A facilidade com que alguns gremistas atacam Renato

Deixando a paixão de lado por alguns instantes apenas, o que não é fácil no universo pulsante do futebol, quero convidar os amigos gremistas a uma reflexão. Faço isso movido pelo espanto de ler aqui neste espaço, e em outros das redes sociais, e também na mídia tradicional, críticas muito duras ao desempenho do Grêmio e do técnico Renato no Gre-Nal de quarta-feira.

Faço parte da corrente majoritária que não gostou da decisão de começar o jogo com Cícero, mas não concordo quando alguns gremistas dizem que Renato faz isso por bruxismo. Renato deve ter suas motivações para não ter começado com Arthur ou Michel, ambos superiores a Cícero.

O que me impressiona é a facilidade com que gremistas logo tratem de atacar o técnico. E isso se dá constantemente em outras situações e opções do treinador, que, diga-se, conhece muito melhor que qualquer um de nós o que cada jogador pode render.

Cada um tem uma maneira de ver. Eu começaria com Michel. Preservaria Arthur, que visivelmente ainda não está 100% (mesmo assim supera Cícero). Muitos aqui iriam de Arthur.

Li e ouvi por aí que essa derrota poderia significar o início do fim de Renato como treinador do Grêmio. Só faltaram sugestões de nomes para o cargo. Um absurdo como esse atribuo a paixão febril e alucinante e/ou a um sentimento de não aceitação de Renato, o que é compartilhado por uma minoria como se percebe a cada resultado negativo do Grêmio.

Um pessoal que se esconde quando o Grêmio conquista uma Recopa, por exemplo, ou aplica goleada no rival. Mas que reaparece lépido e faceiro para atacar quem foi protagonista de três grandes títulos em um ano e meio. Três vezes mais do que foi conquistado nos últimos 15 anos.

Esse tipo de coisa me irrita tanto que prefiro nem polemizar. Não respondo. Sei que a maior parte não tem má intenção. Outros parceiros nesse fórum de debates se incomodam mais e retrucam, por vezes com excessos verbais. Faz parte, é a paixão do futebol.

Li comentários também no sentido de que o Grêmio fez uma partida muito ruim, para uns a pior dos últimos tempos. Exagero. O Grêmio não foi tão mal assim. Começou o jogo controlando o adversário, envolvendo com toque de bola. Depois, veio o gol na falha inaceitável do Bressan. Tem gente criticando a escalação de Bressan, mas colocar quem?

Esse gol, de pênalti, foi a grande chance do Inter no primeiro tempo desse ‘pior jogo’ do Grêmio. No segundo tempo, de novo o Grêmio começou melhor, mas o Inter no vamo que te vamo foi criando situações de perigo. E sempre chegando junto, em especial o Dourado, que merecia expulsão.

Até que veio o segundo gol, originado de uma falta que não aconteceu. Foi o que produziu o Inter contra o Grêmio ‘horroroso’ escalado por Renato, o ‘professor Pardal’. Marcelo Grohe, salvo engano, não fez nenhuma grande defesa. Já o goleio Lomba fez pelo menos duras defesas inportantes, uma num chute de Luan e outro em conclusão de Cícero.

Quer dizer, o Grêmio perdeu na casa do adversário – um time mordido e humilhado, louco por vingança – jogando um futebol médio, prejudicado pela atuação da atuação do sr Vuaden, que, decididamente, dá muita sorte ao Inter em clássicos.

Em resumo, o Grêmio não foi essa desgraça toda que muitos propalam, nem todos com boas intenções.

Ah, sem esquecer que o Grêmio entrou em campo para administrar a vantagem dos 3 a 0. É claro que isso não interessa a quem está sempre buscando alguma coisa para detonar o time.

COCHICHO

Não gostei de ver o Renato todo amiguinho do Dalessandro. Renato parece desconhecer a rivalidade e o que esse argentino debochado e desrespeitoso já fez.

Não se mandam flores aos inimigos.

AVENIDA

Domingo, 16h, o Grêmio terá de jogar mais do que jogou no Gre-Nal. O meu Avenida está invicto há um ano nos Eucaliptos.

Ah, Jean Pierre será o juiz…

 

Grêmio avança no Gauchão e torcida colorada comemora

Renato poderia ter começado com Michel no lugar de Maicon, mas optou por Cícero. Alguns defendem que Arthur seria a opção melhor, mas eu acho que é melhor ele voltar aos poucos, sem pressa. Jogo de muita pegada, um Inter que bateu como nunca, sabendo que teria no árbitro Leandro Vuaden uma espécie de Lula (‘não sei, não vi nada’), e o pau comendo.

Rodrigo Dourado só terminou o jogo em campo porque Vuaden não fez o que tinha de fazer, dar-lhe o segundo cartão amarelo em função de pelo menos três faltas duras depois de ter sido amarelado.

Então, diante disso, e prevendo o que aconteceria, Renato preservou Arthur para o segundo tempo. E fez muito bem, até porque eu quero Arthur inteiraço na Libertadores, no Brasileirão e na CB. Se é pra lesionar alguém que seja Cícero ou Michel.

Agora, penso que Michel deveria ter começado o jogo. Cícero foi um jogador apagado, especialmente se compararmos com Maicon, que faz o jogo passar pelos seus pés. Cícero não tem temperamento para isso. Não comprometeu, mas também não justificou sua escalação.

Mesmo assim, o Grêmio teve bons momentos no jogo, dominando, envolvendo o adversário, que só sentiu que poderia vencer quando Bressan fez aquele pênalti ridículo ainda no primeiro tempo. Nico Lopez bateu e converteu.

No segundo, o Grêmio começou tocando a bola, buscando o espaço para empatar. Aos poucos, o time colorado, na base da vontade e de lançamento para a área com bola rolando e escanteios, foi crescendo, chegando a encurralar o Grêmio. Até que veio o segundo gol, a partir de falta que não houve. Kannemann ainda levou cartão amarelo. D’Alessandro, que voltou a apitar, marcou 2 a 0.

Bem, aí a torcida colorada, um tanto desanimada ultimamente, enlouqueceu. Passou a acreditar fortemente que a classificação seria possível. A euforia não durou muito. Arthur entrou e ajudou a tranquilizar o time, controlando o meio de campo. O técnico Odair colocou três atacantes em momentos distintos, sacando defensores. Perdeu o meio de campo e nada ganhou na frente. Por pouco, o Grêmio não aproveitou a vulnerabilidade do adversário para descontar.

Se Renato tivesse arquitetado um plano para iludir a torcida, a direção e a imprensa colorada de que o time está no caminho certo para enfrentar desafios maiores, não poderia ter feito melhor. Os colorados de todas as instâncias deixaram o estádio eufóricos. Afinal, haviam vencido o time responsável por seus maiores pesadelos nos últimos dias.

 

Mobilização na mídia para elevar auto-estima colorada

Mais uma vez a crônica esportiva gaúcha se mostra compadecida com o lado vermelho da força no Estado.

Desde que o Grêmio começou a acumular vitórias e conquistas, ao lado de alguns shows que encantam até torcedores de outros clubes, é perceptível o esforço dos analistas em tentar consolar os colorados. É um movimento forte para levantar a auto-estima desses torcedores.

Cronistas de ‘alta credibilidade’ na aldeia, de notória ‘isenção crítica’, argumentaram em seus canais que há aspectos positivos nessa hecatombe que atingiu o Inter nos últimos dias.

Sim perder dois grenais seguidos depois de transmitir ao torcedor a falsa ideia de um time altamente qualificado e hiper bem treinado é um desastre, um balde de água gelada, é triturar a esperança do colorado. Se bem que muitos colorados acumularam gordura em soberba e arrogância, e ainda preservam o comportamento de vencedor, mesmo perto do fundo do poço.

Bem, um defende que assim, eliminado do Gauchão, o Inter terá mais tempo para meditação e treinamento, e poderá preparar-se melhor para a Copa do Brasil, Brasileirão, etc. Outro, na mesma linha, fala em transformar limão em limonada. E por aí vai.

DESABAFO DO CAPITÃO

Esse universo paralelo está desmoronando. Nesta terça, se não me engano só na rádio Grenal, o líder máximo da seita colorada falou abertamente sobre o que acontece nos bastidores. Sobrou pra conselheiros que vivem dando ‘aula’ de futebol em programas de rádio e TV, e também para a administração do clube. D’alessandro revelou que o time trabalhou sem água e sem luz no CT.

Curioso que a imprensa, sempre tão atenta a tudo que acontece no Grêmio, não tenha noticiado isso. Terá sido em respeito aos dirigentes?

Qualquer outro jogador do Inter que falasse assim sofreria alguma sanção. Mas D’Alessandro é D’Alessandro. O argentino tem levado tanta bordoada do Grêmio, aquele clube que ele cansou de zoar, que não aguenta mais. Decidiu jogar tudo para o alto. Vamos ver o que fará a direção colorada.

Aqui, de trás do teclado, imagino que esse discurso do capitão colorado não é motivado apenas pelos maus resultados. Desconfio que ele tem muita grana a receber do clube e não está vendo sinal de pagamento em dia e, principalmente, de pagamento dos atrasados.

QUESTÃO DE CARÁTER

Caráter não se compra, nem tem pra vender. Não adianta ganhar milhões de euros, que não vai comprar caráter.

Penso nisso provocado pelo gesto do Arthur. Ele não foi criado no clube, mas demonstra carinho, afeto e respeito que raramente se vê em um jogador profissional de futebol.

Arthur beijou o distintivo do Grêmio com muita verdade no gesto.

Na hora não pude deixar de lembrar de outro profissional, um que foi criado, literalmente, no Grêmio, no velho Olímpico. Um que tinha muito mais razões para respeitar e amar o clube, e que não vacilou em jogar tudo na lixeira dos ingratos e indignos.

Uma simples questão de caráter, qualidade que Arthur tem de sobra. Por isso, meu respeito ao atleta e ao cidadão Arthur.

Ah, o outro agora segue o caminho da política. Estará entre os seus.

GRE-NAL

Se der de novo a lógica, o Grêmio vai enfileirar a terceira vitória seguida no clássico.

Vai pedir música no Fantástico? Sugiro ‘Meu mundo caiu’, da Maysa, uma cantora de fossa, bem adequada, portanto, ao momento colorado.

Agora, com Vuaden no apito temo pela integridade física de jogadores gremistas. E receio que os tais erros humanos serão contra o Grêmio, que já foi prejudicado no jogo da Arena, mas conseguiu passar por cima.

Grêmio goleia e torcida tricolor grita ‘olé’

Mais uma vez deu a lógica. O Grêmio se impôs pela qualidade técnica superior e um entrosamento que não se vê nem parecido hoje no futebol brasileiro, com todo respeito aos admiradores do Palmeiras, Corinthians, Flamengo, etc. O jogo terminou com a torcida tricolor gritando ‘olé’.

A vitória por 3 a 0 foi ao natural, e poderia ser mais elástica se o técnico Renato não tivesse pedido para seu time tocar a bola e levar o jogo até o final com esse placar, após o gol de Arthur.

Confesso que não gostei muito dessa ordem do Renato. Imagino que muitos gremistas queriam mais, queriam uma sacola de gols. Faz parte, mas, friamente, Renato estava certo. Um gol colorado poderia complicar um pouco para o jogo da volta.

Mas, aqui entre nós, acho que se o time apertasse chegaria ao quarto gol.

A única ameaça do Inter era a bola jogada pra dentro da área. É o tipo de jogada que o time inferior usa para tentar vencer o adversário mais qualificado. No primeiro tempo, Marcelo Grohe salvou dois lances assim. No segundo, operou um milagre ao impedir o gol de Rodrigo Dourado nos minutos finais, um lance que lembrou sua defesa milagrosa na Libertadores.

Conforme eu tenho repetido, a arbitragem gaudéria na dúvida sempre pende para o Inter, com algumas exceções que confirmam a regra. Neste clássico, Cuesta deveria levar cartão amarelo no lance em que ergue o braço direito para tocar na bola. Seria o segundo amarelo, logo, expulsão.

Fosse Kannemann, que disputava com Cuesta, a tocar na bola desse jeito tão escandaloso, Daronco marcaria o quê? Bingo, pênalti, conforme determina a regra. Ele favoreceu o Inter em outros lances menores. No final, sua atuação só não comprometeu porque o Grêmio foi avassalador no segundo tempo.

No Gre-Nal anterior, o Grêmio foi melhor no primeiro tempo. Desta vez foi no segundo, pra detonar teses sobre preparação física superior do Inter.

Contribuiu para essa superioridade o gol de Éverton aos 48 do primeiro tempo, resultado de uma jogada marca registrada desse time. Luan abriu para Ramiro pela direita. Ele poderia ter arriscado o chute, mas cruzou em diagonal para o lado oposto, onde entrava Éverton, às costas da marcação, para fazer 1 a 0.

Essa vantagem deu mais moral ao Grêmio e abalou os colorados, que pareciam sem forças para atacar. O Grêmio, diferente do jogo anterior, foi pra cima, não ficou esperando atrás, mesmo com o placar favorável. O Inter tratou de se defender, reconhecendo a melhor qualidade do adversário.

Aos 12, Geromel, de cabeça, obrigou Marcelo Lomba a uma grande defesa, ao estilo Grohe. Era muita pressão. Aos 18, Jael cobrou falta com perfeição, revelando uma qualidade pouco conhecida. A bola foi ângulo direito, um golaço do Cruel, provando que ninguém é completamente insuficiente.

O mesmo Jael deu um passe precioso de cabeça para Arthur, que recém havia entrado. Foi um lance de contra-ataque. Arthur correu em direção a Lomba, perseguido peles defensores, e chutou rasteiro para ampliar. Foi aí que Renato mandou o time levar o jogo até o final sem maiores riscos.

Conforme estava previsto, Luan foi vítima das chuteiras inimigas. Foram faltas em rodízio, coisa manjada. Na quarta falta, feita por Cuesta, o argentino levou o amarelo.

Destaques do Grêmio. começo com Grohe, fundamental na goleada de 3 a 0. Depois, a dupla de zagueiros, a melhor da América Latina. No meio, Jaílson foi um gigante no combate, na marcação, na dedicação, e até com a bola nos pés se mostrou competente. Maicon não foi bem desta vez, apesar de aparecer muito para o jogo. Saiu lesionado.

Na frente, Luan e Éverton deram muito trabalho aos seus marcadores. Destaque maior para Jael, pelo gol e pela assistência ao gol de Arthur.

MAU PERDEDOR

D’Alessandro voltou a mostrar que não sabe perder. Só faltou faniquito dentro de campo. Ah, mais uma vez ele não tentou apitar (valeu o toque do Maicon). Na saída de campo, impediu que os companheiros dessem entrevista. Chegou a puxar Fabiano, que era entrevistado. Coisa de guri birrento.

A iniciativa de Dalessandro foi criticada por toda a imprensa, menos pelo comentarista Guerrinha, segundo li nas redes sociais.

Acho que deu racha no vestiário da mídia esportiva.

Depois, de cabeça fria, o líder colorado admitiu o melhor momento do Grêmio e revelou sua dor: “Perder clássico dói”.

 

Nem juiz local e ausência de AV diminuem favoritismo tricolor

No jogo em que qualquer resultado seria bom para o comandante do Gauchão, Novelletto Primeiro e Único, foram contratados árbitros Assistentes de Vídeo, dois árbitros de fora do Estado e, portanto, fora do alcance (pelo menos em tese) da influência do conselheiro colorado.

Na hora do pega pra capar, em que o Grêmio pode reescrever o roteiro pré-estabelecido que vigora há anos Abaixo do Mampituba, a velha dupla de sempre, e sem AV (Árbitro de Vídeo).

A FGF, como se não soubesse, teria de ter solicitado isso 15 dias antes do jogo. Poderia ter feito o pedido e depois cancelado se não houvesse Gre-Nal. Simples. Mas a FGF ‘esqueceu’ e nos últimos dias fez jogo de cena dizendo que tentava autorização especial da Fifa/CBF.

Então, teremos neste domingo o sr. Daronco livre, leve e solto. O juiz que deixou impune a covarde agressão sofrida por Bolanos num clássico, fora outros lances de erros humanos normalmente contra o Grêmio.

A ausência do AV (que do jeito que está definido, com poder pleno para os árbitros de campo e de vídeo, não é o mais adequado) neste Gre-Nal é quase uma autorização para que abram a caixa de ferramentas para neutralizar o time de melhor técnico e mais entrosado.

Poderia ser paranoia minha, e da grande maioria dos gremistas, mas o vídeo que está sendo exibido nas redes sociais indica que é isso mesmo que irá acontecer, especialmente em cima do Luan. Muito ‘chegar junto’.

ODAIR E O ‘TIRO’ EM LUAN

Serrano, parceiro deste espaço, publicou no comentário anterior o seguinte, frase que resume o que está circulando, e que deve continuar circulando para neutralizar a operação (cirúrgica?) em andamento.

O fato aconteceu durante entrevista coletiva do técnico colorado e foi comentado pelo Roger na SporTV, que lembrou o quanto Odair, quando jogador, gostava de dar umas porradas.

Vejam um trecho:

Perguntaram pro técnico deles como faz pra parar o Luan.
A resposta: “No posso te responder no microfone, eu desligo aqui e desço aí pra te dizer”.

Depois, Odair fez um gesto de quem dispara um revólver, mas não comentou mais nada. E precisa? Quer dizer, só a tiro para conter Luan.

Um escândalo! O problema do Odair é que Luan não foge do pau, e quanto mais dura a marcação, mais ele vai pra cima.

PROJEÇÃO

No clássico anterior eu escrevi que o Grêmio era favorito, mesmo no BR, porque tem um time mais qualificado e, principalmente, muito melhor  entrosado. E que o Grêmio só não venceria se a arbitragem cometesse os tais erros humanos mais contra o Grêmio.

Repito o que escrevi. Apesar da insinuação de porrada para neutralizar Luan, acredito na vitória, ainda mais se o Grêmio não recuar tanto quanto recuou no jogo anterior, chamando o adversário.

Se Arthur começar o jogo, então, penso que nem a violência e a omissão da arbitragem irá impedir nova vitória no clássico.

Imagino que o time irá começar com o esquema 4-1-3-2:

A linha defensiva de 4 e a seguinte formação do meio pra frente:

Jaílson;  Ramiro, Arthur e Maicon; Luan e Éverton.

Não tem pra ninguém (com a ressalva da arbitragem noveletiana).

Atitudes que contribuem para vitórias e grandes títulos

Existem algumas atitudes que a gente comemora quase como um título, e até mais que um título se for de uma competição menor, como o regional noveletiano.

Atitudes que marcam, que nos fazem vibrar, que nos deixam orgulhosos e que acabam se alojando num cantinho aconchegante da memória do torcedor gremista.

Um exemplo, e dos mais ecoantes, é o que aconteceu antes do Gre-Nal de domingo no BR. Não, não me refiro ao torcedor que chamou uma jovem repórter de ‘puta’ e depois a agrediu fisicamente; menos ainda à imagem patética de um torcedor colorado fazendo gestos obscenos para um grupo de meninas gremistas.

Fico imaginando como ele e as pessoas próximas se sentem vendo essa cena ridícula, grosseira e sem noção.

Intrigante é que os dois ‘torcedores’ ainda não foram localizados para responder por seus atos. A imprensa que foi ágil para localizar a guria gremistas, aquela do racismo, agora se move a passos de paquiderme, assim como a direção do clube.

Mas o caso que deixou minha alma lavada e enxaguada é o duelo Maicon x D’Alessandre. Muito orgulho do capitão tricolor (tem ainda uns que estão no mobral do futebol que ainda o questionam).

Maicon desestabilizou o inquieto argentino  com uma frase cortante e venenosa, depois de ser informado pelo Jean Pierre que haveria mais dois árbitros no jogo.

Bola picando para alguém sagaz e/ou bem instruído pelo Renato.

-Quer dizer então que hoje o D’Alessandro não vai apitar…

Foi mais ou menos isso. O galinho ficou enfezado, queria briga. Os baixinhos sempre querem briga com os mais altos, é impressionante.

Bem, D’Alessandro não apitou. Deu certo. E mais, fez um primeiro tempo horroroso, que contribuiu para a superioridade tranquila do Grêmio. Eu contei, foram uns oito passes errados, o que é muito para quem precisa articular, propor o jogo.

Engraçado, ninguém da mídia fala sobre essa atuação medíocre do D’Alessandro, que, diga-se, no segundo tempo até melhorou.

O ódio vermelho caiu apenas sobre um jogador, o Dudu. Ninguém questiona também por que deixaram o pobre guri sozinho. O que fez o técnico colorado para reforçar a marcação naquele lado, onde o Grêmio deitava e rolava? Nada. Foi um chocolate, ou um vareio como se diz lá em Lajeado, município da Grande Cruzeiro do Sul.

Então, boa parte da vitória e principalmente do primeiro tempo fantástico do Grêmio no BR lotado de colorados assustados eu atribuo ao Maicon, que também em campo foi superior, altivo, técnico e durão quando necessário.

O lance do Maicon com o argentino, na frente dos árbitros noveletianos, entra na minha galeria dos grandes momentos do futebol dentro e fora de campo, como o ‘Sascha Cuzão’, o sssshhhhhh-um minutos de silêncio, o Alan Ruiz contra o ‘idolo’ dos 400 jogos -número devidamente carimbado pelos 2 a 1 de domingo – e muitos outros que não lembro agora, mas que, com certeza, me fizeram muito feliz.

ROMILDO E O DOSSIÊ

Outro momento grandioso foi a iniciativa da direção do Grêmio em elaborar um dossiê sobre o primeiro jogo contra o Lanus, quando o time argentino foi beneficiado de forma absurda.

O presidente Romildo Bolzan e sua equipe juntaram imagens do jogo e o fato de ter um juiz argentino presidindo a arbitragem, contrariando o regulamento. O documento foi encaminhado à Conmebol e, importantíssimo, aos patrocinadores, os caras do dinheiro. Ideia Sensacional.

O Grêmio começou a vencer o Lanus com essa jogada de craque, que não aparece nas vinhetas, mas que merece ser elogiada e destacada.

Essa indignação – vista nos anos 90 na ‘guerra’ de Koff/Cacalo/Felipão contra a Parmalat – estava faltando. Pelo jeito, não falta mais.

Títulos também são conquistados assim, com ações inteligentes, fortes e destemidas.

 

Grêmio deixa de matar e sofre pra confirmar vitória

O Grêmio teve tudo para matar o jogo no primeiro tempo. Teve um domínio amplo, constrangedor para o adversário e sua torcida – não poupou vaias ao time na saída para o intervalo -, e deu a impressão até que poderia repetir aquele sonoro placar de 5 a 0. E talvez chegasse lá se Éverton, aos 47, não perdesse uma chance clara de gol, depois de passe estilo ‘toma e faz’ de Luan, o grande nome do clássico 413.

No futebol, a gente sabe, se tem chance de matar o jogo, mate, sem vacilar, sem dó nem piedade. Éverton é um atacante raro, precioso, mas peca demais nas conclusões.

Era o momento de liquidar o Inter dentro de sua casa, perante sua torcida e diante do pessoal do tal juizado do torcedor, que provavelmente não viu as agressões covardes e selvagens que a torcida gremista sofreu para ingressar no BR.

Superioridade técnica

O Grêmio começou o jogo impondo sua superioridade técnica, seu entrosamento, e o peso de três títulos, dois deles internacionais. O Inter foi submetido a um chocolate, conforme admitiu Rodrigo Dourado, após a partida, exagerando que o seu time devolveu o chocolate no segundo tempo.

O primeiro gol nasceu de um lançamento na medida de Jailson, sim, Jailson, para Bruno Cortez, que deu o tempo de bola necessário e cruzou com açúcar e com afeto para Luan, aos 23, concluir e fazer 1 a 0. Minutos depois, Luan aumentaria cobrando pênalti sofrido por Éverton, após passe de Maicon, o grande capitão.

No finalzinho do primeiro tempo, D’Alessandro, que completava seu jogo 400 – agora devidamente carimbado – expôs o desespero que se abatia sobre os colorados ao chutar Luan na linha do meio de campo, reconhecendo a maiúscula superioridade tricolor.

Aliás, o argentino fez um péssimo primeiro tempo, errando tudo, mas melhorou depois.

Gostei da frase do Edenilson, ao deixar o campo no intervalo: “A gente vê os vídeos e não consegue fazer o que precisa”.

Sonho e pesadelo

Bem, no segundo tempo, tudo mudou. O sonho gremista deu lugar a um pesadelo inimaginável diante do que havia acontecido no primeiro tempo.

O Grêmio recuou demais, o Inter foi voluntarioso, e não poderia ser diferente. Tinha de dar uma resposta ao seu torcedor.

Assim como o Grêmio explorou o lado direito da defesa colorada no primeiro tempo (Duda saiu, vítima disso), o Inter passou a jogar em cima do Madson, que até fez duas boas jogadas de ataque. Mas é frágil na marcação. O gol do Inter saiu por ali, após jogada que resultou em escanteio.

Renato até que demorou para sacar Madson e colocar Ramiro, reforçando o setor. Alisson entrou e pouco acrescentou. Mais adiante entraram Michel e Marcelo Oliveira, cuja presença não entendi. Michel entrou bem no jogo e por detalhe não saiu gol após uma investida sua ao ataque.

Curiosidade: os dois goleiros não fizeram nenhuma defesa difícil. Houve presença de área dos dois lados, mas poucas conclusões em direção à goleira.

Para os gremistas, ficou um sabor de quero mais; para os colorados, restou a esperança de que o verdadeiro Inter é o do segundo tempo, este sim capaz de fazer frente ao atual campeão da América.

Vamos agora para a etapa mata-mata. Quem vencer será campeão gaúcho.

Arbitragem

Jean Pierre fez uma arbitragem isenta, correta. Pena que se lesionou. Estava muito bem mesmo, isento como deve ser um árbitro de futebol. Pena que se lesionou. Seu substituto pegou uma batata quente, mas teve uma atuação correta.

Resta saber se nos jogos mata-mata haverá o mesmo nível de isenção, fato surpreendente em se tratando de noveletão.

 

Favoritismo, confiança e medo da arbitragem

Se a arbitragem não interferir – passar em branco como diziam os narradores de antigamente -, o Grêmio vence o Gre-Nal.

Os colorados vão dizer que é soberba gremista. Pode ser, mas é natural ficar assim quando se tem um time vencedor, entrosado e com alguns grandes jogadores.

O nome disso não é soberba: é confiança.

Nos anos 90, quando o Grêmio acumulou conquistas e vitórias inesquecíveis, um colega da redação, coloradaço, costumava dizer que nós, gremistas, éramos arrogantes.

Tempos depois, a arrogância e a soberba passaram para o lado vermelho, sentimentos que muitos colorados ainda nutrem apesar de uma queda ao abismo da segundona e uma série que outros vexames. Eu  diria que é gordura acumulada de tanta soberba.

Hoje, muitos colorados acreditam até em goleada no BR lotado, reflexo dessa soberba que neles ainda está instalada.

Bem, independente do que pensam estes ou  aqueles, eu acredito na vitória, não por soberba, mas por confiança na capacidade do time, comprovada com três grandes títulos em um ano e meio.

Do outro lado, um adversário que tenta se aprumar depois de dois anos terríveis.

Como se diz, o Gre-Nal muitas vezes serve pra arrumar a casa. Mas pode servir também para desarranjar de vez, e aí não deixo de lembrar daqueles gloriosos 5 a 0, resultado que só foi possível porque a arbitragem era de fora.

Não é caso do jogo deste domingo, que terá Jean ‘Damião’ Pierre no apito, e uma dupla de fora como arbitragem de vídeo.

Temo pelo que possa acontecer em termos de arbitragem.

 

Não ao VAR no clássico

Sei que vou contrariar a maioria, que estarei nadando contra a correnteza – embora nem saiba nadar. Mas quero dizer que sou contra o uso do árbitro de vídeo (VAR), pelo menos do jeito que está posto.

Sou ainda mais contrário ao VAR no Gre-Nal de domingo. Até o momento ao que parece não há decisão da FGF nesse sentido, mas li que os presidentes da dupla são favoráveis à essa inovação.

Até seria a favor se toda a arbitragem fosse de fora, fosse de outro Estado, outro país. O cornetadorw publicou com exclusividade um dado preocupante para os gremistas: desde 2012 o Grêmio não vence clássico pelo regional (com árbitro local).

Por outro lado, quase deita e rola no Brasileirão (com árbitro de fora) nesse mesmo período, inclusive aplicando goleadas, como aquele placar de 5 a 0, que lavou a alma tricolor.

Curiosidade: o técnico colorado nesse jogo era o atual treinador colorado. Não se lê nada a respeito disso na mídia.

Será em ‘respeito’ ao Odair?

Então, se sou contra árbitro local, por que seria a favor de VAR local?

Seria mais um a decidir sabendo que um erro grave a favor do Grêmio pode resultar numa conversinha reservada na sala do presidente da federação, como aconteceu com Diego Real, e pode ter ocorrido também com outros.

Independente disso, sou contra a arbitragem de vídeo enquanto a decisão de pedir a imagem depender dos próprios árbitros.

O Grêmio foi beneficiado, e com justiça, por duas decisões do VAR, ambas nos jogos contra o Independiente. Mas antes foi prejudicado contra o Lanus, na Arena, no lance de pênalti claro sobre Jael.

Sou a favor do VAR apenas se a solicitação puder partir do treinador, não do quadro de arbitragem, que já tem poder demais. Parece que no futebol americano é assim.

Que se coloque um número máximo de pedidos por jogo. Quem sabe dois ou três para cada equipe.

GRENAL

Com classificação garantida em oitavo lugar, o Grêmio deveria jogar com um time misto, cinco ou seis titulares.

Com isso, iria com força máxima (inclusive Luan) para os clássicos decisivos das quartas de final.

Defendo que Arthur esteja nesse time, até para recuperar suas melhores condições, pegar ritmo de jogo.

Ouso afirmar que mesmo com time misto o Grêmio tem condições de vencer o festejado (pela mídia) Inter de Odair em pleno Beira-Rio.

 

Geral punida por desafiar os intocáveis homens da Lei

O Ministério Público e o Juizado do Torcedor voltam a afrontar a torcida gremista, a maior e mais vibrante do Estado. A nova punição imposta à Torcida Geral do Grêmio – desprezando os mais elementares princípios jurídicos – demonstra desprezo pelo bom senso e, o mais grave, soa desafiadora, autoritária, como quem diz: “Aqui quem manda somos nós, não ousem nos desafiar”.

 

É o recado duro dos agentes públicos que deveriam acima de tudo zelar pela harmonia e paz nos estádios de futebol, ambiente dominado pela paixão, combustível para ações nem sempre as mais adequadas, mas que podem ser administradas se houver equilíbrio, diálogo e isenção, nunca provocação.

 

Para quem deveria lutar por menos violência no futebol e mais aceitação das diferenças, os representantes do MP e do Judiciário, ao punirem uma torcida por motivo tão ralo, tão insignificante e mesquinho num contexto de belicosidade latente e pulsante, agem de forma absolutamente provocativa. Uma reação quase infantil diante do que consideraram uma afronta o fato de torcedores terem utilizado materiais de identificação da Geral em Abu Dhabi e na Recopa, como se a punição de 60 dias de suspensão tivesse aplicabilidade no exterior.

 

Na ânsia de punir com rigor desmedido o ‘desafiador’, o ‘insubordinado’, aquele que ‘ousa nos afrontar’, os homens que deveriam educar e orientar passam a impressão de que levam o caso  para o lado pessoal, como uma rixa colegial depois da aula.

 

É um comportamento muito diferente quando os incidentes e os conflitos são relacionados ao  Internacional. Nas redes sociais há inúmeros episódios graves de tumulto envolvendo a torcida colorada, com danos materiais e agressões ( inclusive o emblemático caso do cone arremessado por um torcedor sobre um policial a cavalo), sem providências punitivas dos mesmos agentes, sempre tão zelosos quando se trata penalizar gremistas.

 

Diante disso, por entender que os dois agentes envolvidos no tragicômico ‘caso do bumbo’ se mostram muito mais decididos a entrar em confronto com a tradicional Torcida Geral do Grêmio do que a buscar o sempre recomendado diálogo aliado ao bom senso, venho sugerir que sejam nomeados novos agentes para conduzir esse trabalho junto às torcidas de futebol.

Sei, sei, sugestão devidamente arquivada.

CORNETADORW

Assustadores os dados abaixo. O Grêmio não vence Gre-Nal do Gauchão desde 2012. Já no Brasileirão aplicou até goleadas.

E aí, coincidência?

http://cornetadorw.blogspot.com.br/2018/03/os-humanos-gauchos-e-os-humanos.html