Festa no Ape e as 'punições'

Sandro Silva, que tem conceito de bom moço, meteu-se numa confusão no Ape do Pilar, um bar que fica ali na Fabrício Pilar quase esquina com Quintino. Zona nobre.

Pelo que vi no site, é um lugar agradável, frequentado por belas jovens. Não é um lugar bagaceira. Não tem histórico de baixaria.

Mas sempre tem uma primeira vez.

Sandro Silva teria discutido com alguns frequentadores. É claro, tinha mulher no meio, conforme relatos. Ouve troca de socos. Pelo se que se sabe, o jogador entrou em confronto com três ou quatro sujeitos – gremistas?- Levou a pior, apanhou bastante, sofreu um corte na perna e escoriações leves.

O intrigante na história é que ele estaria acompanhado de Gilberto e Moledo. Os dois colegas, mui amigos, não teriam se metido na briga.

Quer dizer, viram o companheiro apanhar e não fizeram nada? Muito estranho.

O resultado é que Sandro Silva desfalca o time na estreia no Brasileirão. Um desfalque importante. Por isso, entendo o tom de voz pesaroso de alguns radialistas esportivos diante do episódio.

O fato é que é mais um incidente extra-campo envolvendo jogadores colorados.

Agora, diferente de Jô e Jajá, não chega a ser um ato de indisciplina, mas de qualquer modo é algo que a direção colorada deve analisar, porque afinal de contas é um profissional do clube, que recebe até uma verba polpuda como direito de imagem.

Então, o jogador de futebol, principalmente de grande clube, precisa ter consciência de que é uma figura pública e que, portanto, deve ter muito cuidados com seus atos também fora de campo e do horário de trabalho.

PUNIÇÃO

A direção colorada, não tenho dúvida, gostaria de aplicar uma punição exemplar em Jô, que é reincidente. Os vizinhos do jogador – acho que toda a torcida colorada – gostariam que o Inter rompesse o contrato e ele fosse embora. Teriam mais sossego.

Mas não é tão simples assim. O jogador tem os seus direitos, e eles parece que são infinitos. Os clubes, hoje, praticamente estão reféns dos jogadores.

O jogador, bem orientado, pode obter a justiça do trabalho, a liberação do seu vínculo, como aconteceu com Oscar. Ele sai, joga aonde quiser, e o clube fica ali chupando o dedo. Depois de algum tempo, em segunda instância, se descobre que o jogador não tinha razão, e que ele precisa voltar, etc.

Para se ver livre de Jô, o Inter teria que indenizá-lo em mais de 5 milhões de reais, o que corresponde aos quase três anos que ele ainda tem de contrato.

Perguntinha inconveniente: quem é o responsável por um contrato tão longo com um jogador que dificilmente tem mercado na Europa?

Se conseguisse livrar-se do Jô, o Inter bancaria facilmente a manutenção de Sandro Silva.

Aí, o Inter aplica uma multa sobre o direito de imagem. Pelo menos é o que dizem, tenho minhas dúvidas sobre a veracidade disso.

Punir um jogador porque não ficou triste após a derrota para o Fluminense e saiu pra fazer festa? Ah, parece que havia uma ordem para ninguém deixar a concentração. Castigo?

Era uma ordem por escrito?, pode indagar um advogado do jogador.

Jajá teria sofrido a mesma multa.

Os dois agora treinam separadamente. Cuidado, o mesmo advogado pode alegar discriminação.

Não quero dar uma de Wianey Carlet no caso Oscar, praticando ilegalmente a advocacia, mas acredito que esse risco existe. Os jogadores hoje estão blindados, protegidos.

Isso talvez explique o cuidado do gerente Fernandão, hoje, ao falar sobre os dois jogadores ‘punidos’. Fernandão fez questão de frisar que Jô e Jajá treinariam em separado para aperfeiçoar a forma porque ‘estão parados há quase uma semana”. Uma clara tentativa de não caracterizar a tal discriminação.

Afora essas questões delicadas juridicamente, o Inter ainda precisa tratar Jô com, digamos, algum cuidado especial. Afinal, é jogador do mesmo empresário que facilitou a vinda de Oscar para o Beira-Rio.

A saída, portanto, é encontrar um clube para Jô, um clube que aceite pagar os quase 2oo mil reais mensais que o jogador recebe para jogar o que vem jogando e apresentar o que vem apresentando.

Ser dirigente de futebol tem suas vantagens, mas também tem seus problemas.

Facundo fora na reta final

O time do Grêmio já não me entusiasmava, ao contrário. Mas agora, com a lesão de Facundo Bertoglio, vejo que a situação ficou dramática.

Mais uma lesão muscular. De lesão muscular em lesão muscular o time vai se esfacelando e minhas esperanças virando pó.

Na verdade, o título da Copa do Brasil agora só virá por milagre.

A lesão de Facundo reafirma a minha tese: jogador ruim dificilmente se machuca, e quando se machuca volta logo, cheio de vontade e ruindade.

O argentino é o único meia atacante criativo, driblador e ousado que o Grêmio tem para escalar imediatamente. Gosto do Biteco, que talvez pudesse ser testado.

Sei que há quem não goste do Facundo, sei. Outros não vão entender essa importância que dou ao jogador. Mas não tenho dúvida de que a maioria dos torcedores está tão desalentada quanto eu neste momento.

Jogador para tocar a bola pro lado e trombar com zagueiros o Grêmio tem. Mas quem vai ousar o drible, a jogada em velocidade e deixar Marcelo Moreno em condições de concluir?

Mas, como disse o Luxemburgo há pouco, esse é o time que o Grêmio tem para ser campeão da Copa do Brasil.

Resta torcer por um empate com gols na Bahia, e deixar tudo com a torcida no Olímpico.

Alex e a 'não-festa' na Goethe

O Grêmio volta a investir em Alex, agora que terminou o campeonato turco. O Fenerbahçe perdeu o título no sábado no empate com o Galatasaray.

Foi o que coloquei no twitter ali pelas 19 horas. Muita repercussão. Alguns tuiteiros me perguntaram qual é a fonte. Ora, não posso revelar a fonte. Não atuo mais profissionalmente na imprensa, mas ainda sou jornalista.

Teve um gaiato que me provocou dizendo se ele chegaria com o Lugano, só porque tempos atrás postei que o Grêmio estava negociando para trazer o zagueiraço uruguaio. Não tenho culpa se os negócios não se concretizam.

Lembro que certa vez, repórter do Correio do Povo, publiquei que o Grêmio iria tentar a contratação de Edmundo. Foi logo após aquela tragédia no trânsito, que resultou em morte de pessoas inocentes.

Edmundo estava sem clima para continuar no Rio. Telefonei para o então presidente Fábio Koff para dar a ideia. Ele na mesma hora topou.

É claro que o CP deu a manchete, e a concorrência ficou alvoroçada. Foi no tempo em que dava muito furo, um atrás do outro, boa parte deles baseado apenas em intuição e dedução. Eu chamava a concorrência de peneira.

Koff tentou mesmo, mas não conseguiu. Edmundo foi jogar no futebol paulista.

Antes disso eu havia sugerido a contratação do Dener, em litígio com a Portuguesa na época, discussão sobre contrato. Eu conhecia um representante do Dener e ele me garantiu que o jogador aceitaria conversar.

Telefonei para o Koff – eu fazia setor do Grêmio sem sair da redação, um fenômeno -, que foi à luta e acabou contratando o Dener, um dos melhores atacantes que vi na vida. Era um jogador tipo o Neymar, de drible fácil, velocidade. Enfim, dava gosto ver jogar.

Hoje, aqui no Estado, não vejo ninguém que me motive a sair de casa e pagar ingresso. Aliás, nem de graça.

Alguns tuiteiros questionam por que Alex, se já tem Zé Roberto. Primeiro, qualidade nunca é demais. Além disso, os dois não são mais crianças.

Mas o principal é que eles podem e devem jogar juntos. O Zé Roberto pode jogar como articulador, mas ele é mais um volante/meia pela esquerda. Alex, sim, é um articulador de carteirinha, com registro na Associação Mundial dos Articuladores, que eu ajudei a fundar no meus tempos de guri.

A propósito, Marco Antônio teve seu pedido de registro negado pela AMA.

O fato é que o Grêmio precisa do Alex. Já imagino Fernando, Souza, Zé Roberto e Alex. Na frente, Moreno e Kleber.

Alguns colorados, nervosos com essa possibilidade, escreveram dizendo que o Grêmio está formando um time de velhos. Prefiro velhos de talento do que jovens enganadores.

GAUCHÃO E A GOETHE

O Inter conquistou merecidamente o título do Gauchão. Por enquanto, tem o melhor time do Estado. Se o Grêmio não tivesse perdido Mário Fernandes e Kleber talvez a história fosse diferente.

Mas foi merecido o título. O Caxias deu um susto nos colorados, mas eu não tinha dúvida de que no segundo tempo o Inter iria impor seu futebol e principalmente seu preparo físico, muito superior ao dos caxienses.

Destaque do jogo: Wangler, guri da base do Caxias. Jogou demais.

O Caxias fez como o Inter contra o Fluminense: perdeu com dignidade.

Acabei de passar pela Goethe. Fui levar minha mãe pra casa. Fui por ali pra conferir se haveria festa. A avenida estava quase deserta. Havia dois carros da BM e um grupo de 15 colorados. Nada mais.

Acho que os colorados perderam a única possibilidade de comemorar um título neste ano.

Brasileirão, com esse time, nem nos sonhos mais delirantes.

Jô e Jajá, os bois de piranha

A final do Gauchão é tão fria quanto a temperatura. O Caxias não tem a menor condição de fazer um enfrentamento capaz de proporcionar um pouco de emoção.

Mesmo jogando de salto alto, literalmente, o Inter ganha o jogo.

Duvido que a torcida colorada vá em grande número ao estádio. Os colorados mergulharam no abismo escuro da depressão profunda. Acreditaram que o Inter havia armado um grupo – considerado pela mídia vermelha o melhor do país – estava pronto e ajustado pela conquistar o tri da Libertadores.

Alguns colorados sequer lamentaram a ausência de D’Alessandro, porque acreditavam e Datolo como um substituto de alto nível. Pois Datolo fracassou nos dois jogos decisivos contra o Flu. Não tenho dúvida de que contra o Caxias fará pelo menos dois gols na goleada que irá acontecer.

Os colorados levavam também muita fé em outro reserva, o Jajá, que eu já defini como um Wolmir maçaroca sem a alegria dos dribles do velho ponta que defendeu o Grêmio nos anos 7o.

Agora, Jajá é afastado porque saiu para se divertir após o jogo no Rio. Ele e o Jô. Aqueles que querem punir apenas o centroavante, dizem que Jajá foi ‘arrastado’ pra noite, como se Jajá fosse um guri recém saído da base. Eles teriam saído e voltado ao hotel somente pela manhã.

Ora, após um jogo normalmente há uma folga. Se os outros jogadores estavam abatidos com a derrota, os reservas Jojô e Já, digo, Já e Jojô, parece dupla de pagodeiro, sairam pra festejar. Ninguém pode acusá-los de falta de profissionalismo.

A não ser que a direção, como castigo, tenha decidido punir com clausura todo o grupo. O que seria um absurdo. Nos velhos tempos, acompanhei Grêmio e Inter em viagens e era normal o pessoal mais animado sair à noite, beber, caçar. É lógico que eu também não ia dormir.

Então, desconfio que a dupla de pagodeiros tenha aprontado algo mais grave.

Ou apenas estão sendo usados como boi de piranha, pra mudar o foco do desastre do ano que foi a eliminação da Libertadores, prioridade das prioridade de Luigi e seus companheiros.

A verdade irá vazar.

Mas de uma coisa não tenho dúvida: Jô será punido severamente, até por reincidência e não ser do agrado dos torcedores, diferente do Jajá. Agora, duvido que ocorra dispensa. Como justificar uma demissão pelo fato de o jogador sair após um jogo. Pior, muito pior, foi não ter viajado com a delegação naquela outra vez.

Enquanto isso, o Grêmio se prepara para enfrentar o Bahia. Só vejo chance de passar se o Bahia ficar muito desgastado no jogo contra o Vitória, e, além disso perder uns dois ou três titulares, em especial o Souza, que costuma fazer gol no Grêmio.

Não que o Bahia tenha um time de qualidade, mas porque o Grêmio é inconfiável.

Não me preocupo com Julinho Camargo nem com Falcão. Os dois farão de tudo para vencer o Grêmio. Mas os dois juntos não dá um Luxemburgo.

Inter caiu com dignidade

O sabor amargo de uma derrota se torna ainda mais insuportável quando se fica com aquela sensação de que a classificação estava ali, tão próxima, tão ao alcance.

Imagino que é mais ou menos isso que estejam sentindo os colorados depois da derrota por 2 a 1 para o Fluminense.

O Inter foi superior, mostrou que tem mais time, mesmo sem contar com seu maior destaque individual, o D’Alessandro.

O Fluminense marcou dois gols de bola parada, ambos muito parecidos, quase idênticos, mostrando que a marcação da zaga falhou.

Fez pouco o Fluminense. O Inter não fez muito mais, mas foi superior. Meteu pressão e o gol não aconteceu por detalhe. A bola passou inúmeras vezes cruzando a área do time carioca pedindo por um pé vermelho.

Com o fracasso na Libertadores, o Inter desce à planície.

Posso antever o que dirão os colorados da imprensa. Não faltarão críticas a Dorival Jr por não começar dois dois atacantes. Vão reclamar a ausência de Dagoberto desde o início – nenhum deles cobrou isso antes do jogo. Vão questionar por que D”Alessandro, que treinou bem ontem, sequer viajou para ficar no banco. Enfim, aquele clima de terra arrasada. Um dia excelente para ouvir os programas de rádio. Muita choradeira.

O fato é que o Inter foi digno. Perdeu porque é do futebol.

Tem agora o Gauchão para conquistar. Desconfio que é o único título que irá comemorar neste ano. Damião será vendido e talvez mais um ou outro. A direção apostou todas as fichas na Libertadores. Agora vem a conta. A banca paga e recebe.

Acho que o Dorival vai dançar.

Já o Grêmio sabe que terá pela frente o Bahia de Falcão. Vai decidir em casa, o que é bom.

Mas terá de jogar muito mais do que vem jogando se quiser se classificar à semifinal da Copa do Brasil.

O Bahia não é lá essas coisas, mas tem um jogador que vira craque quando enfrenta o Grêmio, o centroavante Souza. Torci pela Portuguesa. Se o Marco Antônio era craque lá, o que sobra para o resto do time?

O Inter perdeu seu grande objetivo na temporada. O Grêmio ainda sonha com a Copa do Brasil, mas tenho a impressão de que vai ficar nisso, um sonho.

O técnico de futebol e suas mentiras

Se o poeta antes de tudo é um fingidor, o técnico de futebol, antes de qualquer coisa, é um mentiroso.

Termina o jogo, mais um jogo sofrível de seu time formado por alguns jogadores que não poderiam vestir a camisa de um clube de ponta, e ele precisa explicar à imprensa e aos torcedores por que a equipe não apresenta um futebol de mais qualidade.

Acredito que só essa parte da função já ajuda a justificar boa parte do salário milionário que Luxemburgo e outros recebem. O técnico Ênio Andrade dizia que parte do salário mensal dele era para aturar a imprensa. Dizia brincando, mas com uma pitada de seriedade.

O técnico Renato Portaluppi, aquele que fez Gabriel jogar e Douglas ser convocado para a seleção, lá pelas tantas, diante da mediocridade do seu time, inventou a história dos cascudos, que o time era inexperiente por isso jogava mal. Não, o time era ruim. Mas como dizer isso se o técnico depende daquele grupo que está ali?
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Por isso, é preciso mentir, ou omitir a verdade.

Ontem, após o espetáculo de ruindade exibido aos heróicos torcedores gremistas no Olímpico, Luxemburgo veio com essa história de ‘facilidade gerou dificuldade’.

Mas em seguida foi mais sincero – porque mentir todo tempo cansa e inventar desculpas criativas cansa mais ainda – e acrescentou que é obrigado a ‘armar um time feio’ porque faltam jogadores mais versáteis no meio de campo, alguém que ‘arrisque o drible’. Não lembro, mas acho que ele chegou a deixar escapar que precisa de jogadores com mais técnica no setor. Assim, ele arma um time mais pesado, mais duro. Em outras palavras, um time modesto, esforçado, quase ruim. Um time que só por milagre pode ser campeão de alguma coisa.

Um time fraquinho, expressão que uso para não ofender ninguém.

Se bem entendi, Marco Antônio finalmente pode sair do time. Quando Luxemburgo diz que falta alguém que arrisque o drible no meio de campo só pode estar falando de MA, o burocrata da bola. Ele não pode esperar isso dos volantes. Nem do André Lima. Facundo arrisca e muitas vezes consegue. Ontem, ele foi o melhor, o que não significa muito diante do que os outros apresentaram em termos de ataque.

Repito: eu colocaria o Facundo Bertoglio no lugar de MA, e Miralles na frente ao lado do A. Lima ou do M. Moreno, se ele puder jogar. Claro, mantendo três volantes.

Sobre o MA, o Grêmio poderia acrescentar aquele golaço contra o Fortaleza no portfólio do jogador e tentar negociá-lo para o futebol árabe, russo, asiático, um lugar assim bem distante. Mas fazer isso já. Agora.

QUINTA QUENTE

Hoje, é noite de torcer pra Portuguesa. Se vier o Bahia, será pior.

Fluminense x Inter: quem vencer pega o Boca Juniors, ou o que restou dele. Acho que dá Inter.

Mas garanto que não vou secar.

Jornalista também mente.

Texto esclarecedor sobre caso Oscar

Para quem ainda tem alguma dúvida a respeito do caso Oscar, recomendo a leitura do material abaixo que recebi de um parceiro aqui do boteco.
O autor é procurador de Justiça aqui do RS, Lênio Streck, que obviamente não tem o conhecimento jurídico de alguns gênios da crônica esportiva gaúcha, mas sem dúvida deve ser considerado por todos aqueles que buscam a verdade a respeito do assunto, sem paixão e fanatismo.
O texto é longo, mas elegante e claro. Esclarecedor e definitivo. Merece ser lido com atenção. Uma aula.

http://www.conjur.com.br/2012-mai-03/senso-incomum-habeas-corpus-jogador-oscar-exemplo-decisionismo

Caso Oscar: a CBF age corretamente

Existem algumas notícias que o pessoal da redação de jornal discute para saber se ela pertence à essa ou aquela editoria.

O caso Oscar está nas páginas de esporte. Mas poderia ter passado pela editoria de polícia e até transitado pelo caderno de variedades, que a gente apelidou de ‘caderno de frescuras’ só pra provocar os colegas que escrevem sobre cinema, literatura, arte, música, televisão, etc. Afinal, a história parece enredo de novela mexicana.

Assim como as novelas provocam reações fortes principalmente das telespectadoras, as notícias envolvendo Oscar mexem com a emoção dos colorados, em especial os da mídia, que já nem disfarçam sua ansiedade em ver Oscar jogando no Inter de qualquer jeito.

Uma rápida passada de olhos em alguns blogs ou escuta de programas esportivos confirma a irritação e a revolta diante do ofício que a CBF mandou a Conmebol a respeito da situação do jogador, que tem sido tratado por determinados setores como uma vítima, um pobre trabalhador impedido de exercer sua profissão.

Pelo que sei, ele não era impedido de trabalhar no SP quando decidiu romper o contrato unilateralmente com alegações que não se sustentaram em segunda instância.

A CBF não poderia ser mais clara. O texto é dúbio, sim, sem dúvida, porque a situação é dúbia. Confira:

“Cumpre-nos esclarecer que, por força de decisão judicial proferida em 26-4-2012, em processo de habeas corpus, a Justiça do Trabalho determinou que a CBF procedesse à inscrição do referido atleta em favor do Sport Club Internacional, conforme contrato nº 2011009170, celebrado pelo período de 25-8-2011 a 24-8-2016.
“Sucede que tal referida decisão não anulou o julgado anterior do Tribunal Regional da 2ª Região, que assegurou a validade do contrato nº 619191, firmado entre o mesmo atleta com o São Paulo F.C, pelo período de 5-12-2007 a 4-12-2012 – publicou o documento.”

O documento relata clara e precisamente em que pé a situação se encontra. Mas a maré vermelha da mídia gaúcha continua demonizando a CBF, que ela estaria armando contra o Inter.

Se alguém armou alguma coisa contra o Inter nesta história foi o próprio Inter, que foi dar uma de esperto e agora está pagando o preço.

Usou Oscar bastante tempo, conquistou títulos – que poderiam ser do SP se ele nesse tempo pudesse contar com o seu jogador -, mas agora está chegando a conta. E ela é salgada.

O ministro gentil

Estou com uma demanda trabalhista. Caso complicado. Hoje, ao deparar com a notícia de que o ministro Guilherme Caputo Bastos recebeu o jogador Oscar em Brasília fiquei mais confiante. Se acontecer qualquer problema, tenho agora a certeza de que por ele serei recebido.

Afinal, já joguei tão bem, ou mais, que o Oscar. Mas, acima de tudo, sou tão cidadão brasileiro quanto ele.

Fica combinado assim: todos nós trabalhadores podemos a partir de agora, recorrendo ao TST, sermos recebidos por esse gentil e atencioso ministro.

São os novos tempos do Brasil na gestão da presidente Dilma, que, até agora, é a melhor presidente que eu vi neste país. Posso me arrepender de ter escrito isso, mas é o que penso no momento. Se eu estiver errado, será apenas mais um erro na minha longa lista de mancadas.

Estou louco para acrescentar outra afirmação minha nessa lista, que, impressa em papel higiênico, daria volta no mundo. “O Grêmio, com esse time, não tem a menor chance de vencer a Copa do Brasil.”. Esta é a frase que eu escrevi aqui e disse ao Pelaipe no Cadeira Cativa, um mês atrás.

Espero estar completamente errado. Já imagino o Pelaipe invadindo o estúdio da Ulbra TV pra me esfregar a taça na cara. Sonho com o Marco Antônio convocado para a Seleção Brasileira na posição de articulador, deixando Ronaldinho, Ganso e Kaká no banco. Imagino Gilberto Silva eleito o melhor zagueiro e Léo Gago contratado pelo Barcelona.

Se qualquer uma dessas coisas acontecer eu ficarei desmoralizado como analista esportivo. Terei de fechar o boteco e me dedicar apenas a fazer cerveja, um conselho, aliás, que tenho recebido com alguma frequência por gremistas ‘fora da casinha’, gente que acredita em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e também na honestidade dos políticos brasileiros.

Agora, uma coisa vos digo: Grêmio campeão da Copa do Brasil com Marco Antônio, Léo Gago, Gilberto Silva de zagueiro, André Lima de centroavante, Pará na lateral, qualquer uma, eu largo. Largo mesmo.

Hoje, no programa do Reche, estava o Edilson. O Reche já iniciou me provocando sobre o Grêmio. Eu disse que o Grêmio com esse time ‘fraquinho’ não tinha a menor chance de título. Disse isso e olhei para o Edilson, que só balançou a cabeça para os lados, querendo dizer que não concordava com o ‘fraquinho’. O que Edilson não sabe é que eu tomei cuidado no adjetivo em consideração a ele, convidado do programa, um sujeito que está voltando ao time e que merece apoio. Agora, título da Copa do Brasil nem em sonhos.

Mas essa não é minha preocupação, porque a minha previsão inicial, lá de fevereiro, vai prevalecer, infelizmente. O que me preocupa é esse jogo do Inter pela Libertadores. Se o Inter vencer o Fluminense, vai ser campeão de novo. Tri.

Estou pensando no que fazer quinta-feira. Contra o Mazembe, eu me desliguei. Só fiquei sabendo o que acontecia quase no final. Deu certo.

Vou repetir a estratégia da indiferença. Talvez me tranque na cozinha pra fazer mais um lote de cerveja. Ou quem sabe tenha coragem e vou pra frente da TV. Não sei ainda.

Só sei que está difícil. Muito difícil.

SAIDEIRA

O time já é precário, e ainda sofre com desfalques. A ausência de Pará pode até ser positiva. Será uma chance para Dener, ex-júnior. Ele jogou pelo Veranópolis, campeão do Interior no Gauchão. Prestei atenção nele no jogo contra o Inter. O Dagoberto passou por Dener pela direita com facilidade, cruzou, e gol do Inter. Depois, ele manteve um padrão razoável. Talvez numa equipe um pouco melhor que o Veranópolis, é o caso do Grêmio, ele possa render mais. Vamos ver. Vamos torcer por Dener, porque Pará de titular na esquerda é dose.

A Arena e o caminhão de mudanças

Há uma expectativa muito grande entre os gremistas em relação à Arena.

O Grêmio deste século será dividido entre Antes e Depois da Arena. Esta é certeza e convicção de uns, e esperança de outros.

Estou no segundo grupo. Estaria entre os que acreditam numa grande virada se não estivesse tão decepcionado e frustrado com os gremistas que comandaram o clube nos últimos 15 anos e que lá permanecem e permanecerão numa cansativa dança das cadeiras.

O caminhão de mudanças para a nova casa vai levar, além da alegria e do entusiasmo quase infantil de milhões de gremistas, velhos hábitos e ultrapassadas rotinas que tornaram o Grêmio menor nos últimos anos.

A Arena dará uma arejada, talvez force uma nova postura, como aquela que tínhamos quando abríamos um caderno novo nos bancos escolares, caprichando na letra e tomando todo o cuidado para que não amassasse. Mas isso não durava mais do que alguns dias ou algumas semanas.

A Arena será como o caderno novo no início do ano letivo. A não ser que os homens que dirigem o clube e todos os outros que estão na tocaia para assumir o poder se unam em torno de um mesmo ideal, ou que simplesmente sejam apenas verdadeiros gremistas, ao menos por algum tempo, e que passem a desejar unica e exclusivamente o bem do clube.

A vaidade é grande e a visão turva não deixa enxergar a verdade: que todos os grupos que disputam o comando fracassaram – entre um e outro acerto – em suas tentativas de aplicar suas ideias e conceitos sobre gestão de clube de futebol.

E que a hora é de humildade para assumir seus erros e buscar a aproximação. A partir daí, encontrar os nomes mais capazes e habilitados a assumir o comando do clube na nova casa, marcando o início de uma nova era de vitórias e de crescimento do clube em todos os aspectos.

Para isso, é preciso que o caminhão de mudanças deixe para trás o chinelo velho, o colchão deformado, o rádio que só pega à tapa, a TV que só funciona com bombril na antena, e as dores de tempos ruins.

Enfim, que do Olímpico sejam transferidos apenas os ensinamentos dos vencedores do passado e as glórias imortais, inigualáveis e insuperáveis.