem ganha um estádio do ‘presidente’ Lula pode ganhar tudo o mais que vier pela frente.