Tensão colorada e os parceiros do ximitão

Cada vez mais estou convencido de que ainda veremos jogos do Brasileirão começando depois da novela das 23 horas, avançando a madrugada.

O Grêmio pega o Vasco às 21h, em São Januário. Em função do horário, pelo que ouvi haverá pouca gente no estádio, o que é bom para o Grêmio.

– Pô, mas nesse horário não vou poder namorar -, lamentou o RW hoje à tarde, quando me telefonou para cornetear – sim, ele faz juz a cada minuto ao nome do seu festejado blog – o Souto Moura, o Dunga, o ximitão e, claro, um certo setor da mídia.

– Bah, o pessoal tá unido para amenizar o que o Souto Mouro falou. O …. mais o …. e ainda … repetem que o doutor não quis dizer bater, assim de bater, dar pontapé, mas no sentido de chegar junto e roubar a bola.  Eles são invencíveis, estou quase me mudando para o Congo.

Esse é o meu amigo RW, 24 horas por dia na corneta. Ele sofre com os da tal IVI, mas o que ele incomoda o pessoal, não é fácil.

Já o Inter vai jogar às 18h30, outro horário ridículo. Mas o que se há de fazer. As cotas de TV é que bancam essa farra toda com dinheiro que entra fácil e sair mais fácil ainda por conta de absurdos como pagar 850 mil mensais para um jogador, no caso Forlán; ou 500 mil para o Kleber.

Sem contar o dinheiro jogado fora com contratações de alto risco e zero de retorno. A farra com o dinheiro que, no fundo, no fundo, é das torcidas, é tão grande que jogador que vem pra cá e não dá certo, prefere ficar por aqui, no come e dorme, do que  jogar em outro clube porque o salário que pagam lá, não é o mesmo que pagam cá.

E aí, cabe aos generosos Grêmio e Inter pagarem parte do salário mensal desses jogadores para atenuar um pouco o peso da folha de pagamento.

É o caso de Cris, que hoje pode estrear contra o seu ex-clube, clube que ele contribuiu com sua experiência e suposta liderança a afundar na Libertadores.

Como lembrou um parceiro aqui do Boteco, o empréstimo de Cris no Vasco é como um cavalo de tróia. Espero que Cris, desta vez, corresponda às expectativas de todos os gremistas e pratique aquele esporte que é um misto de futebol americano com judô e capoeira. De preferência na área do Vasco.

TENSÃO E XIMITÃO

O Inter vinha de quatro vitórias seguidas. Euforia. De repente, uma série da quatro jogos sem vitória. É natural que os nervos fiquem a flor da pele. Souto Moura e Dunga estavam à beira de um ataque de nervos. Moura falou que o Inter tinha que bater, porque considerou que o Botafogo estava batendo mais e por isso vencia.

Já o Dunga, que visivelmente se esforça para aparentar serenidade, teve um chilique quando viu o gandula, um guri assustado, repor a bola rapidamente para o Botafogo.

Todos lembramos de Luxemburgo, tendo algo parecido no Gauchão, quando um gandula tentou ajudar o Inter na cobrança de escanteio para surpreender o Grêmio.

Quero dizer que os dois treinadores estão certos. Os gandulas não podem agir assim.

Agora, que fica chato dois ‘professores’ darem esse tipo de exemplo, fica.

É possível o ximitão apresentar denúncia contra Dunga. Aliás, na ânsia de dar a notícia em primeira mão, repórteres gaúchos, tanto em situações envolvendo Grêmio como o Inter, acabam contribuindo para denúncias, já que o intrépido ximitão fica alertado e acaba influenciado.

– Pô, se esses gaúchos estão me telefonando tanto é porque o caso é sério – deve pensar o audaz ximitão.

Não sei, mas acho que a gente deveria esperar pelo ximitão, não estimular para que tome iniciativas que acabem prejudicando os clubes gaúchos.

Vitória passou pelas mãos de Dida

A vitória do Grêmio sobre o líder do campeonato começou com Dida.

A frase é uma constatação, mas para alguns ecoa como uma provocação. Afinal, quem elogia Dida parece que está criticando Marcelo Grohe, o que é um absurdo em termos racionais. Mas é complicado exigir que o torcedor, acima de tudo paixão, consiga ser racional o tempo todo.

O Cruzeiro estava melhor. Mais uma vez o Grêmio se defendia sem demonstrar um mínimo de capacidade ofensiva. O meia Maxi Rodriguez sentiu na pele o que é ser o único articulador. Mesma situação enfrentada por Elano contra o Bahia.  Pouco fez o meia uruguaio.

O Cruzeiro era quem mais próximo estava do gol. Mostrou por que se mantinha na liderança.

Aos 30 minutos, a história do jogo começou a mudar. O juiz conseguiu ver um pênalti de Bressan num lance em que Dida fez duas defesas fantásticas após a bola bater na trave. A bola bateu na mão de Bressan, que saltou meio atabalhoado. O que importa é que Dida defendeu. Uma grande defesa.

Penso que seus críticos – mais por conta de ser indicação de Luxemburgo e por entrar no lugar de Grohe, que vinha muito bem – talvez agora comecem a perceber que ali está um profissional que merece respeito.

Minutos depois, o volante Souza levou um amarelo por falta dura no campo de defesa do Grêmio. Mais adiante, ele puxou Barcos por trás e levou o segundo amarelo, e o vermelho.

Com um jogador a mais, o Grêmio ficou mais tranquilo e aos poucos foi assumindo o controle do jogo, o que acabou se consolidando no segundo tempo.

Renato esperou para ver os movimentos do Cruzeiro para só então começar as mudanças. A primeira delas, a entrada de Guilherme Biteco no lugar de Bressan, surtiu efeito quase que imediato. Aos 12 minutos, Guilherme cruzou para Rodolpho cabecear. O goleiro defendeu nos pés de Werley, que mandou para a rede.

O gol foi um alívio. Era um jogo difícil, o Cruzeiro marcava bem e tinha qualidade na frente. Qualquer vacilo…

O gol deu um alento ao torcedor que enfrentou com valentia a noite gelada.

Três minutos depois, Barcos recebeu na área um lançamento de Pará, que desviou na zaga. Com categoria, desviou do goleiro Fábio. Os 2 a 0 aqueceram mais que um copo de quentão.

O Cruzeiro deu um susto com o gol de Nilton – bom volante -, cobrando falta. A bola desviou na barreira e enganou Dida.

Kleber, que mais uma vez fazia uma partida com muita aplicação, fez o terceiro, aos 27, pegando rebote do goleiro após cobrança de falta de Alex Telles, o melhor jogador em campo.

O resultado coloca o Grêmio na ponta de cima, na briga pela liderança.

São duas vitórias seguidas, seis gols a favor, e um contra.

E isso que o time está sem Zé Roberto e Vargas.

Méritos do treinador, que aos poucos está colocando ordem na casa.

Falta muito para que se possa considerar o Grêmio um candidato forte ao título, mas o time ao menos começa a recuperar o moral e a elevar a auto-estima. A sua e a da torcida.

Como tem 'sorte' esse Renato!

Mais do que vencer, o Grêmio não podia perder em Salvador. Uma derrota, e a marola contra Renato, Koff e Rui Costa se transformaria numa onda, num tsunami. Por isso, Renato tratou de armar um esquema primeiro para não perder; depois, para especular um golzinho.

Se eu gostei do que vi no primeiro tempo? Claro que não.  Acho que Renato radicalizou. Poderia ter mais um meia para ajudar Elano. O Guilherme Biteco ou, de preferência, o Maxi Rodriguez. Mas exercitei minha tolerância ao nível máximo. Fiquei ali meio deprimido, meio esperançoso, acreditando que o Grêmio voltaria melhor para o segundo tempo, um pouco mais ousado, sacando um volante.

Renato, aquele não conhece nada segundo os ‘bois cornetas’, mudou não mudando. Adiantou a marcação e começou a chegar à área do Bahia, o que não aconteceu no primeiro tempo. Eu me perguntava se até o fim do jogo o Grêmio chutaria uma bola em gol. O fato é que o Grêmio melhorou no intervalo sem trocar jogadores. Se isso não é mérito do treinador, não entendo mais nada.

O que mais leio e ouço, inclusive de gremistas, é que o Grêmio ganhou por sorte.

Então ficamos assim: quando Grêmio ganha é por sorte; quando perde, é por mala suerte. Esse é o Grêmio de Renato para quem não consegue admitir que Renato, apesar do seu jeitão de ‘coroa de Ipanema’ e de sua fala meio desajeitada, é um treinador tão bom quanto aqueles considerados de ponta e que são festejados até nos fracassos.

Ouvi um veterano analista dizer depois da rodada de hoje, para justificar o empate do Inter no ‘caldeirão’ de Camp Nóia, que Dunga tinha como atenuante o fato de não poder repetir o meio de campo.

E Renato que não consegue repetir o time e perde jogadores importantes como Zé Roberto, Kléber e Vargas?

Curioso, Renato dificilmente recebe comentários assim tão compreensivos.

Pois Renato vislumbrou no momento crítico a oportunidade para colocar em campo a gurizada. E não venham me dizer que ele não tinha outra alternativa. Souza ficou no banco, por exemplo. Jogou Ramiro.

Depois de um primeiro tempo deprimente em termos ofensivos, mas eficiente defensivamente, o Grêmio equilibrou o jogo no segundo tempo com as mudanças de posicionamento feitas por Renato, ressalto.

O Grêmio melhorou. Continuou seguro atrás e passou a atacar. Aos 26 minutos, o árbitro não quis marcar um pênalti em Barcos, que, a meu ver continua parecendo uma tia velha, sem arranque, sem força, sem agilidade e lento. Se o jogo fosse em câmara lenta ele se destacaria. Até minha mulher que não entende de futebol constatou isso. “Como é lento esse jogador’, comentou ela quando Barcos recebeu de Elano para marcar e se enrolou todo.

Bem, ao menos Barcos foi um guerreiro e até fez alguns lances aproveitáveis, o que pode ser um sinal de que ele não é uma fraude como centroavante como está me parecendo.

Agora, o que dizer de Riveros? Enfiou a cabeça numa bola mesmo diante de chuteiras sanguinárias. Ramiro cruzou da direita. Elano apareceu como atacante, tomou a frente do zagueiro e cabeceou na trave. No rebote, Riveros mergulhou corajosamente para fazer 1 a 0. Inacreditável. O Grêmio estava vencendo.

Depois, Maxi Rodriguez invadiu a área, chutou meio desajeitado, a bola bateu no zagueiro, bateu na trave, tomou efeito e entrou. Sinal de que as coisas podem estar mudando, porque normalmente uma bola como essa atravessa a área e não entra. Pois entrou. Aí, sim, sorte.

Elano, sistematicamente criticado por uns e sistematicamente defendido por outros, como eu, cavou a expulsão do zagueiro Titi, que o agrediu e vai pegar um gancho interessante.

Depois, Guilherme Biteco e Matheus Biteco entraram para oxigenar o meio de campo e dar um alento aos gremistas.

Matheus roubou uma bola no meio de campo, avançou com elegância, cabeça erguida. Chegou perto da área e não chutou, como poderia. Preferiu rolar a bola na esquerda para o mano mais velho.

– Toma Mano, faz – , deve ter dito mentalmente. E Guilherme aproveitou o presente: 3 a 0.

Como tem ‘sorte’ esse Renato!

CRISTÓVÃO

Quando li na ZH uma reportagem de DUAS páginas com o treinador do Bahia, o Cristóvão, estranhei. Achei demais para um técnico que ainda não provou nada no futebol, embora seja promissor.

Interpretei como um sinal: quando eles enchem a bola de alguém, sempre dá gol contra.

O pé-frio funcionou novamente.

O CALDEIRÃO

O modesto estádio do NH foi apelidado de ‘caldeirão’ pelos mais apressados. Não funcionou. Claro que o gol em menos de um minuto foi um golpe. Mesmo assim, o Inter reagiu e conseguiu o empate a poucos minutos do final. Não vi o jogo, mas li que o argentino Scocco foi bem, mas não empolgou.

Quem deu excelente resposta foi o jovem Otávio, que a 3 minutos do final evitou a derrota colorada.

Otávio, como os irmãos Biteco, promete.

Ataque à Arena tem resposta à altura

O meu amigo Alexandre Aguiar também não aguentou o que leu hoje na ZH. Um duro ataque do jornalista Ticiano Osório à Arena. O artigo está repercutindo muito negativamente entre os gremistas. Confira, por exemplo, o blog cornetadorw.

Só uma perguntinha: o Grêmio vai ficar em silêncio conivente?

Eis a resposta oportuna e precisa do Aguiar:

Prezado Ticiano

O comentário que assinas hoje em Zero Hora comete equívocos fáticos e faz análises quantitativas que pecam por justamente não serem qualitativas quanto à Arena do Grêmio. Estatística, como se sabe, se presta para variadas interpretações e o que os norte-americanos muito bem definem como “cherry picking”, a utilização (manipulação) de números ad argumentum.

Com efeito, como tu muito bem referes, impossível comparar mais de meio século de histórias do Estádio Olímpico com um estádio que recém completou meio ano de operação. Desde a inauguração compareci a todos jogos na Arena gremista, exceção de um em que estava no exterior, e freqüentei o Olímpico por mais de 30 anos.

A afirmação que cai o mito de que ir a um jogo no Arena do Grêmio seria programa mais agradável é, respeitosamente, falaciosa. O estádio oferece muito mais conforto, segurança, banheiros, portões e acessos que o antigo Olímpico. A visão do jogo do anel inferior é espetacular. Não preciso mais me espremer em um corredor, como fazia nas Sociais, para circular. Ao contrário, existe uma ampla área de circulação que é maior que muitas arenas dos Estados Unidos usadas em NFL. Dentre outras novas vantagens.

Referes ainda que quase não há um jogo sem alguma confusão entre torcida e BM, ou dentro da Geral. Ora, primeiro, as mesmas confusões ocorriam no Olímpico. Segundo, os incidentes se limitaram quase que exclusivamente ao espaço da Geral. E, terceiro, o único episódio fora da Geral ocorreu quando torcedor visitante pulou isolamento e invadiu o espaço da torcida gremista. Não é de responsabilidade do estádio que haja polícia que a todo momento se revela despreparada (dentro e fora dos estádios) e de torcedores despreparados para o convívio social, igualmente dentro e fora das praças de esportes. São os mesmos despreparados que jogaram fezes na porta do teu jornal.

Teu ponto é meritório em destacar que espaços comerciais, como de gastronomia, são ainda inexistentes na Arena, o que decorrer ainda da falta de licenciamentos públicos. Teu texto peca, porém, quando refere que a Arena somente recebeu um evento, o show de Roberto Carlos. O estádio recebeu no ano passado, em dezembro, amistoso da ONU (evento que foi patrocinado pela própria RBS) e neste ano o último amistoso da seleção brasileira antes da Copa das Confederações, que rendeu elogios “rasgados” ao estádio do Grêmio por parte da mídia francesa, o que se escassamente se ouve aqui. Seriam os jornalistas gaúchos melhores que os de Paris ?

Finalmente, fazer comparações de resultado de campo entre Olímpico e Arena neste ponto da história é uma lástima argumentativa. Não existe invulnerabilidade como mandante. Nenhum time do mundo possui tal atributo. Os maus resultados em casa não decorrem do novo estádio ou da torcida (que tem comparecido em maior número que no Olímpico, informação que o teu texto não menciona). É um mau momento no futebol, o que o Olímpico também testemunhou por muitas vezes. Na linha destas comparações esdrúxulas, o Olímpico viu o Grêmio ser goleado pelo Inter por 6 a 2 no seu primeiro Gre-Nal, enquanto no primeiro Gre-Nal da Arena houve empate. Mesmo Olímpico que viu o Grêmio ser campeão do mundo, mas também descer duas vezes ao inferno.

Problemas de infra-estrutura no entorno (como foi capa de ZH na semana), falta de oferta de catering e preços altos, elevados preços de ingressos, inexistência de check-in ou check-out para associados, são todos temas que merecem ser debatidos no tocante à Arena. Outros pontos, como levantados por ti, soam como tentativa rasa de desconstituição da imagem do novo estádio. Interessante, por fim, registrar que em nenhum momento teu texto referes Arena do Grêmio, mas somente “Arena”, o que salta aos olhos do leitor mais atento. Por quê ?

Atenciosamente,

Alexandre Aguiar
Sócio do Grêmio desde 1975

Apresentamos RW, o da Corneta

Ainda abalado com a derrota para o Coritiba, Ricardo Wortmann, mais conhecido como RW, veio me visitar na manhã desta sexta-feira.

Ficamos meia hora falando sobre o Grêmio e suas mazelas. Lembramos Ênio Andrade e a campanha de 81. Já contei aqui minha participação na conquista do Brasileirão.

Sobre esses atuais anos de chumbo, concluímos que no geral Tite e Mano foram os melhores treinadores do Grêmio desde 2000.

Eu coloco Renato em terceiro lugar. RW tem ressalvas em relação ao Renato. Ele tinha uma quedinha pelo Luxemburgo. Desconfio até que gritou o ‘fica‘.

Provoquei: se Renato cair vem o Roth.

Resposta dele: aí eu me mato. Mais um motivo para torcer para que Renato repita 2010.

Antes de ir embora com um kit presente da 1983-30 Anos, RW aceitou tirar uma foto. É o novogaroto‘ propaganda da Winkbeer Corporation S/A.

RW não tem medo de mostrar a cara, mesmo sabendo que conquistou alguns desafetos graças ao seu estilo combativo.

Há boatos de que ele só anda com seguranças. Seguranças cedidos pelo Assis…

Conheça o blog cornetadorw.blogspot.com.br

Pará, a cara do futebol do Grêmio

Quando eu olho para o time e começo a achar que o Pará é um dos melhores porque não se esconde, participa (até demais) e não se entrega com aquele seu topete vistoso de escova de dente, percebo que o Grêmio continua instável, e a partir daí tudo pode acontecer. Tudo.

Pará é o símbolo desse Grêmio. É o símbolo do que estou cansado de ver. Estou cansado de ver os jogadores do Grêmio correndo e lutando, trombando, caindo e se erguendo como guerreiros incansáveis, que não se entregam e lutam até o fim de suas forças.

Eu quero basicamente uma coisa: um time que jogue futebol com qualidade, passes precisos, metidas de bola, lançamentos que deixam o atacante na cara do gol, cruzamentos mortíferos, dribles desconcertantes. Ah, dribles, dribles como os que Renato nos brindava no começo dos anos 80.

Domingo, no Gre-Nal, eu vi, todos vimos, um Grêmio aguerrido, lutador, bravo mesmo. Mas, vamos admitir, um Grêmio de futebol ruim. Ruim. Tão ruim como o desta noite na derrota para o Coritiba por 1 a 0. A diferença é que contra o Inter havia mais entrega. Afinal, Arena lotada, Gre-Nal. Mas futebol mesmo, que é bom, nada. Nem por parte do Grêmio nem por parte do Inter.

O Grêmio perdeu para o Coritiba porque Renato mudou o esquema, dizem por aí aqueles que sempre têm uma explicação para tudo. Que esquema? Há quanto tempo o Grêmio não tem esquema, é um vazio tático e técnico.

Contra o Inter, o Grêmio tomou um gol do centroavante dentro da pequena área, sem que qualquer um dos tais três zagueiros estivesse por perto. O mais próximo era Pará. Olha ele aí de novo, e sempre ele, até o fim dos tempos ao que parece.

Hoje, outra bola cruzada da direita e outro gol do centroavante, sem ser sequer acossado por um zagueiro. De novo, o mais próximo, mas sem qualquer responsabilidade, o lateral-direito Pará, o onipresente.

No intervalo, o meu personagem, o jogador símbolo desse Grêmio que me irrita e me desanima, saiu de campo admitindo, constrangido, que o Grêmio poderia levar uma goleada se não mudasse sua postura, sua atitude.

No final do jogo, ouvi outro jogador falando em atitude. Estou cansado disso. Como se atitude fizesse Barcos ser melhor do que é. Barcos é isso aí. É um centroavante que não faz gols. E que bom seria se ele perdesse gols, o que significaria que o Grêmio cria oportunidades de gols. Mas o Grêmio não cria. E não é porque jogou hoje com três volante ou domingo com três zagueiros. E anteriormente com dois volantes e dois meias.

Seja qual for a numeração do esquema, o Grêmio tem sido um time que cria poucas chances de gol. Os que hoje lamentaram a não repetição dos três zagueiros lembram quantas defesas Muriel fez no jogo? O grande problema do Grêmio está na parte ofensiva, na armação e criação de jogadas.

Alguns chegaram ao cúmulo de dizer que é porque Zé Roberto conduz demais a bola, etc. Zé Roberto está fora. E o time continua sem criatividade, sem ousadia. Outros acusam Elano disso e daquilo. Quando se começa a responsabilizar os melhores é porque estamos próximos do caos.

Alguns já começavam a considerar Maxi Rodriguez titular com base em alguns minutos de esplendor. Paulinho, por causa de um drible no Gre-Nal, já passou a ser apontado como solução criativa na frente. Os dois têm potencial, mas é preciso cautela.

Eu mesmo defendi faz tempo um melhor aproveitamento de Lucas Coelho. Hoje, ele perdeu grande chance de gol, como havia perdido tempos atrás. Por causa disso ele não serve mais? No futebol, sempre tempos muita pressa. Pressa para endeusar; pressa para demonizar.

E isso vale para o treinador. Renato, há três anos, chegou e em poucos dias arrumou o time que se encontrava flertando com a  zona de rebaixamento. Agora, a resposta não está vindo de imediato.

Sei que é complicado ser tolerante e paciente com doze anos de angústia pesando nos ombros, mas a hora é de dar um voto de confiança ao treinador, aos dirigentes e aos jogadores para que em breve Pará deixe de ser a cara do futebol do Grêmio: esforçado e medíocre.

O Melhor Presente para os Pais Gremistas

O melhor presente para um pai gremista teria sido uma vitória no Gre-Nal.

Agora, resta torcer por um título nacional.

Enquanto isso, não podemos nunca deixar de lembrar que o PRIMEIRO título mundial de clubes do RS foi conquistado pelo Grêmio.

A cerveja 1983 – 30 Anos chega para marcar ainda mais a grande conquista.

Não é uma vitória em Gre-Nal, mas também é ótimo presente para o Dia dos Pais.

O kit presente com duas long e um copo custa 35 reais.

Tem ainda o kit com 4 long, a 38 reais.

Vão junto umas bolachinhas de brinde.

Arena merecia um primeiro Gre-Nal melhor

O empate por 1 a 1 foi frustrante. Pra mim, ficou um gostinho de quero mais.

Não que o resultado tenha sido injusto.

Pelo futebol que jogaram, com mais pontapés, encontrões, puxões, do que qualquer outra coisa – foram 59 faltas marcadas, fora as ignoradas pela arbitragem – nem Grêmio e muito menos o Inter merecia vencer.

Foi um jogo ruim tecnicamente, feio mesmo, conforme frisou o atacante Kleber, pra mim o melhor do Grêmio. O melhor no sentido de que lutou muito, fez algumas jogadas, foi participativo. Enfim, incorporou a raça gremista. Kleber foi o melhor ainda nas entrevistas e análises pós-jogo.

Quando digo que ficou um gostinho de quero mais é porque mais uma vez vi faltar qualidade e criatividade do meio para a frente, em especial no acabamento das jogadas.

O Inter também errou na frente, mas o Grêmio, que ficou mais tempo com a bola nas imediações da área rival, foi impreciso no antepenúltimo e no penúltimo passe, sem falar nas raras conclusões efetivas.

Quando vi Elano errando bolas fáceis, pensei se ele com sua experiência e sua técnica erra lances simples, o que se pode esperar dos outros?

No final, o resultado ficou melhor para o Inter, que visivelmente não tinha pressa nas reposições, deixando claro que o empate seria um resultado satisfatório.

Objetivo atingido.

BARCOS e BATISTA

Vi que uns e outros escolheram Barcos o melhor do Grêmio. Futebol é isso, cada um vê à sua maneira.

É como o comentarista Batista, da RBSTV, que continua vendo futebol com uma lente vermelha, o que o impede ser imparcial. São vários exemplos nesse jogo. Fico com o lance em que Adriano faz falta por trás em D’Alessandro e leva corretamente o amarelo. O argentino se estrebucha no chão, parece que quebrou uma costela e fraturou as duas pernas. Em seguida, Pará leva uma entrada também de amarelo e se esparrama no gramado, gritando, gemendo. Lances semelhantes, com ambos os jogadores agredidos valorizando. Mas Batista cita apenas a encenação de Pará. Até que ele se dá conta – alguém deve tê-lo alertado – e volta para completar que ‘foi mesmo falta para cartão amarelo’.

Sobre o Barcos, outra atuação decepcionante. Jogou um pouco melhor do que vem jogando, mas continua devendo, e muito. Com ele de centrovante o Grêmio sempre terá muita dificuldade para fazer gol.

Hoje, só fez porque Kleber arriscou um lance individual e encontrou um Willians precipitado para calçar seu pé dentro da área. Fora isso, talvez o Grêmio estivesse até agora jogando sem marcar gol.

E na cobrança de Barcos, meio telegrafada, quase Muriel defende.

ARBITRAGEM

Fabrício foi melhor do que eu esperava. É que eu esperava uma calamidade. Isso está registrado em comentário anterior.

Houve erros para os dois lados. Concordo que Adriano poderia ter levado um segundo cartão amarelo. O mesmo talvez em relação a Bressan. Mas acho que Willians também poderia ter levado o segundo amarelo ao cometer o pênalti. Sem ele, a jogada do gol de empate, feito por Damião, não aconteceria. Aliás, grande jogada, na qual Adriano participou e só não cometeu falta porque já estava amarelado. Então, uma coisa puxa a outra.

Agora, somando e diminuindo, Fabrício foi bem. Diria até que ele foi melhor que os dois times. Dou nota 7 pra ele e seus auxiliares. Para a dupla, nota 5.

D’ALESSANDRO e o GAUCHÃO

É importante destacar que a arbitragem contou com um integrante inusitado: D’Alessandro.

Mais um pouco, ele saca o apito de Fabrício. Fosse com um juiz de fora do Estado, ele com certeza seria mais comedido. Mas com Fabrício ele até tem uma certa intimidade – aquele abraço no Gauchão os aproximou.

Há quem estranhe o excesso de críticas à arbitragem de Fabrício.

Tudo muito previsível. De tão beneficiado que foi no Gauchão, qualquer coisa que saia do figurino gaudério perturba dirigentes e jogadores colorados.

Só faltou alguém lamentar ao microfone: “No Gauchão não era assim”.

E não era mesmo. Em 90 minutos de Gre-Nal pelo Brasileiro, dois colorados expulsos.

Realmente, no Gauchão era diferente.

No Gauchão do Noveletto, em toda a competição: unzinho sequer.

Realmente, para quem não está acostumado aos rigores da lei, é duro.

DUNGA

O maior erro do Gre-Nal foi cometido por Dunga.

Dunga está fazendo um trabalho muito no Inter, sem dúvida. Mas, no intervalo, ele errou ao deslocar Jorge Henrique para a lateral-direita, um setor que o Grêmio havia explorado muito no primeiro tempo e continuou explorando. O meia-atacante, que até já foi aproveitado na lateral, foi o furo na defesa colorada.

Ele levou dois cartões amarelos em menos de 20 minutos e foi expulso.

Não fosse a incompetência ofensiva do Grêmio, esse erro de Dunga teria sido fatal.

RENATO

Antes do jogo, eu escrevi que queria um Grêmio monolítico, germânico na aplicação e determinação. Defendi três volantes. Renato optou por três zagueiros. Talvez até porque Souza ainda não esteja em plenas condições.

Como escrevi, eu sabia que o ataque gremista criaria pouco, repetindo o que fez na maioria dos jogos. Portanto, defendia que seria preciso ao menos garantir atrás, e tentar aproveitar as poucas chances que fossem surgir.

No final das contas, Grêmio e Inter foram muito parecidos. Firmes atrás e inofensivos na frente.

E quando as defesas se destacam, o jogo normalmente é ruim.

O fato é que a Arena merecia um primeiro Gre-Nal melhor, conforme avaliou Kleber com uma lucidez impressionante.

Um Grêmio monolítico e germânico

Foi rigoroso o tribunal carioca ao punir Vargas com quatro jogos. Assim como foi rigoroso o bandeira que informou ao árbitro ter visto uma agressão de Vargas no jogo em Criciúma.

Vargas não teve a sorte de D’Alessandro. O juiz não foi como Fabrício Carvalho que protegeu o argentino de si mesmo ao envolvê-lo num caloroso e fraternal abraço. E o tribunal carioca não teve a preocupação do tribunal gaúcho com a fome dos carentes ao ‘punir’ Dunga com o pagamentos de cestas básicas que nem cócegas fizeram no bolso do treinador, que denunciara publicamente um complô da arbitragem contra ele.

Coincidência ou não, o Inter terminou o Gauchão campeão e sem um jogador sequer expulso. Recorde digno do Guiness.

CRISE E OPORTUNIDADE

O fato é que Vargas está fora – por lesão e por punição, que espero tenha algum efeito em seu comportamento pouco profissional. Está fora também o Zé Roberto.

Apesar de bons jogadores, eles não estão resolvendo absolutamente nada.

Por isso, é difícil que o time consiga jogar pior do que vem jogando.

Lamento a ausência principalmente de Zé Roberto. Vargas nem tanto, porque ele não demonstra ser um jogador comprometido, responsável, apesar de possuir uma qualidade que prezo muito: o drible. É bem verdade que seus dribles não estão resolvendo absolutamente nada, mas ao menos ele tenta e por vezes acerta. Seria uma alternativa importante para Renato Portaluppi.

São em situações difíceis como essa que podem surgir grandes soluções. Renato terá de descobrir a forma de vencer um Inter completo, numa Arena lotada de gremistas, um trunfo que pode se tornar um pesadelo.

Afinal, 12 anos na fila por um título de expressão torna os torcedores pouco tolerantes e compreensivos.

O mínimo que o torcedor exige é doação, entrega, garra. Enfim, um time com alma, sanguineo, indignado, vibrante. Não essa coisa amorfa e gosmenta em que se tornou sob o (des)comando de Luxemburgo.

Um Grêmio assim até pode prescindir de um ou dois de seus talentos.

Cabe a Renato organizar um time que seja capaz de compensar essas perdas técnicas com jogadores com maior imposição física e vigor para enfrentar as agruras do Gre-Nal.

Falam no uruguaio Maxi. Considero arriscado demais começar com um jogador que nem foi realmente testado. Lembro do que houve com Bertoglio num Gre-Nal.

Eu começaria com um jogador já testado e curtido em Gre-Nal: Souza. Sim, minha índole defensivista aflora em momentos assim. Começaria com três volantes. Adriano proibido de cruzar a linha do meio de campo, e Riveros e Souza marcando e atacando. Mais solto, Elano.

Ah, importante: eu colaria um volante em D’Alessandro. Ninguém suporta uma marcação homem a homem, uma sombra o tempo todo. Ainda mais alguém explosivo e nervosinho.

O que eu quero dizer é que o Grêmio vai para o jogo inferior em termos de individualidades. E precisa assumir isso. Primeiro, neutralizar o adversário. Depois, avançar sobre o campo inimigo e buscar o gol.

Esperar um Grêmio veloz, com saída rápida da defesa para o ataque, é delírio. Se não aconteceu até agora, não será no Gre-Nal que isso pode ocorrer.

Portanto, o melhor é um Grêmio monolítico, germânico e mortal nos poucos golpes que um time assim consegue desferir.

No Brasil, o que mais se assemelha a esse Grêmio que projeto é o Corinthians.

Acho que isso significa alguma coisa.

INTER

O técnico Dunga está longe de ter os problemas de Renato, que tenha administrar a herança maldita que recebeu.

O Inter é um time melhor entrosado. Que tem a volta de D’Alessandro, seu mestre, seu maestro, sua estrela-guia.

Na frente, dois goleadores, Damião e Forlan – opostos de Kleber e Barcos.

Além dos mais, a motivação que faltou em Recife na goleada por 3 a 0, vai sobrar na Arena.

Será um grande jogo.

ARBITRAGEM

Espero que o árbitro Fabrício tenha em mente que o jogo não é de Gauchão, que não vale abraçar jogadores que queiram brigar, porque isso pode determinar o fim de sua carreira na CBF. Esse tipo de procedimento só é tolerado em âmbito regional. As expulsões, dos dois lados, também estão liberadas.

Desejo ardentemente que Fabrício tenha a melhor atuação de sua vida.

Uma derrota previsível e a decisão política

Antes de jogar pedra em seu próprio time, é preciso olhar para o adversário.

O Corinthians é melhor e foi melhor que o Grêmio. Mereceu vencer, não por 2 a 0, que o segundo gol foi mais um acidente de percurso.

O Corinthians é o atual campeão do mundo, tem um time que joga junto há quase dois anos. Já o Grêmio vem tentando se ajeitar como o sujeito que troca pneu com o carro andando.

Antes do jogo, cheguei a pensar em propor que o Grêmio jogasse com time misto para se preservar para o Gre-Nal. Afinal, pegar o Corinthians fora de casa é projetar que empate é quase uma vitória. E que uma derrota não tem nada de anormal, ao contrário.

Grêmio e Corinthians faziam um daqueles jogos mornos. Assim como um casal em começo de namoro, nenhum deles tinha coragem de tomar a iniciativa e avançar mais agressivamente.

Se eu pudesse, assinava um contrato em 0 a 0 naquele momento.

Eram 20 minutos quando Zé Roberto pediu para sair. Lesionado, é dúvida para o Gre-Nal. Zé Roberto é um que eu pouparia pensando no clássico, e agora ele corre o risco de ficar de fora.

A partir daí a história do jogo mudou. Tite mandou o seu time avançar a marcação e o Grêmio ficou sem poder de reação. Elano não conseguia dar continuidade a uma jogada sequer e Biteco só corria como uma barata tonta pelo lado esquerdo.

Na frente, Kleber era um guerreiro incansável, mas pouco inspirador. E Barcos, francamente, uma figura opaca, completamente submissa à marcação.

Já os dois volantes foram soberbos em termos de combatividade. Adriano e Riveros garantiam o empate.

O primeiro gol foi um descuido de marcação aliado ao talento do atacante Guerrero, que livrou-se do marcador e chutou forte, cruzado. Dida defendeu, mas a bola sobrou para Émerson.

Não culpo Dida pelo gol, porque foi um chute forte, cruzado. O ideal é que ele mandasse a bola para fora, mas penso que era mesmo uma jogada muito difícil e ele procurou acima de tudo defender da maneira que era possível. Duvido que outro goleiro fizesse diferente.

Émerson, pelo que mostrou a TV duzentas vezes, estava em impedimento. Mas foi uma questão de centímetros. Nao tem como responsabilizar o juiz ou o bandeira.

Gostei demais da arbitragem de Alício Pena Jr. Tranquilo, passou serenidade e confiança aos jogadores. Foi uma aula de arbitragem.

Está aí um juiz que cairia bem no Gre-Nal.

No segundo tempo, o Grêmio foi mais agressivo. Mas aí faltou qualidade ofensiva. Barcos continuou presa fácil da marcação, Kleber lutava de tudo que é jeito.

Guilherme Biteco e Elano tentaram jogadas, mas sem criatividade e sempre diante de forte marcação. Não é por nada que o Corinthians quase não leva gol. Há aí todo um trabalho, entrosamento.

Eram uns 30 minutos quando Renato colocou Vargas, sacando Biteco. Ele poderia tirar um volante, mas Biteco não estava dando nenhuma contribuição relevante. Portanto, não é por aí que se explica a derrota, nem o segundo gol.

Vargas entrou e não aproveitou as poucas bolas que recebeu. Gostei quando Renato colocou Lucas Coelho no lugar de Barcos, quase no final. É um indicativo de que Renato já descobriu que o guri pode ser o camisa 9, o jogador de área que Barcos não está conseguindo ser.

Perder nunca é bom, mesmo quando se trata de uma derrota previsível como essa diante do forte Corinthians, um time de operários, alguns muito qualificados, incansáveis e compenetrados.

Uma derrota desse tipo antes de um Gre-Nal não abala, pelo contrário, motiva ainda mais.

O Grêmio vai mordido para o clássico. O problema é que talvez sem Zé Roberto.

DUAS TORCIDAS

A BM afirmou que não tinha como garantir a segurança no Gre-Nal com duas torcidas. Era uma avaliação técnica. Aí, veio a ‘avaliação’ política. O Gre-Nal terá duas torcidas. A política atropelou a avaliação técnica, ou supostamente técnica do comando da BM.

O Grêmio corre o risco de sair perdendo feio nessa. Se der conflito dentro ou fora da Arena, dificilmente o segundo jogo terá duas torcidas.

Ainda mais num estádio em que foram instaladas arquibancadas móveis.

Acho que foi mal a direção do Grêmio nesse caso.

O fato de serem apenas 1.500 colorados não significa muita coisa. A gente sabe do que é capaz um pequeno grupo de indivíduos mal intencionados no meio da multidão ordeira, mas com a adrenalina a mil.