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A imprensa e o entorno do Beira-Rio

Deus é testemunha – sim, eu acredito em Deus – que eu evito ao máximo escrever sobre a imprensa futebolística ou grenalística, mas tem vezes que não resisto e impulsionado pelos diabinhos que me cercam e tentam me levar ao mau caminho dou meus pitacos.

Deus é testemunha também que luto muito contra a ideia propagada entre os gremistas em geral de que a mídia usar dois pesos e duas medidas para fatos envolvendo a dupla Gre-Nal.

Tem momentos, porém, em que a represa estoura. É o caso do que aconteceu ontem no Beira-Rio e em seu entorno.

Se por uma lado foi uma noite maravilhosa para os colorados, que festejaram a bela vitória sobre o time chileno, por outro lado não se pode minimizar o que aconteceu junto ao estádio: o confronto violento entre soldados da Brigada Militar e torcedores e, principalmente, os dois atropelamentos – um deles com óbito – ocorridos na avenida, espaço público invadido por uma entidade privada, prejudicando o deslocamento de pedestres especialmente em dias de jogos. Ou seja, o leito da avenida tornou-se território de alto risco para os torcedores.

Algo, aliás, alertado faz tempo por blogueiros e desprezado pela mídia em geral, muito mais preocupada em exaltar o ‘estádio da Copa’ sem qualquer enfoque minimamente crítico, o que é deplorável. Houve até jornalista que se prestou a elogiar a invasão de área pública dizendo que era uma formidável integração do público com o privado.

Nesse aspecto, o advogado Demian Diniz e o engenheiro RW com a sua consagrada corneta – entre tantos outros – foram mais jornalistas que a grande maioria dos jornalistas.

Demian em seu blog de hoje resume tudo:

“Nós avisamos.
Quando houve a “interação inédita na cidade”, nós avisamos.
Dissemos que era um perigo ter um estádio de futebol invadindo uma avenida.
Que seria muito arriscado ter torcedores circulando em uma calçada minúscula, ao lado de uma avenida.
Que os torcedores circulariam na própria avenida e poderia ocorrer uma tragédia.
E aconteceu.
Ontem, dois torcedores foram atropelados no Beira-Rio, ops… NA CAPITAL, como diz a ZH.
Um deles, faleceu.
O outro está em estado grave.
Na Copa, chegaram a colocar uma grande entre a calçada e a pista, quando deveria ser entre o estádio e a calçada… mas como tem a Integração Inédita na Cidade, e o estádio está dentro da avenida, não tem como fazer isso.
É a segunda morte de atropelamento no Beira-Rio recauchutado.
Claro, mas o problema é o entorno da Arena”.

Em outro post, Demian escancara o tratamento diferente para as sedes do Grêmio e do Inter. Confira em:

http://www.blogdodemian.com.br/2015/02/comparem-as-manchetes.html

Inaceitável também é o tratamento dado pelos jornais de hoje aos lamentáveis episódios de ontem à noite junto ao Beira-Rio, faço questão de frisar para não deixar dúvidas de que coisas ruins acontecem em qualquer lugar, e não têm coloração clubística.

As manchetes exaltam na capa – ou contracapa – a vitória colorada, e isso está mais do que certo, mas simplesmente omitem os incidentes ocorridos fora do estádio, tão ou mais relevantes do que o jogo em si, já que um torcedor morreu atropelado na tentativa de ir ao jogo, e o confronto entre torcida e BM foi realmente pesado, como mostram fotos que andam circulando nas redes sociais.

Aí, um gremista me liga de manhã cedo: ‘Imagine se essas coisas acontecem no entorno da Arena?’, comentou.

Nem quero imaginar.

Felipão: quando o melhor é ficar calado

Felipão ainda tem muito crédito com os gremistas. A grande maioria reconhece seu esforço para formar uma equipe competitiva a partir de jogadores médios e/ou superados, jovens oriundos da base e apenas dois inquestionáveis no momento, Grohe e Rodolpho.

Depois do golpe sofrido na Copa do Mundo, o técnico corre o risco de outro tombo, chamuscando mais um pouco sua biografia vitoriosa.

A meu ver, Felipão está sendo mais do que profissional, gremista.

Pois bem, ele precisa demonstrar esse gremismo também nas declarações, na postura. Não pode sair por aí dizendo que vai torcer pelo Inter na Libertadores.

Ele não tem motivo nenhum para ser simpático ao maior rival.

Em meio a uma série de resultados negativos – alguns inaceitáveis até para um time em formação – em nada acrescenta anunciar apoio ao Inter.

A torcida gremista está machucada, ferida. Felipão deveria ao menos respeitar isso. Esquivar-se de tornar pública essa intenção.

Felipão calado é um poeta, diria Romário.

O momento é de fechar a boca e trabalhar. Se for para falar que seja para cobrar reforços. E só. De preferência nas internas.

Se quiser torcer pelo Inter, que o faça. Mas sem publicidade. Em silêncio.

Com esse tipo de declaração, absolutamente inoportuna, Felipão decepciona e revolta gremistas e não conquista colorados.

O pior é que Felipão tem folha corrida nesse aspecto.

Em 1999, Felipão treinava o Palmeiras. Jogo no Beira-Rio. Uma vitória paulista rebaixaria o Inter para a segundona.

Ele comentou que não gostaria de ser conhecido como o técnico que rebaixou o Inter.

O Inter venceu com gol de Dunga. Um gol, digamos… É melhor rever:

Em 2006, Felipão revelou que torceria pelo Inter na Libertadores. Repetiu a dose no mundial, contra o Barcelona.

http://esportes.terra.com.br/futebol/mundialdeclubes2006/interna/0,,OI1307644-EI7899,00.html

Enquanto isso, Adilson, o ‘capitão América’, afirmou que secaria o Inter, o que causou ira em alguns setores da imprensa.

No mínimo, Adilson respeita mais o sentimento dos gremistas.

Felipão pede reforços à direção

Para tudo há um limite. A tolerância da torcida transbordou depois de mais um resultado negativo na Arena. Com o empate por 0 a 0 como Juventude, o time chega ao seu terceiro jogo sem vitória em casa, com o agravante de mais uma vez jogar um futebol preocupante, para ficar num adjetivo ameno.

O melhor da noite aconteceu no vestiário, de onde o técnico Felipão mandou um recado à direção. Em síntese, ele disse que foi parceiro até agora na redução da folha de pagamento, mas que já está passando da hora de buscar dois um três reforços, e que não dá para jogar tanta responsabilidade nos jovens da base. Mesmo assim, Felipão pediu paciência para a torcida. Uma paciência que ele próprio já não tem, e que deixou muito claro ao abandonar o banco de reservas dias desses, ainda com o jogo em andamento.

Então, nos próximos dias reforços serão anunciados.

Mais uma vez fica evidenciado que não é bem assim apostar nos jogadores da base. A tal sequência que todos nós cobramos ao guri que entra esbarra nos resultados. Não há boa vontade e determinação em investir na gurizada que resista a alguns resultados ruins e atuações precárias. Mais uma vez fica provado que a gurizada deve entrar como complemento, como acessório, nunca com a responsabilidade de decidir, de arrumar a casa, que isso é atribuição dos marmanjos, de preferência dos marmanjos competentes, coisa rara nesse time do Grêmio.

No jogo desta noite, o Grêmio escapou de perder. As situações mais nítidas de gol foram do Juventude, inclusive a última, aquela no finalzinho em que Grohe defendeu, o atacante pegou o rebote e a bola passou quase sobre a risca do gol e saiu, caprichosamente como diziam os locutores antigamente, deslizando até a outra extremidade do campo.

O aspecto positivo da atuação gremista foi que o time encurralou o adversário em seu campo defensivo durante todo o segundo tempo. Giuliano entrou bem, apesar do longo tempo parado, mostrando que um toque de qualidade e de experiência fazem a diferença.

Apesar do maior volume de jogo, maior tempo de posse de bola, faltou ao time aquilo que qualquer torcedor gremista já está cansado de ver: falta de qualidade ofensiva, de objetividade, de criatividade.

Para piorar, domingo tem Gre-Nal. Como admitiu o Felipão, não é um bom momento para Gre-Nal.

Grenalizando reforços e o gremismo de Felipão

Levei um susto quando li a manchete: Gre-Nal por Lisandro López.

Está aí um jogo jogado, pensei. Mesmo que o Grêmio tivesse manifestado interesse nesse argentino – não há no texto nenhuma declaração tricolor nesse sentido -, a vitória no ‘clássico’ seria do Inter, o novo milionário do futebol brasileiro. Nenhum clube no país gastou tanto com jogadores como o Inter neste início de temporada. Seria a disputa do suposto primo rico com o comprovado primo pobre.

A manchete estrondosa da manhã virou jornal de ontem já por volta do meio-dia, quando o Inter confirmou a vinda do atacante que estava no Catar. Pronto, só falta o jornal noticiar agora que Inter venceu o primeiro Gre-Nal do ano.

Não duvido que a manchete sobre o ‘Gre-Nal por Lisandro’ tenha contribuído para o negócio, fazendo a alegria do empresário Gustavo Arribas, citado na reportagem.

Sei pouco sobre esse jogador. Sei que nunca vestiu a camisa da seleção argentina, o que é um mau sinal. Ele tem 1m74. Atacante com essa altura deve ser aquele tipo de joga pelos lados do campo, ou pelas ‘beiradas’ como ensina o professor Carvalho em sua escolinha. Se preferirem, pode ser também um atacante que atua pelas franjas do gramado. Goleador baixinho dentro da área só mesmo um Romário.

Pelo que pesquisei rapidamente, Lisandro López não é grande coisa. Não percebo colorados entusiasmados. Mas vejo gremistas festejando a ‘derrota’ nesse Gre-Nal.

Por enquanto, feliz mesmo só o empresário do negócio.

FELIPÃO

Escrevi no post anterior que acredito em Felipão. Reforço: acredito no profissional. Sei que trabalha sério, ou seja, não faz o jogo de empresários e procuradores.

Fora isso, tem sido parceiro da direção nesse processo de depuração do clube.

Hoje, coloco a honestidade até acima da competência. Não suporto treinador que escala, contrata ou afasta jogador sem a devida transparência, deixando suspeitas no ar.

Acredito em Felipão também porque poucos profissionais poderiam levar adiante um projeto como esse do Grêmio.

Poucos aceitariam o risco (grande) de fracassar numa política radical de contenção de custos tendo ainda a obrigação de buscar títulos, porque o torcedor gremistas não aguenta mais sonhar e perder.

Acredito em Felipão também porque não o considero ultrapassado. Aliás, nem sei bem o que é ser ultrapassado e atualizado no futebol.

Não consigo ver losangos invertidos, esquema diamante, assim como não consigo perceber nos vinhos ‘traços de ameixa silvestre da Patagônia com notas de chocolate belga com um leve toque de café jamaicano’.

Pura limitação ou ignorância minha, imagino. Invejo aqueles que têm o dom de constatar essas coisas, despejando teses que os fatos logo adiante tratam de desmoralizar.

Acredito, isto sim, em técnico motivado, experiente e capaz de tirar o máximo de seus jogadores, aproveitando suas potencialidades e suas melhores qualidades. E a partir daí definindo esquemas e estratégias.

Então, fico pensando no Felipão. E quanto mais eu penso, mais confio nele.

Afinal, como não acreditar e respeitar um sujeito que encarou esse desafio meses após ver seu prestígio desabar na Copa do Mundo?

Acredito no Felipão por sua história, suas conquistas, sua competência, sua seriedade e, por que não?, por seu gremismo.

Só um cara muito gremistas entraria nessa.

Eu acredito no Felipão

O abraço dos jogadores em Felipão na comemoração do gol de Erazo – finalmente um gol de cabeça de zagueiro em cobrança de escanteio, por Douglas, diga-se – foi acima de tudo um sinal de que o treinador continua com o apoio da rapaziada, um apoio que não recebe de muitos torcedores pelas mais diversas razões, uma é a de que ‘está superado’.

Não vou entrar no mérito do que pensam aqueles que não gostam de Felipão – entre eles, o Pedro Ernesto pela forma como se refere ao técnico gremista -, mas penso que muitos que o criticam esperam dele milagres como transformar um time em formação, com dinheiro escasso, em vitorioso num piscar de olhos, só porque esse pessoal veste o manto tricolor.

Acreditem, passou o tempo em que Grêmio e/ou Inter largavam na frente só pelo nome, pela tradição. Hoje, há que se lutar, e muito, contra qualquer adversário. Essa história de que a vitória vem ao natural já passou faz tempo.

Diante do que está posto, Felipão faz um bom trabalho. Acima de tudo um trabalho honesto, transparente.

Criticam o treinador por escalar Matias Rodriguez. Será que ele não faz isso para colocar esse ‘talento’ descoberto por Rui Costa na vitrine? Já pensaram nessa possibilidade?

Acontecem coisas nos bastidores que muitas vezes a gente não fica sabendo, e aí, em caso de resultados ruins, é pau no treinador.

Bem, eu acredito em Felipão. Até porque se não for ele será outro. Por exemplo, Celso Roth. Quem sabe Mano Menezes? Sem comentários.

Fora isso, não considero esse time uma desgraceira como apontam os resultados recentemente obtidos.

Em termos individuais, vejo que o time tem goleiro, zaga e lateral-esquerdo. Esse Júnior joga muito e vai jogar muito mais. Escalado por quem? Não precisam responder.

A lateral direita ainda é um problema. Gallardo precisa render mais. Hoje cometeu um ou outro erro infantil.

No meio de campo – podem me apedrejar! -, gosto desse Marcelo Oliveira. Eclético, vibrante, dedicado e também com boa técnica. Gosto também de Felipe Bastos, que foi muito bem nessa vitória por 2 a 0 sobre o Passo Fundo. Só acho que falta um volante mais pegador, mais mordedor, que guarde mais a posição. Hoje, eu escalaria Wallace como primeiro volante, dando mais liberdade para Felipe e Marcelo.

A partir daí tudo fica mais complicado. Douglas foi muito bem, talvez por que estivesse de ‘aniversário’ nos dois sentidos. Deu umas entregadinhas, mas meteu algumas bolas preciosas. Aí faltou qualidade ofensiva. Everaldo é muito combativo e interessado, mas é preciso mais para ser titular do Grêmio.

Esse guri, Pedro Rocha, com nome de craque, mostrou que pode ser solução. É outro jovem da base. Marcou seu gol em passe de Everaldo.

O desafio maior de Felipão é encontrar a melhor formação do meio para a frente, o que ele só irá conseguir fazendo experiências, testando, observando, tudo isso com o som de cornetas ao fundo e muito ranger de dentes, o que é natural e faz parte.

Bom seria se Felipão pudesse, por exemplo, contratar um Cristiano Ronaldo, aliás, lançado por ele na seleção portuguesa.

Hoje, eu diria que a prioridade em termos de reforços é um camisa 9. E aí é preciso fazer uma pausa na política de austeridade e ir às compras.

Sofrimento à distância

Retornando da folga – estava tão desligado que só fiquei sabendo da anunciada derrota do Inter na Bolívia no meio da manhã de quarta-feira de cinzas, publico o comentário que recebi faz dois dias do Gustavo, a quem entrego as chaves do boteco pelo menos até o jogo contra o Passo Fundo, esta noite. Gustavo Medeiros é analista de negócios em TI e que mora em Colonia, na Alemanha.

De longe, ele acompanha o Grêmio, porque não há distância que consiga afastar um gremista do seu clube. De minha parte bem que tentei esse afastamento, mas o RW não me deixou. Através do cornetadorw.blogspot.com.br acompanhei tudo o que se passou por aqui nesses dias carnavalescos. Bem, com vocês o Gustavo:

Me expulsei

Talvez por morar do outro lado do Atlântico, onde notícias do Grêmio são raras, seja fácil, para mim, “desligar” do Grêmio.
Não escuto corneta de ninguém na rua. Quando divido o elevador com algum vizinho, mesmo estando com a camisa do Grêmio, o máximo que nos comunicamos é alguma bobagem relacionada com o tempo. Mesmo na rua, quando alguém reconhece a camisa, normalmente sou lembrado pelo clube que revelou Ronaldinho. Ultimamente tenho evitado sair com a camisa do Grêmio, por dois motivos, o frio, obviamente, e a corneta, ai sim, sobre o 1 x 7 para a Alemanha. Se eles soubessem que o técnico do meu time foi o técnico do Brasil nessa Copa…
Meu filho está com 11 meses, e ensaiando os primeiro passos. Lá estou eu, segurando ele pela casa, ajudando para que aprenda a caminhar. Cai, bate a cabeça, a perna as vezes dá uma falseada, fica sem força e lá vai ele para o chão. As vezes chora, mas na maioria das vezes está dando risada e feliz, porque está aprendendo algo novo, e sente a confiança do pai junto a ele. Em nenhum momento, por mais que ele tenha dificuldade em aprender, pensei em abandonar o campo, deixar ele por si só. Sei que ele precisa de mim.
Não, isso não é uma analogia barata com o abandono de campo do Felipão.
Imagina aquele garoto, alçado a titular para um time de enorme prestígio e torcida, no mundo inteiro, jogando seu quinto jogo, ou menos, profissionalmente, perdendo em casa, para um time inferior tecnicamente, nos últimos minutos, buscando de qualquer maneira o empate. Falta ou escanteio para o Grêmio, o guri vê nessa oportunidade em empatar o jogo, afinal, estamos falando do Grêmio, o time que não desiste, ou não desistia nunca, o guerreiro, aquele que podíamos esperar algo até que o juiz apite o fim do jogo. Então, esse guri, com tudo isso na cabeça, vê que pode ser a oportunidade para ele, olha para o banco de reserva, buscando uma última orientação, onde se posicionar, quem bate? O que ele vê é um banco vazio, seu técnico resolveu sair antes, deixou ele por si só.
Tenho profunda admiração pelo o que o Felipão fez para o Grêmio, em um passado não tão distante, como também tenho essa admiração pelo Dr. Fábio Koff. Porém o futebol mudou mundo daqueles tempos para cá. Muito mesmo. Não se faz mais um time campeão juntando meia dúzias de “refugos” de outros times e mesclando com meia dúzia de jovens promissores.
O Grêmio que o diga, sai ano e entra ano, e parece que vamos encontrar um novo Dinho, um novo Jardel, um novo Paulo Nunes, um Adílson, um veterano Mauro Galvão. Que vamos contratar 3 estrangeiros, e será um dos maiores laterais direitos da história do clube, que outro paraguaio, vai tomar conta da zaga. E por ai vai.
Não, esse mundo não existe mais. Precisamos olhar para a frente.

O guri daltônico e o fundo do poço

Nesses poucos dias de folga que tirei para fugir do carnaval e dos problemas do cotidiano pouco acessei a internet.

Nem tanto pela minha vontade, mas principalmente porque não é fácil conseguir conexão aqui onde estou e também porque destesto escrever no teclado pequeno do lépitópi.

É bom fugir da realidade de vez em quando. O problema é que a realidade sempre nos alcança.

Foi assim quando inventei de abrir um site de notícias, antes não o tivesse feito. A manchete era a morte de Carlos Urbim.

Grande jornalista, escritor renomado de livros infantis, ex-patrono da Feira do Livro, um colega de longo tempo na rádio da Universidade. Um amigo.

Ficávamos longo tempo sem nos ver, mas nos últimos dias nos esbarramos umas quatro vezes, no supermercado ou no restaurante a quilo da nossa zona.

Conversávamos rapidamente. Na semana passada, em nosso último encontro ele falou com orgulho dos dois filhos, um trabalhando na produção de filmes e outro no jornal O Globo.

Seus olhos brilhavam de emoção. Urbim era assim, todo emoção e amor ao próximo. Um cara com muita luz.

Enquanto ele falava lembrei-me de uma entrevista dele, 20 anos atrás, na qual ele dizia que seu maior sonho era viver até ver seus filhos formados, encaminhados na vida.

O sonho dele era também o meu, o sonho de todos os pais.

Urbim desencarnou aos 67 anos. Não tenho nenhuma dúvida que partiu tranquilo, com a certeza do dever cumprido.

Paz, ‘guri daltônico’.

FUNDO DO POÇO

A segunda vez que abri um site de notícias foi no final da tarde deste sábado. A realidade desabou sobre minha cabeça já sem os cabelos de outros tempos.

O Grêmio se esmerou, se esforçou, caprichou tanto que conseguiu perder de novo dentro de sua casa, a Arena monumental, agora para um time do tamanho do Veranópolis é vergonhoso demais.

Não tem desculpa. Ainda mais que o time pouco fez para conseguir algo melhor que essa derrota por 1 a 0.

Eu sei que o clube vive talvez a maior crise financeira de sua história, e garanto que a situação está feia, mais feia que o temporal que caiu aqui no litoral catarinense ontem à noite.

Agora, algo precisa ser feito.

Pela lei das probabilidades, dois ou três desses guris que estão sendo lançados darão uma resposta satisfatória. A maior parte vai direto do junior para o veterano. Sempre foi assim, e não vai mudar só porque o Grêmio quer.

Então, a solução é investir em dois ou três jogadores de bom nível e preço razoável. O diretor de futebol está lá para descobrir onde estão esses jogadores. Um camisa 9 de respeito é fundamental.

O fundo do poço é logo ali.

Dupla Gre-Nal não está pronta para seus desafios

O que aconteceu na quarta rodada do Gauchão mostrou que nem Grêmio nem Inter estão preparados para os seus desafios neste início de ano.

O Grêmio que busca um título regional para quebrar a hegemonia do rival, e o Inter que gasta o que tem e o que não tem para conquistar a Libertadores.

O Grêmio fez isso faz dois anos e hoje está aí empenhado a quitar dívidas que se avolumaram com o efeito Arena e contratações desastrosas, a começar por um contrato de dois anos com um técnico que a direção teve de engolir.

Os erros do passados seguem pautando o presente e o futuro do Grêmio. O pior é que ‘eles’ não aprendem.

Vejam o caso do Inter, que repete o Grêmio, gasta demais na esperança de um título. Os dirigentes esquecem que futebol é um jogo, não uma jogatina. Há que se ter parcimônia nos gastos, planejamento, administração eficiente para reduzir esse lado aleatório do processo que são os incidentes de campo, como a bola que bate na trave e não entra, o pênalti desperdiçado, o gol em impedimento e que o juiz validou para o adversário.

O Grêmio está tentando arrumar a casa, mas faz isso só porque não tem dinheiro, pelo contrário, tem dívidas, e dívidas de curto prazo. Se estivesse comendo frango e arrotando peru como faz o Inter, estaria inflando sua dívida na ânsia de um título.

A proposta do Grêmio é a mais adequada para o momento de cofres raspados e credores batendo à porta.

A solução é apostar na gurizada sob a orientação de um treinador de peso, quase incontestável. Outro técnico, de menor expressão, já estaria sendo massacrado. Felipão tem salvo-conduto, mas não para sempre.

O próprio projeto da direção pode sofrer mudanças se os resultados não aparecerem logo. Duas derrotas no Gauchão em quatro jogos é uma campanha medíocre, assustadora. Mesmo considerando que o Brasil tem uma equipe competitiva e entrosada.

Agora, continuo acreditando que o trabalho a ser feito é esse mesmo, que é preciso investir nos jovens. Mas também é preciso cuidado e ir qualificando o time assim que possível. Desde que esse possível seja logo.

O futebol não tem paciência. Ao contrário, tem pressa.

GROHE

Tenho lido críticas a Marcelo Grohe. Um baita goleiro. Cansou de carregar o time nas costas.

Não sei por que, mas me lembrei do Victor.

Assim como tem pressa, o futebol também sabe ser injusto.

Mas é assim mesmo, estamos sempre buscando culpado ou culpados.

ATENÇÃO

Vou me afastar por uns dias. Por isso, talvez não escreva nada sobre os jogos do fim de semana.

Quem quiser mandar um texto, por favor, fique à vontade: ilgowink@gmail.com

Com a gurizada, Grêmio começa a tomar forma

Com uma atuação espetacular, o Grêmio conseguiu bater o Avenida em pleno estádio dos Eucaliptos, por 3 a 1, recuperando-se plenamente do acidente de percurso que foi a derrota para o Aimoré, no meio da semana.

Tirando o exagero grosseiro, que nem o mais gremista dos gremistas cometeria, vi alguns avanços no time neste domingo em Santa Cruz do Sul. Considerando-se que é um time em formação e, pelo jeito, em ritmo de ‘quem sair por último apaga a luz’, é preciso exercer a tolerância e a benevolência, sob pena de cair em desespero e já começar a enxergar um certo fantasma que se insinua no segundo semestre de cada ano.

Diante disso, declaro que o Grêmio já tem uma defesa definida em nomes. Tem um baita goleiro e um baita zagueiro, Rodolpho. Tem o Geromel, que é muito bom, e o Erazo, este ainda a ser melhor observado.

O que é mais importante no momento é a questão das laterais, porque o Grêmio ‘perdeu’ os dois titulares. Ficou a expectativa. Penso que é unanimidade, neste momento, que Júnior é o cara da lateral-esquerda. Está aí um jogador de futuro brilhante.

Resta a direita. Pois quero declarar que o Gallardo é melhor que o Pará. E isso já é muito bom. Somando e diminuindo qualidades e defeitos de cada, fico com o Gallardo. Minha primeira impressão sobre ele, que se trata de um bom cruzador de bola, foi confirmada. Ele tem o cruzamento com ‘efeito procurante’. O segundo gol foi assim, ele cruzou na medida para Marcelo Moreno, à meia altura, o zagueiro, acossado, mandou pra dentro, até porque esse tipo de bola vem com efeito, o tal ‘efeito procurante’ (quem não sabe o que é que consulte o Maurício Saraiva.

No meio de campo, ainda muitas indefinições, mas há jogadores jovens em condições de titularidade sem qualquer dúvida. Sem contar que o Giuliano um dia, imagino eu, poderá voltar a jogar futebol sem nenhuma desculpa de problema físico a atormentá-lo.

Ao contrário de muita gente, gosto do Marcelo Oliveira, é um jogador útil pela versatilidade. No segundo tempo de hoje ele foi muito bem. Felipe Bastos é que outro que conta com a minha simpatia. Marca e arma, sem ser um primor nas duas funções, mas é eficiente. Antes que alguma trombeta soe no meu aparelho auditivo, lembro que o gol contra começou com uma metida de bola do FB para o Gallardo.

O terceiro gol, este de Marcelo Moreno mesmo, foi obra de um cruzamento. Não sei de quem. Moreno saltou mais alto e mandou para a rede. Tenho sérias dúvidas se Barcos faria esse gol, perdoem-me as viúvas. Com a venda de Barcos, o ideal seria manter Moreno, até porque seus substitutos atuais são insuficientes. Perder Moreno agora seria temerário, mas também não é nada que não possa ser resolvido em curto prazo, talvez até com custo/benefício melhor.

Mais uma vez gostei de Lincoln e Éverton. E de Luan, que para mim já é uma afirmação. Sua expulsão foi um exagero do árbitro.

Então, o meu time, hoje, seria com dois volantes. Pode ser até a dupla que jogou hoje.

Uma linha de três: Luan, Éverton e Lincoln. Douglas no banco. Na frente, Moreno. Lucas Coelho seria o reserva imediato.

Ah, Moreno entrou no jogo como quem faz um apelo: ‘Eu quero ficar’.

O Grêmio está tomando forma. É preciso ter paciência, tolerância e, principalmente, vitórias pra dar moral à gurizada.

CELSO ROTH VEM AÍ?

O presidente Vitório Piffero, que pra inocente e ingênuo não serve, sabe o que está fazendo quando questiona publicamente o técnico Diego Aguirre.

O dirigente, com forte resquício de cartola neste começo de gestão, cobra mais gente pra marcar do que pra atacar.

Fico me perguntando: ele não sabia que tipo de treinador não estava contratando? Não conversou com ele para saber de suas ideias? Não observou suas equipes?

O mínimo que se exige de uma direção é que saiba escolher os profissionais a partir de suas convicções sobre futebol.

Esse Aguirre ‘ofensivista’ está em processo de fritura.

Estão asfaltando o caminho para a volta de Celso Roth, um defensivista de carteirinha, como o presidente oculto – ou nem tanto – Fernando Carvalho.

Rodada inquietante para gremistas e colorados

Quem espera bom futebol e vitórias ao natural desse time do Grêmio, só porque é o Grêmio, deve estar muito irritado com a derrota no estádio Cristo Rei.

Realmente, o Grêmio jogou um futebolzinho deprimente, principalmente, de novo, porque cria pouco e conclui menos ainda.

Como agravante, apresentou problemas defensivos. O primeiro gol foi consequência do Aimoré aconteceu num clarão aberto pelo lado esquerdo da defesa, contando com a sorte do atacante, já que a bola desviou em Rodolpho e enganou Marcelo Grohe. O segundo gol foi outro lance em que a defesa vacilou, deu espaço e o atacante ficou à vontade para chutar. Grohe, que saltou atrasado, não conseguiu evitar o gol.

O Aimoré não fez muito mais do que isso ao longo do jogo. O problema é que o Grêmio fez até menos. E isso é inaceitável até para um time em formação.

È verdade que o Grêmio teve muito mais posse de bola, mas também é verdade que raramente soube o que fazer com ela, a bola.

Mérito também para o Aimoré, que beneficiado com a vantagem logo no começo, soube se defender, fechando espaços e marcando forte.

Enfim, quem muito espera desse Grêmio está agora muito revoltado.

Não é o meu caso. Não estou revoltado, nem irritado. Conformado é a palavra mais adequada para definir o que sinto agora, porque não espero grandes atuações desse time de jogadores médios e jovens em busca de afirmação. O que eu espero agora é pelo menos muita entrega, muita raça, e isso eu vi, especialmente a partir da entrada de Lincoln, que deu outra cara ao time, a cara de um time vibrante e inconformado com a derrota.

Fora isso, além de conformado, sinto-me esperançoso. Acredito nessa gurizada. Júnior, por exemplo, entrou muito bem na esquerda.

Agora, é preciso paciência. Ser tolerante com os jovens, porque se eles não derem certo, será a hora da preocupação. Primeiro passo para o desespero.

INTER

Se o gremista está nervoso, inquieto, os colorados não estão muito diferentes.

A ‘máquina’ montada no Beira-Rio mostra fragilidades imperdoáveis. Um time tão festejado não pode ceder empate dentro de sua própria casa após fazer 3 a 0.

Se o empate foi buscado por um time modesto como o São José, então, é porque há muito que melhorar.

E a Libertadores está logo ali adiante.

Rodada para inquietar gremistas e colorados.