O Gremistão Constrangido e o viagra uruguaio

Depois que o colunista Zini, de ZH, decretou que a família Rodriguez não dá certo no Grêmio e que Braian Rodriguez não joga nada. Ele não é e nunca foi goleador, escreveu. Realmente, a trajetória do uruguaio não é lá essas coisas, mas há vários exemplos de jogadores que chegam aqui sem maiores referências e acabam dando resposta muito positiva.

Há casos de outros, afamados e festejados, que acabam fracassando. É o caso de Forlan, saudado efusivamente pelo Zini, e por quase todos nós, diga-se.

Mas, falando em uruguaios, uma historinha de outro produto de exportação do Uruguai para aliviar o clima de tensão que paira sobre todo o país e que tende a aumentar na medida em que se aproxima o jogo contra o Emelec e, principalmente, o 15 de março.

Um velho amigo, que vou chamar aqui de Gremistão Constrangido, é muito tímido para certas coisas. Por exemplo, comprar camisinha na farmácia.

Procura sempre comprar um ou outro produto, mesmo sem necessidade, para misturar com o preservativo, acreditando que assim chama menos atenção.

Ah, e só vai ao balcão quando os outros clientes já foram atendidos.

Pior é quando ele viaja para o Uruguai.Sempre tem os amigos que pedem remédios para disfunção eréctil “para os amigos”

Os amigos dos amigos, claro,’não precisam’, mas sempre que o Gremistão Constrangido viaja para sua terra, Livramento, fazem pedidos de toneladas de genéricos do Viagra e do Cialis, que no Uruguai custam muito barato.

Todos dizem a mesma coisa, com ar sério, como se tivessem combinado: “É para uns amigos lá do trabalho”.

‘É para o meu irmão que está stressado”.

“Um tio do meu cunhado tá precisando”

Sacana, com um sorriso matreiro, ele pergunta para provocar: “E os ‘amigos’ não querem também um vinhozinho chileno?” A resposta é sempre não.

O Gremistão Constrangido se diverte. Semana passada foi lá ele de novo.

Chegou na farmácia de sempre em Rivera na esperança de que estivesse vazia. Não queria passar por contrabandista ou tarado sexual.

A farmácia estava cheia. Mulheres, idosos, crianças, todos uruguaios. Havia apenas um homem atendendo. Ele sempre buscava um atendente masculino.

Dava um jeito daqui outro dali, mas não escapou.

– Ola, o senhor que vai querer? – perguntou-lhe uma sorridente uruguaia.

– Ah, sim, umas encomendas para uns amigos .

E acrescentou quase sussurrando:

– Similares do viagra e do cialis.

– Plenovit e Talis – disse a jovem atendente em tom normal, mas que para o meu amigo parecia ter saído de um serviço de alto-falante de quermesse.

O Gremistão Constrangido sentiu todos os olhares voltados para ele. Manteve a cabeça baixa, ajeitou o boné que ele só usa nessas ocasiões, e murmurou:

– É isso mesmo, 15 caixas do Plenovit e 10 caixas do Talis. Ah, pode ser mais cinco do viagra mastigável. Sabe como é, tenho muitos amigos…

A uruguaia simpática arregalou os olhos e correu para buscar os medicamentos.

Na volta dela, conferiu os preços, muito mais baixos que no Brasil.

– Por que o Talis é tão mais caro que o Plenovit? -, perguntou baixinho.

Foi um erro. A atendente  pegou uma embalagem de cada, ergueu-as e gritou para o colega, que estava na outra ponta do balcão:

– Brunooo, o brasileiro quer saber por que o Talis é mais caro.

O Gremistão Constrangido quis por momentos ser invisível. Sentia-se num palco com holofotes sobre ele.

O uruguaio respondeu, abrindo um sorriso safado:

– Com o Plenovit o homem vai para um caçada dar um tiro… Com o Talis ele vai para um pescaria buscar vários peixes…