Jogo em Caxias equilibra a decisão

Se o Inter se empenhasse como fez em 2012, quando o Beira-Rio podia ser comparado ao Coliseu, para realizar o Gre-Nal de domingo em sua casa, agora limpa e vistosa, não tenho qualquer dúvida de que saberia sensibilizar de novo os órgãos de segurança pública do Estado.

É fato que existem alguns problemas no estádio remodelado, mas nada que realmente impeça a realização de um jogo que contará com número muito pequeno de torcedores rivais, facilitando o trabalho do policiamento.

Se em agosto de 2012, dia 28, o Gre-Nal aconteceu em meio aos escombros, com lonas pretas cobrindo entulhos, por que mesmo não pode haver outro clássico no estádio que acabou de receber perto de 50 mil pessoas. A torcida do Grêmio chegou ao estádio escoltada pela BM e foi separada dos colorados com tapumes para ter acesso às arquibancadas, ou o que restava delas naquele momento. Se foi possível em 2012, por que não agora?

Não posso acreditar que o Inter teme que o Grêmio faça festa em sua nova casa. O Inter é mais do que favorito, é o virtual campeão gaúcho, tetra por sinal.

O Grêmio levou 2 a 1 na Arena, e poderia ter levado mais não fosse o goleiro Marcelo Grohe. É claro que o Grêmio pode reverter, mas é muito mais provável que o Inter aproveite a vantagem de jogar por empate e até por derrota por 1 a 0 e faça ele mesmo a festa no novo BRio.

Se a direção colorada realmente teme a derrota a ponta de transferir o jogo para Caxias – ou Erechim, proposta absurda feita durante à tarde e rechaçada pelo Grêmio -, é porque merece perder o título, que ficará mais ao alcance do Grêmio se o jogo for mesmo em Caxias do Sul.

Analisando friamente, o Gre-Nal em Caxias beneficia o Grêmio. Mas dez entre dez gremistas querem a decisão no Beira-Rio só pela esperança de poder dar a volta olímpica na casa remodelada do grande rival.

Hora de testar esquema com dois volantes

Há controvérsia nos debates esportivos sobre quem deve ser o substituto de Luan no jogo contra o Nacional, quinta-feira.

Surgem várias possibilidades: Deretti, Éverton, Alan Ruiz, Zé Roberto e Maxi Rodriguez.

Só o fato de ter tantas alternativas já é bom sinal.

Mas eu não vejo motivo para discussões. O substituto de Luan só pode ser um: Alan Ruiz.

Penso que o argentino é o que mais se aproxima de Luan. Como todos nós sabemos, Luan é um jogador diferenciado, que sabe reter a bola, esperar a movimentação dos colegas e dar o passe preciso. Além disso, tem drible, iniciativa e nenhum temor de arriscar e ser feliz.

Alan Ruiz pode fazer boa parte do que faz Luan. Sem contar que ele tem entrado mais vezes na equipe e está por merecer começar um jogo.

Jean Deretti e Éverton, pelo que vi até agora e não foi muito, são jogadores de drible e velocidade. O uruguaio Maxi é um ser indefinido, com características de articulador e de meia ofensivo. Tem muita técnica, mas parece faltar-lhe mais força e determinação.

Zé Roberto recém está voltando de lesão. Pode ser uma opção para o Gre-Nal, isto sim.

Fora isso, levanto outra questão: como o jogo é em casa, o Nacional vem desfalcado e quase sem motivação, talvez fosse o momento de escalar um time com dois volantes, deixando Edinho no banco.

Vocês vão ver: Edinho vai sobrar no jogo. Sobrar no sentido de ser desnecessário. Dentro de casa e contra um adversário que virou saco de pancadas no grupo, o técnico Enderson Moreira poderia jogar da forma como realmente gosta e como se viu no Goiás: mais ofensivo.

No entanto, desconfio que ele irá manter o esquema atual.

Se há uma coisa que a grande maioria dos técnicos não gosta é de arriscar.

Nessa hora eles sempre lembram: em time que está ganhando não se mexe, que nem sempre é verdadeira.

RW mata a cobra e mostra o pau

Sabe aquela história de que o ‘novo’ Beira-Rio invadiu espaço público e tomou parte da calçada? Pois é, o RW foi lá para provar que houve a ‘integração’ – como rotulou cinicamente um colunista – entre o público e privado.

Aí, eu me pergunto, repetindo pergunta que fiz tempos atrás, onde está o sempre atento MP? E a prefeitura?

Eu moro numa rua tranquila, com pouca gente usando as calçadas, que tem uns 4 metros de largura. Essa junto ao Brio tem em torno de 1 metro.

Estou pensando fazer uma integração do espaço público avançando meu pátio uns 3 metros. Será que a prefeitura permite e o MP vai silenciar?

Está aí, confiram. O RW matou a cobra e mostrou o pau.

http://www.cornetadorw.blogspot.com.br/2014/04/amplo-material-fotografico-da-calcada.html

RW FAMOSO

http://blogdopaulinho.wordpress.com/2014/04/05/novo-beira-rio-avanca-na-via-publica-sem-o-menor-constrangimento/

Os inimigos na Libertadores

O botequeiro Alexandre Sanz fez uma análise dos clubes que disputam a Libertadores. Como eu não conheço praticamente nenhum, e imagino que a maioria realmente não acompanha tanto, publico o estudo para conhecimento dos demais botequeiros.

O texto do Alexandre é o mesmo publicado nos comentários do post anterior, sem muita preocupação com firulas estéticas.

O espaço está aberto para alguma outra análise sobre os participantes da Libertadores.

Confiram:

1. O melhor futebol de time estrangeiro é do Defensor, tem dois craques no time o Gedoz e o Dearrascaeta;
2. O Velez, não joga bonito, mas é efetivo e tem jogadores experientes, é um time perigoso o Pratto nós já conhecemos, mas não é ,melhor que o Grêmio;
3. O Santos Laguna, tem bons valores, mas é dificil avaliar jogou num grupo muito fácil, chama atenção os lançamentos longos nas costas da linha de defensores e um tal de Quinteros;
4. Os times chilenos (Ohiggins e U. Española), se equivalem, tem bom toque de bola e são ofensivos em casa e fora, mas estão num segundo escalão, La U infelizmente chora de ruim;
5. O Nacional de medellin é o melhor colombiano, esse nós já conhecemos;
6. O Newells, não é bicho papão, jogamos melhor que eles em 2/3 dos 180′, não vencemos por detalhe, apesar da meia pressão lá, parece que cansam no final;
7. Botafogo e CAP, acho que não passam de fase, se passarem não vejo times fortes ai;
8. Flamengo ta no mesmo nível dos dois anteriores, mas é um que pode crescer nos matas e no Maraca como na CB 2013
9. Atl.MG. não está jogando bem, tem bons jogadores mas não deu liga com o Autuori, acho que não chega nas semis, vai depender dos enfrentamentos;
10. Cruzeiro, é meu maior temor, tem time, mas não está jogando bem, se der liga vai complicar, na minha opinião é o melhor time.
11. Os bolivianos, The Strongest é outro que chora de ruim, é só cuidar na altitude, já o Bolivar se mostrou bem montado, mas também não é páreo.
12. Arsenal é um pouquinho melhor que o Nacional e o Peñarol, não deve incomodar, mas é argentino e jogam com muita garra;
13. o Lanus é bem montado, tem jogadas de bola parada, batem até na sombra e jogam como o mesmo esquema do Boca jrs de 2007, é perigoso tem garra e jogadores manhosos, time duro mas sem bons valores individuais;
14.times com mais chances de chegarem nas semis (minha opinião e depende dos cruzamentos):
Defensor, Velez, Cruzeiro, Lanus, newells e Grêmio

A ‘briga’ do ano: RW x IW

Fiquei surpreso quando comecei a ler, no começo desta noite, os comentários do ‘artigo’ anterior sobre a vitória em Medellin.

Tive um dia muito agitado, muita correria, e isso que estou meio aposentado. Ao meio-dia, no Ganhando o Jogo da Rádio Guaíba, ainda duelei com o Vinicius Sinott – um cara que conhece muito futebol – a respeito do Ronaldinho, que poderá enfrentar o Grêmio pela Libertadores.

Eu disse que RG é ex-jogador e que gostaria de vê-lo na Arena. Depois, o assunto descambou para a tumultuada saída dele do Grêmio. Eu acompanheir, como repórter, a história de muito perto. Foi uma baita sacanagem contra o Grêmio, clube que amparou toda a família, que vivia na linha da miséria.

Vinicius sustentou que a história não era bem assim, que o Grêmio tinha vacilado e coisa e tal. O ótimo narrador Mário Lima ficou ao lado de Vinicius.

Duas pessoas que acompanharam o caso de longe – no caso de Vinicius, como ele admitiu, me lendo naquele tempo – queriam saber mais do que eu, que vivi aquilo tudo muito de perto.

A gente se alterou um pouco, mas ficou tudo bem. Acho eu. Pode ser que não me convidem para outro debate lá, mas ficou tudo bem. Se não ficou, deveria ficar. De minha parte, tranquilo.

A surpresa com o RW

Tudo isso para dizer que fiquei realmente espantado com o comentário do meu amigo RW, remetendo ainda para o seu prestigiado site, onde havia outro comentário a meu respeito.

Aí eu entendi por que cresceu tanto o número de frequentadores do boteco. Muita gente leu o cornetadorw e ficou se perguntando ‘quem diabos será esse Ilgo, que merece uma crônica inteira do Ricardo e ainda com direito à reprodução de outro comentário?’.

Então, graças a a nossa ‘briga verbal’ há fila com senha e tudo para entrar no boteco, cujo público normalmente não lota uma kombi. Somos poucos, mas ativos e cheios de opinião, como deve ser porque se não fica tudo muito chato. O pau tem que comer, não literalmente, claro…

Até o meu velho companheiro de Caldas Jr, o Joabel Pereira, apareceu. Pra me atacar, claro. O Joabel faz parte dos corneteiros da Redenção, grupo que invadiu o boteco esgrimindo argumentos todos a favor de RW, contra mim e, claro, contra o Renato.

RW diz que parou de me ler – ele não está perdendo nada mesmo -, mas que recebeu recados dos bravos corneteiros denunciando ‘alfinetadas’ minhas no boteco.

Quero afirmar, peremptoriamente, como diria o Tarso, que os corneteiros têm toda a razão.

Só faço um reparo: as alfinetadas que dou não são específicas para o Ricardo, mas para um monte de gente, que me retribui da mesma forma, alguns usando termos mais fortes, talvez por falta de argumento.

Então, quando defendo minhas ideias eu vou até o fim. O troco vem por vezes em dobro.

Eu me irrito muitas vezes. Muitas mesmo. Algumas vezes descarrego minha irritação, mas na maioria das vezes procuro irritar meus algozes com provocações. Outras vezes com expressões mais fortes, como a ‘desonestidade intelectual’, que deixou o RW tão chateado. Ele não é um desonesto intelectual, mas pode, como qualquer um, cometer desonestidade intelectual em meio ao desespero, atormentado por anos e anos de frustrações sucessivas no futebol.

Quando usei essa expressão dias atrás era pra ele e mais uma kombi lotada, em especial com alguns cronistas esportivos profissionais. Poderia citar exemplos, mas aí terminaria de escrever de madrugada.

Bem, a quem me leu até aqui, vem agora a grande revelação.

Foi tudo uma jogada minha. Pensei: ‘Como tornar o botecodoilgo mais conhecido?’ Ora, batendo no cara de maior audiência. Quem? o RW. ora.

Deu certo. O problema é que agora o RW me despreza.

Não quer me ver nem fantasiado de Renato ‘meu grupo’, como ele costuma dizer pra atacar o maior responsável pelo título mundial do Grêmio. Bah, comecei tudo de novo, ehehehe. Não adianta, eu não vou mudar. Nem ele.

Ele me alfineta de lá, eu respondo daqui.  Agora, a gente pode continuar assim, mas unidos por uma causa maior, o Grêmio e a conquista de um grande título. Nós não aguentamos mais, é muita frustração acumulada.

Bem, de minha parte encerro esse drama com uma cervejada no Bar do Beto entre botequeiros e corneteiros.

Com direito a selinho depois da quinta cerveja.

O Imortal ignorou o Grupo da Morte

O técnico Enderson Moreira mostra que é inteligente, que conhece futebol e que sabe qual o ponto forte do seu time, o ponto de equilíbrio: o trio de volantes.

O mesmo trio que fracassou no segundo tempo do Gre-Nal, se impôs esta noite em Medellin. Diante de um estádio lotado o Grêmio não se intimidou.

Mérito do técnico gremista, que em nenhum  momento recuou seu time. Quando houve esse recuo, foi muito mais por força da pressão natural de um time que está perdendo e que precisa reagir perante seus torcedores.

O Grêmio, que havia vencido o primeiro por 3 a 0, aplicou 2 a 0. No primeiro gol, Luan iniciou a jogada, Ramiro cruzou e Dudu, de grande importância tática por sua aplicação na marcação e facilidade para puxar ataques, aparou e mandou para a rede. No segundo gol, Luan disputou com o zagueiro, a bola escapou e Barcos invadiu a área para fazer o segundo gol com muita categoria.

Marcelo Grohe, de novo, foi destaque. Fez duas defesas sensacionais, fora outras importantes. Lembrei do Dida no ano passado, quando levou o time nas costas algumas vezes.

Quando a defesa vacila é preciso um grande goleiro. E o Grêmio tem um grande goleiro. Um time vencedor começa por um goleiro confiável, que transmite confiança aos zagueiros e a todo o time.

Rodolfo mais uma vez foi um zagueiro exemplar.

No meio de campo, Edinho mostrou o quanto é importante em jogos da Libertadores, onde na maioria das vezes o que decide é a postura da equipe, a coragem, a bravura, a personalidade vencedora. Ramiro e Riveros mais uma vez foram incansáveis.

Aliás, o cansaço do segundo tempo contra o Brasil e o Inter não apareceu.

Com a vitória até certo ponto surpreendente, o Grêmio pode terminar a fase como o clube de maior pontuação. Seria uma grande vantagem, porque as decisões seriam todas na Arena.

Conclusões após esta fase: o Newell’s é o único time à altura do Grêmio. Os outros dois disputariam para não ser rebaixados no Brasileirão.  O problema é que na Libertadores times assim crescem ficam valentes, mas sempre lhes falta o essencial, a qualidade.

Agora, méritos para o Grêmio, que se mostrou Imortal no grupo da Morte.

A culpa é do Renato…

Vou resumir meu pensamento sobre o Grêmio para não deixar dúvidas:

VOLANTES

– o maior mérito de Enderson Moreira foi manter o trio de volantes. Até o Gre-Nal os anti-volantistas estavam silentes

– muitos atacam o trio de volantes porque é criação de Renato Portaluppi, mas só saem da moita após derrota do time como essa no Gre-Nal.

– o trio de volantes perdeu qualidade na troca Souza por Edinho, mas ganhou mais força e garra para os jogos fora de casa na Libertadores

–  na Arena, Edinho de titular apenas em jogos da Libertadores, saindo do time assim que aparecer demais com a bola nos pés para organizar e lançar.

– o esquema com três volantes só pode ser mudado se houver um meia com capacidade de criação e armação, este meia pode ser Alan Ruiz, o que precisa ser comprovado

– o trio de volantes foi o que levou o Grêmio à vice campeão brasileiro, ou alguém acha que foram Kleber e Barcos?

ATAQUE

– Enderson manteria Kleber, que por sorte se lesionou, abrindo caminho para Luan

– Enderson tem o mérito de posicionar bem e dar moral para o guri mostrar todo seu talento

– Luan é o maior diferencial – maior, não o único – em relação ao time de Renato, que só não tinha velocidade porque Kleber nõo consegue dar continuidade a jogadas sem antes bundear e trombar

– Barcos segue sendo um problema. É bom jogador, mas um tanto lento o que facilita a recuperação do adversário

– direção do Grêmio falhou ao não contratar alguém para disputar posição com Barcos e o preço disso pode custar o título da Libertadores

– Dudu deu mais velocidade ao time entrando no lugar de Zé Roberto. Ele é hoje o que Vargas era para Renato, com a vantagem de ser mais combativo e aplicado taticamente

TREINADOR

– não gostei da contratação de Enderson

– não gostei de ver um técnico demitido do Inter B vir para treinar o Grêmio na Libertadores

– emiti minha opinião aqui no Boteco e em outros lugares, mas, fato consumado, larguei de mão e passei a apoiar o treinador incondicionalmente

– declarei várias vezes que o Grêmio com o time que dispunha não teria qualquer chance na Libertadores, mas frisei: o que pode mudar essa previsão seria o surgimento de dois ou três jovens da base que entrariam já com resposta em alto nível – isso está registrado aqui no boteco.

– no Gre-Nal, achei que ele errou no segundo tempo. Demorou para substituir e quando o fez errou. Dudu não poderia ter saído. Edinho, sim.

– Enderson, em compensação, olhou para o banco e não viu ninguém para colocar na área ao lado ou no lugar de Barcos.

– ele faz bom trabalho na Libertadores, mas esse trabalho pode ser prejudicado pela série de jogos com os titulares. Nos dois últimos jogos, pelo Gauchão, o time sentiu bastante no segundo tempo

–  temo muito pelo jogo desta noite em função exatamente do desgaste físico e emocional do time, que é bastante jovem e inexperiente.

– continuo não acreditando em Enderson, ainda mais depois do Gre-Nal, mas espero que ele me responda esfregando a faixa de campeão da Libertadores/2014 na minha cara

– assim como questiono Enderson, critiquei Luxemburgo e Renato, em especial o primeiro. Não gostava do futebol do time com Renato, realmente de irritar muitas vezes. Mas gostei quando ele garantiu a vaga na Libertadores e vi mérito em seu trabalho, ao contrário de muitos aqui. Para esses, Renato é culpado de tudo. Se o Brasil perder a Copa, eles irão culpar Renato. Freud explica.

Humildade de Abel e a passividade de Enderson

O Grêmio foi melhor no primeiro tempo, teve mais domínio e criou mais uma ou duas boas situações de gol. Numa delas, Riveros chutou e Dida defendeu. Marcou seu gol num cruzamento primoroso de Pará e um cabeceio sensacional de Barcos, tirando Dida da fotografia.

Agora, o Inter só não fez um gol antes e isso poderia dar um rumo diferente ao jogo porque MARCELO GROHE fez uma defesa para entrar na história.

A vitória apertada dentro de casa, com a Arena lotada, e com pouca pressão na área colorada, deixou-me a sensação de que o jogo ficaria complicado no segundo tempo. Um amigo passou por mim no intervalo, me abraçou e desabafou: “Estou com o coração na boca”.

– E é pra ficar mesmo, porque o jogo terminou parelho e vai complicar mais -, previ.

Não deu outra. Abel Braga mostrou que é um grande treinador.

Eu já havia percebido um erro de Abel: deixar o excelente Aranguiz como volante ao lado de Willian. No final do jogo no vestiário, Abel foi humilde e admitiu esse erro e até disse que pediu desculpas por ter armado o time de forma errada.

Além de adiantar o chileno, que perturbou a marcação do sistema defensivo gremista, Abel colocou Alan Patrick no lugar do fraco Jorge Henrique. O Inter cresceu, matou a saída de bola gremista. Barcos só recebeu melancia na frente. Luan e Dudu foram bem contidos. Quem começou a armar pelo Grêmio, quem? Ele, o super Edinho.

Eu tenho um instrumento chamado Edinhometro. Quando o instrumento aponta que Edinho está aparecendo demais com a bola dominada, trocando passes e fazendo lançamento, é sinal de que ele precisa ser substituído para dar lugar a outro mais capaz para essa função.

O que fez o técnico Enderson Moreira? Nada.

Aos 7 minutos Aranguis, agora mais à frente, foi ao fundo e cruzou para Rafael Moura mandar para a rede, tudo muito fácil.

O que deveria ter feito o técnico: sacar Edinho e colocar Alan Ruiz, recuando mais Ramiro e Riveros. O que ele fez? Nada.

Aos 14, Aranguiz livre leve e solto, exatamente no lugar onde Edinho costuma ficar, invadiu a área e só não fez o segundo gol porque Marcelo Grohe fez outra defesa monumental.

Bem, agora Enderson dá um jeito de marcar esse chileno e também D’Alessandro, que já se sentia à vontade até para apitar o jogo ao lado de Vuaden.

Aos 27, Rafael Moura fez o segundo, de novo com extrema facilidade.

Alan Ruiz entrou, mas quem saiu não foi Edinho ou, vá lá!, outro volante. Saiu Dudu. Sem comentário.

Depois, saíram Riveros e Luan, entraram Maxi e Deretti.

À essa altura,substituições muito mais para dar uma satisfação à torcida e não passar a impressão de uma ovelha rumo ao matadouro sem sequer berrar.

A três minutos do final, Maxi Rodriguez chutou de fora da área e Dida defendeu. Foi a primeira e única defesa de Dida em todo o segundo tempo.

Para um técnico que não cansa de repetir que gosta de ver seu time atacando, jogando no campo do adversário, é pouco.

Mas o Grêmio não perdeu apenas em função da superioridade tática imposta por Abel no segundo tempo e pela passividade de Enderson diante do que acontecia no segundo tempo.

Conforme escrevi antes do jogo para justificar por que considerava o Inter favorito ao título – e fui alvo de risada de um botequeiro ufanista e resmungos de uns e outros – do Gauchão, o Grêmio está pagando o preço de jogar com seu time titular duas vezes por semana

Há o desgaste físico e emocional de disputar jogos decisivos com diferença de 3 ou 4 dias.

Portanto, o que aconteceu na Arena nessa vitória colorada por 2 a 1 no Gre-Nal 400 deve-se também a esse desgaste.

Contra o Brasil na semana passada e hoje, o Grêmio caiu de rendimento no segundo tempo.

Até em função disso e de um possível abalo no moral do time já temo pelo jogo contra o Nacional de Medellin.

RACISMO

O zagueiro Paulão cresceu no meu conceito. Um idiota imitou um macaco diante do jogador, que afirmou poder reconhecer esse irresponsável anti-gremista.

– Isso não me atinge – disse o zagueiro no vestiário, cercado por repórteres, certos de que Paulão iria levar o caso à polícia.

Paulão teve a grandeza e a serenidade que faltaram a esse ‘torcedor’.

TREINADORES

Parabéns ao técnico colorado, que foi humilde reconheceu seus erros.

Já Enderson Moreira não admitiu qualquer erro seu no jogo.

Espero que tenha sido só para efeito externo esse seu comportamento. Caso contrário, ele não viu nada, e isso sim é realmente muito preocupante.

A batata quente do favoritismo

O favoritismo no futebol vale apenas até que a bola comece a rolar.

Por isso, essa discussão sobre quem é favorito ainda mais num clássico é sem muito sentido. Serve para apimentar debates em bares, em programas esportivos, colunas de jornal, etc.

No Gre-Nal, normalmente ninguém quer assumir o favoritismo, mesmo quando ele aparentemente é muito claro. O que não é o caso do jogo deste domingo.

As duas equipes vão praticamente iguais.

O fato é que o favoritismo é uma batata quente que ninguém quer segurar pra não queimar as mãos.

Normalmente, quem é favorito, e assume esse favoritismo internamente, entra de salto alto, enquanto o outro, envenenado pelo que lê e escuta, não admite ser considerado inferior e entra mordido.

Já aconteceu muitas vezes esse tipo de coisa.

Treinadores e dirigentes chegam a pendurar no mural do vestiário páginas de jornais e a destacar o que dizem determinados colunistas mais influentes na preleção e nas conversas com os jogadores.

É uma pilha a mais no time que vai entrar em campo. ‘Olha o que estão dizendo de nós?”

Por isso, desconfio das intenções de algumas pessoas quando apontam o favorito.

Nos últimos dois ou três dias chegou a se armar uma onda no sentido de que o Grêmio é o favorito por ter um time mais pronto e que enfrentou com sucesso desafios maiores.

Contra esse argumento pífio, há a campanha do Inter bastante superior no Gauchão.

Há, ainda, colunistas, analistas e torcedores que simplesmente não gostam de Abel e tentam diminuir seu trabalho.

Nas entrevistas coletivas de sexta-feira os dois técnicos colocaram as coisas no lugar. Tanto Enderson como Abel destacaram a melhor campanha do Inter no Gauchão e que diante disso se houvesse um favorito, este seria o Inter, não o Grêmio.

É claro que os dois falam em termos de título, de dois jogos.

Pra mim, por jogar em casa e com muito maior torcida, o Grêmio tem leve vantagem, apesar da preocupação com a Libertadores. Tem ainda a questão da arbitragem, muitas vezes decisiva.

Querendo ou não, o jornal ZH, edição de sexta-feira, condicionou o juiz Leandro Vuaden ao publicar página inteira sobre o lance de mão do Paulão no clássico anterior, um assunto mais do que superado.

O jornal poderia lembrar, então, para equilibrar, o pênalti não marcado sobre Pará. Ou, mais remotamente, a lesão de Mário Fernandes num Gre-Nal em que Vuaden sequer deu cartão amarelo para o zagueiro Jackson. Seria mais neutro, mais isento. Bem, vamos ver como Vuaden vai reagir.

Ah, temo ainda o que fará Vuaden diante de uma eventual cantoria que possa ser considerada racista. Pra não ficar atrás de Márcio Chagas, que virou popstar, acho que ele irá interromper o jogo, chamando a atenção de todo o Brasil. E isso pode lhe render programas como o do Jô ou da Fátima na Globo.

Já no jogo da volta, a tendência é de favoritismo colorado.

Mas aí vai depender também de outro fator: o resultado deste domingo.

Bem, o segundo Gre-Nal é outra história. Tudo pode acontecer, como sempre em cada Gre-Nal.

Certo mesmo é que também no segundo clássico ninguém irá querer segurar a batata quente do favoritismo que,  inevitavelmente, voltará a ser jogada no colo dos dois clubes.

Luan, a grande arma gremista para o clássico

A boa notícia é que o Grêmio volta a disputar uma final de Gauchão. É um avanço, ainda mais que está envolvido com a Libertadores, seu grande objetivo.

A má notícia é que o time não jogou bem. Foi superior ao adversário durante quase todo tempo, mas produziu muito pouco ofensivamente diante de um time da série D do campeonato brasileiro.

O Brasil de Pelotas jogou fechado e, para tentar equilibrar o jogo, apelou e tentou tumultuar a partida, pensando quem sabe numa expulsão de algum jogador do Grêmio.

É verdade que o Brasil estava muito bem estruturado defensivamente. Mérito do técnico Zimermann, que conseguiu montar uma equipe competitiva mesclando muitos veteranos e alguns jovens.

Luan, estrela maior do time, demorou para brilhar. Foi muito bem marcado. O mesmo em relação a Wendell, que chegou a irritar-se em um outro lance mais duro do time pelotense.

Na frente, Barcos ficou atracado na grande área e proximidades. Lutou contra a correnteza e, diante do nó tático em que foi envolvido o ataque gremista, não teve ventos favoráveis nem águas tranquilas como as que encontrou contra o Juventude. Barcos, o centroavante, o goleador do campeonato, não chutou a gol, e isso é preocupante.

Como um time tão modesto de valores individuais conseguiu impor tanta resistência em plena Arena?

O jogo se encaminhava para o 0 a 0 no primeiro tempo. Aí apareceu Luan, que deixou Dudu livre para concluir. O zagueiro Fernando Cardoso ajudou mandando a bola para a rede.

No segundo tempo, mesmo com o Brasil um pouco mais aberto as dificuldades ofensivas permaneceram.

Barcos e Dudu não estavam bem. Pará não acertou quase nada. Até Luan não estava muito inspirado, embora no final das contas tenha terminado como o melhor da equipe.

Para agravar a situação, o técnico gremista substituiu errado. Edinho era desnecessário. Se ele fosse expulso e o Grêmio ficasse com um a menos, o time suportaria tranquilamente. E olha que sou um defensor de Edinho, fundamental na Libertadores.

O fato é que saiu Riveros e entrou Alan Ruiz. Opção do Enderson. Não mudou muito o panorama do jogo, mas deixou o Grêmio um pouco mais ofensivo, mais criativo.

Se o Brasil não ameaçava o gol, o Grêmio não criava grandes dificuldades. Até que a bola foi chutada e bateu no braço esquerdo de Luan, que protegia o rosto.

Se fosse um lance de ataque do Brasil muitos aqui estariam protestando e exigindo a marcação de toque de mão.

A arbitragem – o bandeira estava mais próximo e deve ter visto – deixou a jogada correr. Luan, com muita técnica, driblou o goleiro e fez 2 a 0.  Aliás, repito o que escrevi há mais tempo: Luan lembra muito o Rivaldo, principalmente no começo de carreira.

Bem, mas foi um lance difícil para a arbitragem, que, a meu ver, acertou. Agora, se tivesse marcado infração também não poderia ser crucificada.

O fato é que esse gol foi decisivo, porque quase no final Gustavo Papa aproveitou um vacilo da zaga e cabeceou para a rede, descontando.

Não fosse o gol de Luan, a decisão seria nos pênaltis. É importante refletir sobre isso.

Agora, seria pior se tivesse goleado. Aí, a soberba seria quase incontrolável.

GRE-NAL

O Inter bateu o Caxias, seu velho freguês de caderno e parceiro habitacional, com facilidade, conforme estava previsto.

Nenhum surpresa. O Inter vai para a decisão como favorito ao título.

Há setores sustentando que o Grêmio está superior. Não concordo.

O que eu vejo é que o Grêmio tem duas competições, como jogos alternados entre uma e outra. O Grêmio vive uma maratona e queiram ou não isso gera desgaste nos atletas. Talvez o desempenho contra o Brasil seja reflexo dessa situação.

O Inter, mais descansado, e focado no Gauchão, tem o favoritismo.

O Grêmio joga preocupado, pensando no confronto da próxima semana contra o Nacional colombiano.

Tem um detalhe que pode alterar a projeção que fiz: o segundo jogo não ser disputado no Beira-Rio.

Pelo que se especula e se comenta, o Inter teme perder o primeiro Gre-Nal oficial em sua casa reformada.

Não tenho dúvida de que se o Inter empatar ou vencer na Arena, tomará coragem para mandar o jogo em seu estádio.

Agora, se perder, o jogo vai para Caxias do Sul.

Estou curioso pra saber como Abel fará para conter Luan, a grande arma gremista, a principal diferença entre o Grêmio do ano passado e o deste ano.