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Mata-mata e a natural opção pela Libertadores

Dizer que o Grêmio está abrindo mão do Brasileirão em troca de mata-mata (CB e Libertadores) é um absurdo. Mas é o que li num jornal hoje.

Já escrevi: papel, microfone e, claro, monitor, aceitam tudo. Tem um aí que decretou recentemente que o Inter se classificaria para a série A faltando meia dúzia de rodadas.

Pedro Ernesto, o autor da pérola, tem sido vítima de gozação a cada fracasso colorado.

É o que acontece com quem fala por falar, sem nenhum compromisso com os fatos, com a realidade.

No caso do Grêmio, é preciso deixar bem claro que o Grêmio não desistiu do Brasileiro, apenas o colocou em terceiro plano. As prioridades são a Libertadores e Copa do Brasil.

Sem esquecer que o Grêmio estaria liderando a competição de pontos corridos se tivesse mantido o time titular em todos os jogos. Quem faz uma competição fácil ou difícil é o time, não a forma.

Se a Libertadores fosse por pontos corridos continuaria sendo a prioridade das prioridades. É a competição mais importante, é a competição que eleva o clube de patamar, além de abrir caminho para aumento de receita.

Então, nada a ver com o formato das competições. Me admiro muito que um jornalista experiente e inteligente como o Zini – velho companheiro de reportagem em tempos remotos – cometa esse erro primário de avaliação.

Mas é um direito dele pensar assim. E um direito meu de ficar perplexo diante de tal afirmação.

Além do mais, o Grêmio não desistiu do Brasileirão.

O vice-presidente Odorico Roman, que está se revelando um dirigente competente e equilibrado, disse que o Grêmio segue na disputa, que o problema é o Corinthians com uma campanha “tão fora da curva”.

Roman acredita, como todos nós, imagino, que a qualquer momento o líder vai cair de desempenho. Não tem como manter os atuais 87% de aproveitamento.

Então, nada está perdido também no Brasileirão. Não é a prioridade, mas também não é desprezado.

Fora isso, nada garante que ao focar a Libertadores o Grêmio será campeão. Vale o mesmo para a CB e o Brasileiro.

Nas três competições há adversários fortes, qualificados e também muito determinados a conquistar títulos.

De minha parte, repito o que já escrevi outras vezes, a torcida mais fervorosa é pelo grandioso título da América.

E aí o Real Madrid vai ver o que é bom pra tosse!

 

Reservas expõem qualidades e defeitos

Meu foco é a Libertadores. Todos os gremistas que conheço pensam assim. Alguns, no entanto, se entusiasmam fácil e ampliam o foco para a Copa do Brasil e até o Brasileirão.

O Brasileirão é quase impossível analisando pelo ângulo de quem quer porque quer o título continental, o tri da América. O resto é perfumaria. Vou ficar frustrado se não conquistar a Libertadores, mesmo vencendo a CB (que é a que está mais ao alcance) ou o Brasileiro.

Meu foco, pois, é a Libertadores. Isto posto, vou ao que interessa em relação ao jogo contra o Palmeiras: o rendimento dos reservas, pensando unicamente em seu aproveitamento na campanha da Libertadores.

Assim, o melhor que vi no Pacaembu na derrota por 1 a 0 foi a atuação do goleiro Léo. Senti firmeza no cara. Antes do jogo escrevi que gostaria de ver Léo jogando até para sentir o quanto ele é confiável.

Salvo engano, penso que Grohe pode estar ganhando uma sombra, o que é muito bom. Quando o sujeito percebe que não tem rival, relaxa. Faz parte.

É como o cara que se empenha todo para conquistar um gata e depois começa a engordar, só pensa em jogar futebol com os amigos, beber todas, deixando a patroa (é assim que ele passa a chamar aquela gata estonteante de outros tempos) atirada em casa.

Quer dizer, o cara é candidato a ser substituído por outro. Tem sempre um Ricardão por perto. No futebol não é diferente. Vacilou, dançou.

Então, gostei do Léo. Grohe tem um bom reserva, e isso pode ser decisivo em termos de Libertadores. Num ano como esse não dá para depender de apenas um goleiro.

No mais, é difícil avaliar os jogadores num time reserva, sem entrosamento, sem que se cometa alguma injustiça.

Na linha defensiva, para vocês terem uma ideia do que eu penso sobre os quatro, digo que o melhorzinho foi Bressan. Não estou entre aqueles que elegem Bressan o pior em campo assim que ele pisa o gramado e faz o sinal da cruz.

Mas, vejam: mesmo sem destaques individuais, essa defesa levou apenas um gol, e foi contra. Além do mais, permitiu poucas chances ao Palmeiras, que também jogou com um time reserva, reforçado por alguns titulares no segundo tempo.

O fato é que nenhum dos quatro pode ser titular, nem o Marcelo Oliveira, sempre dispersivo, sempre querendo fazer mais do que pode, e aí errando e comprometendo.

A dupla Jaíilson e Kaio cumpriu bem a função defensiva, mas é bom que Renato não precise de nenhum deles em algum jogo decisivo.

Vale o mesmo para Lincoln e Machado, que fez o gol da vitória do Palmeiras – esse time reserva do Grêmio além de tudo não tem sorte.

Lincoln é um guri que foi festejado precocemente como craque. Desconfio que ele só irá jogar bem quando tirar aquele bigode. Tenho problema com bigode. Uma vez, nos primórdios da humanidade, eu ostentei um bigode. Rasguei as fotos que eu tinha. O Inter teve um lateral, João Carlos, que usava bigode. Todos só lembram dele como pai dos gêmeos Diego e Diogo.

Jogador de bigode não dá! Alguém precisa dizer isso ao Lincoln. Além, é claro, de que ele precisa jogar mais se não quiser ficar como uma eterna promessa.

Gostei da volta do Bolanos. Ele teve alguns bons lances, mas isso não importa. O que interessa é que ele voltou e todos nós sabemos que ele pode ser muito útil. Quem sabe até assumir a titularidade. Só não sei em lugar de quem. Não será por decreto, com certeza.

Na frente, Fernandinho lutou muito, e fez algumas boas jogadas. Éverton, pouco lançado, e muito isolado no primeiro tempo, foi perigoso no segundo. Fez uma jogada sensacional que Kaio não aproveitou direito.

Por fim, ficou claro que Renato está realmente utilizando os melhores jogadores do grupo.

A FASE DA NEGAÇÃO

A direção colorada sonhou em algum momento que bastaria somar três pontos em Pelotas no estranho jogo contra o Brasil que o time ganharia moral suficiente para vencer seus dois próximos jogos.

Não sei se ganhou moral, mas não ganhou qualidade. Conseguiu perder para o modesto Boa Esporte por 1 a 0. Praticamente não chutou uma bola a gol, o que é algo deprimente para um clube que acreditava ter formado um time de série A.

Não, o Inter tem um time de segundona na segundona.

Hoje, a torcida colorada – e parte da imprensa – não aceita isso. É a fase da negação. Junto, para os colorados mais exaltados, a fase da revolta.

Se a fase da aceitação não ocorrer logo, talvez seja tarde para evitar mais um ano da segundona.

Quem consegue perder para um time como esse Boa, em casa, realmente não merece melhor sorte.

Que bom ter um matador no time

Que bom ter um atacante matador, capaz de fuzilar o goleiro com frieza e sem dó na primeira oportunidade que aparece.

Que bom ter um Lucas Barrios!

O jogo contra o Atlético Paranaense estava complicado. O Grêmio dominava amplamente, mas era um jogo enroscado, com um se defendendo e o outro tentando chegar ao gol.

Até que Pedro Rocha – que a cada jogo mostra evolução técnica e tática, fruto de treino e do amadurecimento – abriu a retranca, aos 22min, com um giro de corpo sobre seu marcador e lançou Barrios. Ele clareou o lance e, de fora da área bateu forte. Golaço.

Um lance que o velho Osmar Santos narraria assim:

-É ripa na chulipa e pimba na gorduchinha.

O ótimo goleiro Weverton bem que tentou, mas não conseguiu evitar o gol que eu defino como “abridor de lata”, ou ainda “onde passa um boi passa a boiada”.

A partir daí tudo ficou mais fácil. Aos 29, Pedro Rocha tabelou com Barrios, recebeu de volta e chutou. Barrios, como um legítimo camisa 9, aparou o rebote e empurrou para a rede.

Depois, o gol de Kannemann, um cabeceio forte, sem chances para o goleiro. Importante registrar que foi mais um gol de cabeça em cobrança de escanteio, coisa rara até a chegada de Renato.

Por fim, Éverton fez o quarto gol ao receber um belo passe de Fernandinho. Éverton é o melhor finalizador do Brasileirão, pelo percentual de acertos.

Além da vitória que encaminha o Grêmio para a fase semifinal da CB, o que se viu na Arena foi outra atuação grandiosa.

Os gols que o Corinthians escapou de levar ficaram na conta do Atlético PR. E a goleada até poderia ser maior.

Luan deu show. Aqueles que foram à Arena são uns privilegiados. Viram todo esse talento de perto, ao vivo.

Não vai demorar muito e esse privilégio será dos torcedores europeus.

Assim como Lucas Barrios clareou o lance para chutar e fazer o primeiro gol, Luan ilumina o jogo sempre que domina a bola e chama a responsabilidade para si.

Luan, quem viu, viu!

GROHE

Aplausos aos torcedores que foram à Arena com faixas de apoio ao goleiro gremista, alvo de ira de torcedores, poucos, mas ruidosos.

Este não é o momento de atacar o goleiro que temos para conquistar títulos.

Felizmente, a maioria da torcida tem consciência disso.

Parabéns também ao técnico Renato, que conversou longamente com Grohe após o jogo contra o Corinthians.

O caso Brasil e a retomada da CB

Tem acontecido cada barbaridade no futebol que é difícil manter o foco naquilo que realmente interessa aos gremistas neste momento: o jogo contra o Atlético Paranaense pela Copa do Brasil, nesta quarta, 19h30.

Observo nas redes sociais velhos companheiros gremistas dedicando seu tempo a comentar esse estranho caso do Brasil de Pelotas, que realmente facilitou para o Inter.

Sim, facilitou. Ou não é facilitar entrar em campo com um time de reservas, com três ou quatro titulares apenas?

Não estou dizendo que houve má intenção da direção do clube pelotense. Ela teria sido forçada, diante de determinadas circunstâncias, a tomar essa decisão de ‘poupar’ titulares em razão de algum suposto desgaste maior.

Importante frisar: o Brasil tem uma semana inteira de folga. Joga no sábado. Quer dizer, poderia entrar com os jogadores poupados.

Dois dos titulares (o goleiro Martini e o meia Wagner) teriam sido punidos por ato de indisciplina. Aí, o presidente do Brasil, Ricardo Fonseca, em entrevista à rádio Pelotense, me sai com essa pérola digna de entrar no anedotário do futebol Abaixo do Mampituba:

-Todos querem jogar contra o Inter, estádio cheio, TV. A punição deles foi deixar os dois fora do jogo. Não acho que prejudicamos o time.

A punição foi tirar os jogadores da partida. A punição do clube foi perder três pontos dentro de casa. Pontos que poderão fazer muita falta e até determinar o rebaixamento do Brasil para a série C.

Se eu fosse torcedor do Brasil estaria hoje muito indignado.

Fora isso, tem muita história estranha rolando sobre esse caso nas redes sociais.

Mas aqui estou eu perdendo meu tempo com essas coisas que cheiram mal e que surgem de vez em quando no futebol.

O que interessa é tirar de vez essa pedra do nosso sapado. Entra ano, sai ano, e aí está o Atlético Paranaense pra incomodar. No ano passado foi um parto de bigorna incandescente. Mas vencemos.

Ah, com grandes atuações de Marcelo Grohe, o único goleiro que o time realmente preparado para grandes decisões e que parte da torcida desestabiliza com seus ataques fora de hora e muitos tons acima do aceitável.

Uma pena que Bolanos ainda não possa jogar. Nem digo para começar o jogo porque está fora há muito tempo. Mas poderia ficar ao menos no banco para uma eventualidade.

Outro que poderia ser uma opção de qualidade é Léo Moura, mas este também não foi relacionado para concentrar.

Pelo menos Renato poderá escalar o mesmo time que mereceu vencer o Corinthians. Só espero que a pontaria nas conclusões seja melhor, que Luan não bata pênalti (se acontecer) e que o goleiro Weverton não repita o goleiro Cássio; e que Grohe, ao contrário, tenha seu dia de Cássio, ou do Grohe que ajudou a conquistar o Penta.

Ah, e que a torcida seja paciente, tolerante e incentive o time do começo ao fim.

 

Grêmio sofre derrota injusta na Arena

O Grêmio se viu diante do espelho e não soube o que fazer para se impor a um igual.

Grêmio e Corinthians têm um modelo de jogo idêntico, ou quase. São duas equipes que marcam forte, tiram espaço, tocam a bola e chegam rápido ao ataque. São muito entrosadas, acima da média, o que ajuda a explicar suas campanhas.

As individualidades, sim, fizeram a diferença.

No caso deste jogo na Arena, diante de 54 mil torcedores, Cássio, por exemplo, foi o diferencial. Fez duas ou três grandes defesas e evitou o gol de pênalti batido por Luan.

Já seu companheiro de posição, Grohe, contribuiu para a derrota, a meu ver absolutamente injusta. Grohe falhou no gol, mas a origem do lance tem um responsável: nada menos do que o craque do campeonato.

Luan tentou desarmar o adversário, deu um toque que tirou Geromel do lance e deixou Paulo Roberto livre para invadir a área e cruzar.

O chute de Jadson saiu mascado no meio da goleira. Grohe, preparado para saltar, foi pego de surpresa e a bola passou entre suas pernas. O frango clássico.

Farta munição para seus secadores. Nas redes sociais tem gente pedindo que ele saia do time. E entra quem? Os sabidões não sabem, mas querem que Grohe perca a posição de qualquer jeito. Ignoram, é claro, que no primeiro tempo ele evitou o gol do mesmo Paulo Roberto. Ah, mas aí é obrigação.

Sobre goleiro, quem me lê sabe que o meu preferido seria Cássio. Fora ele, tem meia dúzia do nível (muito bom) de Grohe.

Outra individualidade que não foi bem é Luan. O time depende muito dele, de seu brilho, de seu talento. Prendeu demais a bola, armou dois ou três contra-ataques para o adversário, e falhou no gol. Mesmo assim, foi superior a seus equivalentes, Jadson e Rodriguinho.

Também não gostei do Renato nesse jogo. Antes de Fernandinho, eu colocaria o Éverton. Ele optou pelo Fernandinho, que tem entrado bem. Renato confia nele. Perfeito.

A substituição de Arthur foi correta. O guri não estava bem. Sei que vou irritar seu fã-clube, mas é o que eu penso.

Pior de tudo foi colocar Gaston Fernandez no lugar de Pedro Rocha (o melhor do time do meio pra frente). Foi demais. Éverton de novo seria a melhor opção. Até porque o argentino anda meio sem ritmo de jogo e Éverton com muita fome de bola, com moral elevado.

Éverton entrou tarde demais, substituindo Edílson (uma troca arrojada)

Apesar de tudo, o Grêmio foi superior e merecia ter vencido. A derrota foi um castigo duro demais.

No duelo de gigantes, venceu o mais competente, e sortudo, nos 90 minutos.

Pra finalizar, vejo o Corinthians como campeão. É um time ajustado, eficiente, sem estrelas. E com sorte.

Com a enorme vantagem em relação ao Grêmio de poder se preocupar unicamente com o Brasileiro.

 

 

 

 

Grêmio tem meio campo superior ao do líder

Se eu ainda trabalhasse como profissional da crônica esportiva tradicional, não escreveria o que vou escrever logo abaixo.

O texto poderia ser usado no vestiário corintiano para incendiar os jogadores. “Olha o que a imprensa daqui está dizendo de nós. Está nos desprezando”, alguém discursaria cuspindo fogo.

Bem, aqui nesse meu reduto discreto, sem grande índice de leitura, não corro o risco de acabar estimulando ainda mais o adversário. Na verdade, quando dois clubes de grandeza similar se enfrentam acho que esse artifício não funciona como agente mobilizador.

Bem, não importa.

O fato é que não consigo aceitar que um time que tem Rodriguinho – aquele mesmo que passou por aqui – como seu articulador possa resistir ao Grêmio com sua Arena lotada.

Aliás, nos cinco jogos contra o Corinthians na Arena o Grêmio ganhou 4 e empatou 1. Mas esse é um dado meramente estatístico.

O que interessa é que analisando os dois times, vejo o Grêmio superior no meio de campo. Li uma avaliação jogador por jogador feita por um veículo do centro do país.

Michel, Arthur, Luan e Ramiro ganham de ‘vareio’ do quarteto formado por Paulo Roberto, Maicon, Rodriguinho e Jadson.

Na comparação individual o único que perde, segundo os jornalistas de SP, é Ramiro. Jadson superaria o PGV tricolor. No que eu discordo. Não troco Ramiro por Jadson, embora este seja um ótimo jogador.

Já Luan ganha fácil de Rodriguinho, segundo os paulistas.

No ataque propriamente dito, Pedro Rocha empata com Romero; e Jô ganha de Lucas Barrios, mas apertado.

Entre os dois prefiro o paraguaio.

Será um grande jogo. Ficarei surpreso se o Grêmio não vencer.

P. Rocha e os entendidos em beisebol

O futebol está sempre nos surpreendendo, provocando contradições, abalando nossas teses e nos levando a concluir, sem muito esforço, que nada é definitivo. Não há um ponto final, e sim muitos pontinhos, pontos de interrogação e de exclamação.

Pontos de exclamação, já faz algum tempo, estão reservados para esse talento chamado Luan. ‘Que lance!!!’, exclamaria muitas vezes em cada jogo o velho narrador Celestino Valenzuela.

Como tem acontecido com muita frequência, Luan mais uma vez nos brindou com um futebol superior, provando que é hoje o melhor jogador em atividade no país. Até vou mais longe: está no mesmo nível dos atuais titulares da Seleção Brasileira, um pouco atrás de Neymar. Por enquanto.

Nessa vitória por 2 a 0 sobre o Coritiba, Luan fez a assistência para os gols de Pedro Rocha e de Fernandinho.

Pedro Rocha!!!????. Sim, o tão mal tratado Pedro Rocha, desprezado por boa parte da torcida e apreciado pela maioria (imagino eu). Quem conhece futebol, reconhece a importância tática e técnica desse jogador.

Ele perde gols em demasia, é verdade, mas nesse jogo Lucas Barrios, emérito goleador, perdeu um gol ao estilo PR, mas nem por isso é crucificado.

Estou convencido de que quem não gosta de Pedro Rocha deveria dedicar-se ao beisebol, aquele joguinho que os americanos copiaram do jogo de taco da minha infância. Ou à prática do emocionante golfe.

Pedro Rocha nunca chegará ao nível de Luan, mas é um acessório muito importante nesse esquema vitorioso de Renato.

O gol que marcou depois de receber de Luan, vencer a marcação e bater forte de esquerda sem chance para essa muralha que foi o goleiro Wilson, merece muitos pontos de exclamação para reforçar meu entusiasmo.

Seria o gol da vitória se outro dos injustiçados não desferisse o tiro fatal, um chute forte também de esquerda de outra ‘Geni’ do time, o Fernandinho.

Confesso que já começava a criticar mentalmente o Renato por não ter sacado Fernandinho, quando Luan meteu a bola perfeita para o companheiro fazer o 2 a 0 que liquidou de vez o esforçado time do Coritiba, e manteve o Grêmio a um ponto do líder.

Gostei também da entrevista de Fernandinho no final, mostrando a união do grupo, a solidariedade. Elogiou muito o Luan por ser um jogador capaz de surpreender a qualquer momento com um lance ao mesmo tempo simples e genial.

Destaco ainda o goleiro Marcelo Grohe. Não foi exigido como Wilson, mas esteve seguro nas intervenções, algumas difíceis. O tão criticado (por alguns admiradores de beisebol) Grohe segue sem levar um gol sequer na Arena neste campeonato. Algum mérito ele deve ter, imagino eu aqui do alto da minha ignorância.

Agora, só vi um jogador melhor que Luan nesse jogo: Geromel. Ele garantiu lá atrás nos momentos em que o Coritiba ameaçava o gol de empate.

Não gostei muito do Michel. No primeiro tempo, em menos de 3 minutos, ele errou 4 passes seguidos. Um recorde, imagino. Mas depois ele se recuperou e foi importante na proteção à zaga.

Do lado do Coritiba, não tem como não destacar o goleiro Wilson. Não fosse ele o Grêmio teria goleado. Gostei muito também do lateral esquerdo William Matheus.

LIDERANÇA

Neste domingo, na Arena que estará lotada, Grêmio e Corinthians fazem um tipo de final antecipada, muito antecipada. Escrevi dias atrás que eles são os favoritos ao título brasileiro. É o tal jogo de seis pontos.

Renato conta com seus principais jogadores, exceção de Bolanos, salvo engano.

Dúvidas só do meio pra frente. Acho que ele começa com Michel, Arthur e Ramiro no meio; na frente, Luan, Pedro Rocha e Lucas Barrios.

Este Grêmio me deixou mal acostumado

O empate por 3 a 3 com o Cruzeiro, no Mineirão, em outras circunstâncias poderia ser saudado. Fosse no passado recente de entrar no jogo com o pensamento no ‘pontinho fora’, expressão que dirigentes e jornalistas de discurso covarde e bolorento usam e abusam, eu mesmo estaria agora festejando o resultado.

O problema é que este Grêmio me deixou mal acostumado. Tenho assistido aos jogos com a certeza de que a vitória virá quase ao natural – natural pra mim diante da Tv, mas consequência de muito trabalho e esforço dos jogadores.

Hoje, praticamente não tenho medo quando o adversário, seja qual for, invade a área para marcar. Por outro lado, não tenho dúvidas de que o ataque vai ser constante e persistente na busca do gol sob a inspiração quase divina de Luan.

Então, na verdade, eu saí do jogo desta noite em BH um tantinho frustrado. Esperava a vitória. Antes do jogo estava mais temeroso, confesso, mas não a ponto de querer um meio de campo com quatro volantes.

A troca de um volante (Maicon, que muitos apressadinhos diziam que não sairia do time por ser ‘bruxinho do Renato) por Éverton não me deixou preocupado. O time perderia em resguardo defensivo, mas ganharia em velocidade e objetividade com Éverton. E foi o que aconteceu.

Os dois times criando inúmeras situações de gol. Um jogo eletrizante, temperado com a coragem dos dois treinadores em escalar times com vocação ofensiva. Um show para o público, para todos os torcedores que apreciam o futebol bem jogado e sem medo de ser feliz.

Minha frustração se deve unicamente ao fato de que o Grêmio mereceu vencer. Mereceu mesmo. Sem contar o fato de que saiu na frente com 2 a 0. Olha, cheguei a imaginar que poderia haver goleada. Mas aí a zaga vacilou aos 45 do primeiro tempo e Thiago Neves (de bela atuação) marcou, num chute indefensável. Esse gol devolveu a esperança aos cruzeirenses, e mandou pra longe meu devaneio de ver uma goleada.

O Cruzeiro voltou agressivo e logo aos 2 minutos Sobis empatou, passe do Thiago Neves. Edílson que deveria marcar Sobis ficou parado, olhando o gol.

Em outros tempos, eu ficaria assustado e temeria uma virada. Mas esse Grêmio afasta meus fantasmas do passado. Aos 14, depois de criar duas boas chances, o Grêmio fez o terceiro com Ramiro, em grande jogada iniciada por Luan. Minutos depois novo empate.

Bem, aí restou um jogo marcado por mais fortes emoções ainda. Mas foi o Grêmio que chegou mais perto do quarto gol, a maioria das vezes com participação de Luan, como no lançamento genial para Ramiro (outro destaque do time) entrar livre e cabecear para fora, para alívio do goleiro Fábio, que terminou o jogo com cara de assustado de tanto ver gremistas chegando à sua frente.

Vale o registro de que dois dos três gols foram marcados por volantes. O primeiro, Michel, pegando rebote do goleiro após chute de Éverton, que jogou muita bola. E foi o Éverton quem abriu o placar pegando bola que bateu na trave após cabeceio de Kannemann.

Infelizmente, o Grêmio não terminou a rodada em primeiro lugar. Sei de gente que escreveu e falou que não é o momento de assumir a liderança, que é preciso esperar o melhor momento.

Decididamente, o papel e os microfones aceitam tudo.

RAMIRO

Para encerrar, a frase de Ramiro, após os 3 a 3, define muito bem este momento do Grêmio que erradicou (ao menos) do campo o pensamento ultrapassado do ‘pontinho fora’.

“Gostar de empatar é difícil”.

É isso aí meu Pequeno Grande Volante.

 

O maior problema do Inter é o Grêmio

O Grêmio tem mais a ver com a queda do Inter ao fundo do poço – e não me refiro apenas ao rebaixamento à segundona – do que se possa imaginar.

Na verdade, o problema do Inter é o Grêmio.

É esse incontrolável mania de olhar para a grama do vizinho, que é sempre mais verde, mais viçosa.

Se o Grêmio também estivesse mal, não haveria a referência mais elevada para causar inveja. Até as cobranças não seriam tão ásperas.

O problema do Inter é o Grêmio. Estou convencido disso.

Enquanto o Inter tem sua imagem maculada dentro e fora de campo, a imagem do Grêmio só melhora em função de seu futebol que vence, convence e, por vezes, encanta. São elogios de todos os lados. Até de onde menos se espera.

E isso, sabemos todos, machuca, dói, desespera, dilacera os rivais. Nós, gremistas, já passamos por algo assim, talvez não com tanta intensidade, porque mesmo nos piores momentos o Grêmio manteve uma postura mais digna, mais altiva.

E não havia ninguém preocupado em elevar nossa autoestima como acontece hoje através de uma imprensa, de modo geral, determinada a blindar o clube. Sem sucesso, como se vê.

Esse posicionamento não ajuda. Até prejudica, cria-se um mundo de ilusão, que acaba desabando sobre a cabeça do torcedor. E essa história de time de série A na série B é uma bobagem que custa caro.

Quando percebe que foi enganado, o torcedor reage de várias formas, uma delas é quebrando tudo depois de um algum resultado negativo e atuação desalentadora.

E aí chegamos ao ponto: o torcedor colorado – inclusive os que atuam na mídia – não suporta ver o Grêmio jogando um futebol bonito e eficiente, enquanto o seu time raramente consegue empolgar, mas ainda assim sem jogar um futebol vistoso, merecedor de elogios de todos os lados, como acontece com o time treinado por Renato Portaluppi.

O time treinado por Argel, por exemplo, em determinado momento obteve uma sequência de bons resultados no Brasileiro do ano passado. Mas mesmo com as vitórias Argel não conseguia satisfazer seu críticos, os dos microfones e canetinhas, e os das arquibancadas.

Argel chegou a choramingar que só Roger tinha reconhecimento da imprensa.

E isso porque o Grêmio, então treinado por Roger, dava show, encantava o país e enciumava os colorados, que queriam algo parecido em seu time. Então, Argel, caiu com seu futebol pragmático, vertical e de ligação direta defesa-ataque.

Um futebol que não agradou a torcida nem nas vitórias. Seu sucessor, o Zago, também da brucutulândia futebolística, também sofreu com a comparação.

E agora o Guto. Ela mal começou a trabalhar e já lhe cobram resultados que ele não tem condições de dar em tão pouco tempo, e com os jogadores que possui no momento: vitórias sucessivas e atuações que levem o torcedor colorado a não sentir mais inveja dos gremistas.

Enquanto durar essa situação, Guto não terá paz para trabalhar. A comparação com o Grêmio é inevitável e constante. Se o Grêmio não estivesse tão bem com certeza a cobrança da torcida colorada seria mais paciente, mais tolerante.

Mas tudo indica que o Grêmio vai continuar sendo o maior problema do Inter.

Grêmio segue desmoronando teses

O futebol é apaixonante também porque desmorona teses. Antes do jogo no Maracanã, li/ouvi muitas críticas ao Renato por escalar quatro volantes – e não importa que sejam jogadores que marcam, destroem, armam e até aparecem na frente para fazer gol.

Ooooh! Quatro volantes, meu Deus! No passado não muito distante, alguém diria que é o esquema chama-derrota. Ignoram, por desconhecimento ou apenas vontade de mostrar o quanto são ásperos e duros em suas avaliações e críticas, que o que importa é a mobilidade, o entrosamento, a fluidez do jogo.

Com três ou quatro volantes, não importa. Tudo depende da qualidade, da sincronia de movimentos, e de uma orientação firme e inteligente do treinador, no caso o treinador que anda colocando abaixo, a cada jogo, algumas teses forjadas por mentes confusas e incrédulas.

Gente que ainda acha que Renato é apenas um motivador, um profissional com estrela, com sorte – aliás, um pouco de sorte sempre ajuda, ainda mais se a pessoa for competente naquilo que faz.

Antes do jogo, cansei de ler/ouvir muita gente boa dizer que Renato só armava esse esquema para ajeitar o Maicon. E que se tiver que sair alguém nunca será Maicon, considerado ‘bruxo’, no sentido mais pejorativo possível, do treinador. Arthur será o sacrificado, previam, para Maicon seguir na equipe. Pode ser, mas nesse jogo contra o Fluminense quem saiu foi Maicon e Arthur (ooh, outra surpresa) ficou até o fim.

Outra tese que está desabando: Fernandinho não joga nada. Ora, Fernandinho teve alguns lampejos excelentes em sua carreira, e é por isso que custa caro. Nesta temporada, em especial nos dois últimos jogos, Fernandinho entrou muito bem. Então, também no futebol as pessoas não são totalmente competente ou incompetentes, boas ou más.

O fato é que Fernandinho cresceu, e nem vou me fixar em Ramiro. O PGV está demais. É um jogador impressionante. No esquema do Renato ele é muito mais que um volante, é um meia, um atacante, um lateral-direito e, facilita, até zagueiro, é múltiplo. Ramiro faz a diferença como atleta participativo e aguerrido, enquanto Luan brilha, ilumina e decide.

O que dizer da zaga? Uma muralha. Talvez a melhor dupla de área que vi no Grêmio desde os anos 70.

Os laterais também estiveram acima da média. Cortez provou, ao menos para mim, que merece continuar titular. Edilson, além do golaço, fechou o lado direito da defesa com tranca de ferro. Aliás, pelos dois lados, o Fluminense não encontrou muitas brechas, e apelou para a bola aérea, facilitando a vida de Grohe, sempre muito atento com seus chamados ”braços de motorista de kombi ou de jacaré’, uma maldade sem tamanho para um goleiro de tanta qualidade.

Enfim, o Grêmio tem algumas dificuldades. Mas os outros times têm mais, alguns muito mais.

E é desse jeito que o Grêmio se consolida como forte candidato ao título: atropelando teses e previsões negativas e pessimistas (eu também tenho meus momentos de pessimismo, mas ao contrário de muita gente respeito e reconheço a qualidade do trabalho que está sendo feito.

Um dia esse pessoal descrente vai acertar, o Grêmio vai perder, e aí eles encherão a boca para gritar: viram, eu não disse?

Mas, no final de tudo, somos todos gremistas. E o que importa agora é comemorar mais uma vitória fora de casa. Bateu o Fluminense por 2 a 0 no Maracanã não é pra qualquer time.