A caixinha de surpresas

O futebol é tão imprevisível, e é isso que o torna tão fascinante, que um time que tem Pará, Léo Gago e Barcos e que vem de uma sequência de resultados e atuações horríveis, pode ir a Buenos Aires e vencer o time do Papa, o San Lorenzo.

É difícil? Claro. Impossível? Não.

Quem olhar para o passado já viu equipes piores levantando troféus. Mesmo as equipes de grandes títulos, e não me refiro apenas ao Grêmio, tinham seus Parás, seus Barcos. As vitórias acabaram encobrindo fraquezas e defeitos dos campeões. Hoje, todos festejados.

Vai chegar o dia em que até o Gabiru receberá honrarias emocionadas e sinceras.

Alguém duvida que o Grêmio possa ser campeão da Libertadores com Pará e com Barcos, o centroavante que cabeceia mal, chuta pior, raramente se antecipa ao zagueiro em cruzamento e que consegue sempre se colocar onde a bola cruzada não irá?

Quem duvida racionaliza demais. Eu duvido, mas ao mesmo tempo acredito em milagre. Não vejo nada impossível no futebol.

Então, olhando assim para esse time que o Grêmio manda a campo dá vontade de fazer qualquer outra coisa nesta quarta-feira, às 22h, do que ficar diante da TV assistindo ao jogo contra o San Lorenzo.

E se pensar que à beira do campo estará um técnico que exala passividade e conformismo, o que parece refletir na equipe por vezes, a esperança de um resultado positivo se torna ainda menor.

Agora, se olharmos para o adversário, é possível abrir um sorriso. O San Lorenzo está longe de ser uma equipe temível, imagem que setores da imprensa buscam transmitir.

Aliás, isso foi feito também em relação aos três adversários da fase anterior. Eram todos times fortes, difíceis de serem batidos. Houve quem projetasse o Grêmio na lanterna desse grupo, apelidado pelos apressados e mensageiros do apocalipse como da ‘morte’.

O Grêmio, que está longe de ser uma potência como se viu no último Gre-Nal, passou pela fase sofrendo apenas um gol.

Para um time que teve esse desempenho diante de adversários do porte do San Lorenzo, sair de campo em Buenos Aires sem sofrer gol ou no máximo levar no máximo um não tem nada de espetacular. Apesar dos desfalques.

E quem tem Luan de volta pode fazer ao menos um golzinho.

Alguém duvida? Eu não. Só maluco e derrotista acredita em derrota por antecipação no futebol.

Afinal, o futebol é ou não é uma ‘caixinha de surpresas’?

Luan é a última esperança

E pensar que Rodriguinho é o grande reforço do Grêmio para a segunda fase da Libertadores…

Enquanto isso, Barcos continua navegando tranquilo, sem sequer uma marola para perturbar sua titularidade.

Já escrevi e vou repetir: o barco está afundando e os culpados são os dirigentes, começando pelo presidente multicampeão, o Fábio Koff. O presidente entregou a chave do vestiário para dois noviços, que hoje, pelo jeito, a dividem com o capitão Barcos.

Aliás, quem é Barcos para ser capitão do time? Será que é porque ele aproveita entrevista coletiva para escancarar crise financeira do clube? É um prêmio?

O Grêmio fracassou de novo. Perdeu um jogo no qual o adversário estava pedindo para ser abatido.

Não, não culpo o técnico Enderson Moreira, que já errou tudo o que podia errar nos dois grenais. Tudo mais agora é consequencia.

Agora, não entendo também as críticas feitas às substituições, em especial a do Bressan por Rodriguinho. Ele recuou Edinho, que marca e tem uma saída de bola um pouco mais qualificada que a do Bressan, um zagueiro rebatedor e de imposição.

Até aí, perfeito. Depois, trocou Breno, que começava a tropeçar na bola, por Gago, – eu não disse que aos poucos ele entraria no time? – e ainda Pará por Everton. Uma tentativa válida para quem estava perdendo.

Então, o Grêmio não perdeu pelas substituições, perdeu pela falta de qualidade mesmo. Simples assim, para usar uma expressão já bastante batida. Simples assim.

O Grêmio teve algumas chances de empatar. As duas melhores com Riveros. Aquilo que digo sobre Edinho, de que se ele começar a aparecer muito no jogo com a bola nos pés e ainda mais na área adversária, é hora de colocar alguém mais qualificado para exercutar função ofensiva.

Se é para Riveros jogar como meia ataque, então que se coloque um meia atacante no lugar dele. Aí sim o Enderson errou. Mas isso é um pensamento meu, uma questão que não vi ninguém levantar. Posso estar errado. Ele poderia ter colocado o Maxi Rodriguez, por exemplo, no intervalo e sacado o paraguaio, até para poupá-lo para quarta-feira.

O incensado Enderson Moreira da Libertadores virou Geni no Gauchão e agora neste início de Brasileirão.

É um prevalecimento criticar um profissional apenas quando ele perde. E se Riveros tivesse feito aquele gol em que ficou livre, ajeitou e chutou na arquibancada?

Li e ouvi que o Grêmio da Libertadores joga quase que por música, triangulações dos dois lados, ofensividade, alegria de jogar, ofensividade, tudo muito diferente daquela ‘coisa’ armada pelo técnico anterior, que não ouso dizer o nome para que não joguem os fedorentos ovos em conserva do boteco sobre mim.

Pois o Grêmio da Libertadores é igual a este, com uma diferença, tem o Luan.

E o Luan volta talvez ainda em tempo de salvar a cabeça de Enderson e cia.

E também a nossa esperança de um 2014 melhor.

INTER

O Inter venceu com facilidade, apesar do placar apertado. Não vi todo o jogo, mas pelo que assisti, o Inter poderia ter vencido com vantagem maior.

O Vitória está com um time fraquinho, assim como esse Atlético PR. Os dois vão ficar na ponta de baixo da tabela, sem dúvida.

A novidade no jogo é que D’Alessandro tentou apitar como faz no Gauchão e não conseguiu.

A arbitragem Acima do Mampituba é diferente, até ele reconheceu.

Entre os árbitros de lá, ele não tem amigos, nem protetores.

Terminou o jogo com um cartão amarelo, o primeiro de muitos.

San Lorenzo e o caminho das pedras

Tudo no futebol gera divergência, debates acirrados e infindáveis. É o que ocorre, por exemplo, quando se trata de um clube que disputa duas competições simultaneamente.

Há quem entenda que o clube deve disputar as duas com igual interesse e determinação; outros defendem que não, que a prioridade deve ser para a mais importante, colocando a outra em segundo plano; uma terceira opção vai pelo caminho do meio, o equilíbrio, e as condições do momento.

No caso do Grêmio, tem gente defendendo time completo contra o Atlético Paranaense neste domingo, estreia no Brasileirão. Uns argumentam que depois dos 4 a 1 no Gre-Nal, o Grêmio mostrou que a Libertadores não passa de um sonho, mais uma vez.

Portanto, seria preciso concentrar-se no Brasileirão, largando com um bom resultado. No fundo, esses receiam até que o Grêmio, do jeito que está, seja candidato ao rebaixamento, fantasma sempre presente depois de duas quedas absolutamente traumáticas.

Eu ainda acredito – mais pelo simples fato de que no futebol a gente sempre acredita – que é possível brigar pelo título. Como a hoje maioria dos gremistas, não vejo muita capacidade no técnico Enderson Moreira, que, além de não ter o tamanho do Grêmio, pelo jeito, a julgar por suas declarações mais recentes, desconhece a grandeza histórica do clube que o abrigou em hora inoportuna.

Sobre o jogo contra o Atlético, penso que Enderson deveria aproveitar para armar o time da forma como gosta, ou seja, sem os três volantes, preferido da direção, não dele.

Ele poderia escalar dois volantes, mais o Zé Roberto, que armaria pela esquerda e mais o Rodriguinho. Na frente, Dudu e Barcos.

Com isso, pouparia um volante – talvez o Riveros – para o jogo contra o San Lorenzo, que é o que realmente importa. O Brasileirão é longo e um eventual resultado negativo pode ser recuperado gradativamente.

Já o jogo de quarta-feira pode encaminhar o time ao título, ou sepultar de vez qualquer pretensão maior.

No momento, Enderson poupa apenas Rodolpho e Wendell. Werley não considero mais titular depois de suas últimas atuações. Então, o Grêmio vai praticamente com força máxima contra o Atlético.

Fosse o contrário, estaria levando uma saraivada de críticas.

Já o San Lorenzo vai preservar praticamente todo o seu time titular na rodada do argentino. Está certo o San Lorenzo. Não é por nada que os argentinos são os que mais comemoram títulos na Libertadores. Uns 20 se não me engano.

Eles sabem o caminho das pedras.

O Grêmio, ficou provado no Gauchão, não tem condições de encarar duas competições da mesma forma. Infelizmente.

INTER

Duas semanas atrás, o BRio recebeu jogo e festa em dois dias, total de 90 mil pessoas.

No fim de semana seguinte, não tinha condições de receber viva alma.

Agora, como num passe de mágica, o estádio foi liberado para estreia colorada no Brasileirão.

Quando se diz que neste terra o Inter consegue tudo o que quer há quem questione.

IMPRENSA

Para quem não acompanha, a ZH publicou no domingo passado texto dizendo que sua cobertura para a dupla era exatamente igual.

A afirmação provocou revolta entre gremistas. Curioso, não entre colorados, que silenciaram.

No link abaixo há o texto da ZH e a análise impecável de um gremista, retrucando o jornal.

http://blogremio.blogspot.com.br/2014/04/desculpas-esfarrapadas.html

A Arena e os caranguejos rubros

A Arena desperta fortes emoções. Se os gremistas sentem acima de tudo muito orgulho, há quem não consiga conter um dos piores sentimentos do homem, aliás muito frequente: a inveja.

Todos são invejosos. Uns mais outros menos. Por exemplo, eu invejo os torcedores do Barcelona, que têm Messi e Neymar.

Aqui no Rio Grande do Sul, que muitos consideram terra dos caranguejos de tanto que se puxa para baixo, pouca coisa causou e continua causando tanta inveja como a Arena do Grêmio. Eu faço questão de salientar ‘do Grêmio’ porque sei que isso machuca certo tipo de pessoa.

Aquele tipo de que diz Arena da OAS ou algo parecido, escancarando uma inveja que corrói, machuca, dilacera, e que ele só consegue amenizar encontrando defeitos e levantando problemas nesse que já é o novo cartão postal de Porto Alegre.

Esse tipo de gente está em todos os lugares. Nos bares, nas esquinas, nos escritórios, nas redações de jornal, e, pior, em órgãos públicos, onde, aliás, eles são mais perigosos. Ali, detrás de uma escrivaninha, muitas vezes mirando o Guaíba, esse pessoal, caranguejos invejosos da espécie rubra, parece viver em função da Arena do Grêmio. Uma turma que tem pesadelos com essa obra grandiosa.

Não há nada de mais importante a fazer. Tudo em paz na segurança pública, nos hospitais, nas escolas. Invasão de espaço público por entidades privadas são por eles ignoradas, dependendo da entidade privada.

Então, lupa na Arena. E isso não é de agora. Vem de mais tempo. Se dependesse dos invejosos a Arena não teria sido erguida. Agora que ela está aí, faça-se de tudo para torná-la inviável de alguma forma. É o entorno, o acesso. Já foi a polêmica sobre ter ou não cadeiras em determinado espaço. E tantas outras questões que foram superadas e outras que permanecem.

A questão mais recente é essa inacreditável de permitir o acesso ao espaço mais barato da Arena do Grêmio unicamente a quem for vinculado a uma torcida organizada. Então, se eu quiser assistir a um jogo daquele lugar preciso ser sócio de uma organizada, mesmo que já seja sócio do Grêmio.

Uma ideia absurda, acho que até inconstitucional.

Mas tudo isso indica o quanto a Arena – enfatizo – do Grêmio continua doendo, corroendo por dentro.

Como diz aquele letreiro de caminhão: A Inveja é uma Merda.

O problema é que a inveja é destrutiva, e por isso deve ser combatida fortemente.

Mazembe e a resposta de Enderson

Sem qualquer chance de o Inter se atravessar no caminho do Grêmio, aumentam consideravelmente as chances de título da Libertadores.

Otimismo nessa hora, dois dias depois de levar outra surra em Gre-Nal?

Otimismo, ainda mais partindo de mim? Não me reconheço mais. Nos últimos anos, mais de uma década, tem sido muito fácil acertar previsões sobre o Grêmio.

Há anos que acerto que esse ou aquele treinador não vai durar mais que alguns meses no cargo. Não erro uma. Quem duvidar é só olhar meus posts desde o último título nacional do Tricolor, sob o comando sério e competente do TITE, nome que venho clamando desde então.

Quer acertar algo em relação ao Grêmio, diga que vai ser um fracasso.

Isso é sinal de que o problema não está na superfície do time da hora, do técnico da hora, do dirigente da hora. É preciso mergulhar mais fundo. A deplorável frase de Odone publicada no Correio do Povo ajuda a explicar por que o Grêmio não acerta o passo: “O grupo da morte era grupo dos mortos”.

Então, de fracasso em fracasso vamos sobrevivendo, mas mantendo acesa a chama cada mais tênue da esperança. Porque, como já disse, o torcedor é antes de tudo um forte, um crente. Acredita sempre, mesmo quando tudo aponta para o contrário. Lembram como foi aquela decisão da Libertadores contra o Boca com o seu último grande time, enquanto o Grêmio dependia de talentos como o Tuta com seu maldito chiclé? Todos acreditavam num milagre no Olímpico, na imortalidade.

Então, é preciso acreditar. É mais fácil superar um San Lorenzo, com o Papa ou sem o Papa, e um Cruzeiro do que atropelar aquele Boca. Então, por que não acreditar?

Não precisam responder. Há vários motivos para não acreditar, começando pelo treinador, que se encaminha para ser unanimidade negativa. E pensar que muito fui criticado por questionar essa contratação.

Como apanhei! Confesso, gostaria de apanhar mais, como Cristo na cruz, com o Grêmio campeão e o Enderson apontando seu dedo de escriturário pra mim:

– Viu, você pode entender de cerveja, porque de futebol você não entende é nada.

QUESTÃO DE ORDEM para elogiar uma atitude de Enderson. Soube que quando foi demitido do Inter após ser eliminado pelo Cruzeiro no Gauchão, ele teve uma atitude sensacional, se é que a história é verdadeira mesmo. O Siegmann entrou no vestiário espumando e soltando fogo pelas ventas, gritando muito. Enderson, com a calma irritante que o caracteriza à beira do campo, teria respondido mais ou menos assim:

– Esse é o dirigente que perdeu pro Mazembe.

Foi demitido ali, na hora.

Ainda espero que esse Enderson da resposta mortífera, arrasadora, se revele e dê a volta por cima.

Afinal, ele não terá o Inter no caminho.

LUAN E ZÉ ROBERTO

Não tenho nenhuma dúvida de que os dois jogam contra o San Lorenzo.

Zé Roberto volta ao meio de campo, ao lado do trio de volantes.

Luan, se estiver bem mesmo, começa no lugar de Dudu, que retorna ao banco.

Será o time que começou a exitosa campanha na Libertadores.

É assim que eu penso que Enderson irá começar, e concordo com ele.

Acho que Bressan poderia formar dupla com Rodolpho.

RECORDE

O Boteco do Ilgo – que nem é mais meu, na verdade – bateu recorde de comentários. E comentários interessantes, o que me deixa muito contente. É bom saber que o boteco é visitado por gente inteligente, com ideias sobre futebol. As melhores, claro, são as que concordam comigo. Brincadeira. Seria uma chatice se não houvesse divergência.

Obrigado a todos.

O Grêmio precisa um técnico do seu tamanho

Estou sem vontade de escrever sobre o Gre-Nal. Violentei minha consciência e tentei passar otimismo e confiança. Deu no que deu.

Algum parceiro aqui do blog pode mandar um texto analisando o ‘passeio’ colorado no Centenário. Mande para meu e-mail que eu publico mais tarde.

Até escreveria, mas as entrevistas que ouvi depois dos 4 a 1 me fizeram mal.

Escrevi, como muitos, no tuíter, que é hora de buscar TITE, imitar o que o Inter fez trocando Fossati em meio a Libertadores.

Pode ser injustiça com Enderson, que vai bem na Libertadores.

Mas no futebol, como na vida, sem sempre a justiça prevalece.

Levar goleada é demais. São muitos os culpados. Já escrevi antes, o principal é a direção, que não contratou um centroavante para disputar posição com Barcos, e deixou o argentino tomar conta do vestiário.

E trouxe um treinador…

Bem, reproduzo um texto que cometi em dezembro passado, após a contratação de Enderson Moreira:

Se o Grêmio não tivesse uma Libertadores pela frente, eu entenderia a contratação de Enderson Moreira.

Se restasse ao Grêmio apenas o campeonato regional, eu entenderia a contratação do ex-treinador do Goiás.

Afinal de Gauchão, ele entende. Teve uma experiência breve, é verdade, e não das melhores.

Foi demitido do Inter B após eliminação para o Cruzeirinho, no verão de 2011.

A rigor, o Grêmio contratou um profissional que há dois anos era demitido do Inter B. Há dois anos.

Uma das coisas boas da vida é que ela nos reserva surpresas. Tudo pode acontecer. De bom e de ruim. É como uma montanha russa.

Logo em seguida, Enderson estava no Fluminense comandando o time numa Libertadores. Vejam só. Do Inter B para a Libertadores do Flu de Fred e Conca em questão de semanas.

No Flu, ele foi eliminado nas oitavas pelo Libertad. Venceu em casa por 3 a 1. Tinha tudo para classificar-se. Mas conseguiu levar 3 a 0 no jogo da volta.

Este, em rápidas palavras, é o treinador que o Grêmio traz para disputar a Libertadores.

Um técnico que iniciou no Ipatinga, há cinco ou seis anos. Uma ascensão rápida.

É óbvio que Enderson tem algum valor. Só o fato de fazer Walter jogar, e jogar bem, já o credencia.

Terá ele capacidade de fazer o esguio Barcos fazer gols como o balofo Walter?

Há uma semana, quando começou a aparecer com mais força o nome de Enderson para o lugar de Renato, alguém da imprensa afirmou que ele traria junto o Walter. Confesso que ri na hora.

Parei de rir hoje. Só espero que a informação esteja 100% completo e que Walter desembarque no Olímpico.

Ao menos isso. Poderemos ter, então, Walter e Barcos. O Gordo e o Magro.

E seja o que Deus quiser.

Agora, duvido que Deus irá querer a Libertadores para o Grêmio se o próprio Grêmio não parece determinado a fazer todo o possível pela Libertadores.

O Grêmio lutou tanto para conseguir essa vaga direta, tanto.

A Libertadores começa assim, com um jeito triste de ponto final.

Red Hot nunca mais

Li que a Cia andou torturando uns caras com um método extremamente cruel: rodar a mesma música por horas e dias. A música, sempre a mesma, era do Red Hot Chili Peppers.

Como a última banda – no meu tempo se dizia conjunto – que eu realmente curti foi os Beatles – está bem, tem os Bee Gees, Renato e seus Blue Caps, Fevers e mais uma ou outra que a maioria dos frequentadores do boteco nunca ouviu falar – fui atrás de uma música desse grupo, que eu conhecia apenas de nome.

Peguei no youtube uma música deles. Resultado, em um minuto em confessei que quando criança roubei uma barra de chocolate numa loja em Lajeado; que, sim, fui que soltei um passarinho da gaiola do vizinho também na infância.

No minuto seguinte, já estava confessando ser o mentor do assassinato de John Kennedy. Foi aí que eu desliguei o som com medo de confessar participação na morte do Bin Laden e sei lá mais o quê.

Agora, imagine ouvir horas e horas esse tipo de música, ou qualquer outra.

Aí, me ocorreu que esse tipo de procedimento poderia ser aplicado no Grêmio. Ainda há tempo.

Aproveitar a tarde de sábado e/ou a manhã de domingo para obrigar a comissão técnica e os jogadores do Grêmio a assistir aos 45 minutos finais do Gre-Nal que o Inter venceu por 2 a 1 na Arena.

Depois da quarta ou quinta sessão de tortura, todos saberiam que não podem cometer os erros primários que o time exibiu no jogo e que permitiu que o Inter deitasse a rolasse, quase sem reação do Grêmio.

Feito isso, o Grêmio estará pronto para vencer o jogo e quem sabe festejar o título.

Afinal, o que houve no segundo tempo não pode se repetir. E, não se repetindo, o Grêmio se credencia a vencer o Gre-Nal.

Respeito opiniões em contrário, mas o Inter não é melhor que o Grêmio. Mesmo um Grêmio sem Luan, que, aliás, no Gre-Nal foi um jogador comum.

Se o técnico Enderson Moreira sabe o que se passou nesses 45 minutos do segundo tempo, o Grêmio pode vencer e até conquistar o título gaúcho.

Com isso, o Grêmio estaria justificando a decisão do presidente Luigi, que poderá, então, dizer que estava certo ao transferir o jogo para Caxias, impedindo assim que o inimigo desse a volta olímpica no novo Beira-Rio.

Seria uma falácia, porque o Gre-Nal no BRio daria ainda mais vantagem ao Inter, uma vantagem que reduz bastante no Centenário.

Dito isso, vou curtir músicas do meu tempo. Red Hot nunca mais.

MEDO E SOBERBA

O Inter teve medo de jogar o Gre-Nal no Beira-Rio e ao mesmo tempo foi acometido de soberba por dispensar o apoio de 40 mil colorados na nova casa por considerar que o tetra já está garantido depois dos 2 a 1 na Arena.

Libertadores: caminho pedregoso e espinhoso

O Reche abriu o Cadeira Cativa, ontem à noite, na UlbraTV, fazendo uma série de projeções sobre possíveis adversários do Grêmio na próxima fase da Libertadores. Dependendo dos resultados da rodada, alguns jogos em andamento naquele instante – 20h -, poderia ser este ou aqueles outros. Eram umas cinco ou seis possibilidades, que se alternavam a cada gol que acontecia.

Até que interrompi as elucubrações do apresentador, porque já estava perdido naquele emaranhado, que mais confundia do que explicava.

– Reche, para simplificar, me responde, qual seria o adversário mais forte, mais perigoso, e que seria bom evitar neste momento?

– Ora, o San Lorenzo e o Lanús – respondeu ele.

– Então, não precisa mais fazer cálculos, Reche, porque será um dos dois, mais provavelmente o San Lorenzo, que eu considero mais forte que o Lanús.

– Mas por que isso? – devolveu o Reche, com os olhares do Fabiano Brasil e do João Garcia se voltando para mim.

Fiz uma pausa e respondi:

– Simplesmente porque para o Grêmio tudo sempre é mais difícil e complicado.

Eles riram. Coisa de gremista -, disseram, praticamente em coro.

Os resultados acabaram confirmando o que eu havia antecipado. San Lorenzo, o clube do Papa, torna o caminho rumo ao título pedregoso e espinhoso, adjetivos que usei no programa da UlbraTV e que repito agora, porque realmente o clube argentino, que nunca venceu uma Libertadores, vem com tudo.

Mas o pior vem logo em seguida: o Cruzeiro, que começa a crescer de novo. Existe uma chance de ser o Cerro Portenho, mas dentro da lógica já expressada, vai dar o mais difícil, claro, o clube mineiro.

Mas quem quer ser campeão e se julga preparado, não pode escolher adversário.

TORCIDA

Como se não bastassem as dificuldades dentro de campo, o Grêmio ainda precisa conviver com torcedores que conseguem prejudicar mais o clube do que qualquer colorado fanático.

NACIONAL

O Grêmio jogou para o gasto. O Nacional nunca foi um adversário tão temível, como apregoavam os secadores que falavam em Grupo da Morte, nem tão papinha, como proclamaram depois que o Grêmio foi lá em Montevidéu e venceu o time uruguaio, que de repente virou, para esses, uma desgraça de time.

O fato é que era um jogo tranquilo, ótimo para fazer experiências. O gol da vitória saiu cedo, com o bandeirinha sinalizando pênalti sobre Barcos, lance que o juiz estava deixando passar.

Com a vantagem, o Grêmio administrou e visivelmente seus jogadores tomavam cuidado nas divididas e não apertavam o ritmo.

No intervalo, o técnico Enderson Moreira fez o que eu imaginava e registrei aqui na ata do boteco: sacou Edinho e colocou um jogador ofensivo, o Jean Deretti.

O Grêmio passou a atacar mais e criou chances para ampliar, mas abriu um pouco seu setor defensivo. O Nacional chegou a levar algum perigo.

Deretti perdeu um gol de dentro da pequena área após bela jogada do Pará. É que ele foi pego no contra-pé. Depois, Deretti recebeu passe do Barcos, que jogou muito bem, e chutou por cima. O próprio Barcos teve chance de ampliar, mas por excesso de preciosismo perdeu o gol duas vezes.

Gostei do Lucas Coelho. Sei que alguém vai lembrar que ele chutou uma bola para a arquibancada. Mas é por esse lance que eu gostei do guri.

Ele recebeu pela esquerda, junto à grande área, cortou para dentro e livrou-se do marcador. Clareou a jogada, tinha tudo para fazer 2 a 0, mas o chute saiu muito alto.

O mesmo Lucas que teve serenidade e técnica para driblar, foi ansioso demais ao se deparar com a chance que o colocaria em outro patamar dentro do grupo. Coisa de guri inseguro que luta para se afirmar.

GRE-NAL

Se o Grêmio for campeão gaúcho e fizer a festa no Centenário, o presidente Luigi, que pensa que todo mundo é trouxa, poderá, então, dizer: viram como eu tinha razão em não querer jogar no Beira-Rio? A festa deles não aconteceu em nosso estádio novo.

Jogo em Caxias equilibra a decisão

Se o Inter se empenhasse como fez em 2012, quando o Beira-Rio podia ser comparado ao Coliseu, para realizar o Gre-Nal de domingo em sua casa, agora limpa e vistosa, não tenho qualquer dúvida de que saberia sensibilizar de novo os órgãos de segurança pública do Estado.

É fato que existem alguns problemas no estádio remodelado, mas nada que realmente impeça a realização de um jogo que contará com número muito pequeno de torcedores rivais, facilitando o trabalho do policiamento.

Se em agosto de 2012, dia 28, o Gre-Nal aconteceu em meio aos escombros, com lonas pretas cobrindo entulhos, por que mesmo não pode haver outro clássico no estádio que acabou de receber perto de 50 mil pessoas. A torcida do Grêmio chegou ao estádio escoltada pela BM e foi separada dos colorados com tapumes para ter acesso às arquibancadas, ou o que restava delas naquele momento. Se foi possível em 2012, por que não agora?

Não posso acreditar que o Inter teme que o Grêmio faça festa em sua nova casa. O Inter é mais do que favorito, é o virtual campeão gaúcho, tetra por sinal.

O Grêmio levou 2 a 1 na Arena, e poderia ter levado mais não fosse o goleiro Marcelo Grohe. É claro que o Grêmio pode reverter, mas é muito mais provável que o Inter aproveite a vantagem de jogar por empate e até por derrota por 1 a 0 e faça ele mesmo a festa no novo BRio.

Se a direção colorada realmente teme a derrota a ponta de transferir o jogo para Caxias – ou Erechim, proposta absurda feita durante à tarde e rechaçada pelo Grêmio -, é porque merece perder o título, que ficará mais ao alcance do Grêmio se o jogo for mesmo em Caxias do Sul.

Analisando friamente, o Gre-Nal em Caxias beneficia o Grêmio. Mas dez entre dez gremistas querem a decisão no Beira-Rio só pela esperança de poder dar a volta olímpica na casa remodelada do grande rival.

Hora de testar esquema com dois volantes

Há controvérsia nos debates esportivos sobre quem deve ser o substituto de Luan no jogo contra o Nacional, quinta-feira.

Surgem várias possibilidades: Deretti, Éverton, Alan Ruiz, Zé Roberto e Maxi Rodriguez.

Só o fato de ter tantas alternativas já é bom sinal.

Mas eu não vejo motivo para discussões. O substituto de Luan só pode ser um: Alan Ruiz.

Penso que o argentino é o que mais se aproxima de Luan. Como todos nós sabemos, Luan é um jogador diferenciado, que sabe reter a bola, esperar a movimentação dos colegas e dar o passe preciso. Além disso, tem drible, iniciativa e nenhum temor de arriscar e ser feliz.

Alan Ruiz pode fazer boa parte do que faz Luan. Sem contar que ele tem entrado mais vezes na equipe e está por merecer começar um jogo.

Jean Deretti e Éverton, pelo que vi até agora e não foi muito, são jogadores de drible e velocidade. O uruguaio Maxi é um ser indefinido, com características de articulador e de meia ofensivo. Tem muita técnica, mas parece faltar-lhe mais força e determinação.

Zé Roberto recém está voltando de lesão. Pode ser uma opção para o Gre-Nal, isto sim.

Fora isso, levanto outra questão: como o jogo é em casa, o Nacional vem desfalcado e quase sem motivação, talvez fosse o momento de escalar um time com dois volantes, deixando Edinho no banco.

Vocês vão ver: Edinho vai sobrar no jogo. Sobrar no sentido de ser desnecessário. Dentro de casa e contra um adversário que virou saco de pancadas no grupo, o técnico Enderson Moreira poderia jogar da forma como realmente gosta e como se viu no Goiás: mais ofensivo.

No entanto, desconfio que ele irá manter o esquema atual.

Se há uma coisa que a grande maioria dos técnicos não gosta é de arriscar.

Nessa hora eles sempre lembram: em time que está ganhando não se mexe, que nem sempre é verdadeira.