Não existe ‘jogo jogado’: todos na Arena

A possível saída de Luan para um futebol quase secreto ocupa amplos espaços na mídia. Não faltam nem suposições sobre como será o Grêmio sem Luan.

Ora, será como foi quando perdeu Renato Portaluppi – que saiu quase de graça para o Flamengo -, e Valdo, pra ficar apenas nesses que estão na galeria dos melhores jogadores que vi com a camisa tricolor.

Nunca mais apareceu um Renato ou Valdo, mas vieram outros igualmente talentosos, e até com características similares às dos que partiram – alguns pela porta dos fundos como quem rouba.

Enfim, o Grêmio sobreviverá, sem dúvida. E continuará grande, forte, porque tem uma torcida que se mantém ao seu lado nos bons e nos maus momentos até que a morte nos separe, amém.

No momento, para seguir sua trajetória vitoriosa nesta temporada dos sonhos – não me acordem – será preciso continuar na Libertadores. Para isso, é preciso superar esse obstáculo chamado Godoi Cruz. Tem gente aí opinando que o time argentino é ‘galinha morta’, que a vitória virá ao natural, sem maior esforço.

Quem diz esse tipo de coisa é:

-um gremista otimista demais, meio fora da casinha;

-um mal-intencionado, querendo criar clima de já ganhou até pra não ir muita gente à Arena;

-um saudosista que imagina ainda estar em algum lugar do passado em que os clubes menores tremiam diante dos mais fortes;

-um neófito, que sabe droga nenhuma de futebol, seus dramas, suas tragédias, como a vitória imposta pelo glorioso Mazembe a um clube hoje chafurda na segundona.

Felizmente, a maioria dos torcedores já sabem que não existe jogo jogado. O argentino Kannemann, que conhece bem seus conterrâneos, está alertando para um jogo muito difícil nesta quarta, 19h15. Diz ele que será um jogo disputado no limite, e eu não tenho dúvida disso.

Já li hoje na imprensa que o Grêmio tem larga vantagem. Desde quando vitória por 1 a 0 é larga vantagem? Esse tipo de afirmação é coisa de gente mal-intencionada, que quer uma Arena com pouca gente – o horário contribui para isso, infelizmente.

Assim como o time em campo terá de jogar no limite para evitar uma surpresa, cabe ao gremista se esforçar para ir ao jogo e torcer por um resultado que mantenha o clube na briga pelo tri da Libertadores.

De minha parte, vou ao jogo mais tranquilo porque a direção decidiu poupar titulares contra o Atlético-MG. O Grêmio terá força máxima, com exceção de Edílson. Mas quem tem Léo Moura não se preocupa com esse desfalque.

 

Outro motivo para ir à Arena: ver de perto a arte de Luan com o manto tricolor. Vá antes que acabe…

Enfim um reserva à altura de Grohe

Além da conquista de três pontos fundamentais para seguir nos calcanhares do Corinthians e consolidar sua posição na vice-liderança, o jogo do misto gremista contra os reservas do Atlético Mineiro serviu para que o goleiro Paulo Vitor apresentasse seu cartão de visitas.

Nas poucas vezes em que foi exigido, o ex-goleiro do Flamengo mostrou segurança. Mas foi ao defender um pênalti cobrado pelo veterano Robinho, no ‘apagar das luzes’, como diziam os locutores na antiguidade do futebol, foi que Paulo Vitor conquistou a torcida gremista.

A atuação segura do estreante sinaliza que Marcelo Grohe agora tem uma sombra de respeito no banco de reservas. Sei que um jogo é muito pouco para aferir as reais condições de um jogador, principalmente de um goleiro, mas já serve como alento para enfrentar com mais tranquilidade o funil que se aproxima nas Copas Libertadores e do Brasil.

 

Sobre o jogo de ontem, destaque para Léo Moura (já era fã dele nos tempos de Flamengo), Arthur e Maicon, este mostrando que dispensa carteiraço para ser titular. Joga muito. Dentro e fora de campo – prestem atenção nas entrevistas dele.

Destaco também o Fernandinho, provando que Renato tinha razão em insistir com ele, contrariando a opinião da maioria da torcida, inclusive a minha. Fernandinho é mais uma evidência de que Renato enxerga muito.

Luan voltou e deu o toque de qualidade nas jogadas ofensivas. Uma pena que ele esteja na iminência de deixar o clube, uma pena.

Gostei também do Pedro Rocha e do Éverton. Essa dupla enlouquece qualquer marcação.

Na verdade, o time inteiro fez uma partida de bom nível, inclusive os dois zagueiros. O outro estreante, Bruno Rodrigo, que muitos aqui queriam ver no time no lugar do Bressan, mostrou por que, no momento, é a quinta opção para a zaga ao cometer um pênalti desnecessário, poucas vezes assinalado, mas legítimo.

Luan, Douglas e o problema chamado Bolaños

Ainda me recuperando do fartão que tive com o vainãovai do Neymar, e com a reação impressionante da mídia dos pampas – havia gente torcendo enlouquecidamente para Neymar não sair do Barcelona porque se trata de ‘um clube superior ao PSG’ -,  quero manifestar minha preocupação com a possível saída do Luan.

Com Luan, o Grêmio é o time que vence e encanta – até os colorados; sem Luan, mantém qualidade, mas perde o glamour. Quem acompanha os jogos percebe que o time se torna um pouco mais comum. Perde o seu maior diferencial técnico e tático.

Sei que o clube anda navegando no mar revolto do dinheiro insuficiente para fechar a conta a cada final de mês, mas é preciso manter Luan, mesmo que ele seja negociado. Tipo, pague agora e leve depois.

Douglas

Menos mal que Douglas está voltando, já inscrito na Libertadores, no lugar do Gastòn enrolador. Não entendo jogador que sai do seu país e logo depois fica incomodando lutando pra voltar, e praticamente de graça, com prejuízo a quem o contratou.

Entre Douglas e esse argentino sou mais o maestro pifador. Não me incluo entre os admiradores do Douglas – aliás, duvido que a cerveja dele seja melhor que a minha -, mas vejo nele o jogador ideal, dentro do grupo, para substituir Luan no caso de uma negociação.

Bolaños

Bolanos também faria bem essa função, mas não tem a capacidade de retenção de bola do Luan. O Grêmio mudaria um pouco sua característica do meio para a frente, e talvez até melhorasse.

O problema que Bolanos, antes de ser uma solução, é um problema. Um baita problema. Não entendo como o clube investiu tanto num jogador sem verificar seu histórico fora de campo.

Será que sabiam e acreditaram no pensamento mágico de que aqui qualquer jogador com problema melhora e se destaca?

Foi com esse pensamento que trouxeram o Beto da Silva, um jogador que treina, se lesiona, treina, se lesiona…

Quem contrata jogador problemático assim deve explicações à torcida, que é quem acaba pagando essa conta.

E não é a primeira vez que o Grêmio faz esse tipo de negócio.

Atlético Mineiro

Grêmio e Atlético vão para o jogo deste domingo com times desfalcados de titulares importantes. Os dois priorizam a Libertadores, e tem jogo no meio da semana.

Realmente, não tem como manter o time titular em todos os jogos, embora tenha gente que insista nisso, contrariando a realidade amarga dos fatos.

Churrasco

Domingo, a partir do meio-dia, estarei na sede do Movimento Multicampeão. Vou assar uns salsichões da Borrússia e umas carnes pra gente beliscar enquanto o ‘show’ não começa.

Estão todos convidados.

A sede, minúscula no tamanho mas gigante na capacidade de acolhimento de gremistas, fica bem em frente à Arena, no centro da agitação pré-jogo.

Grêmio faz a sua parte e vence o lanterna

Depois de um primeiro tempo em que não seria injustiça se fosse para o intervalo perdendo, o Grêmio voltou mais agressivo no segundo. O técnico Renato Portaluppi adiantou a marcação, passou a pressionar a saída de bola do adversário.

Afinal, com todo respeito, o lanterna do campeonato não pode ter qualidade técnica para sair tocando a bola, ainda mais se for marcado na frente. Renato se deu conta disso e foi para cima em busca da vitória, quase uma obrigação por sinal.

Sacou Arthur e colocou Lincoln, um jogador mais habituado a jogar nas imediações da área, deixando o time ainda mais ofensivo. O Grêmio realmente melhorou. O Atlético Goianiense teve de explorar a ligação direta, o que facilitou a marcação.

Como empilhar jogadores ofensivos não é sinônimo de potência ofensiva, Renato, percebendo que faltava alguém na articulação e também para reforçar o meio, colocou o veterano Léo Moura, que está voltando de lesão.

Léo entrou no lugar de Pedro Rocha. Muita gente deve ter criticado essa alteração. Mas o time ganhou consistência no meio de campo e um toque de bola mais inteligente. A lateral direita continuou com Leonardo, que aos poucos começa a mostrar que pode ser útil.

Então, posicionado na meia esquerda de ataque gremista, Léo Moura lembrou o maestro pifador. Eram 37 minutos quando ele enfiou uma bola milimétrica para Linconl (foi a melhor atuação do guri nos últimos tempos), que recebeu em condições de chutar a gol. Mas não foi fominha, foi inteligente e preciso no passe, meteu para a pequena área onde apareceu Michel.

O ex-jogador do Atlético Goianiense aparou de primeira e mandou a bola para a rede. Michel foi o carrasco de seu ex-clube.

Depois disso, o Grêmio administrou a vantagem e pouco permitiu ao adversário, que tinha em Walter seu maior perigo na frente.

O Grêmio fez a sua parte, somou três pontos mesmo sem jogar lá essas coisas.

O Corinthians, por outro lado, também venceu. Já é a melhor campanha de um clube no primeiro turno nessa fórmula (chata) dos pontos corridos.

O importante para o Grêmio, que tem como prioridade a Libertadores e depois a Copa do Brasil, é manter-se na ponta de cima.

GRINGO

Quase final de jogo, o Grêmio administrando a vantagem. Aí, o Kannemann dá uma de louco e chuta uma bola alta em direção ao Cortêz, que estava na linha da lateral esquerda ofensiva. Muito perto de Renato.

Foi um lance desastrado do argentino. Renato, mantendo o bom humor e revelando o clima de camaradagem do grupo, gritou algo assim:

-Gringo, não adianta mandar a bola pra mim que eu não tô jogando.

Meu último encontro com o eterno presidente Hélio Dourado

O texto abaixo foi publicado no dia 26 de outubro de 2012. Eu acabara de concluir a cerveja Olímpico. Decidi presentear o homem que sem ajuda de empreiteira, mas movido à paixão e determinação, havia concluído o Olímpico Monumental, mobilizando a maior torcida do Estado, a nação gremista.

Ao reler esse texto me vem à mente cada minuto que estive frente à frente com o maior gremista que conheci, um homem que deu parte de sua vida ao Grêmio, clube que atingiu esse patamar glorioso muito graças a esse gremista lendário.

Bem, segue o texto, minha última homenagem:

“No final da manhã retiro da gráfica os rótulos da minha nova cria: a cerveja em homenagem ao Estádio Olímpico Monumental, a OLÍMPICO.

Às 13h, depois de rotular as primeiras long neck com seu líquido precioso, telefono para um sujeito a quem devo muito, o cara que interrompeu a longa e tenebrosa noite dos títulos sucessivos do Inter na década de 70 ao vencer o Gauchão de 1977, me proporcionando uma alegria que me deixa emocionado até hoje.

O eterno presidente Hélio Dourado atende. Depois de saudações efusivas e “quanto tempo pra cá, quanto tempo pra lá”, combino de ir ao apartamento dele no final da tarde.

– No começo da tarde não dá porque tenho que ir ao banco -, diz Dourado, entre um e outro ‘érre’ engolido, me deixando feliz por saber que está ativo e plenamente lúcido, contrariando uns e outros que não gostam de ouvir vozes que opostas a seus interesses e projetos.

Passam alguns minutos das 17 horas quando o homem que concluiu o Olímpico Monumental na raça e na coragem abre a porta sorridente. Está mais magro, encolheu, como diminuem de tamanho todos os que chegam aos 82 anos.

Para mim, o homem que se mostra emocionado ao rever um antigo setorista tricolor continua um gigante.

– Como é bom encontrar o pessoal daquele tempo -, diz Dourado, enquanto nos acomodamos na sala. Coloco o kit presente com duas Olímpico e uma Mazembier sofre a mesa de centro. Ele percebe, mas não liga. Quer falar do passado, do Grêmio, do Olímpico, da Arena.

Natural de Santa Cruz do Sul, como eu, Dourado contou que é sócio do Grêmio desde 1941, logo que chegou a Porto Alegre. ‘Foi no dia do meu aniversário de 11 anos, dia 21 de março. Quem me levou foi minha mãe, que era muito gremista’, lembrou.

Quando o assunto passa a ser o Grêmio, Hélio Dourado não disfarça sua desolação e seu desgosto.

Diz que não vai a jogos no Olímpico há mais de ano. “Só voltei lá pra votar no Koff, que foi meu diretor de futebol em 1976′, revelou.

Pergunto se ele já foi visitar a Arena. “Outro dia o Odone me convidou, mas eu não aceitei. Não tenho curiosidade”, garantiu.

Quem sabe a gente vai junto, provoquei. “Não, lá eu não piso”, rebateu enfático.

Ao longo da conversa percebi que ele é capaz de ir na festa de inauguração.

A maior mágoa dele, ficou claro pra mim, é que o projeto do arquiteto Plínio Almeida para modernizar e ampliar o Olímpico sequer foi considerado.

Dourado se entusiasmou quando deu detalhes da proposta do homem que projetou o Olímpico. Criticou duramente a localização da Arena e o acordo firmado com a empreiteira. “O estádio será realmente do Grêmio apenas depois de 20 anos. Em que condições estará?”, questiona.

– Mas não há mais o que fazer, presidente. A Arena está aí, é fato consumado -, pondero.

Dourado não se conforma. Mas deixa evidente que sua mágoa seria amenizada se o Olímpico permanecesse em pé. A dor seria menor.

– Porto Alegre não tem um estádio para o futebol amador. O governo do estado, a prefeitura, sei lá, eles poderiam comprar essa área, impedindo a demolição do Olímpico e a construção de espigões no lugar. Mas ninguém se preocupa com isso. O Olímpico é um patrimônio do futebol gaúcho -, reforça, lembrando por momentos o grande líder que conduziu o Grêmio a conquistar seu primeiro título de campeão brasileiro, em 1981, abrindo as porteiras do Rio Grande para o Brasil e o mundo.

Não tenho dúvidas: se fosse mais jovem, Dourado mobilizaria lideranças do clube e a torcida para remodelar o Olímpico em fez de erguer a Arena, preservando o patrimônio do Grêmio.

Depois, falamos de futebol. Ele contou histórias e citou dois jogadores como símbolos de sua trajetória como presidente: De León e Oberdan. “Dois grandes jogadores, dois líderes, profissionais de caráter. Todo o time precisa ter um jogador assim, uma voz forte dentro de campo, só o treinador não resolve”, ensinou o velho mestre, lamentando que o time hoje (em 2012) não possui um jogador com esse perfil.

Dourado ainda tem muito a contribuir. Agora, ele aguarda que daqui a algum tempo o presidente eleito Fábio Koff o visite. “Ele prometeu que viria aqui para falar do Grêmio”, diz, com os olhos brilhando.

Antes de me despedir, entrego as cervejas. Pegou a Olímpico, leu o rótulo em voz alta. Pedi licença pra tirar uma foto. Senti que Dourado ficou feliz com o presente/homenagem.

– Vou colocar na estande como um troféu, mas antes vou beber, claro -, falou, abrindo um sorriso.

Percebi que ele estava emocionado com a homenagem. Nada comparado, porém, com as emoções que senti em 1977, quando ainda não era jornalista, e em 1981, quando Baltazar marcou aquele golaço no Morumbi na conquista do Brasileiro.

Continuo devendo muito ao presidente Dourado.”

 

Jogo ideal para observar Paulo Vitor

Vamos ao que interessa: os jogos contra o Cruzeiro pela Copa do Brasil, fase semifinal. Faltam quatro jogos para o hexa. Este deve ser o foco.

O primeiro jogo será na Arena, dia 16; o segundo dia 23, no Mineirão.

Em outros tempos, nem tão distantes, eu estaria preocupado. Admito que ainda tenho meus medos, mas estou próximo de ter confiança plena na equipe armada por Renato Portaluppi, santo milagreiro que recuperou Léo Moura, Cortêz e até o Fernandinho. Se ele recuperar Bressan será canonizado..

Bem, hoje vou à Arena ou me acomodo diante da TV convencido de que o time irá jogar bem, irá se impor, e só não vencerá por esses caprichos do futebol. Foi assim, por exemplo, contra Corinthians, Avaí e domingo contra o Santos, que jogou borrado, temendo até goleada.

Se o Lucas Barrios tivesse jogado tenho certeza de que o resultado seria bem diferente de tanto que a bola pererecou na área implorando por um pé matador.

Há dois jogos pelo Brasileirão antes do Cruzeiro. O título é um sonho distante, mas é preciso continuar dando um bafo na nuca do Corinthians. Vai que o time tropeça, o que tem acontecido, e o Grêmio não, o que na real não é muito provável.

GOLEIRO

Entendo que Renato deveria poupar o Grohe desse jogo contra o Atlético Goianiense, talvez o pior time da competição. É uma ótima oportunidade de conferir Paulo Vitor (Léo sequer viajou).

Grohe realmente parece em crise técnica, e/ou existencial. O gol de falta que ele sofreu diante do Atlético PR foi de quem não parece centrado, parece dispersivo. Cheguei a jurar que havia desviado na barreira, mas que nada! Falha grosseira, inaceitável.

Tenho confiança no Grohe, por seu histórico, mas seu momento não é dos melhores. Falta-lhe até mesmo algo primordial a um goleiro: sorte. Bola em gol é gol, nos jogos mais recentes.

Mas Renato insiste, e tem suas razões. Goleiro é uma posição delicada, precisa ser tratada com jeito. Não tenho dúvida de que Renato sabe o que está fazendo. Mas que ele poderia observar Paulo Vitor, poderia, sem que Grohe pudesse reclamar ou se sentir diminuído. Afinal, trata-se de um jogo teoricamente fácil, adequado para dar ritmo a outro goleiro. Até porque é preciso ter ao menos um reserva com um mínimo de jogos para entrar e corresponder quando chamado.

CRUZEIRO

Sobre os jogos contra o Cruzeiro: gostei de ter a decisão fora. As melhores partidas do time, com melhor aproveitando nas conclusões, foram longe da Arena. Aqui foram perdidos gols em demasia. Fora, o aproveitamento tem sido melhor – não há base científica nesse afirmação -, mas é o que me parece.

Uma vitória em casa, sem levar gol, e depois jogar no desespero do Cruzeiro, com a torcida pressionando. Do jeito que o Grêmio gosta.

Grêmio para no goleiro e na arbitragem

Dizer que o o árbitro Bráulio Machado foi mal-intencionado seria para ele um elogio, porque partiria do pressuposto de que ele, sendo bem-intencionado, poderia ter uma atuação digna, correta, eficaz.

Não, esse árbitro catarinense não poderia ter uma atuação boa pelo simples fato de que seu problema é mais grave. Trata-se de uma questão de ser competente ou não.

Neste empate por 1 a 1 com o Santos, na Arena, o sr. Bráulio foi incompetente, sem qualificação para comandar um jogo entre dois clubes que ainda podem ameaçar, mesmo remotamente, o título do Corinthians.

Esse juiz vai ter de conviver com sua incompetência, e eu vou dormir com minha raiva, minha revolta.

Coincidência ou não, o empate foi ótimo para o clube paulista, que, aliás, também foi prejudicado pela arbitragem. Teve um gol legítimo anulado. Quem foi o beneficiado? Outro queridinho, o Flamengo.

Não é fácil para qualquer juiz apitar o duelo entre os dois queridinhos. A quem beneficiar?

Nesse jogo na Arena, onde mais uma vez o Grêmio se impôs e criou inúmeras situações de gol, chamou minha atenção o conivência do juiz com as faltas cometidas pelos santistas, muitas delas ele deixou passar em branco.

É o tipo de arbitragem que favorece o time que se contenta com um empate.

Edílson, por exemplo, esquentou a cabeça. Acabou expulso por uma bobagem faltando alguns minutos para o jogo terminar.

Tolerante com os santistas, o sr. Bráulio – que Deus o mantenha longe da Arena, o Grêmio não se dá bem com juízes catarinenses – foi enérgico e rigoroso com os gremistas. O capitão Maicon levou amarelo por reclamação.

O volante Yuri, que deveria ter sido expulso por uma entrada por trás no início do segundo tempo, e deveria ter levado o segundo amarelo, foi deixado livre. Esse tipo de decisão realmente incomoda o time prejudicado, no caso, como na maioria das marcações do juiz, o Grêmio.

Nem vou comentar um pênalti sofrido por Éverton, num lance em que o juiz talvez não tivesse a melhor visão para ter certeza de falta.

Fez bem o técnico Renato Portaluppi em não reclamar da arbitragem. O corporativismo dessa categoria é grande. Gostei também do recado dele, que seu time não é de freiras ou de padres, que não vai se encolher diante de um adversário mais preocupado em bater, como foi o Santos.

Tanto o Santos não conseguiu jogar que Marcelo Grohe não fez nenhuma defesa. Os anti-grohistas podem repetir a cantilena: de novo, uma bola em gol, um gol. Não importa o grau de dificuldade.

Aqueles que criticaram Grohe por defender uma bola para a frente certamente vão criticar Vanderlei, goleiro destaque do Brasileiro, que também defendeu uma bola para a frente, não para os cantos como deve ser quando possível. Não sendo possível, defende de qualquer jeito. Para Vanderlei vale a defesa de qualquer jeito, para Grohe, não.

Mais uma vez o Grêmio parou no goleiro. A arbitragem atrapalhou, mas Vanderlei atrapalhou muito mais, foi decisivo. Assim como tinham sido Cássio e Douglas, do Avaí.

Neste jogo contra o Santos flagrei um defeito do ataque gremista: a insistência em buscar o gol bonito, com tabelas curtas e dribles  pelo meio, buscando a jogada consagradora.

Um pouco mais de simplicidade talvez o Grêmio tivesse vencido. A gurizada do Grêmio parece contaminada com essa história de futebol mais bonito do país. Não entrem nessa, que é o primeiro passo para perder.

No mais, foi uma atuação muito boa, ainda mais considerando-se o adversário, altamente qualificado.

Misto mantém padrão e bate o Atlético

A vantagem alcançada pelos 4 a 0 na Arena era mesmo muito difícil de ser desmanchada. Mas há exemplos apontando que no futebol tudo pode acontecer.

Por isso, quando o Atlético PR fez 1 a 0, logo aos 15 minutos, saí do modo cruzeiro para entrar no ‘apertem os cintos’.

Ainda não me acostumei com esse time do Renato, porque sou assombrado por duas décadas de martírio. Já devia saber que esse Grêmio do Renato é capaz de atravessar nuvens carregadas com serenidade e destemor.

Não demorou muito e lá estava Pedro Rocha, que agora deu pra imitar os cortes que Renato deu no zagueiro do Hamburgo na conquista do Mundial. Ele recebeu pela esquerda, armou para chutar e cortou para dentro, batendo forte no canto oposto do goleiro, um golaço! Já havia feito pelo menos uma jogada assim.

No intervalo, o Atlético voltou decidido a fazer um milagre, empilhar gols e evitar outro gol do Grêmio.

Não conseguiu nem uma coisa nem outra. E isso já era previsto. Éverton entrou no lugar de Jailson. Renato já deu provas de que não curte muito trocar volante por volante. Meteu logo um atacante para aproveitar os espaços defensivos fornecidos pelo Atlético.

Pois Éverton fez 2 a 1, um balde de água gelada no adversário. E o passe foi de quem? Do vilipendiado Bressan, que cabeceou consciente para Éverton concluir sem chance para o goleiro.

Depois, Éverton lançou Pedro Rocha que simplesmente driblou o goleiro com uma tranquilidade que ele não tinha e agora tem.

O Atlético ainda fez o segundo gol, nos acréscimos. Uma cobrança de falta que desviou na barreira e deixou Grohe sem ação.(ATENÇÃO, ERREI, A BOLA NÃO DESVIOU, FALHA DO GROHE). É claro, não faltarão críticas ao Grohe, tipo ‘vai em gol é gol’.

Importante destacar que mesmo com um time misto o Grêmio manteve mais ou menos o seu padrão de jogo, mostrando que estamos diante de um time, e um grupo, bem treinado.

Resultado do trabalho do técnico que trocou as areias do Leblon para dar aula de como se arma um grande time sem precisar voltar aos bancos escolares.

SEMIFINAL

Agora, o Grêmio pega o Cruzeiro. Semifinal da Copa do Brasil. São quatro jogos separando o Grêmio do hexa. Passando o Cruzeiro, pega o vencedor de Flamengo e Botafogo. Flamengo que conseguiu a vaga de forma polêmica contra o Santos.

Vuaden marcou pênalti a favor do Santos. Falta de Réver, pênalti a meu ver claro. Mas Vuaden, atendendo ao chamado do quarto juiz, que estava longe do lance, voltou atrás. Um absurdo do juiz da federação noveletiana.

E assim vai o futebol brasileiro…

Grohe, Gumex e os eternos implicantes

O torcedor de futebol é um implicante.

Lembro que não gostava das entrevistas do Tite em sua passagem – vitoriosa – pelo Grêmio. Parecia um autor de livro de autoajuda. Na redação do Correio do Povo eu o chamava de Lair Ribeiro. Pura implicância.

Mas sempre reconheci no Tite um grande treinador. Aliás, tempos depois de sua saída por causa daquela bobagem das ovelhinhas, escrevi que por mim Tite teria contrato vitalício com o Grêmio. Ou quase isso.

Desde, é claro, que mudasse o seu discurso, que hoje está bem melhor.

Então, também sou um implicante. Hoje, por exemplo, implico com quem implica com Renato Portaluppi, o melhor treinador em atividade no futebol brasileiro.

Tem gente que implica com o jeito marrento do Renato, com sua sinceridade, com suas frases provocativas,  com sua mania de dizer a toda hora “meu grupo” (acho que não precisava repetir isso).

Tem até gente implicando quando o Renato não se contém e solta um “sou gênio”, coisa que eu mesmo faço quando tenho uma boa ideia (o que é raro) ou quando elaboro uma frase genial (o que é mais raro ainda). Li que o Paulo Sant’Ana também soltava seguidamente um “sou gênio” na redação da ZH. Quem nunca?

O torcedor implica com qualquer coisa, principalmente quando o alvo é um jogador que ele não gosta.

Hoje, o preferido de nove entre dez gremistas (exagero, claro) é o Marcelo Grohe. Já li nas redes sociais um pessoal implicando com o fato de Grohe ser muito religioso.

Outros implicam com a cara de bom moço do Grohe, o genro que todo pai quer para sua filha.

Quase saí de costas quando descobri que há gremista implicando com o cabelo de Grohe. Um amigo meu é um deles. Tem até um grupo no whats só pra falar do goleiro gremista. E aí dá de tudo.

Mas o que tem o cabelo do Grohe?, perguntei, e logo me arrependi de ter levado a conversa adiante.

Meu amigo (fã ardoso do Danrlei com seu jeito de bad boy, antes de entrar para a política) respondeu, e eu vou resumir:

-O Grohe tem o cabelo engomadinho, todos os fios no lugar. Goleiro não pode ter cara de bom rapaz. Goleiro não pode ser todo certinho. O problema é que o Grohe é tão certinho que até quando quer cometer algum tipo de malandragem no jogo acaba exagerando, como no caso das tentativas de fazer cera pra ganhar tempo. E aí o juiz flagra a falsa malandragem, justamente porque Grohe não é malandro. Esse negócio de enganar a arbitragem não combina com o jeito do Grohe. Pra começar, ele teria de parar de usar Gumex no cabelo.

Esqueci de dizer, esse meu amigo é um sobrevivente dos anos de chumbo do Grêmio, a década de 70. Gumex era um fixador de cabelo dos anos 50, que durou até anos 60/70.

A título de curiosidade. Tem uma frase, criada pelo grande Ari Barroso – autor do clássico Aquarela do Brasil -, que era narrador de futebol. Num determinado jogo lascou uma frase que é repetida até hoje:

– Dura Lex sed Lex, no cabelo só Gumex.

Sei lá se Grohe usa Gumex ou coisa parecida, isso realmente não importa. O fato é que ele tem sido condenado até quando não falha, como aconteceu no empate com o São Paulo. A meu ver, pura implicância.

 

Grêmio consagra mais um goleiro

Enquanto o São Paulo saiu de campo comemorando o empate, o Grêmio deixou o Morumbi lamentando o 1 a 1 e a perda de 2 pontos.

A artilharia ofensiva do Grêmio consagrou mais um goleiro, Renan, que fez algumas grandes defesas e evitou a derrota de seu time. No outro lado, Marcelo Grohe quase não trabalhou.

O maior risco que Grohe sofreu, depois do lance do gol sãopaulino, partiu da estupidez de um torcedor (?), que tentou prejudicar o goleiro com raio laser, fato que precisa ser colocado na súmula, além dos gritos de ‘bicha’ contra Grohe.

Então, num jogo em que merecia ter feito pelo menos mais um gol, o Grêmio só empatou – em circunstância igual o Corinthians, com a sorte atual, teria goleado. Isso significa que será muito difícil impedir que o título fique nas mãos do clube paulista, competente e sortudo.

É claro que o torcedor sempre acredita, ainda mais quando veículos de comunicação insistem em bater na tecla de que o Grêmio pode conquistar três títulos este ano. Não é impossível, mas a chance é quase zero. Até poderia ocorrer se não houvesse um Corinthians com essa campanha extraordinária e sem tantos compromissos quanto o Grêmio.

Em relação ao jogo desta noite, é preciso destacar acima de tudo o lance de força, velocidade e habilidade de Pedro Rocha, aproveitando lançamento de Luan. Foi o melhor momento do jogo, seguido de duas ou três defesas de alto brilho do goleiro Renan.

Penso que ninguém mais tem dúvida sobre a importância desse jogador, que além de levar perigo ao adversário ainda ajuda muito na marcação.

O Grêmio teve maior controle do jogo no primeiro tempo, marcando bem, tocando a bola e explorando contra-ataques, mas levou mais perigo no segundo, já com Fernandinho no lugar de Arthur, que já dava sinais de cansaço.

É importante registrar que Lucas Barrios fez falta. Penso que Renato poderia ter começado com um atacante, Éverton ou Fernandinho, no lugar de um dos volantes. Aliás, Fernandinho, de novo, entrou muito bem e isso aumentou o poder de fogo gremista.

Se dependesse de mim, o time começaria com Éverton e Pedro Rocha abertos com Luan chegando pelo meio. Talvez perdesse em marcação, mas ganharia em velocidade na frente.

A meu ver, Renato respeitou demais o São Paulo. Ainda assim criou mais chances e poderia ter vencido.

TREM PAGADOR

O maior público do Brasileirão foi Grêmio x Corinthians, mais de 54 mil torcedores. O segundo, o jogo desta noite, com mais de 51 mil no Morumbi.