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RG, a BM e a proibição de cartazes

É só o que faltava: a Brigada Militar quer proibir o ingresso de cartazes ofensivos a Ronaldinho neste domingo, no Olímpico.

A decisão, baseada no estatuto do torcedor, vai jogar mais combustível no fogo.

As faixas ‘homenageando’ o jogador mais famoso criado no clube desde 1903 servem como catalisadoras da raiva acumulada da grande maioria dos gremistas.

Se não puderem portar faixas como ‘Pilantra’ ou imitando cédulas de dinheiro com a estampa do traidor, o que resta ao torcedor?

Mais indignação, é o resta. Mais raiva, mais revolta, mais sede de vingança. E como colocar para fora todos esses sentimentos?

Com gritos, com vaias, com cantorias. Mais de 40 mil pessoas formando o maior coro que já existiu no estádio de futebol para ofender alguém.

Será que todos vão ficar satisfeitos ‘apenas’ com essa tipo de manifestação? Os cartazes, sem armação com material sólido, teriam (tem) uma importante função nesse quadro belicoso que se arma para o jogo contra o Flamengo como uma assustadora tempestade que se aproxima, escurecendo o céu, transformando o dia em noite.

Temo que a ação da BM, absolutamente inédita em estádios de futebol – a BM vai agir assim também em outros jogos? – e pouco inteligente, acirre ainda mais os ânimos. Há quem imagine que os ânimos já estão exaltados o suficiente, mas sempre é possível agravar a situação.

Sem os cartazes, é provável que alguns torcedores direcionem suas energias para outro tipo de ação, partindo até para algum tipo de agressão física, o que poderá alegrar muita gente, mas que sem dúvida será péssimo para o clube.

Como já escrevi, a obra dos Assis Moreira está incompleta.

Não tenho dúvida que Ronaldinho e seu irmão não se incomodariam se, em troca de uma pedrada, o Olímpico fosse interditado por longo tempo.

Por isso, não afasto sequer a possibilidade de que Ronaldinho, de alguma maneira, se comporte de maneira provocativa, debochada.

Por enquanto, a única ação no sentido de ampliar o grau de risco do reencontro de Ronaldinho com a torcida gremista é apenas de quem justamente deve zelar pela segurança: a BM.

OLÍMPICO VAI RUGIR

Se o Grêmio estivesse numa situação melhor no campeonato, com possibilidade concreta de lutar por vaga na Libertadores, o jogo contra o Flamengo talvez ficasse em primeiro plano. É claro, haveria todo esse clima hostil contra Ronaldinho, mas talvez fosse menor. A mobilização seria pela vitória, não pela vingança.

É certo que ainda resta uma pequena esperança, mas está quase impossível chegar em quinto lugar no campeonato. Se vencer o Flamengo, ainda assim o Grêmio ficará na posição atual, atrás até do Figueirense.

Se perder, então, pode até sair dos ‘dez mais’, o que não significa grande coisa. Portanto, hoje, o que interessa é a vingança.

O Olímpico vai rugir.

Ronaldinho vai saber, enfim, a dimensão do ódio gremista.

Não deve ser fácil voltar à terra natal sabendo que tem contra si ao menos metade da população.

Ronaldinho até pode disfarçar, fingir que não se incomoda.

Mas terá de conviver com o fato de que ele, querido e festejado em todo mundo, jamais o será na própria aldeia.

A obra dos Assis Moreira

A obra dos Assis Moreira está incompleta.

Os alicerces foram colocados há muito tempo, quando o então jovem Assis, reluzente promessa das categorias de base – o melhor que vi antes da profissionalização, sem qualquer dúvida, superior até ao seu irmão mais novo – fugiu do Olímpico para acertar com o Torino, na Itália.

Na volta, ganhou do presidente do Grêmio na época, Paulo Odone, uma bela casa na zona sul de Porto Alegre. Uma casa com piscina, onde tempos depois… Bem, deixa pra lá, não vem ao caso.

Graças ao talento de Assis, a família humilde começou uma nova vida. Os tempos de pobreza ficaram para trás. Assis nunca foi o craque que prometia na base. De meia atacante goleador, passou a jogar numa faixa mais tranquila do campo, afastado da área inimiga. Mesmo assim, se destacou e ganhou dinheiro suficiente para proporcionar segurança e tranquilidade aos Assis Moreira.

Foi nesse meio que cresceu o pequeno Ronaldo, o Ronaldinho. Um raro exemplo de irmão mais novo que superou o mais velho.

Ronaldinho não ficou só na promessa de craque como seu irmão. Foi mais longe, muito mais longe.

Quando começava a aparecer como grande estrela do futebol brasileiro, Ronaldinho esqueceu as juras de amor ao Grêmio, o clube que acolheu os Assis Moreira, e proporcionou condições para que os dois irmãos desenvolvessem seus potenciais.

Depois de encenar uma renovação de contrato, Ronaldinho Gaúcho, tutelado pelo irmão Assis, bateu asas e voou, cruzando o Atlântico para defender o PSG.

Foi um golpe terrível para o Grêmio e uma decepção profunda para os gremistas. O jovem ídolo, que recém começava a brilhar, partia prematuramente, deixando atrás de si um rastro de revolta e ódio.

A obra maligna dos Assis Moreira contra o Grêmio não terminou aí. Certo dia, Assis retirou o seu filho dos juvenis do Grêmio, levando-o para o Inter. É claro que com grande cobertura da imprensa. O guri não deu certo no futebol. A jogada limitou-se a um lance midiático, mas sinalizou que ainda havia algo mais por vir.

E veio. Hábil negociante, sem qualquer escrúpulo (há quem entenda que em negócios não se pode exigir ética), Assis acenou com a possibilidade da volta de Ronaldinho ao Grêmio. Aqui, em sua antiga casa, Ronaldinho recuperaria o gosto pelo futebol, deixando o pagode e as noitadas em segundo plano. A direção do Grêmio acreditou. Eu vacilei como o Dunga naquele Gre-Nal, e acreditei. A maior parte da torcida acreditou, e se mostrou pronta a perdoar o antigo ídolo. Enquanto o Grêmio preparava uma festa para receber Ronaldinho, os Assis Moreira negociavam com outros clubes. O Grêmio servira apenas para atrair outros interessados, entre eles o Flamengo.

O golpe derradeiro dos Assis Moreira pode acontecer neste domingo. Ronaldinho, vestindo a camisa do Flamengo, volta ao Olímpico depois de tudo o que se passou. Há um clima belicoso no ar.

É como um vazamento de gás num prédio fechado. Qualquer faísca irá provocar uma explosão.

Ressentida, a torcida vai se manifestar contra Ronaldinho. São anos e anos de espera por esse momento.

A obra dos Assis Moreira estará concluída com a interdição do Olímpico.

Para isso, bastará um gesto, uma atitude, um sorriso debochado de Ronaldinho diante das manifestações hostis. Bastará uma faísca para que um torcedor reaja da pior maneira.

Se isso acontecer, a obra contra o clube que retirou os Assis Moreira da pobreza e contribuiu para a riqueza material da família estará finalmente concluída.

E Ronaldinho sairá do estádio como vítima, mal contendo aquele sorriso dos tempos em que jogava futebol com legítima alegria.

O pé-frio e a frustração da dupla

Os resultados do fim de semana foram frustantes para gremistas e colorados. O Grêmio, no sábado, e o Inter, neste domingo, tinham tudo para fechar a rodada com três pontos, mas não souberam segurar a vantagem por mais alguns minutos.

A história dos dois é semelhante. Seus adversários, o lanterna América e o então líder Corinthians ficaram com um jogador a menos ainda no primeiro tempo. O Grêmio vencia por 2 a 1 até os 41 minutos do segundo tempo. O Inter vencia por 1 a 0 até os 43 minutos do segundo tempo.

Aí, o Grêmio que estava encurralado pelo lanterna mesmo tendo um jogador a mais, levou um gol de cabeça numa cobrança de escanteio, um golaço. Se o jogo continuasse mais alguns minutos o América teria virado, com certeza, tamanha a mediocridade do time que estava em campo vestindo a camisa tricolor.

No Beira-Rio, o Corinthians não tinha o mesmo ímpeto do América, e tudo indicava que sairia de campo derrotado. Foi então que D’Alessandro cometeu uma falta evitável em Alex, a uns 15 passos da grande área, mas de frente para a goleira. O argentino levou o segundo amarelo e foi expulso justamente.

Foi então que sucedeu-se algo inacreditável: ficaram apenas dois jogadores na barreira. Concordo que era um chute de longe, mas quem ajeitou a bola para bater foi um sujeito muito conhecido por seu chute forte e preciso. Faltando dois minutos para terminar o jogo não seria o caso de fazer uma barreira de verdade, apesar da distância da falta? É evidente que sim. Alex viu o canto aberto e chutou forte. A bola entrou rente à trave esquerda. Muriel, que estava bem no centro da goleira, tinha amplas condições de fazer a defesa, mas demorou a saltar.

Se o gol do América acabou com o delírio de alguns gremistas que ainda sonhavam com uma vaga na Libertadores, o gol do Corinthians sepultou o sonho de título dos colorados, que vão para 33 anos sem comemorar um campeonato brasileiro. E, para agravar ainda mais a dor colorada, quem fez isso foi o odiado Corinthians.

Resta ao Grêmio, conforme escrevi já faz tempo, terminar o campeonato com dignidade, entre os top ten.

Ao Inter, a perspectiva é melhor: brigar até o fim por vaga na Libertadores de 2012. O que me parece muito possível com o retorno de Leandro Damião.

NOS ACRÉSCIMOS

Informo que não vi os dois jogos. Estava viajando, acertando detalhes para o lançamento oficial do MazembeDay e da 1983 em larga escala.

Quer dizer, vi um pedacinho de cada jogo. No sábado, consegui parar em frente a uma TV a seis minutos do final. Vi na tela: Grêmio 2 x 1 América-MG. Perguntei a um gremista ao meu lado, encostado no balcão, olhar aflito, os mineiros estavam em cima. Quem fez os gols? André Lima, respondeu, sem tirar o olho da TV. Aí, escanteio e gol do América. Continuo sendo pé-frio, uma verdade trágica.

Hoje, retornando ao lar doce lar, liguei a TV aos 40 do segundo tempo: 1 a 0 Inter. “Agora, o Inter sobe e pode buscar o título”, pensei, enquanto via o D”Alessandro cometer uma falta idiota no Alex. Última chance do Corinthians, imaginei. Gol de Alex. Alívio.

O que me consola é que sou pé-frio para os dois. Na verdade, eu sou um perigo.

Dagoberto x Kléber

Dagoberto x Kléber.

Quem seria melhor para o Grêmio? Ou para o Inter? Os dois jogam na mesma função, são o tal segundo atacante, aquele que joga mais pelos lados encostando no centroavante. Os dois são mais ou menos como o Jonas.

Sem dúvida, qualquer um deles seria um ótimo reforço para 2012.

O Grêmio está negociando a vinda de Kléber, escanteado no Palmeiras por falar demais e jogar de menos. Kléber gosta de criar caso. Basta uma espiada em seu currículo. O mesmo currículo aponta, porém, que se trata de um grande atacante, goleador, assistente. Ele tem mais a cara do Grêmio, é guerreiro, vibrante.

Dagoberto, que está nos planos do Inter e até onde sei não nos planos do Grêmio, também faz gols (especialmente contra o Grêmio) e dá assistência. Não tem tanta garra, mas me parece mais técnico, mais inteligente.

Ambos estão com 28 anos. Ambos nasceram em… 1983 (vai uma gelada aí?).

Se eu pudesse escolher, ficaria com os dois. Se eu tivesse que escolher um deles… Seria um problema.

Mas acho que ficaria com Dagoberto. Não cria tanto caso nem dentro nem fora de campo. Contratar Dagoberto tem uma vantagem importante: impedir que ele marque gols pelo Inter em grenais. O atacante do SP, cujo contrato termina em abril de 2012, tem sido um carrasco gremista. Prefiro que ele jogue no meu time.

Agora, a informação mais recente é que Dagoberto prefere jogar no exterior. O Sevilla entrou na jogada, o que pode melar o negócio com o Inter.

E aí outro problema: o Inter também gosta do Kléber. Pode entrar na disputa.

O Palmeiras quer em troca o Douglas. Fecho agora. Paulo Pelaipe diz que não abre mão de Douglas. Ele não poderia dizer outra coisa neste momento, com o Brasileiro em andamento. Não vai desmobilizar o jogador. Está certo ele.

Outro aspecto: o custo dos dois é parecido. Dagoberto quer 5 milhões de reais na mão e salário de 500 mil. Kléber custa R$ 4,5 milhões (é o que o Palmeiras pede), mais salário de 400 mil, além das luvas, que eu não sei o valor, mas não deve ser pouca coisa.

O fato é que qualquer um deles seria um grande reforço para a dupla. Mas ainda sou mais o Dagoberto.

BRASILEIRÃO

Jogaço no Beira-Rio neste domingo. Se o Inter vencer o Corinthians pode entrar no G-5, e ainda vai aumentar sua esperança de brigar pelo título, algo muito difícil, mas não impossível.

É um jogo em que tudo pode acontecer. Os colorados seguem engasgados com o Timão.

Não fico em cima do muro: o Corinthians não vai perder. Tite é um grande treinador e saberá explorar os pontos vulneráveis do Inter.

Já o Grêmio pega o lanterna, em Minas. Jogo difícil. O América está morto, mas é um time desesperado, e aí tudo pode acontecer.

Mas acho que o Grêmio vence.

O circo de 180 milhões de palhaços

Numa guerra, a primeira vítima é a verdade. Nessa guerra não declarada entre o Beira-Rio em demolição parcial e a Arena em construção, há um tiroteio de informações, nem sempre confiáveis.

Por isso, é difícil saber com quem está a verdade, se é que existe apenas uma verdade. Ou se tudo não passa de uma grande mentira. É difícil.

O presidente Giovani Luigi, um sujeito afável e sério, que conheço há muitos anos, está sob fogo cruzado. Por isso, se defende como pode, inclusive apelando para inverdades.

Em sua entrevista de hoje, horas depois de confirmada a decisão da Fifa de alijar Porto Alegre da Copa das Confederações, Luigi afirmou que esse torneio nunca foi o objetivo do Inter, e sim a Copa do Mundo, e é para ela que o clube se programou.

Essa afirmação não me soou bem. Eu tinha como certo que o Beira-Rio estava comprometido com as duas competições, mas fiquei em dúvida depois de ouvir o presidente colorado – que, a bem da verdade, virou refém da empreiteira, conforme afirmou o ex-Vitório Piffero – tentando justificar o injustificável.

Fui socorrido pelo twitter do @fabriciocpovo, o repórter que mais sabe das coisas do Inter. Ele postou no final da tarde que o Inter ao assinar o caderno de encargos da Fifa comprometeu-se a ter o Beira-Rio pronto também para a Copa das Confederações.

O Inter, segundo a Fifa, que parece ter mais poderes que a ONU, não honrou o compromisso firmado.

Não tenho dúvida de que o Inter queimou seu filme com os velhinhos sapecas, e espertos, da Fifa. Eles poderiam esperar mais um pouco.

A retirada da Copa das Confederações foi um recado. A Fifa botou pressão no Inter, e quem vai ganhar com isso é a tal empreiteira, que agora vai firmar o contrato que quiser, a não ser que Luigi e seus companheiros de diretoria queiram correr o risco de perder também a Copa do Mundo.

Quem também fez uma pressãozinha foi o astuto presidente da CBF, que, segundo o presidente da FGF, Noveletto, já cogita em defender a Arena gremista como sede dos cinco jogos do mundial que virão para Porto Alegre.

Para mim, é tudo jogada para acelerar uma decisão do Inter, favorecendo a Andrade Gutierrez. Daqui a pouco o Inter estará comprometendo uma série de receitas, assim como o Grêmio já comprometeu.

Agora, se perder a Copa, o clube deixará de receber os mais de 60 milhões de reais de isenção fiscal concedidos generosamente pelo governo federal aos estádios da Copa, comprometendo a reforma do Beira-Rio.

Essa grana toda – assim como as fortunas que estão sendo aplicadas pela União em outras obras – poderia ser destinada à saúde, por exemplo, mas vai para esse imenso circo que está sendo montado e que vai enriquecer muita gente, principalmente os donos de empreiteiras, que vão rir muito de180 milhões de palhaços.

A grama do vizinho

A grama do vizinho é mais verde. É sempre mais verde. É a frase que me ocorre quando leio que o Inter deve fechar contrato nos próximos dias com Dagoberto, o ‘segundo-atacante’ dos sonhos de boa parte de torcedores gremistas e colorados.

Ao que se sabe, o Grêmio não está movendo uma palha por esse talentoso atacante, que não vai continuar no São Paulo.

Há uma espécie de leilão por Dagoberto. O Inter, ao que tudo indica, deu o lance mais alto. Um pré-contrato já estaria alinhavado.

O Inter quer porque quer o Dagoberto. E tem motivos de sobra para isso. O principal é que Dagoberto, independente de ser um jogador rápido, habilidoso e inteligente, parece ter nascido para fazer gols no Grêmio.

É claro que os dirigentes colorados levam isso em consideração. Dagoberto é o complemento ideal para um centroavante como Damião, sem dúvida, mas o fato de ele se dar bem contra o Grêmio está pesando.

Fosse eu dirigente gremista faria o possível e o impossível para melar esse negócio. Eu entraria no leilão. Faria uma bela proposta. Por exemplo, ofereceria o que o Grêmio paga hoje para prestar assistência médica ao Gabriel. Pelo que dizem algo em torno de 400 mil reais. Há informações de que seriam 450 mil, soma semelhante estaria sendo paga para o zagueiro Rodolfo.

Dagoberto ganha hoje a metade desse valor. Sim, Dagoberto, goleador, qualidade na assistência, ganha menos do que muitos medalhões que vicejam na grama do Olímpico.

Ah, com o ‘passe’ na mão, Dagoberto quer luvas, e luvas generosas. Será que os 2,5 milhões de dólares pagos por Miralles seriam suficientes?

Alguém já disse que somos o resultado de nossas escolhas. O Grêmio é o resultado das escolhas, das decisões, tomadas por seus dirigentes nesses anos todos.

É tudo uma questão de dar valor a quem possui valor. Jogador caro é aquele que não dá resposta à altura do que nele é aplicado.

No Olímpico, existem muitos jogadores caros.

PLANEJAMENTO

Ainda dentro do planejamento para 2012, o Inter está acertando a contratação do zagueiro Manuel, aproveitando a penúria do Atlético Paranaense que deve mesmo cair. Manuel, 21 anos, um zagueiraço.

Então, o planejamento que não vejo no Grêmio, é visível no Inter, e isso há vários anos. E os resultados estão aí.

Enquanto o Inter tenta um zagueiro para vestir a camisa e jogar, o Grêmio contrata um zagueiro desconhecido, Douglas Grolli, destaque da Chapecoense. É uma contratação barata, um investimento, uma aposta.

Não duvido que tenha jogador desse mesmo nível no time Junior, não duvido. Quero crer que estão olhando com carinho para a base. Mas não condeno que o clube faça esse tipo de investida eventualmente.

Só não entendo por que num negócio de custo tão pequeno (menos de 1 milhão de reais) seja necessária a presença de um empresário, que vai abocanhar um percentual (que não deve ser pequeno) sobre os direitos federativos.

O fato é que olho para o lado e confirmo: a grama do vizinho é mesmo mais verde. Até quando, até quando?

Importante é vencer

Estou em SP. Trato de assuntos da Winkbieer Corporation junto a Ambev. Mais não posso revelar.

Portanto, não vi os jogos do Brasileirão. Mas como sou analista de resultados, o importante é vencer. O resto é papo de bar, de programas esportivos e de blogs como este.

Grêmio venceu e consolidou seu lugar na faixa do décimo colocado, e é onde vai ficar.

Já o Inter ainda pode sonhar com o título. Mas só sonhar.

Bem, são 9 e meia da manhã aqui na capital paulista.

Vou tratar de outros interesses. Volto amanhã, se Deus quiser.

Ah, tem gente que não entendeu o que escrevi no comentário anterior, então eu reforço:

Não sou contra o planejamento, aliás isso está dito no texto, sou contra a falta de planejamento que vejo no Grêmio. Simples.

Então me poupem de chover no molhado e repetir que sem planejamento não se vai a lugar algum em nada na vida.

Planejamento estratégico e o chopp do Arthur

Paulo Moura, sempre um grande companheiro de cervejada no Arthur

A primeira vez que ouvi a expressão ‘planejamento estratégico’ foi eliminando copos de chopp (Brahma) no Bar Arthur, que ficava na avenida Alberto Bins, perto do túnel da Conceição. Lugar pequeno, chopp cremoso, gelado no ponto, salsicha bock com mostarda forte e pão preto.

Naquela noite, há uns oito anos, o Adalberto Preis abusou de repetir ‘planejamento estratégico’. Eu não conseguia entender o ‘estratégico’ sempre enrabichado no ‘planejamento’. A mim sempre foi muito claro que em tudo é preciso planejamento. E para ter planejamento, é fundamental definir aonde se quer chegar e como chegar.

O ‘estratégico’ me parecia um excesso, uma frescura mesmo. Mas saindo do Preis, um sujeito esclarecido, inteligente, tinha toda uma pompa, ainda mais depois de alguns chopps intercalados de steinhager. Fiquei realmente interessado.

Eu, Possas, Peruzzo e Campelo.

Grandes e longos debates foram ali travados, sempre com a presença de dirigentes e conselheiros do Grêmio e do Inter, principalmente do Grêmio. Invadia-se a madrugada naquele tempo sem lei seca e de fumo liberado, o que deixava o ambiente quase insuportável.

O Arthur, que remonta aos anos 50, fechou, mas quem o freqüentou, mesmo na fase final, não esquece. O Anonymos Gourmet coloca o bar entre os dez melhores de sua vida.

Mas vamos voltar a esse texto cometido sem ‘planejamento’, muito menos ‘estratégico’,  mais ou menos como o Grêmio. E aí começo a chegar ao ponto.

Entrei no site do Grêmio e confesso que fiquei surpreso, estupefato, perplexo e atônito, ao deparar com um tópico intitulado Planejamento Estratégico. Não ri porque ando desanimado até para rir. Li com atenção: o negócio existe desde 2003 no clube. Quer dizer, existe no papel, que aceita tudo, mas não de fato, na prática.

Fabrício Falkowski num flagrante raro, sem o copo na mão, ao lado do Possas

Prestem atenção no segundo parágrafo:

“Qual o nosso negócio? Para onde caminhamos, ou seja, no que vamos nos transformar se nada for modificado? O que gostaríamos de ser e alcançar? E o que é preciso fazer para que possamos alcançar as realizações pretendidas?”

Diante de tantos pontos de interrogação, fico com o segundo. Em que vamos nos transformar se nada for modificado?

Eu realmente não sei a resposta exata, mas posso imaginar e isso me preocupa, angustia, revolta.

Em oito anos do tal ‘planejamento estratégico’ eis aonde chegamos: quase no fundo do poço.

E segue o baile, digo, o texto:

“Atento às rápidas modificações do mercado do futebol mundial e à urgente necessidade de modernização de sua estrutura administrativa e gerencial, o Grêmio buscou responder estas e outras perguntas e passou, já a partir do ano de 2003, a trabalhar gradualmente na implementação de um modelo orientado por uma gestão estratégica que priorizasse tanto a profissionalização como o melhor aproveitamento das potencialidades e diferenciais do clube.”

É de rir, e de chorar.

Para finalizar, com fecho de ouro, essas preciosidades:

“NEGÓCIO:

Entretenimento sócio-esportivo focado no futebol.

MISSÃO:

Satisfazer o universo de torcedores e o público aficionado com vitórias e conquistas de títulos.

VISÃO:

Estar no primeiro nível do futebol mundial.”

Entra ano e passa ano, as direções do Grêmio se sucedem, oposição e situação se alternam no poder, e repetem tudo o que criticavam na gestão anterior, mostrando que, no Olímpico, ‘planejamento’ com ou sem o ‘estratégico’ atrelado não passa de uma expressão que se repete à exaustão à mesa de um bar entre um gole e outro de chopp tirado no capricho.

Sonhos e pesadelos

Quando o Figueira fez o segundo gol eu joguei a toalha. Não via a menor possibilidade de reagir, virar o jogo, com esse ataque que a direção gremista ousou montar para enfrentar duas competições tão difíceis, a Libertadores e o Brasileirão.

O Grêmio vai terminar o campeonato nessa faixa em torno do décimo lugar, conforme escrevi há uns 15 dias quando alguns delirantes sonhavam com Libertadores, e tinham como objetivo ainda passar à frente do Inter.

Não consigo esquecer o discurso que o presidente Paulo Ufanista Odone despejou após a vitória sobre o Santos, que era o verdadeiro Grêmio, um time com a cara de Grêmio, não aquele que vinha cambaleante sob o comando de Renato.

O castigo veio com duas derrotas seguidas. Uma dentro de casa contra o ‘poderoso’ Figueirense. Será que o comandante maior do clube ainda pensa que esse é o time com cara de Grêmio?

Não, esse time tem a cara do sr Odone e dos homens que assumiram o futebol com ele.

O técnico Celso Roth é tão culpado quanto o Renato. Na verdade, são mais vítimas, porque falta qualidade no Olímpico. Falta uma zaga confiável, mas falta acima de tudo atacantes de qualidade.

O Grêmio não tem um ataque titular que imponha respeito e que inspire confiança ao torcedor.

É verdade que o Grêmio estava relativamente bem no começo, mas não conseguiu converter as poucas chances criadas. O goleiro Wilson fez duas ou três belas defesas.

Aí, numa escapada, bola jogada na área, Ed Carlos perde uma disputa dentro da área por falta de agilidade e reflexo, gol do Figueira. Depois, Victor falha e o Figueira amplia. Fim de jogo.

Se o árbitro encerrasse ali pouparia sofrimento, angústia, desespero, raiva.

Roth até pode ter errado nas substituições. Mas o que pode fazer um treinador quando olha para o campo e vê André Lima. Olha para o banco e vê Diego Clementino e Miralles como alternativas para tentar uma virada?

Escudero não estava bem no jogo. Marquinhos estava melhor. Roth tirou o menos ruim naquele momento. Acho que ele deveria ter insistido mais uns 15 minutos com Escudero. Mas ele colocou Miralles, que pouco acrescentou. Depois, Clementino no lugar de Marquinhos, que havia caído de produção. Poderia ter sacado Douglas, mas Douglas ainda tem uns lampejos que podem mudar um jogo.

Gilberto Silva na zaga no lugar de Rafael Marques não alterou grande coisa. O time ganhou uma saída de bola qualificada, mas seguiu vazando. O terceiro gol foi em cima do veterano volante, driblado no mano a mano.

A meu ver, só se salvaram Mário Fernandes, Fernando e Júlio César.

Espero que ninguém mais fale em Libertadores.

Lembro que no ano passado, Renato assumiu com o time colado na zona de rebaixamento. Conseguiu subir até entrar no grupo da Libertadores. Com mais duas ou três rodadas, poderia até ser campeão.

Hoje, a situação é parecida. A diferença é se o campeonato tivesse umas rodadas a mais, haveria o perigo de rebaixamento. É assim que eu vejo: o Grêmio agora tende a descer.

INTER

Enquanto isso, o Inter se distancia. Se distancia do Grêmio e também do título, algo que a maioria dos colorados que conheço ainda acredita. No máximo, uma vaga na Libertadores. No máximo. Aparentemente, uma grande conquista, mas se trata de um prêmio de consolação para quem gasta R$ 6 milhões mensais com a folha de pagamento.

Mas é melhor do que ficar na sul-americana, que é o máximo que o Grêmio ainda pode conquistar.

O Inter ganharia alento se tivesse batido o São Paulo. Fez uma boa partida, mas ficou no empate. O resultado em si é bom se vier acompanhado de vitória no final de semana.

Aos menos os colorados ainda sonham com alguma coisa. Aos gremistas, restam apenas pesadelos.

Eu era feliz e não sabia

Carlos Miguel estava no programa do Reche, o Cadeira Cativa na Ulbra TV. Lá pelas tantas, começamos a falar de centroavante.

– O último centroavante goleador que o Grêmio formou foi Alcindo – disse eu.

O Miguel me olhou parecendo espantado, incrédulo. Lembrou do Jacques, que surgiu no auge de Jardel.

– Aí ficou difícil pra ele -, comentou o Miguel, que passou a elogiar o Jardel. Lembrou de uma brincadeira que eles faziam nos treinos a respeito da dificuldade que o Jardel tinha com os pés no trato com a bola, algo parecido com o que vemos hoje  em Brandão e André Lima. Se bem que o Jardel era melhor que esses dois também com a bola no chão.

– A gente dizia pro Jardel se deitar quando a bola vinha rasteira e mandar de cabeça, porque com os pés era complicado – riu o Miguel, que hoje lida com jogadores de 15 e 16 em parceria com o Dinho.

Viram? Dinho, Carlos Miguel, Jardel… O time multicampeão de parte da década de 90. O Reche ainda lembrou de todos os outros.

– Vamos parar com essa conversa, vamos mudar de assunto, se não eu começo a chorar – disparei, acrescentando:

– Eu era feliz e não sabia.

Naquele tempo eu trabalhava no CP. O gremismo só se manifestava na gozação com os colorados da redação. No mais, seriedade, isenção.

Ser isento ganhando tudo é fácil. Os colorados sofriam, sofriam como a gente agora. Agora, não, já são dez anos sem comemorar um título nacional.

Hoje, toda a mediocridade de um ano de erros é sepultada por uma vaga na Libertadores.

Um dia ainda teremos gremistas ou colorados lotando a Goethe pra comemorar vaga em Libertadores. Folha de pagamento superior a 5 milhões de reais por mês para ganhar vaga na Libertadores. Muitas vezes, como vai acontecer agora com o Grêmio e talvez com o Inter, nem isso. Sul-Americana e lambe os beiços.

Eu gostava mais do Brasileirão com a fase de mata-mata. Fazia renascer as esperanças.