Pernas cabeludas agitam o sono de Renato

Renato Portaluppi já passou muitas noites em claro em sua vida. Pelo menos é o que indica sua fama de pegador.

Ultimamente, Renato revive esse período mais despreocupado de sua vida, em que trocava de mulher com a mesma facilidade com que driblava seus marcadores, enfrentando chuteiras assassinas com destemor.

As noites insones agora não são por motivos tão agradáveis. Renato, hoje, quem diria?,perde o sono pensando em pernas cabeludas.

São as pernas dos jogadores do seu grupo, evidente. Ocorre que ele precisa decidir quem começa o jogo contra a Ponte Preta.

Mas não é só isso: com o crescimento de Maxi Rodriguez, jogador que salvou o próprio treinador de uma decapitação – decapitação simbólica, é preciso deixar muito claro isso porque tem gente que odeia tanto o Renato que pode querer levar o vocábulo ao pé da letra – antecipada ao fazer os gols contra o Flamengo, Renato está praticamente forçado a manter o uruguaio no time. Se não for para começar, ao menos no banco.

O drama de Renato – que eu vivenciaria  com muita alegria se ganhasse a fortuna que é paga hoje aos técnicos de times de ponta – começa por uma equação complicada: ele precisa decidir qual dos estrangeiros fica de fora. Ou seja, nem fica à disposição para o difícil jogo contra Ponte Preta, que cai para a segundona em caso de derrota.

Antes de Maxi desabrochar, a escolha era fácil: Riveros, Vargas e Barcos. As sucessivas convocações de Vargas e Riveros ajudaram Renato. Agora, a situações é outra.

Renato tem veneração pela estrutura central do seu time: Souza, Riveros e Ramiro. É um trio ‘imexível’.

Eu deixaria Riveros fora do jogo.

No lugar do paraguaio, colocaria Zé Roberto, que está recuperando seu ritmo de jogo.

Na frente, Vargas, Kleber e Barcos. Renato não pode deixar de fora do grupo, nem no banco, o seu único atacante de velocidade, de drible e de bons arremates de longe – pelo menos na seleção chilena ele faz gols de fora da área.

O Grêmio precisa vencer. Então, não há como abrir mão de seus dois jogadores mais talentosos, criativos e atrevidos: Maxi e Vargas.

E são esses justamente os que mais correm risco de sair, mantida a visão de Renato até agora.

O Grêmio precisa de opções de qualidade na frente. Para suprir a ausência de Riveros, que até caiu de rendimento, há jogadores de meio e até a possibilidade de, no decorrer do jogo, lançar mão de mais um zagueiro para garantir eventual vantagem.

Então, meu parecer é no sentido de que Riveros aproveite a viagem para descansar.

A REUNIÃO

Durante recente reunião no Olímpico, o presidente Koff teria sofrido pressão de pelo menos um de seus companheiros de diretoria para começar 2014 com outro treinador.

Koff teria argumentado que prefere manter Renato. Houve um debate e Koff lá pelas tantas teria dito que demitiria Renato e…

Contrataria Celso Roth.

Quer dizer, colocou o bode na sala. Encerrou a reunião.

Se Renato sair, o nome de Koff é Tite.

OS VELHOS

Depois que a gurizada se divertiu e só complicou a situação do Inter, chegou a hora de apelar de novo para os velhos.

O técnico Clemer está lançando mão dos ‘velhos’ do time para vencer o Coritiba e afastar de vez o fantasma do rebaixamento.

Isso indica que o Inter perdeu o rumo. Clemer, está provado, foi uma aposta que não deu certo.

Talvez em outra circunstância ele se desse melhor.

A meu ver está havendo interferência superior na escalação.

Se o Inter atingir seu objetivo em Caxias do Sul, tudo bem, mas se perder o time irá ainda mais confuso e nervoso para os dois jogos restantes do BRasileirão.

Dez razões a favor e contra Renato

Há muito tempo eu defendo que a gente sempre encontra argumentos para defender quem gostamos, e isso vale para qualquer área. Vale o mesmo em relação a quem temos um pé atrás.

Sempre vamos encontrar argumentos consistentes, e nem tanto, para ambos os lados.

No futebol, então, esse aspecto é mais intenso. Nossas preferências ancestrais acabam refletindo em nossas opiniões.

Aqueles que gritaram ‘fica luxemburgo’ com toda a força de seus pulmões e cobraram dos candidatos à permanência do técnico, vinculando seu voto à renovação do polivalente profissional, foram os primeiros a bater em Renato.

É certo que, matreiramente, silenciaram quando os primeiros resultados positivos surgiram, elevando o Grêmio ao topo da tabela do brasileirão.

Depois, oportunistas (como normalmente se é nas coisas do futebol), baixaram a lenha no treinador, e até justificada e merecidamente em alguns casos.

Bem, o fato é que hoje a legião dos anti-renatistas parece ser maior do que o exército favorável a Renato.

Claro que essa situação pode ser alterada a partir dos próximos resultados.

O que interessa aqui é que eu elaborei duas listas com interpretações e análises opostas para aspectos similares, mostrando que muitas posições radicalmente antagônicas são tomadas em função de preferências e conceitos arraigados.

Confiram como fatos (quase) iguais podem gerar opiniões opostas:

DEZ razões para Renato ficar em 2014:

1. ajustou rapidamente o time irregular e acadêmico herdado de Luxemburgo;

2. teve ousadia e coragem de lançar o jovem Ramiro em detrimento das estrelas Elano e Zé Roberto;

3. armou um time combativo e indignado com a ‘cara do Grêmio’;

4. recuperou a auto-estima da torcida ao posicionar o Grêmio acima do Inter e sempre no G-4;

5. soube armar um sólido esquema defensivo, o que compensou a falta de gols dos atacantes;

6. teve que administrar a falta de um verdadeiro goleador na equipe que não foi montada por ele;

7. constatou as deficiências técnicas da equipe e armou um time para garantir atrás e especular na frente;

8. deu oportunidade a jovens. Alguns acabaram não correspondendo dentro das exigências do momento;

9. soube avaliar o momento certo e a circunstância adequada para melhor aproveitar o talento de Maxi Rodriguez; e

10. é um treinador identificado com o Grêmio, com um trabalho sério e honesto.

DEZ razões Renato não continuar:

1. não soube dar continuidade ao bom trabalho inicial, revelando limitações;

2. relegou Elano e Zé Roberto a um segundo plano incompatível à qualidade dos jogadores;

3. armou um time guerreiro, mas retrancado e por vezes até covarde;

4. fez o torcedor sonhar com o título e depois decepcionou com decisões que prejudicaram a equipe;

5. armou o time todo para defender, prejudicando o desempenho ofensivo dos atacantes;

6. não soube encontrar alternativa ofensiva para a falta de um goleador;

7. o time do Grêmio não é tão limitado que não pudesse ser mais ousado em muitos jogos;

8. lançou alguns jovens em momentos equivocados, como Lucas Coelho e Mamute contra o Atlético PR.

9. deu poucas oportunidades a Maxi Rodriguez, o articulador que fez muita falta ao time e que se revelou talentoso; e

10. é um profissional identificado com o Grêmio, mas com uma imagem muito desgastada como técnico.

Bem, a lista pode ser ampliada. Quem quiser, pode fazer a sua. O fato é que nessa discussão, as duas partes tem suas razões e há pontos em comum.

Renato não escalaria Renato

Estou convencido que Renato-treinador não escalaria o Renato-jogador.

O Renato era um atacante que raramente combatia o adversário, como fazem Barcos e Kleber, por exemplo.

Renato jogava praticamente da linha do meio de campo para o ataque. Era assim o futebol naquele tempo. Os atacantes atacavam.

Kleber e Barcos teriam mais dificuldade para jogar na época de Renato, porque deles se exigiria basicamente que atacassem, que fizessem gols. A marcação vinha num segundo plano.

Kleber e Barcos hoje só conseguem se manter porque marcam, não gols, mas o adversário, esteja ele onde estiver.

É bom que os atacantes marquem, mas é melhor ainda se eles fazem gols. Com gols, eles não precisariam marcar tanto. Mas é mais fácil marcar do que fazer gols. Pelo menos para eles.

Já para Maxi Rodriguez, é mais fácil fazer gols que marcar.

Renato deixou bem claro na véspera do jogo que ele quer que o uruguaio marque, seja mais combativo. Afinal, o futebol de hoje exige que todos marquem. E Renato leva isso ao pé da letra.

Renato-jogador, portanto, seria reserva do Renato-treinador. Entraria nos minutos finais. Faria duas ou três grandes jogadas, levantaria a torcida, e até marcaria gol. Mas no jogo seguinte seria de novo reserva.

Tem sido assim com Maxi Rodriguez. Hoje, ele jogou um pouco mais, uns 30 minutos.

Em 30 minutos ele fez mais gols que Kleber e Barcos em vários jogos.

Maxi Rodriguez realmente tem dificuldade para marcar, parece sem força e vitalidade para cumprir essa função que Renato-treinador tanto valoriza e que o Renato-jogador negligenciava. Felizmente.

Maxi Rodriguez mostrou como é fácil fazer gols quando se possui talento para fazer gols.

Constrangeu Kleber e Barcos, e deixou embaraçado o Renato-treinador.

Já o Renato-jogador o aplaudiria e o chamaria para desfrutar os prazeres da noite. Maxi Rodriguez entraria na panelinha de Renato-jogador, que tinha, entre outros, De León e Osvaldo.

Maxi Rodriguez marcou dois golaços. Um mais bonito que o outro. O segundo foi uma obra-prima. Maxi Rodriguez parecia estar numa pelada tal a naturalidade com que marcou o gol. Lembrei de Zico na hora.

O fato é que Renato-treinador precisa escalar o seu Renato-jogador: Maxi Rodriguez.

Foi ele quem, em dois lances, colocou o Grêmio na vice-liderança do Brasileiro e, de quebra, salvou a pele de Renato nesta noite de domingo na Arena.

Renato precisa urgentemente rever os seus conceitos.

Se Maxi Rodriguez não consegue marcar, então que o escale como segundo atacante.

Erros e acertos de Renato

Renato errou ao substituir Zé Roberto, que começava a desabrochar no jogo depois de um primeiro tempo opaco; e errou na entrevista ao final, quando se defendeu das vaias dizendo que ‘meia dúzia traz problema de casa’.

Aqueles que não gostam do Renato-treinador ganham mais munição para atacá-lo.

Agora, esses mesmos que não gostam do Renato-treinador, precisam reconhecer que ele acertou ao começar com o mesmo Zé Roberto que ele, Renato, entendeu que deveria sair para manter a estrutura de marcação no meio, se mantendo fiel à sua concepção de time.

– Eu decido pela minha cabeça -, repetiu Renato na entrevista. É aquilo que eu escrevi dias atrás: em caso de derrota, de fracasso, o torcedor fica no máximo com a cabeça inchada, a do técnico rola.

Então, esse Renato de erros e acertos age corretamente ao tomar as decisões, sejam elas simpáticas ou não ao torcedor.

Se for decidir pelo torcedor, qualquer treinador vai enlouquecer, porque não tem nada mais instável do que opinião de torcedor.

Agora, no caso de Zé Roberto nesta noite de vitória apertadíssima de 1 a 0 sobre o Vasco, penso que faltou sensibilidade para Renato. Zé recém havia cobrado o escanteio que resultou no gol de Rodolpho, em mais uma atuação estupenda, quebrando o amargo e doloroso jejum. ZR começava a jogar com aquela desenvoltura de tempos atrás.

Pode ser que o time perdesse um pouco de combatividade no meio com a saída de Riveros, que não estava tão bem, mas com ZR e Maxi ganharia muito em qualidade ofensiva, e talvez a vitória fosse até por uma margem maior de gols.

Entre o ‘pode ser’ e a realidade há, muitas vezes, um abismo de diferença. O fato é que a entrada de Maxi no lugar do ZR, que reagiu mal à substituição, deu certo. O time ganhou em criatividade.

Maxi é o meia da jogada mais vertical e criativa. Ele deu um passe precioso para Elano marcar o segundo gol, mas faltou flexibilidade para o meia marcar.

Depois, Maxi perdeu a bola bisonhamente em jogadas de ataque. Redimiu-se minutos após com uma jogada que valeu o ingresso, ao meter a bola entre as pernas do marcador, entrar na área e chutar para uma grande defesa do goleiro.

Não foi gol, mas um lance como esse, tão raro no time espartano de Renato, é de iluminar a noite mais escura e de fazer renascer a esperança de que um dia os gols voltarão a fluir com naturalidade, diferente de agora.

O importante, conforme Renato frisou, é que o Grêmio venceu, somou três pontos e segue no G-4, agora a um ponto apenas do Atlético Pr, o vice-líder.

Se vencer o Flamengo, domingo, de novo na Arena, pode até reassumir o segundo lugar.

Por isso, a hora é de jogar com o time e com Renato, que, com mais acertos do que erros, mantém o Grêmio na ponta de cima do Brasileirão.

Renato fica ou não? Um debate inoportuno

Grêmio deve ou não renovar contrato com o técnico Renato?

Há enquetes no ar com a participação de torcedores – e não apenas gremistas respondem, o que torna a pesquisa tão séria quanto tantas realizadas na política -, debates em programas de rádio e de TV e ampla abordagem na mídia impressa.

Está aí algo que não acrescenta nada e que só serve para tumultuar o ambiente no Grêmio e mexer com a cabeça de Renato. Sim, apesar do seu jeitão ‘to nem aí’ e ‘nada me atinge’, Renato sente a pressão, e reage dentro seu estilo, digamos, irreverente. Mas ele sente. E ao sentir, pode tomar decisões que em outra circunstância não tomaria.

Então, esse tipo de polêmica vem num momento inadequado, inoportuno.

Sei, a direção do Grêmio deixou vazar que estaria negociando com Renato a renovação. Ora, esse tipo de informação é só para dar força e tranquilidade a Renato, inclusive e principalmente perante ao grupo.

É uma mensagem para os jogadores, em especial aos que são preteridos: nós estamos com Renato. É um recado também para a mídia e à torcida, numa tentativa, como se vê frustrada, de silenciar um pouco a corneta e tornar o ambiente mais sereno para um time que caiu de rendimento e precisa reagir.

Agora, como reagir se às vésperas de um jogo importante contra o Vasco, na Arena, só se fala nisso: Renato renova ou não renova.

O jogo contra o Vasco ficou em quinto plano, é quase nota de rodapé.

Sem intenção outra que não seja desenvolver o tema, que realmente atrai os torcedores, a imprensa acaba prestando um desserviço ao Grêmio e ao futebol gaúcho.

O debate se amplia e se retroalimenta com a participação de boa parte da torcida gremista, que, ao entrar no circuito, contribui para perturbar o Grêmio numa hora em que a equipe, fragilizada e insegura diante dos maus resultados, mais precisa de apoio e de incentivo.

Não faltam, em meio a isso tudo, pessoas, jornalistas ou não, ‘informando de fonte segura’, que Renato está pedindo 900 mil reais por mês, enquanto o Grêmio oferece 750 mil.

Gremista que leva adiante essa ‘informação’ faz o jogo, sem querer, de quem quer tumultuar.

Ora, considero isso de uma irresponsabilidade absurda. E o pior é que esses números acabam circulando nas redes sociais, amplificando de forma descomunal o seu alcance, e colocando Renato numa situação ainda mais delicada e antipática.

Queiram ou não, gostem ou não do Renato, do Barcos e cia, o Grêmio é o único clube gaúcho em condições de disputar a Libertadores de 2014. E é bom para os meios de comunicação do Estado ter um clube nosso na Libertadores.

Admito que não cabe aos veículos de comunicação zelar pelos interesses do Grêmio ou do Inter. Sua função é outra.

Mas eu penso que o debate debate sobre a renovação de Renato neste momento nada acrescenta, até porque tudo somente será definido a partir dos resultados de campo.

Fora isso é encher morcilha ou ejaculação precoce.

Ah, só pra reforçar: amanhã tem jogo na Arena e o Grêmio precisa de sua torcida para vencer o Vasco e superar a crise técnica do time e, vá lá, do próprio Renato.

Renato refém de sua ideia de futebol

Renato ficou refém de sua própria ideia de futebol e escravo de sua vaidade.

Só isso explica a insistência em uma proposta de jogo que dá sinais concretos de desgaste.

Tudo tem uma prazo de validade, ainda mais no futebol. O esquema de Renato baseado na marcação e na vitalidade dos laterais e dos volantes, e na doação defensiva dos atacantes,  já não funciona.

A bola que antes entrava faceira e dócil, sob a benção dos deuses do futebol, hoje se rebela. Teimosa, reluta em encontrar as redes.

Renato fala em sorte. Antes, quando o gol saía apesar da escassa produção ofensiva, Renato não falava em sorte. A sorte que sobrou em alguns jogos, agora está ausente. Já resultou na eliminação da Copa do Brasil e na perda do segundo lugar, e ameaça até a vaga para a Libertadores/2014.

Renato é um vencedor. Tem estrela. O mesmo vale para o presidente Fábio Koff. Mas chegou a hora de providências importantes para ajudar a ‘sorte’.

No jogo do Mineirão essas medidas já poderiam ter sido tomadas. Por vaidade, por orgulho, mais do que por convicção ou teimosia, Renato parece determinado a morrer com a sua ideia de futebol.

Só isso explica, em parte, a não entrada de Zé Roberto e Elano, juntos, no decorrer do jogo contra o Cruzeiro.

Aos 20 minutos do segundo tempo, ele poderia ter escalado os dois. Desconfio que não o fez por um motivo: vai que dá certo.

Se os dois entram quando o Grêmio está perdendo por 1 a 0 – e o Atlético PR se distanciando no segundo lugar com vitória sobre o SP – e o time reage, Renato teria que dar o braço a torcer, e talvez repensar a sua concepção atual, e até circunstancial, de futebol.

Renato arriscou tarde e errado. Redescobriu Maxi Rodriguez, que andava esquecido em algum armário no vestiário, e insistiu com Mamute. Esqueceu Elano e Zé Roberto, que poderia dar um toque de qualidade ao time.

Renato nem pode alegar que poderia prejudicar a marcação, porque os volantes do Grêmio já não marcam com a mesma eficiência, já que o Cruzeiro saía da defesa para o ataque praticamente sem ser importunado.

Então, não perderia em marcação e talvez acrescentasse ofensivamente. Perdido por um, perdido por dois.

O Grêmio não fez o gol – e aí mérito do goleiro Fábio, confirmando que o ataque gremista está consagrando os goleiros rivais ultimamente com a ajuda dessa bola volúvel, infiel – e, de quebra, levou dois.

Os 3 a 0 foram injustos. Mas quem disse que há justiça no futebol?

Cabe agora a Renato refletir sobre o que está acontecendo com a sua equipe e, com humildade, fazer as mudanças necessárias.

Está mais do que claro que faltam peças de reposição no ataque, em especial para Barcos. A alternativa é recuperar a qualidade na armação, mesmo que isso resulte em algum prejuízo em termos de marcação.

BICICLETA

Para finalizar, será que só eu vi infração no gol de Borges? Houve um tempo em que dar uma bicleta ameaçando rasgar o nariz do adversário era jogo perigoso. Se Pará mete a cabeça naquela bola…

INTER

Ao vencer o Botafogo por 2 a 1, em Caxias, o Inter afasta de vez a fantasma do rebaixamento. Clemer armou bem a equipe, que não jogou grande coisa, mas jogou o suficiente para fazer 2 gols, o que já dá uma certa inveja.

O interminável inferno astral gremista

Quem trabalha ou trabalhou em jornal diário sabe como é complicado fechar as edições de Natal e, principalmente, de Ano Novo. Além de ser uma edição que vale para dois dias festivos (os dias 25 e 31 são os únicos feriados nas redações de jornais), há uma preocupante falta de assunto.

Por isso, boa parte do jornal é feita com matérias ‘especiais’ preparadas com alguma antecedência.

Se o sujeito trabalha na editoria de esportes, então, o problema é ainda mais grave. Jogadores em férias, dirigentes mais preocupados com as festas da virada. Falta assunto. Aí, fica aquele monte de especulação, coisa chata, repetitiva, cansativa.

Então, em meados dos gloriosos anos 90 eu decidi imitar o que todas as outras editorias faziam, ou seja, ouvir pessoas que fazem previsões, como cartomantes, astrólogos, tarólogos, jogadores de búzios, etc.

Como eu sempre respeitei a astrologia, que não é exatamente igual a esses horóscopos diários, decidi procurar um estudioso. Encontrei o Bruno Vasconcelos. Nem me lembro como.

Expliquei o que eu pretendia: a partir das datas de nascimento de Grêmio e Inter, ele faria o mapa astral dos dois clubes. Faltou um dado importante: o horário de fundação. Pelo que pesquisei, os dois clubes foram fundados à noite, mas não há certeza nos horários. Mesmo assim, Bruno encarou.

No cálculo dele não foram considerados as datas de nascimento dos atletas, o que daria muito trabalho para o astrólogo, que não era remunerado.

No começo, os colegas brincavam comigo dizendo que eu é que era o astrólogo, que eu inventava as previsões.

Dizem que o Luís Fernando Veríssimo, em seu começo em jornal, escrevia horóscopos diários.

O fato é que o percentual de acertos do Bruno era muito alto. Há algumas previsões fantásticas, realmente surpreendentes. Há erros, também, claro.

Para calar os incréus, publiquei lá pelo terceiro ou quarto ano de previsões, uma foto do Bruno. Mesmo assim, tem gente que até hoje acredita que eu mesmo é quem fazia tudo.

Eu apenas transcrevia o que ele me passava, primeiro por telefone, depois, com o advento da internet, por e-mail. Alguns deles eu tenho guardados para provar que eu era apenas o mensageiro nesse processo.

Bem, no final de 2004 ou 2005 – se alguém procurar vai encontrar – Bruno Vasconcelos previu que o Inter estava na iminência de começar a viver um período de vitórias semelhante ao dos anos 70, em forte projeção no exterior, em função de determinado posicionamento dos astros, etc.

Desnecessário dizer que ele estava certo.

Mas havia outra previsão, uma previsão ainda mais arrojada. E, para os gremistas, assustadora. Confesso que não levei fé, não acreditei no Bruno, e temia ver o meu amigo – sim, acabamos nos tornando amigos – pagando mico, o que também me atingiria, pois eu assinava as matérias, aliás, de grande repercussão a cada virada de ano.

Mas o que Bruno previu, que eu, covardemente, omiti, ou amenizei, não lembro ao certo?

Acreditem ou não, Bruno previu que o Grêmio, também com base nos astros, continuaria por longo tempo sem conquistar títulos de maior projeção.

Quando li o email que ele mandou com as previsões levei um susto. O Bruno pirou, pensei. Não pode ser, de jeito nenhum. Telefonei pra ele – ah, o Bruno não acompanhava futebol, mas se dizia gremista – e o questionei. Ele repetiu que isso aquilo mesmo que ele enxergava no mapa astral do Grêmio.

– Esse período de vacas magras pode ir até 2015, 2016 -, garantiu ele.

Hoje, depois do que vi acontecer nos últimos anos, com o Grêmio beliscando títulos e perdendo no detalhe, reconheço que pode estar mesmo ocorrendo uma influência negativa de alguma determinada situação astral.

O fato é que, infelizmente, a previsão está se confirmando.

Observação: Bruno Vasconcelos faleceu faz alguns anos. Em respeito a ele, deixei de seguir com as previsões astrológicas de final de ano para a dupla Gre-Nal.

Com isso, ficou mais difícil fechar a edição de 31 de dezembro/01 de janeiro. Felizmente, já há quatro anos não preciso mais me preocupar com isso.

Encerro essas linhas com uma mensagem ao BV: eu não levei fé; tu estavas com a razão, parceiro.

Grêmio cai por incompetência nas conclusões

O Grêmio perdeu tempo demais com Zé Roberto, esse mesmo que a torcida ensandecida escalou no jogo anterior.

Renato só pode ter escalado ZR para não ter a torcida resmungando desde os primeiros minutos a qualquer passe errado. Sem contar, que ZR, por sua qualidade, talvez desse alguma contribuição significativa.

Zé Roberto parecia um carro 1.0 no meio de máquinas 2.0. Parecia uma barata tonta. Não acrescentou defensivamente e muito menos ofensivamente, como acreditavam aqueles que isso aconteceria e que gritaram seu nome no último jogo.

Sem contar o clamor de um colunista que tem em seu histórico – entre outros tantos equívocos – a tentativa de destruir Baltazar, nada menos o cara que fez o golaço do primeiro título brasileiro do Grêmio e que depois foi ser goleador na Europa.

Renato acabou cedendo. Um treinador deve morrer abraçado à sua convicção. Ou teimosia.

Nada garante que o Grêmio com três atacantes desde o começo venceria o jogo, mas não tenho dúvida de que teria feito mais no primeiro tempo do que os dois chutes de fora da área do Telles e do Barcos, que o goleiro defendeu.

Aliás, nos dois últimos jogos, os goleiros adversários foram os melhores em campo. Marcelo Lomba foi o maior pontuador do Cartola.

Agora, o empate e a eliminação não passam por Renato. A culpa é muito mais da má qualidade do time em termos ofensivos.

Barcos, que até fez alguns bons lances, é um péssimo cabeceador. Chamei a atenção para esse fato algumas vezes, como hoje ao meio-dia no rádio Guaíba.

Hoje, a bola dos laterais encontrou Barcos na área. E todos os cabeceios do argentino foram para fora, sem qualquer perigo. Nunca pensei que sentiria saudade do André Lima, mas nesse quesito faltou alguém mais eficiente na área.

Outro que não acerta um cabeceio a gol é o Rodolpho, que é bom mesmo, e muito bom, na própria área.

Então, em Curitiba, mesmo com um ataque juvenil, o Grêmio foi superior e mereceu ao menos o empate. O Atlético teve uma situação e marcou. De cabeça. Nem cabeceador o Grêmio tem mais. O melhor, Werley, ficou fora.

Hoje, na Arena, com a torcida tendo um comportamento exemplar, o Atlético não ameaçou uma vez sequer o goleiro Dida.

Então, se não permitiu situações de gol ao adversário e ao mesmo tempo criou inúmeras situações de gol, ninguém pode, com honestidade, isenção e sem paixão, responsabilizar Renato pela eliminação na Copa do Brasil.

O treinador arma o time para se defender bem e criar situações de gol. Ele não pode entrar em campo para marcar o gol que os atacantes por imperícia e/ou nervosismo não conseguem fazer.

O GOL ANULADO

Antes do jogo comentei que o juiz seria o flamenguista Marcelo Henrique, de grande atuação no Gre-Nal.

Não gostei de ter um flamenguista apitando a decisão na Arena. Pensei com os meus botões: qual seria o melhor adversário para o Flamengo numa final de Copa do Brasil? Grêmio ou Atlético PR?  A resposta me parece óbvia. Repeti essa pergunta hoje na Guaíba.

Kleber, que apanhou como um cão sarnento, levou cartão amarelo num lance banal. E Kleber, que havia provocado três cartões amarelos por agressões sofridas, era o único que incomodava a defesa paranaense.

O Grêmio precisava de um golzinho para levar aos pênaltis. O golzinho aconteceu num chute de Ramiro, que minutos antes havia acertado a trave.

Teria havido falta de Barcos no lance. Não vi nada. E muita gente não viu. Mas o juiz, que não se constrange de aparecer com a camisa do Flamengo, marcou uma infração e anulou o gol

O gol que levaria aos pênaltis ou até a um segundo gol.

No futebol, cada vez mais se vence ou se perde nos detalhes. Tudo está muito nivelado. Qualquer erro de arbitragem pode ser fatal.

O fato é que o Flamengo está mesmo com muita sorte: terá o Atlético na final. Não um velho carrasco.

O time do Renato e a força da torcida

Se reunirmos dez gremistas (ou colorados), não encontraremos duas opiniões completamente iguais sobre qualquer assunto a respeito de suas equipes.

Há muito tempo estou convencido disso. Claro, pode haver exceções.

Na ZH de hoje, dia 5, colunistas e convidados do jornal opinam sobre qual seria o seu time ideal para enfrentar o Atlético Paranaense. Há diferenças de esquemas e de nomes tanto na defesa, como no meio e no ataque.

Mas de um modo geral todas escalações se aproximam do time que irá entrar em campo na Arena para buscar à classificação à final da Copa do Brasil.

O fato é que se nós aqui de fora não chegamos a um acordo, como cobrar de Renato que nos ouça? Ele tem mais é que decidir por sua cabeça, que é a que pode rolar em caso de fracasso. Não será a minha nem a sua. No máximo, ficaremos com uma baita dor de cabeça. E ainda de cabeça inchada, como se dizia antigamente.

Assim, dou meu apoio ao time que Renato irá escalar, e que dificilmente será diferente desse:

Dida; Pará, Werley, Rodolpho e Alex Telles; Souza, Ramiro e Riveros; Vargas, Kleber e Barcos.

Afinal, essa formação no 4-3-3 (agora com Pará e Werley – pode ser que Bressan seja mantido) foi bem contra o Bahia.

O adversário nunca ameaçou o goleiro Dida e o sistema ofensivo funcionou, dando muito trabalho ao goleiro Marcelo Lomba, que parecia estar de aniversário.

O que faltou contra o Bahia e não pode faltar nessa decisão é esse artigo tão raro no Grêmio, o gol.

Mas o caminho para chegar ao gol foi redescoberto.

Só falta esse detalhe que faz toda a diferença, que consagra ou afunda: a bola na rede.

Então, duvido que Renato vá arriscar mudanças de última hora, como Zé Roberto e/ou Elano começando o jogo.

Cabe ao torcedor confiar no treinador que chegou aqui desacreditado por muitos, herdeiro de um time montado por outros.

Renato em pouco tempo conseguiu devolver ao Grêmio a bravura, a determinação e a indignação do time diante da adversidade.

Um Grêmio com a cara do Grêmio.

Houve uma queda de rendimento, é verdade. O crédito de Renato com a torcida está evaporando velozmente, porque no futebol tudo é muito rápido. No futebol, o céu e o inferno estão muito próximos. O herói de hoje é o vilão de amanhã. E vice-versa.

O importante nessa hora é confiar em Renato e no time que ele montou. Será um jogo de paciência. O Grêmio deve entrar em campo pensando em vencer por 1 a 0. Nunca com a obrigação na cabeça de vencer por 2 a 0. O 1 a 0 basta.

O segundo gol será consequência, mase se não acontecer ainda há Dida para garantir nos pênaltis. Os batedores do Atlético vão pensar nas defesas de Dida contra o Corinthians, e irão tremer.

O Atlético Paranaense vai sentir hoje o peso de uma Arena lotada e de uma torcida ainda mais vibrante e incansável quanto esse time do Renato.

Quem for à Arena predisposto a vaiar e a pedir por jogadores que estão no banco, por favor, que fique em casa.

Se não pode ajudar, ao menos não atrapalhe.

Chegou a hora de começar a rezar

O Grêmio está deixando escapar entre as chuteiras de Barcos – e as de mais uns dois ou três, para ser mais justo – suas chances de garantir vaga direta na Libertadores de 2014. Ou reage, ou já no próximo final de semana, contra o líder Cruzeiro, pode cair para terceiro ou quarto lugar.

Esta é a dura realidade do momento.

E como o Grêmio, que até uns 20 dias atrás ainda mantinha a esperança de título, chegou à essa situação que aflige os gremistas, repetindo, aliás, o que tem acontecido desde o distante título da Copa do Brasil de 2001?

Um pouco por teimosia do Renato, que se abraçou a um esquema como um marisco às pedras, e dele não desgruda.

Em nome desse esquema, que tem seus méritos indiscutíveis mas que apresenta sinais evidentes de desgaste, Zé Roberto fica no banco de reservas e vê desfilar em seu lugar uma série de nulidades inexperientes.

Hoje, depois de longo tempo, ele entrou para jogar uns 10 minutos.

O Grêmio dominava o Bahia, que praticamente não levava risco à área de Dida. Zé Roberto poderia ter entrado antes, talvez com Elano, aos 20 minutos.

Mas não foi por isso que o Grêmio deixou de faturar três pontos em sua casa, digo, na casa da OAS.

Mais uma vez o que se viu foi um ataque absolutamente incapaz de marcar gols. Em relação a maioria dos últimos jogos, houve ao menos um progresso: o time criou inúmeras situações de gol.

O goleiro Marcelo Lomba foi o destaque do jogo com algumas defesas muito difíceis, como aquela desviada do Kleber, à queima-roupa, após cruzamento do PGV Ramiro.

Depois, Barcos perderia duas chances muito claras de gol. Numa delas, ele poderia ter encostado para Kleber, mas optou por ele mesmo fazer o gol, já que um pouco antes havia perdido boa chance e fora vaiado. Marcelo Lomba cresceu em sua frente em defendeu.

Assim, de gol perdido em gol perdido, o Grêmio vai afundando como um barco avariado.

O sistema defensivo vai bem obrigado. Comete suas falhas, como aquele descuido contra o Atlético Paranaense na quarta-feira passada, mas não pode ser responsabilizado pela decadência do time que se mostra incapaz de bater, em plena Arena, adversários assustados pelo fantasma da segundona.

Ainda defendo a proposta de de jogo do Renato. Mas não tem como abrir mão de jogadores como Elano e Zé Roberto ao menos para entrar no intervalo ou mais cedo no segundo tempo.

Tenho minhas dúvidas se isso resolveria a inoperância do ataque, mas penso que poderia aumentar sua produção e eficiência.

Quem reclama que a simples presença de um articulador, sacando um volante, resolveria a questão, quero lembrar que no jogo de hoje o time criou oportunidades para vencer até com facilidade, mesmo com Ramiro, Riveros e Souza.

O fato é que há falta de qualidade na criação de jogadas, mas também é inegável que os atacantes não aproveitam devidamente as poucas chances que aparecem.

No caso de Barcos, sou solidário ao jogador. Chego a torcer para que o zagueiro intercepte a bola que vai deixá-lo na cara do goleiro, porque isso evita o constrangimento de mais um gol desperdiçado.

Vargas é um caso à parte: como sou um admirador do drible, a bola grudando no pé do atacante, me empolgo feliz quando vejo uma arrancada do chileno. Passa por um, por dois, por três. Agora vai, penso eu, mas aí ele adianta demais a bola. É bonito de se ver, só o desfecho da jogada é que deixa a gente frustrado.

Já o Kleber é um jogador inteligente. Talvez o mais inteligente do time na organização de jogadas, no passe, na bola enfiada. O problema é que ele praticamente não conclui. E quando aparece para receber em situação de marcar, como no lance referido do Barcos, a bola não chega.

Agora, tudo é agravado pela capacidade que os laterais têm de cruzar onde os atacantes não estão. Faz tempo comentei sobre isso. Moisés até fez uns dois ou três cruzamento bons, mas no restante imitiou o titular Pará. Alex Telles tem um problema sério. Eu, fosse o treinador, o proibiria de tentar o gol em chutes de fora da área. Na bola parada ele também é apenas razoável, para ser compreensivo.

Elano deveria jogar até em função da bola parada. Muitos jogos são decididos em cobrança de falta, de escanteio.

Por fim, o mais preocupante.

Um time que não conseguiu fazer um golzinho sequer no Bahia – fora o histórico de incapacidade ofensiva –  tem chances reais de fazer dois gols no Atlético Paranaense?

Chegou a hora de acreditar, de ter fé.

Chegou a hora de rezar.

E quando chega essa hora é porque a coisa realmente está feia.